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Ata do Copom: Pronto para agir, se necessário

Ata do Copom reforça mensagem dura do comunicado pós-reunião

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O Banco Central do Brasil publicou, nesta manhã, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O documento repetiu o tom mais conservador (hawkish, no jargão econômico) apresentado no comunicado da semana passada, apontou os riscos de alta para a inflação e destacou, de forma unânime, que “não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado” (parágrafo 25).

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Cenário internacional

O Copom afirmou que o cenário internacional, “mantém-se adverso, em função da incerteza sobre os impactos e a extensão da flexibilização da política monetária nos Estados Unidos” (parágrafo 1) - cenário que "segue exigindo cautela por parte de países emergentes" (parágrafo 2). Adicionalmente, o Comitê reforçou que "um cenário de maior incerteza global e de movimentos cambiais mais abruptos exige maior cautela na condução da política monetária doméstica."

Cenário doméstico

No Brasil, o comitê ressalta que “o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho segue apresentando dinamismo maior do que o esperado.” (parágrafo 3). "Esse movimento ocorre em contexto de hiato do produto próximo à neutralidade, tornando mais desafiador o processo de convergência da inflação à meta" (parágrafo 12).

Com relação à política fiscal, o Comitê monitora com atenção como os desenvolvimentos recentes impactam a política monetária e os ativos financeiros. "[N]otou-se que a percepção mais recente dos agentes de mercado sobre o crescimento dos gastos públicos e a sustentabilidade do arcabouço fiscal vigente, junto com outros fatores, vem tendo impactos relevantes sobre os preços de ativos e as expectativas. O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária" (parágrafo 14).

Com relação à inflação, a nota destaca a manutenção da trajetória de desinflação, apesar dos núcleos – que excluem preços voláteis – seguirem acima da meta nas divulgações recentes. De grande importância, a ata adicionou um risco de alta para o cenário inflacionário (como já antecipado pelo comunicado na semana passada) - "uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada" (parágrafo 20). Ao todo, ficam três fatores de risco de alta para a inflação e dois de baixa.

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Riscos para a inflação

O Copom divulgou que “todos os membros concordaram que há mais riscos para cima na inflação” (parágrafo 20). Ou seja, o balanço de riscos tornou-se assimétrico para cima – pode ser que o cenário econômico evolua de maneira mais adversa do que o antecipado pela autoridade em seu cenário base. Entre os riscos altistas, o documento mencionou que “os níveis de inflação corrente acima da meta, em contexto de dinamismo da atividade econômica, tornam a convergência da inflação à meta mais desafiadora” (parágrafo 18). O Comitê também revelou preocupação com a dinâmica da taxa de câmbio e das expectativas inflacionárias (parágrafo 16).

Em outro trecho que mostra o tom mais duro do Comitê (parágrafo 7), a ata enfatizou que as projeções de inflação estão acima da meta de 3% tanto no cenário de referência – que considera as projeções de mercado para a taxa Selic, extraídas da pesquisa Focus – quanto no cenário alternativo – em que a taxa Selic se mantém em 10,50%.

No comunicado do Copom da semana passada, a maioria dos participantes do mercado o interpretou o interpretou como suave (dovish, no jargão econômico). A ata esclareceu alguns pontos que tinham ficado incertos no comunicado, como se o balanço de riscos era assimétrico ou não, e se o Comitê consideraria aumentar os juros. Em todos os casos, a ata esclareceu os pontos no sentido mais conservador (hawkish).

Nossa visão

Continuamos a projetar a taxa Selic constante em 10,50% em nosso cenário base, especialmente se a economia global se enfraquecer mais do que o antecipado. Mas, como escrevemos em nossa nota sobre o comunicado da semana passada, a chance de algum aperto de política monetária à frente (ou seja, alta de juros) está subindo. A ata de hoje reforça essa visão.

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