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Guia da análise fundamentalista: o que é e como funciona

A análise fundamentalista é um conjunto de técnicas que serve para avaliar se uma empresa é saudável financeiramente e possui um bom negócio ou não. Ou seja, é um filtro muito utilizado por investidores na Bolsa de Valores. Por meio dos fundamentos, você busca entender seu histórico e faz projeções sobre o valor das ações. […]

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Guia da análise fundamentalista: o que é e como funciona

A análise fundamentalista é um conjunto de técnicas que serve para avaliar se uma empresa é saudável financeiramente e possui um bom negócio ou não. Ou seja, é um filtro muito utilizado por investidores na Bolsa de Valores.

Por meio dos fundamentos, você busca entender seu histórico e faz projeções sobre o valor das ações. Ela destaca-se entre as diferentes escolas de investimento porque trata-se de um método bastante consistente, coerente e sustentável.

Fazer alguns estudos antes de tomar decisões sobre seus investimentos é fundamental.

Afinal, quando o assunto é sua vida financeira, é importante se planejar e entender os riscos envolvidos. Assim, você pode escolher as ações que possuem o maior potencial e o menor risco.

A análise fundamentalista deve ajudar você a encontrar oportunidades antes que o mercado as perceba e precifique.

É muito comum que surjam dúvidas sobre esses e outros métodos de análise do mercado de ações. Mas não se preocupe: pensando nisso, preparamos esse guia completo para você.

Aqui, você aprenderá mais sobre a análise fundamentalista – desde seus conceitos até as estratégias utilizadas na prática. Nesse artigo, você confere:

  • O que é Análise Fundamentalista?
  • Conceitos da Análise Fundamentalista
  • Indicadores da Análise Fundamentalista
  • Índices e Múltiplos
  • Qual é melhor: Análise Fundamentalista x Análise Técnica
  • Estratégias de Análise Fundamentalista
  • Conclusão

Boa leitura!

O que é Análise Fundamentalista?

A análise fundamentalista é uma avaliação da situação financeira, mercadológica e econômica de uma empresa, de países, regiões ou até mesmo de commodities.

Essa metodologia inclui um amplo espectro de análises. Por isso, podemos dizer que a análise fundamentalista ajuda o investidor a entender o valor de uma empresa e seu potencial de rendimento – e não apenas o preço de suas ações no momento.

O economista americano Benjamin Graham é considerado o precursor da técnica.

Sua posição era a de que o preço da ação deve refletir a expectativa de desempenho da mesma. Isso é, ele procurava identificar indicadores de sucesso futuro para escolher empresas que possuem potencial de valorização.

Essa técnica é bastante utilizada por investidores que utilizam a estratégia de buy and hold. Ou seja, compram ações de empresas que estão subvalorizadas e esperam sua valorização em períodos de médio a longo prazo.

A análise fundamentalista é uma das principais ferramentas para identificar essas oportunidades.

Isso é, a possibilidade de lucrar com a diferença de preço de compra e venda de ações com foco no longo prazo.

Como Funciona a Análise Fundamentalista e Qual seu Objetivo

O objetivo da análise fundamentalista é entender melhor o desempenho e comportamento das ações da empresa no mercado. Assim, é possível que o investidor tome uma decisão embasada em dados na hora de comprar papéis.

Isso é feito através da revisão e análise de indicadores financeiros, dados da economia, do setor e do mercado. Além disso, são levados em consideração os balanços e resultados da empresa e seu histórico.

