MACRO
Semana de leves perdas para os criptoativos. No agregado, o valor das criptomoedas retornou para US$ 1,94tri, uma queda de -2,1% vs. a semana anterior.
Nova semana, velhos problemas
Nesta semana, o tema do aperto monetário do Federal Reserve continuou em alta, exercendo forte pressão sobre os ativos de renda variável e culminando em um movimento de aversão ao risco. Na terça-feira, James Bullard, presidente do Federal Reserve de St. Louis afirmou que gostaria de ver a taxa de juros básica americana atingindo 3,5% até o final do ano e não descarta altas de 75 b.p.s ao longo desta trajetória. Na última quinta-feira, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, também afirmou acreditar que o movimento de alta da taxa de juros deverá ser mais agressivo para combater efetivamente a inflação. Uma alta de 50 bps será discutida já na próxima reunião do FOMC.
O resultado dos pronunciamentos foi uma alta na taxa de juros de 10 anos americana, que por sua vez já se aproxima dos 3%. O contínuo aumento do custo de oportunidade para os ativos de risco e os riscos de recessão com um cenário macroeconômico desfavorável têm pesado no mercado como um todo e, consequentemente nas criptomoedas.
Percepção de valor do Bitcoin entre US$ 38 mil e US$ 50 mil?
Um estudo feito pela Glassnode concluiu que hoje a percepção de valor dos especuladores gira em torno de US$ 38 mil e US$ 50 mil. A conclusão é tomada a partir das faixas de preços em que os investidores de curto prazo optam por manter suas posições. Como visto no gráfico acima, especuladores tendem a realizar lucros/prejuízos quando o preço da maior criptomoeda do mercado cruza uma das faixas especificadas. Logo, entende-se que os investidores de curto prazo acreditam em oportunidades nestes preços. Por outro lado, os investidores de longo prazo mostram-se insensíveis as variações de preço da moeda e poucos realizam suas posições diante de uma forte volatilidade da moeda.
E o interesse segue baixo…
A faixa em que os investidores enxergam valor na criptomoeda só poderá ser quebrada com um aumento nas negociações e interesse pelo ativo. Em contrapartida, não é isso que os balanços das corretoras e pesquisas do Google indicam. Há uma queda substancial no volume de Bitcoins negociados nas corretoras em 2022 e o Google Trends também indica uma queda no interesse dos investidores de varejo pelo ativo.
A tendência negativa não é exclusividade do Bitcoin!
O gráfico acima, da Duke Analytics, mostra que o volume mensal negociado nas DEXes (corretoras descentralizadas), responsáveis por grande parte das negociações de altcoins e finanças descentralizadas, está em declínio desde o início do ano. Com a menor liquidez circulando entre estes projetos, é provável que haja uma consolidação dos mais bem estabelecidos e com maiores aplicabilidades e vantagens competitivas.
NOTÍCIAS
Novo banco de criptoativos?
A Circle, emissora da segunda maior stablecoin, disse que está mais perto de enviar um pedido para operar como banco nos EUA, avançando com um plano de meses, contudo, a startup vem mantendo discussões com reguladores que querem tornar mais difícil para as empresas de cripto garantirem este tipo de licença. A empresa, que emite USD Coin, já atraiu investimentos de diversas instituições. Na semana passada, a Circle anunciou que levantou US$ 400mi da BlackRock, Fidelity Management e Research LLC. A startup planeja se tornar pública ao se fundir com uma empresa de aquisição de propósito específico em um acordo avaliado em US$ 9bi.
O Escritório do Controlador da Moeda dos EUA, que supervisiona as cartas bancárias, discutiu uma variedade de tópicos com a administração da Circle em relação às ambições bancárias da empresa. Isso inclui interoperabilidade entre blockchains e como avaliar os riscos operacionais de um blockchain específico, de acordo com Jeremy Allaire, CEO da empresa. Se aprovado, a startup seria o quarto banco de criptomoedas aprovado para operar pelo governo federal nos EUA. Conseguir uma carta bancária pode ser a chave para o futuro da empresa. Vale lembrar que o Federal Reserve e outros órgãos de vigilância dos EUA disseram que as stablecoins precisam de mais regulamentação e devem ser emitidas pelos bancos.
