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Por que empresas fecham capital ou recompram ações? Entenda

A Bolsa brasileira não vê IPOs desde 2021; enquanto isso, cresce a ocorrência de fechamentos de capital e programas de recompras de ações

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Por que empresas fecham capital ou recompram ações? Entenda

Após um boom de entrada de novas empresas na Bolsa brasileira, com 74 ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) entre 2020 e 2021, o mercado agora vê uma nova tendência: pedidos de fechamento de capital e anúncio de novos programas de recompras de ações.

Dados do relatório de destaques operacionais da B3 publicado em 13 de maio de 2025 mostraram que, em abril de 2025, o mercado contava com 423 companhias listadas — número 8,6% menor que o visto ao fim de 2021, ano da última estreia.

Enquanto isso, ganham força as operações em que as empresas adquirem suas próprias ações no mercado, com mais de 120 programas de recompra em aberto atualmente.

O que faz uma empresa recorrer à deslistagem ou comprar as próprias ações? Embora distintos, esses dois movimentos podem revelar muita coisa sobre ciclos e tendências de mercado no contexto macroeconômico atual.

Sem estreias e mais enxuta: empresas dão adeus à Bolsa

O mercado de ações brasileiro parece estar longe de reviver o auge dos IPOs que marcaram 2020 e 2021.

A Bolsa não tem uma estreia desde a dupla listagem do Nubank, com início da negociação das ações no mercado americano e dos BDRs no Brasil, ainda em 2021.

Com a Selic no maior patamar em quase 20 anos, empresas brasileiras encontram pouco espaço para buscar recursos via abertura de capital.

O boom dos IPOs

Em 2020 e 2021, 74 empresas estrearam na B3, movimentando cerca de R$ 109,6 bilhões em recursos captados – entre ofertas primárias e secundárias.

Na época, a taxa Selic se encontrava nas mínimas históricas e perspectivas para investimentos em renda variável diante da retomada econômica pós-pandemia estavam otimistas.

Em 2022, no entanto, o Banco Central deu início a um ciclo de aperto monetário que alçou os juros do país novamente ao território dos dois dígitos, e a trajetória virou junto com a Selic.

Isso, somado à deterioração do cenário macroeconômico — com incertezas fiscais do lado doméstico e o impacto das guerras na Europa e no Oriente Médio sobre a inflação global —, criou um ambiente pouco favorável para empresas buscarem investimentos no mercado de ações.

Fonte: B3 | *Dados retirados em 30/05/2025

Virada de ciclo

Em meio à escassez de IPOs, a B3 também viu o número de empresas listadas cair.

A fila de deslistagens voltou a ganhar o noticiário recente com o anúncio de uma potencial saída de Serena Energia (SRNA3) do mercado após receber uma oferta pública de aquisição de ações (OPA).

De 2021 para cá, mais de 40 OPAs foram registradas. Desse total, 20 contemplavam o cancelamento de registro de companhia.

Além da oferta da Serena, está em análise junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a OPA para a deslistagem da Santos Brasil (STBP3), após pedido da acionista controladora para aquisição da totalidade de ações remanescentes da companhia.

Por que empresas saem da Bolsa?

Motivos como baixa liquidez e um ambiente macroeconômico desafiador explicam o aumento de saídas da Bolsa nos últimos anos. Em um cenário de juros elevados, investidores optam por aplicar recursos em investimentos que veem como mais seguros e com potencial de retorno mais atrativo, como a renda fixa, acentuando a perda de valor de mercado das empresas.

As OPAs surgem como alternativa para um grupo controlador que, vendo que sua empresa está subvalorizada pelo mercado, opta por fechar o capital dela.

Nesse sentido, as incorporações de empresas também explicam o enxugamento da Bolsa nos últimos anos.

Em meio ao crescimento de operações de fusão e aquisição (M&As, na sigla em inglês), empresas como Hering, NotreDame Intermédica, Hermes Pardini e Soma deixaram de ter suas ações negociadas no mercado após o processo de combinação de negócios junto às suas respectivas empresas controladoras.

O Carrefour Brasil se despediu da B3 na virada de maio de 2025. A rede de supermercados francesa propôs no início do ano a aquisição de todas as ações em circulação da subsidiária brasileira, em um processo de reorganização societária que buscou unificar as bases acionárias de ambas as empresas, culminando no fechamento de capital de CRFB.

