Varejo XP: Qual pode ser o futuro dos genéricos de GLP-1?

Nesta edição do Carrinho XP, trazemos um resumo rápido de como funciona o registro de medicamentos e as potenciais implicações da expiração das patentes, à medida que nos aproximamos do vencimento da patente da semaglutida no próximo ano. De modo geral, há duas implicações principais: (i) preços mais baixos, com os genéricos do Saxenda (semaglutida predecessora) chegando com um desconto de cerca de 15%; e (ii) oferta ampliada, com pelo menos quatro laboratórios locais preparando suas versões genéricas, enquanto notícias locais indicam pelo menos 12 pedidos de registro na Anvisa. Para uma visão detalhada sobre tratamentos para obesidade e suas tendências, veja nosso relatório: Esculpindo o sucesso: A Revolução Ozempic (link).

Recapitulando como funcionam o registro de medicamentos e as patentes. As empresas farmacêuticas geralmente solicitam patentes para proteger sua propriedade intelectual sobre novos medicamentos, garantindo direitos exclusivos para fabricar e vender o produto por um período determinado (normalmente cerca de 20 anos a partir da data de depósito). Paralelamente, o medicamento deve passar por um processo regulatório, que inclui estudos pré-clínicos, múltiplas fases de ensaios clínicos e uma submissão formal à autoridade sanitária competente (por exemplo, FDA nos EUA ou Anvisa no Brasil). Somente após a expiração da patente outros fabricantes podem comercializar versões genéricas ou similares do princípio ativo, geralmente a preços muito mais baixos (nota: no Brasil, os genéricos devem ser lançados com pelo menos 35% de desconto em relação ao preço de referência da CMED). No entanto, as pesquisas e os pedidos de registro geralmente começam anos antes da expiração da patente, especialmente para medicamentos biológicos, como os da classe GLP-1.

Alternativas mais baratas a caminho. Após a expiração da patente, observamos dois efeitos principais: (i) preços mais baixos; e (ii) oferta ampliada. Em relação ao primeiro, embora ainda não existam genéricos de semaglutida globalmente (exceto na Rússia, que tem um contexto mais específico), usamos como referência o Saxenda da Novo Nordisk (NN), precursor do GLP-1, cuja patente já expirou nos EUA e no Brasil. Nos EUA, o genérico chegou com um desconto de cerca de 30% em relação ao preço de tabela (WAC), enquanto no Brasil os genéricos da EMS (Olire e Lirux) têm preços no varejo cerca de 15% abaixo da alternativa de marca, conforme nossas verificações. Embora o mercado de liraglutida seja muito menor que o da semaglutida (Ozempic/Wegovy) ou tirzepatida (Mounjaro), acreditamos que o desconto dos genéricos possa seguir a mesma faixa inicial de cerca de 15%, já que os altos custos de produção e a disponibilidade limitada de canetas injetoras podem restringir descontos maiores.

Uma nova onda de GLP-1, mas de genéricos. Quanto à oferta ampliada, laboratórios locais como EMS, Hypera, CIMED e Biomm já estão se preparando para comercializar genéricos de semaglutida a partir do próximo ano. Nesse sentido, a Anvisa dará prioridade à análise dos registros de genéricos do Ozempic, com preferência para os produzidos no Brasil. Segundo notícias locais (link), essa decisão visa enfrentar a instabilidade no fornecimento do medicamento no país. Atualmente, o órgão possui nove pedidos de medicamentos sintéticos à base de semaglutida e três biológicos, contra sua capacidade de analisar três de cada por semestre. Observamos que a tirzepatida da Eli Lilly (princípio ativo do Mounjaro) estará patenteada até 2035 no Brasil, enquanto a empresa avança no desenvolvimento de uma versão oral da tirzepatida (chamada Orforglipron), que deve ser submetida para aprovação regulatória pelo FDA ainda este ano.

Quem sai ganhando. No geral, acreditamos que isso deve melhorar o acesso ao medicamento, permitindo que mais brasileiros possam pagar e obter genéricos de GLP-1, enquanto as farmácias devem se beneficiar de melhores margens e a indústria farmacêutica local de uma nova fonte de receita. Observando o varejo farmacêutico, em média, os genéricos têm uma margem bruta cerca de duas vezes maior que o medicamento de referência e, portanto, qualquer desconto abaixo de 50% deve resultar em uma melhor relação lucro bruto/medicamento.

Dados Interessantes: Neste mês, destacamos: i) as temperaturas médias permaneceram mais baixas ano a ano (-4%) em agosto, embora com tendência de melhora ao longo do mês. Curitiba (-11%) e Belo Horizonte (-7%) tiveram o agosto mais frio na comparação anual, enquanto Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre registraram o agosto mais frio dos últimos 5 anos; ii) o índice de confiança dos varejistas continuou em queda em agosto, após reverter a tendência de alta recente em julho; e iii) o conselho da Petz comprou cerca de R$ 9,1 milhões em ações em julho, o que equivale a aproximadamente 30% do volume médio diário negociado em 30 dias (ADTV), enquanto o grupo controlador da Pague Menos vendeu R$ 0,9 milhão em ações (~20% do ADTV).

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