Confira abaixo alguns dos principais fundamentos utilizados nessa análise:

Ambiente Macroeconômico Panorama Setorial Análise da Empresa
Nível de Atividade

●     PIB

●     Emprego

●     Renda

Inflação

●     Poder de Compra

●     Preços do ativo

Taxa de câmbio

●     Competitividade no mercado global

Taxa de Juros

●     Crescimento no mercado

Tamanho e faturamento

●     Per capta

●     Relação histórica

Capacidade Instalada

●     Diferenciais Competitivos

Tecnologia

●     Importação

●     Exportação

Novos produtos

Análise histórica

●     Desempenho financeiro

●     Balanço

●     Demonstrativo de Resultados

●     Fluxo de Caixa

Análise Qualitativa

●     Gestão

●     Reputação

●     Reconhecimento

Fundamentos: Quantitativa x Qualitativa

Como mencionamos, a análise fundamentalista se trata da busca por fundamentos que ajudarão o investidor a tomar decisões. Mas, para isso, primeiro é importante saber quais são esses fundamentos.

Os fatores observados em uma análise fundamentalista podem incluir qualquer dado relacionado com a saúde financeira da empresa avaliada.

Por exemplo, a receita e o lucro. No entanto, para uma visão mais completa, é necessário incluir outros detalhes, como crescimento, qualidade da gestão, participação no mercado e, até mesmo, a reputação do negócio.

Como a análise fundamentalista pode envolver muitas variáveis, é comum agrupá-las em duas categorias:

  • Quantitativas: são variáveis que podem ser expressas em termos numéricos, como a receita.
  • Qualitativas: são aquelas relacionadas à qualidade e que não podem ser medidas em números, como o reconhecimento da marca no mercado.

Uma análise fundamentalista completa deve incluir ambos os tipos de fundamentos.

Conceitos Análise Fundamentalista

Você já deve ter percebido: a análise fundamentalista é um processo que engloba diversas etapas e conceitos. Usar essa estratégia para avaliar ativos exige que o investidor passe por vários passos:

  1. Estudo dos demonstrativos financeiros: Essa é a fase de coleta e análise de dados qualitativos e quantitativos sobre a empresa.
  2. Cálculos e estimativas: Após coletar todas as informações necessárias, é importante fazer projeções para o médio e longo prazo.
  3. Comparação com outros ativos: Sem uma referência, é muito difícil saber se a empresa analisada realmente vai bem. Escolha empresas concorrentes para essa análise.
  4. Tomada de decisão: Agora, você já tem um panorama completo sobre o ativo analisado e pode tomar uma decisão mais informada.

Para seguir esses passos, é preciso conhecer melhor os conceitos da Análise Fundamentalista. Isso é, quais são os índices, múltiplos e indicadores mais importantes.

Falaremos um pouco mais sobre isso nos próximos tópicos.

Indicadores da Análise Fundamentalista 

Quanto mais dados você incluir na sua análise, maiores suas chances de acerto. Mas, é claro, também é importante escolher os indicadores mais relevantes para uma Análise Fundamentalista de qualidade.

A seguir, você aprende um pouco mais sobre os principais demonstrativos a considerar:

DRE – Demonstrativo de Resultado do Exercício

O DRE, ou Demonstrativo de Resultado do Exercício é um indicador que demonstra se a empresa teve lucro ou prejuízo. As empresas de capital aberto elaboram o DRE com frequência trimestral e anual.

O documento é elaborado com uma fórmula simples, mas que resulta num dado importantíssimo para investidores:

Receita – despesa = lucro

DCF – Fluxo de Caixa Descontado

Já o DCF, ou Demonstrativo de Fluxo de Caixa, trata-se de uma análise focada no dinheiro existente no caixa da empresa. Isso é, utiliza tanto os dados do DRE quanto do Balanço Patrimonial (que visa avaliar os ativos e passivos, além do patrimônio líquido da empresa).

Ou seja, essa é uma ótima maneira de entender quanto dinheiro está entrando e saindo da empresa. E, claro, de identificar qual é o impacto desse fluxo de capital no negócio.

Índices e Múltiplos

A análise de múltiplos é um dos passos mais importantes para investidores que procuram identificar empresas subavaliadas. Isso é, encontrar oportunidades de comprar ações baratas.

