A temporada de resultados do 3° trimestre de 2023 chegou ao fim e todas as cerca de 160 empresas cobertas pela equipe XP reportaram, juntamente com todas as 82 empresas que compõem o Ibovespa. Este relatório fornece uma análise consolidada dos resultados, juntamente com os principais destaques para cada setor dentro de nossa cobertura.
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Desde o início desta última temporada de resultados, as ações brasileiras superaram seus pares globais. Durante a temporada, entre 10 de outubro a 16 de novembro, o Ibovespa apresentou retornos de +6,5% em reais e +11,3% em dólares, enquanto que o índice MSCI ACWI subiu 3,1% no mesmo período. A performance superior do índice brasileiro pode ser explicada pela melhora do cenário global impulsionando ativos de risco globais, devido aos dados de economia recentemente divulgados nos EUA, principalmente a inflação, sugerindo que o fim do aperto monetário pelo Federal Reserve está próximo. Como resultado, a taxa de juros da Treasury de 10 anos caiu do pico de aproximadamente 5% para os atuais 4,4%.
Vemos a temporada de resultados do 3T23 como mista. Dentro da cobertura da XP, 35% superaram nossas estimativas de receita, 20% ficaram aquém e 45% ficaram em linha com as estimativas. Quanto ao EBITDA (lucros operacionais), 35% superaram nossas estimativas, 50% vieram em linha com as projeções e 15% ficaram abaixo. Por fim, em termos de lucro líquido, 57% superaram nossas estimativas, 27% ficaram aquém e 16% ficaram em linha.
No geral, as receitas reportadas pelas empresas sob nossa cobertura vieram -1,1%, abaixo das estimativas da XP, enquanto o número agregado do EBITDA foi praticamente em linha e a surpresa do lucro líquido foi de +5,3%.
Quanto a setores, a maioria dos analistas setoriais viu essa última temporada como mista para as empresas de sua cobertura. Os segmentos que se destacaram com resultados positivos foram: Educação, Financeiro, Operadoras de Saúde, Shoppings, Frigoríficos, Mineradoras e o setor de Petróleo & Gás.
Olhando para o Ibovespa, os resultados continuaram a mostrar contração, similar ao trimestre anterior. O Lucro por Ação (LPA) do Ibovespa caiu 39% na comparação anual, e também caiu 9% na comparação T/T. Sobre o EBITDA, houve uma queda de 24% A/A e uma diminuição de 6,0% T/T. Por fim, a receita contraiu 11% tanto na comparação A/A, quanto na T/T.
Estimativas de lucros do Ibovespa subiram
Olhando para frente, vemos que as expectativas de lucro do Ibovespa foram revisadas para cima.
Desde o começo da temporada de resultados no início de outubro, as projeções de LPA do Ibovespa do consenso para os próximos 12 meses, e também para 2023, 2024 e 2025, foram revisadas para cima em torno de 2-3%.
Análise ESG do trimestre: Temas ambientais prevalecem sobre os sociais e de governança
A temporada de resultados do terceiro trimestre para as empresas brasileiras representa a oportunidade de (i) divulgar os principais marcos ESG alcançados ao longo do ano; e (ii) informar possíveis atualizações da estratégia de sustentabilidade das companhias em linha com compromissos assumidos anteriormente.
Conforme mencionamos em nosso relatório “Fim do 3T23: Quantas vezes o termo ‘ESG” foi mencionado pelas empresas durante a temporada?” (acesse aqui), de acordo com dados da Bloomberg, o tema “ESG” foi citado 161 vezes nas teleconferências de resultado das empresas que compõe o Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3 (ISE) no 3T23, registrando uma queda de 21,1% em relação ao trimestre anterior e de -13,6% ano contra ano. Do ponto de vista dos pilares, as iniciativas ambientais foram as mais mencionadas (67%), seguidas pelas sociais e de governança (19% e 14% do total, respectivamente). Apesar dessa queda, continuamos vendo os relatórios de sustentabilidade como um aspecto fundamental da divulgação corporativa e gerenciamento de riscos, com os investidores buscando cada vez mais transparência em relação aos dados relacionados a agenda. Diante desse cenário, vale ressaltar o anúncio da CVM de que adotará como obrigatória, a partir de 2027, as normas de divulgação de informações de sustentabilidade previstas pelo Conselho Internacional de Padrões de Sustentabilidade (ISSB, na sigla em inglês) – acesse aqui nosso relatório para mais detalhes sobre as normas e potenciais impactos às empresas.
