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Setor Elétrico e Saneamento: um porto seguro em meio à tempestade?

Em meio à turbulência que se iniciou com a invasão da Ucrânia, setor de elétricas e saneamento de destaca em um movimento avesso a risco.

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Movimento de aversão a risco

Em todo cenário de tensões geopolíticas acentuadas, os investidores tendem a adotar uma postura de aversão a risco, ou seja, migrar seus investimentos de opções mais arriscadas para opções mais seguras. Dito isso, as empresas do setor elétrico e saneamento são consideradas defensivas e apresentam um beta historicamente baixo, o que significa baixa volatilidade quando comparado ao Índice Ibovespa. Isso é resultado direto de suas características intrínsecas: (i) baixa exposição ao PIB; (ii) contratos atualizados anualmente pela inflação; e (iii) receitas previsíveis.

No Brasil, o setor elétrico está dividido em 3 segmentos: geração, transmissão e distribuição. De maneira simplista, as geradoras produzem energia, as transmissoras a transportam do ponto de geração até os centros consumidores, de onde as distribuidoras a levam até a casa dos consumidores cativos.

Olhando mais afundo dentro do setor, em uma escala de risco, o primeiro segmento que nos vem a mente como livre de riscos de mercado é de transmissão, tendo em vista que tais empresas recebem uma receita fixa corrigida pela inflação por um longo período. Em segundo lugar, o segmento de geração de energia normalmente surge como uma opção de investimento devido ao fato de as companhias obterem suas receitas por meio da venda de contratos de energia com preços indexados à inflação. Por fim, o segmento de distribuição que apesar de também terem suas tarifas ajustadas anualmente com a inflação, pode ser impactado em uma segunda derivada de uma potencial desaceleração econômica com a redução do volume de energia consumido.

Com relação ao setor de saneamento, devido a sua natureza de um serviço essencial, não enxergamos um potencial impacto em redução de volumes. Além disso, vale ressaltar que assim como no setor elétrico suas tarifas também são reajustadas anualmente com a inflação.

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Resiliência ao aumento da inflação

No setor de transmissão, a concessão é concedida em leilões regulados pela ANEELNesse caso, as receitas do transmissor são compostas por encargos de uso do sistema de transmissão pagos por quem utiliza a rede básica, como geradoras, distribuidoras e consumidores de grande porte. Os contratos das transmissoras são de longo prazo e a receita cresce com a inflação. Com isso, os riscos são reduzidos e o equilíbrio econômico financeiro fica garantido no contrato.

Nas geradoras há um certo nível de previsibilidade nas receitas, por conta dos contratos de longo prazo de venda de energia. Contudo, é importante analisar o balanço energético de cada companhia, dado que quanto maior a porcentagem do portifólio descontratado, maior a exposição da companhia a um potencial aumento da inflação, desconsiderando um cenário de crise hídrica, no qual uma maior parcela descontratada pode atuar como atenuante do risco hidrológico ou mesmo uma fonte adicional de receitas.

Já as distribuidoras de energia, tal como as transmissoras, devem celebrar contratos de concessão com a ANEEL. As distribuidoras são remuneradas com tarifas que levam em consideração a compra de energia elétrica e o serviço de transmissão e distribuição. Apesar de se tratar de um mercado regulado as receitas dessas empresas são diretamente impactadas pelo volume de energia distribuída o que as leva a uma maior exposição a risco em relação aos outros segmentos do setor.

No caso das empresas de saneamento, as tarifas são reguladas e reajustadas com a inflação, sendo, portanto, o impacto praticamente nulo. Vale ressaltar, que existem outros drivers para o setor como o potencial risco regulatório que, em um ano eleitoral tende a ser percebido com maior intensidade e leva essas ações a exibir maior volatilidade de preços no mercado da B3.

Companhias RI e Research XP

Nossas top picks do setor

Hoje, dentro de nossa cobertura, não vemos muito potencial de valorização nas transmissoras, que já demonstram estar bem precificadas. A alternativa ficaria por conta de companhias com uma relação risco retorno mais equilibrada. Nesse contexto, destacamos Omega Energia (MEGA3), CESP (CESP6), Equatorial (EQTL3) e Orizon (ORVR3) que também são protegidas de inflação e possuem teses mais agressivas em termos de crescimento.

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