Normalmente, a comparação dos múltiplos é feita com base em níveis históricos da companhia ou em relação a outras empresas comparáveis.

Essa avaliação também poderá refletir a percepção que o mercado tem do ativo.

Veja os principais dados para considerar:

Índice de Preço/Lucro

Esse é o múltiplo mais comum quando o assunto é avaliar a atratividade de um ativo. Trata-se de um dado para análise de curto a médio prazo.

A avaliação de preço/lucro deve ser feita de maneira relativa a outras ações do mesmo segmento. Veja a fórmula utilizada:

P/L = preço da ação / lucro por ação projetado (LPA)

Se o resultado desse índice for baixo, entende-se que a ação está barata. Isso é, identifica-se um bom potencial de compra. No entanto, é preciso entender o motivo pelo qual a relação P/L está atrativa.

Se for uma razão estrutural, não vale a pena investir. Mas, se for algo momentâneo, pode ser um bom negócio.

Outros indicadores

Veja alguns outros indicadores importantes para uma análise fundamentalista de qualidade:

  • Preço/Valor Patrimonial: Preço da ação dividido pelo valor patrimonial da ação (VPA). Por sua vez, o VPA representa o patrimônio líquido dividido pelo número total de ações
  • Preço/Vendas: Relação entre capitalização da empresa e valor da receita líquida
  • LAJIDA ou EBITDA: Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização
  • ROE: Taxa de retorno do Investimento dos acionistas da empresa
  • Dividend Yield: Dividendo pago por ação, dividido pelo preço da ação
  • Decisão de Política Monetária: Realizado pelo Copom com objetivo de estipular a meta da taxa Selic
  • IBC-Br: Índice de Atividade Econômica do Banco Central do Brasil
  • IPCA: Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (inflação)

Valor Intrínseco

O valor intrínseco é um dos conceitos mais importantes na análise fundamentalista. Essa é uma projeção do comportamento da ação, que visa determinar o preço real do ativo. Isso é, quando a ação deveria estar valendo no mercado.

Algumas pessoas também se referem a esse conceito como “Preço Justo”.

Por exemplo, imagine um ativo cuja a análise do valor intrínseco indica que seu preço justo é R$ 50. No entanto, ele está cotado, atualmente, a R$ 40 no mercado. Assim, esse é um ativo que possui potencial de valorização.

Lembre-se: Não existem garantias quando o assunto é investimento em ações. Dessa forma, o investidor deve ter em mente que nem sempre o preço justo será atingido.

Análise Fundamentalista x Análise Técnica

Agora você já sabe mais sobre a análise fundamentalistas e os conceitos envolvidos com essa técnica. No entanto, é comum surgir dúvidas sobre a diferença entre análise fundamentalista e técnica.

Primeiramente, é importante destacar: essas são ferramentas distintas. Ou seja, uma não é necessariamente melhor que a outra.

A análise técnica, também conhecida como análise gráfica, é muito utilizada pelos day traders. Isso porque não há tanta necessidade de analisar fundamentos no curto prazo.

Muitas vezes, quem faz uma análise não utiliza a outra. No entanto, isso não é uma regra: é possível utilizar as ferramentas em conjunto.

Para entender melhor a diferença entre os dois tipos de análise, veja a comparação:

  Análise fundamentalista Análise técnica
Objetivo Compra de ações para construção de patrimônio Compra de ações para venda por um preço maior
Perfil Conservador a Moderado Arrojado ou Trader
Método Avalia balanço patrimonial, fluxo de caixa, conjuntura econômica, resultados e outros fundamentos Avalia gráficos do ativo
Horizonte Longo Prazo Curto Prazo
Período considerado Períodos de meses ou anos Análise em tempo real

Estratégias de Análise Fundamentalista

Agora você já sabe: a análise fundamentalista tem foco nos aspectos econômicos e financeiros da empresa. O objetivo é verificar o potencial de valorização dos ativos. Mas, na prática, quais são as formas de fazer isso?