Do ponto de vista de nomes, vale a pena mencionar as principais iniciativas divulgadas por três empresas que constituem a Carteira XP ESG Brasil para novembro (link):
- (i) Orizon (ORVR3) obteve um financiamento por 8 anos no valor de R$130 milhões para emitir seu 1º empréstimo vinculado à sustentabilidade junto ao IFC, sendo o 1º para o setor de gestão de resíduos em mercados emergentes;
- (ii) Suzano (SUZB3) encerrou o 3T23 com 40% do total de sua dívida vinculada à instrumentos ESG, além de estabelecer um guia interno para quantificar o potencial de um projeto para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, visando apoiar sua curva de descarbonização e a tomada de decisões sobre novos investimentos; e
- (iii) Telefônica Vivo (VIVT3) lançou seu Plano de Ação Climática, detalhando a estratégia referente à clima em relação aos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), estabelecidos pelas Nações Unidas em 2015.
Confira todos os resultados do 3º trimestre de 2023
Destaques dos setores
Agro
Também foi um trimestre misto para Açúcar e Etanol. Os players do setor registraram fortes resultados operacionais impulsionados pelo clima favorável. Além disso, os resultados já começaram a se beneficiar dos preços do açúcar mais elevado e da maior produtividade, o que levou a uma maior diluição dos custos. No entanto, não o suficiente para compensar as fracas margens do etanol impulsionadas pelos preços mais baixos. Para os produtores agrícolas, o trimestre também foi misto, com margens já refletindo melhores produtividades e custos mais baixos da nova colheita, mas os resultados ainda foram impulsionados principalmente por produtos agrícolas da safra passada (que enfrentavam margens fracas). Para os players de serviços agrícolas, o foco principal continua a ser o nível de comercialização de culturas inferior à média, o que está a afetar negativamente os resultados do setor.
Alimentos e Bebidas
Foi um trimestre misto para Alimentos e Bebidas dentro da nossa cobertura. Do lado positivo, o vento favorável há muito tempo esperado da baixa do preço das commodities refletiu nas finanças das Companhias e ajudou a recuperar as suas respectivas margens. Do lado negativo, as Companhias de Alimentos e Bebidas enfrentaram um trimestre difícil em termos de volumes, refletindo um ambiente macro ainda desafiador, juntamente com a estratégia dos varejistas de pressionar por volumes mais baixos, reduzindo assim a capacidade de alavancagem operacional das empresas e limitando a recuperação nas margens da última linha.
Bancos, Mercados de Capitais, e Neo-banks & Fintechs
Vemos a temporada de resultados do 3T23 como positiva. Embora a inadimplência tenha encerrado o trimestre ainda em níveis elevados, neste trimestre finalmente começamos a observar uma redução nestes indicadores. Do lado das receitas com prestações de serviços, o terceiro trimestre também apresentou melhorias marginais sequencialmente, superando o cenário macroeconómico ainda aquém do ideal. Além disso, a maior parte das empresas do nosso universo de cobertura manteve o foco em eficiência e apresentou melhores resultados. No que diz respeito aos bancos incumbentes, o trimestre aparentemente marcou o início de um ciclo mais virtuoso para os NPL. No entanto, alguns players continuam com a rentabilidade pressionada (nomeadamente Santander e Bradesco). No segmento de mercados de capitais, embora a atividade tenha arrefecido, após ter atingido o pico no final do segundo trimestre, as três empresas reportaram resultados resilientes, impulsionados em grande parte por outras fontes de rendimento e pelo controlo de custos. Por último, mas não menos importante, os Neobanks e Fintechs entregaram melhorias operacionais sequencialmente, levando a melhores resultados financeiros. Nu e Inter apresentaram números melhores que o esperado, levando a nós e o consenso a ficarmos mais positivos em relação aos próximos trimestres. Méliuz também surpreendeu, principalmente pelo lado de custos e despesas. Dito isso, ainda vemos oportunidades atraentes no setor e mantemos ITUB4 (Top Pick), BBAS3 e INBR32 como nossos nomes preferenciais. Nu e BTG tiveram outro desempenho forte, mas o patamar de precificação elevado ainda nos deixa um pouco cautelosos.