Do setor agro, a Marfrig anunciou em maio uma proposta de aquisição das ações remanescentes da BRF. O processo de incorporação dos papéis, que vemos com grandes chances de aprovação, pode criar a MBRF Global Foods Company, companhia global do setor de carnes e alimentos processados.

Enquanto alguns fecham o capital, outros adquirem as próprias ações

Paralelamente à onda de deslistagens, um movimento que vem aumentando no mercado é a aquisição de ações de emissão própria pelas empresas.

Dados coletados ao fim de maio de 2025 apontam que a Bolsa possui 114 empresas com 125 programas de recompras de ações em andamento.

Entre outros motivos, a abertura de um programa de recompra de ações pode ser um sinal de que a companhia considera que suas ações estão subvalorizadas no mercado.

Em um cenário de quedas expressivas, investir em ações de emissão própria permite que a empresa levante o preço dos papéis, ao mesmo tempo que gera melhores retornos aos acionistas, visto que a recompra diminui o número de ações em circulação no mercado.

Dos 125 programas de recompras de ações em aberto no fim de maio de 2025, 36 foram aprovados em 2025, incluindo a recompra de até R$ 1 bilhão em ações pela TIM (TIMS3), a aquisição de até 200 milhões de papéis preferenciais pelo Itaú (ITUB3, ITUB4) e o novo programa de recompra de no máximo 120 milhões de ações da Vale (VALE3), anunciado em conjunto com a divulgação de resultados do primeiro trimestre de 2025 (1T25) e dividendos da companhia.

Acesse a lista de IPOs, OPAs e recompras de ações em andamento

Bolsa brasileira está barata mesmo após o rali?

Os fluxos estrangeiros voltaram com força à Bolsa local. No acumulado em 2025 até o dia 30 de maio, as entradas somam R$ 22,1 bilhões, dos quais R$ 11,5 bilhões correspondem somente a maio.

A retomada de capital externo possibilitou que o Ibovespa renovasse máximas históricas de fechamento, ultrapassando pela primeira vez a barreira dos 140 mil pontos.

Com a indústria de fundos ainda sofrendo resgates e a alocação em renda variável do investidor pessoa física em níveis baixos, a Bolsa brasileira tem se apoiado no apetite dos investidores estrangeiros em meio a um movimento de migração de recursos dos Estados Unidos para outras regiões.

Dentro desse contexto, países emergentes entraram no radar de grandes agentes financeiros em busca de diversificação regional devido ao enfraquecimento do dólar e ativos depreciados.

Mesmo após o rali recente, o Brasil segue subvalorizado sob diversas métricas, incluindo valuation (os múltiplos preço sobre lucro, P/L, e preço sobre valor patrimonial, P/VP) e rentabilidade (medida pelo ROE). O mercado parece precificar as ações com um desconto relativo aos seus níveis de lucratividade, o que sugere uma proposta de valor atrativa e com bom potencial de retorno em caso de compressão do prêmio de risco.

Essa percepção é corroborada por:

  • forte correção de preços em 2024; e
  • expectativa de melhora do cenário macroeconômico doméstico, principalmente diante da proximidade do fim da alta de juros (mercado não parece precificar todos os benefícios de um ciclo de flexibilização monetária no Brasil).

Como destacamos no Raio XP de Junho de 2025, seguimos construtivos com as ações brasileiras no médio-longo prazo. Vemos o Brasil como um vencedor relativo entre os mercados emergentes e globais, dado o desconto dos ativos, com potencial de valorização à medida que perspectivas em relação ao cenário macro doméstico melhoram e o ciclo de aperto monetário no Brasil se aproxima do fim. Apesar disso, acreditamos que há espaço para correções no curto prazo, considerando que: (i) o prêmio de risco caiu para o menor nível desde 2021; (ii) houve uma piora do momentum de lucro por ação das empresas; (iii) os fluxos seguem dependentes de investidores estrangeiros; (iv) nosso Indicador de Sentimento XP” passou para otimismo extremo, mostrando que o mercado não está mais tecnicamente abandonado; e (v) existem riscos no ambiente macro (alta inflação doméstica e recuperação dos mercados dos Estados Unidos). Atualizamos nosso preço-alvo do Ibovespa em 2025 de 149.000 pontos para 150.000 pontos.

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