A seguir, você conhece três abordagens ou estratégias diferentes para a análise fundamentalista:

Top Down – O que é ?

Podemos traduzir a expressão Top Down como “de cima para baixo”. Isso é, essa estratégia de análise fundamentalista terá origem na observação do macro e partirá em direção ao micro.

Por “macro”, entendemos o cenário econômico, como o crescimento do PIB do país ou do setor da empresa em questão. Também podem ser incluídos indicadores como a inflação, taxas de juros, valor do câmbio, taxa de desemprego, entre outros.

Com esses dados em mãos, o investidor começará a olhar a empresa sobre uma lupa. O objetivo é entender as dinâmicas dela dentro desse cenário panorâmico da economia.

Por exemplo, imagine um cenário econômico onde os juros subiram muito. Uma empresa com dívidas muito provavelmente apresentará uma performance pior nesse ambiente. Já os bancos tendem a mostrar uma performance aumentada.

Para realizar a análise fundamentalista com essa estratégia, é importante descrever o ciclo de negócios da empresa:

  • Expansão: momento de maior tração da empresa. Maior produtividade, produção e vendas
  • Pico: o ponto de maior atividade que determinada economia irá atingir
  • Contração: após o pico, a atividade começa a cair.
  • Ponto de virada: após a fase de depressão, o ciclo chega ao fim e a expansão começará novamente

O objetivo dessa abordagem é identificar o ponto de virada. Assim, o investidor aproveita toda a fase de expansão.

Bottom Up – O que é ?

A expressão bottom up é traduzida como “de baixo para isso”. Isso é, estamos trabalhando com uma metodologia oposta à abordagem anterior. Logo, a análise começará com o micro e expandirá para o macro.

Então, a estratégia bottom up irá focar, primeiramente, nos aspectos financeiros específicos de uma empresa. Por exemplo, seu estado financeiro, comparação com os concorrentes, qualidade da administração, entre outros.

Somente após o entendimento desse cenário é que o investidor irá considerar o cenário econômico geral.

Nessa abordagem, as empresas se inserem em três tipos de setores:

  • Indústrias em crescimento: empresas que aproveitam novas oportunidades e crescem independentemente do ciclo econômico. Tendem a investir pesadamente em pesquisa e desenvolvimento, podendo até mesmo operar com caixa negativo temporariamente. As empresas de biotecnologia são um exemplo desse setor
  • Indústrias defensivas: empresas menos reativas, que apresentam maior resistência ao ciclo econômico. Um bom exemplo são as indústrias de bens de consumo não duráveis
  • Indústrias cíclicas: são as muito sensíveis aos ciclos econômicos. Tendem a valorizar ou cair junto com a economia. Por exemplo, setores automóveis e de construção civil

Análise Relativa

A avaliação relativa é um método para comparar ativos similares através de variáveis comuns. O investidor irá, nessa estratégia, selecionar dois ou mais ativos distintos e comparar alguns índices.

Alguns dos indicadores mais comumente utilizados nesse tipo de análise fundamentalista são:

  • Lucros;
  • Fluxo de caixa;
  • Valores contábeis;
  • Receita;
  • Preço/Lucro Setorial;
  • Preço/Valor Contábil.

Conclusão

A análise fundamentalista é um método de estudo, avaliação e comparação de ativos, empresas e até mesmo para o cenário econômico geral. Através de indicadores, conceitos e fundamentos específicos, o investidor poderá identificar oportunidades e tomar decisões melhor informadas.

Nesse artigo, você aprendeu mais sobre a análise fundamentalista. Revisamos desde os conceitos teóricos dessa ferramenta até suas aplicações práticas.

É importante lembrar que, no mercado de ações, não existem garantias. Dessa forma, a análise fundamentalista é um recurso utilizado para reduzir os riscos no investimento, ajudando a identificar os ativos com maior potencial.

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