Bens de Capital
Vimos resultados mistos das empresas de Bens de Capital no 3T23. Do lado positivo, destacamos: (i) os resultados robustos da Marcopolo, impulsionados pela rentabilidade mais forte do que o esperado (com melhor mix de vendas e preços mais elevados), assim como (ii) vendas sazonalmente melhores da Kepler-Weber; continuidade de um sólido nível de margem por parte da Frasle; e melhores resultados para a Tupy (com ganhos de margem por conta de sinergias e ganhos de eficiência). Atipicamente, vimos (iii) a WEG publicando resultados abaixo das estimativas, com a desaceleração do crescimento da receita e a acomodação da rentabilidade materializando algumas de nossas preocupações para a WEG olhando para frente. Por fim, vimos (iv) resultados pressionados (como esperado) para Aeris e Iochpe-Maxion; e números mais fracos que o esperado para Randoncorp (com competição mais acirrada levando a um EBITDA ligeiramente mais fraco).
Construtoras
No segmento de baixa renda, os novos limites de preços no programa habitacional MCMV (consulte “Novas atualizações para o programa MCMV aprovadas” para obter detalhes) em pleno potencial no terceiro trimestre apoiaram um ambiente de forte demanda com vendas líquidas robustas (o desempenho médio das vendas líquidas em nossa cobertura aumentou 40% A/A). No entanto, os resultados mostraram um cenário misto. Do lado positivo, Cury, Direcional e Plano&Plano tiveram desempenho superior, com forte rentabilidade levando a resultados acima de nossas estimativas. A Tenda e a MRV foram os destaques negativos, dado o resultado ainda pressionado, apesar de uma recuperação encorajadora da margem bruta.
No segmento de renda média/alta, os lançamentos mais baixos no trimestre (lançamentos %Co em uma média de -50% no trimestre em nossa cobertura) pressionaram as vendas líquidas (vendas líquidas %Co em uma média de -9% no trimestre), levando a um desempenho geral de receita líquida estável no trimestre, embora em grande parte positivo A/A. Os descontos continuaram a pressionar a margem bruta, mas a Cyrela, a Lavvi e a Moura Dubeux apresentaram rentabilidade robusta.
Educação
Os 3Ts são o segundo trimestre mais importante para as empresas de ensino superior, dado que é quando ocorrem os ciclo de captações de meio de ano. Durante o 3T23, pudemos observar fortes melhorias em relação a (i) números de captações nos segmentos presencial e EaD, (ii) comportamento saudável e sustentável dos tickets médios, (iii) níveis controlados de taxas de evasão, levando a (iv) um aumento notável da alavancagem operacional. No geral, temos uma perspectiva positiva para esta temporada de resultados, embora notemos que o ambiente regulatório possa trazer volatilidade nos curto e médio prazos.
Elétricas e Saneamento
Nas empresas do setor elétrico e saneamento, os principais destaques foram: (i) Eletrobras (ELET3), que trouxe novidades positivas em todas as frentes, principalmente na área de redução de custos e empréstimos compulsórios; Equatorial (EQTL3), que continuou mostrando sua capacidade de recuperação de ativos de distribuição; e (iii) Sanepar (SAPR11) que apresentou volumes faturados melhores que o esperado e tarifa média superior.
Frigoríficos
Considerando todo o contexto, foi um trimestre positivo para todos os frigoríficos da nossa cobertura, com destaque para a geração de FCF acima das nossas estimativas para todas as Companhias. Para os players expostos à carne bovina no Brasil, as margens se recuperaram e ficaram próximas da máxima histórica devido à queda acentuada nos preços do gado. Tanto para carne de aves no Brasil quando nos EUA, o trimestre também representou uma recuperação sólida das margens, refletindo principalmente os preços mais baixos dos grãos. Em uma nota negativa, os players expostos à carne bovina dos EUA ainda enfrentam um momentum desafiador, que esperamos que dure até 2025.