Criadores de conteúdo receberão em stablecoins no Twitter
A empresa de pagamentos Stripe, uma das startups mais valiosas do mundo, está intensificando seu retorno às criptomoedas. A empresa anunciou em um comunicado na sexta-feira que seu primeiro parceiro na expansão será o Twitter, permitindo que um grupo seleto de criadores na plataforma de mídia social receba pagamentos de criptomoedas por meio da plataforma Stripe Connect. A medida é a mais recente manifestação da volta do interesse da Stripe em criptomoedas depois que rivais como Block, PayPal e Checkout.com fizeram investimentos no setor. A Stripe suspendeu o suporte para pagamentos de Bitcoin em 2018, mas começou a recrutar pessoas especializadas em criptomoedas no ano passado e em março disse que estava ajudando as Bolsas de ativos digitais FTX e Blockchain.com com pagamentos online e verificação de clientes.
Os criadores no Twitter poderão receber pagamentos inicialmente na stablecoin USD Coin. Os pagamentos na plataforma Stripe Connect serão feitos usando a Polygon, uma rede blockchain projetada para tornar o Ethereum mais rápido e fácil de usar, que foi escolhida pela startup por conta de sua velocidade e baixas taxas de transação. Olhando além da Strip, a adição de suporte a Polygon e pagamentos em USD Coin também representa um novo terreno para o Twitter, que introduziu as gorjetas de Bitcoin no ano passado. Os criadores poderão ganhar USD Coin por meio de recursos monetizados no Twitter, como Ticketed Spaces e Super Follows.
Lightning Network poderá ser alternativa às redes de pagamento tradicionais
O Morgan Stanley publicou um relatório sobre o Bitcoin e sua solução de pagamento Lightning Network. A solução permite que os usuários liquidem transações em um instante e registra um crescimento de 410% a/a, de acordo com a Arcane Research. Para transações feitas usando a Lightning Network do Bitcoin, que cobra taxas mais baixas do que outros tipos de transações, os consumidores podem essencialmente não pagar taxas para pequenas compras, o que pode levar o Bitcoin a se tornar mais comumente usado como método de pagamento. A solução serve de catalisador para adoção da moeda, uma vez que mais de 85% das compras nos EUA são feitas em lojas e não online, de acordo com o banco e, até agora, as criptomoedas não eram amplamente aceitas nas lojas de varejo devido às altas taxas, preços instáveis e hesitação por parte dos comerciantes.
O relatório também afirma que a empresa de pagamentos Strike recentemente formou parcerias com a empresa de pagamentos Blackhawk Network, bem como com o fornecedor de pontos de venda NCR, que fornece sistemas de pagamento para mais de 100.000 restaurantes e mais de 7.000 lojas de departamento e clientes de varejo, segundo o banco. A Strike fornece às empresas dos EUA um ponto de venda (PoS) baseado na Lighting Network do BTC, uma alternativa às redes de pagamento da VISA e Mastercard. Contudo, existem desvantagens, o banco apontou as desvantagens de usar um PoS baseado em Bitcoin, que são eles: a flutuação de preço no ativo subjacente, as implicações fiscais e o potencial escrutínio de reguladores e funcionários do governo se acreditarem que o BTC é um competidor legítimo moeda para o dólar norte-americano. Ainda assim, trazer pagamentos de Bitcoin para lojas físicas é fundamental para que a moeda ganhe uma adoção mais ampla e amplie a evolução do uso de bitcoin como meio de pagamento, afirma o Morgan Stanley
DE OLHO NO MERCADO
O gráfico acima mede o nível da correção atual no preço das maiores criptomoedas vs. a sua máxima histórica. Segundo os dados, apesar da recuperação recente, grande parte das moedas ainda se encontram em bear market após o período de forte correção que não só impactou as cotações, como também contribuiu para uma redução no volume de negociações das moedas.
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