Imobiliários e Shopping
Operacionalmente, o segmento de shopping centers teve um desempenho sólido, explicado pelo crescimento positivo das vendas dos lojistas A/A acima do crescimento esperado de um dígito médio. Destacamos uma taxa ocupação mais forte e uma inadimplência líquida significativamente menor, o que ajudou a reduzir as despesas de propriedade, levando a margens robustas.
Mineração e Siderurgia
Vimos um melhor desempenho relativo das mineradoras de minério de ferro em comparação com as siderúrgicas no Brasil durante o terceiro trimestre.
Para as mineradoras de minério de ferro, os preços aumentaram no trimestre, dada a maior referência do minério de ferro 62% Fe (+3% no trimestre) e uma melhor sazonalidade nos volumes (+10% no trimestre para a Vale e +3% no trimestre para a CMIN), o que também impactou positivamente a diluição dos custos fixos.
Para as siderúrgicas brasileiras, o ambiente doméstico voltou a ser o ponto fraco nos resultados do 3T23, com a rentabilidade da Usiminas e da CSN caindo no trimestre, dados os preços mais baixos (os preços dos aços planos caíram 10% no trimestre no Brasil) e os custos mais elevados, enquanto a Gerdau foi novamente o destaque positivo dado o desempenho resiliente do BD da América do Norte, apesar de uma queda sequencial nos resultados trimestrais.
Papel e Celulose
Para Papel e Celulose, a Suzano foi o destaque negativo com EBITDA caindo 6% T/T, devido aos menores preços da fibra curta na China (-5% T/T) e volumes (-1% T/T), apesar dos menores custos caixa de celulose por tonelada (-7% T/T, ex-manutenção). Além disso, Klabin e Irani reportaram bons resultados, com números acima do esperado na divisão de papéis e embalagens.
Petróleo e Gás
Os resultados das empresas produtoras de petróleo e gás se beneficiaram de um Brent mais forte (+11% T/T), enquanto as empresas petroquímicas sofreram com spreads e preços mais baixo. No setor de petróleo e gás, as quatro empresas sob nossa cobertura se beneficiaram de volumes mais altos e alavancagem operacional, resultando em custos mais baixos e, consequentemente, margens melhores. M&As foram um tema recorrente nas conferências dessas empresas. No setor petroquímico, Unipar e Braskem sentiram os efeitos de um trimestre no ciclo de baixa, enquanto Cosan teve resultados muito fortes em todos o seus portfólio. M&As também foram um tema recorrente nas conferências das empresas petroquímicas.
Saúde
Serviços de saúde: A cadeia de valor da saúde ainda está pressionada. No entanto, nesta temporada de resultados, pudemos observar mais um trimestre de melhorias, apontando para uma recuperação constante. Durante este trimestre: (i) A Hapvida e a SULA registraram resultados fortes, principalmente devido a aumentos de preços, o que resultou em perdas líquidas de planos de saúde para ambas as empresas, mas reduziu a sinistralidade; (ii) Os prestadores de serviços hospitalares continuam absorvendo pressões do setor em geral, com números de taxas de ocupação e leitos operacionais mistos. Pelo lado positivo, destacamos melhorias no ticket médio, especialmente provenientes de aumentos de preços e mix; (iii) A Oncoclínicas manteve seu crescimento constante de receita, com melhorias na alavancagem operacional e conversão de caixa. Por outro lado, notamos a pressão no ticket médio devido a um aumento da PDD, de 3,6% em relação à receita bruta (+2,4 p.p. A/A; +1,1 p.p. T/T); e (iv) o Fleury conseguiu melhorar a alavancagem operacional mesmo considerando uma piora no mix de procedimentos.
Indústria Farmacêutica e Distribuição: Vimos resultados de neutros a negativos para as farmacêuticas, mas positivos para a Viveo, dado que: (i) a Hypera indicou que não será capaz de entregar o seu guidance de receita para o final do ano de 2023, principalmente devido aos impactos de um inverno extraordinariamente quente, embora notemos a sua rápida redução em gastos com marketing para compensar o impacto nas margens; (ii) a Blau apresentou resultados negativos, com receita praticamente estável mesmo com a consolidação da Bergamo e o aumento das vendas de especialidades, enquanto a margem de EBITDA ajustada caiu significativamente devido a impactos como pressões competitivas e uma piora do mix; e (iii) a Viveo apresentou mais um trimestre de forte crescimento, principalmente devido aos segmentos de H&C, L&V e Serviços, com aumentos de dois dígitos das receitas A/A, resultando em diluição de despesas.
Mídia e Tecnologia
O segmento continua sofrendo com ambiente macroeconómico desafiador, que tem um impacto negativo no crescimento das receitas do sector. Como resultado, a maioria das empresas apresentou resultados fracos/neutros. Ressaltamos que cada empresa de nossa cobertura de tech tem sua própria dinâmica. Por outro lado, a TOTVS foi o destaque positivo do trimestre, reportando um forte resultado, expandindo sua receita em todas as dimensões do negócio.
Telecom
As grandes empresas de telecomunicações da nossa cobertura apresentaram resultados sólidos, após a estratégia bem-sucedida de ajuste de preços com controle de churn. Em relação aos ISPs, a Brisanet e a Unifique apresentaram resultados neutros e mistos, respectivamente, enfrentando desaceleração das adições líquidas no segmento. A Desktop foi o destaque positivo do trimestre, registrando um desempenho sólido com crescimento do lucro.
Transportes
No segmento de Aluguel, a Localiza foi nosso destaque, após reportar lucro líquido acima de nossas estimativas (+11%), principalmente devido ao desempenho resiliente de Gestão de Frotas. Por outro lado, (i) Vamos reportou resultados fracos, uma vez que as vendas das concessionárias sofreu com a desaceleração temporária do mercado de caminhões/equipamentos; e (ii) Movida, já que o resultado permaneceu pressionado por (a) forte queda na margem EBITDA de Seminovos, e (b) maiores depreciações e despesas financeiras.
No setor de Infraestrutura, destacamos (i) o desempenho da Rumo e da Santos Brasil, ambos baseados em um ambiente positivo de oferta e demanda, onde o principal fator foi um forte crescimento tarifário; (ii) A Hidrovias do Brasil também relatou desempenho positivo, uma vez que o Corredor Norte continuou seu desempenho positivo e vimos uma recuperação no Corredor Sul, à medida que os níveis de calado melhoraram; e (iii) a Ecorodovias surpreendeu positivamente após o forte desempenho de tráfego verificado no trimestre.
No setor aéreo, vimos mais um trimestre onde o foco foi a melhoria da rentabilidade devido (i) à recuperação da demanda; (ii) yields mais elevados; e (iii) redução do CASK, proveniente principalmente dos preços mais baratos dos combustíveis
Varejo
Em relação aos resultados do 3º trimestre das varejistas, observamos que: i) o contexto macroeconômico desafiador continua a ser um obstáculo para a demanda; ii) o cenário competitivo mais difícil foi uma preocupação em todos os segmentos; iii) a otimização de despesas e os planos de corte de custos foram implementados para defender as margens; iv) geração de caixa e desalavancagem são prioridades; e v) dinâmicas melhores em outubro, mas as vendas de fim de ano definirão o tom para o 4º trimestre.
Em termos de segmentos, entre os varejistas de alta renda, a Vivara foi o destaque, com uma sólida tendência de crescimento e melhoria da rentabilidade, enquanto a fraca conjuntura macroeconômica continua a desafiar os resultados no segmento de vestuário de média renda, com a C&A se destacando positivamente, com um forte desempenho de vendas mesmas lojas, juntamente com a recuperação das margens, se beneficiando das iniciativas de push&pull e precificação dinâmica. Entre os segmentos defensivos, o desempenho dos varejistas alimentares continuou a ser afetado por tendências deflacionárias, juntamente com volumes fracos, embora tenham registado tendências de recuperação ao longo do trimestre, enquanto as farmácias provaram mais uma vez ser um segmento resiliente, com um desempenho sólido das vendas e margens praticamente estáveis, apesar das fortes bases de comparações. Por último, os resultados do comércio eletrónico permanecem pressionados, com a procura ainda fortemente afetada pelo reduzido renda disponível dos consumidores, pelo difícil cenário competitivo e pelas iniciativas de reestruturação.