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Por que as ações do Magazine Luiza (MGLU3) caíram tanto?

Depois de desvalorização de mais de 60% desde o início de 2021, veja quais os motivos para o derretimento

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Em 2021, as ações do Magazine Luiza (MGLU3) tiveram uma queda de aproximadamente 70% no preço da cotação, o pior desempenho do Ibovespa. O movimento de baixa está em linha com o que temos visto para as ações do setor de varejo como um todo, que vêm sofrendo à medida que o cenário macroeconômico do Brasil vem piorando.

Porém, depois da divulgação de resultados mistos no último trimestre e do anúncio dos números do varejo em Outubro deste ano, vimos o preço das ações da companhia sofrendo uma forte queda, a qual pode ter sido principalmente ocasionada pelas incertezas de investidores quanto à dinâmica de margens para o quarto trimestre deste ano, além de um feedback negativo de alguns investidores frente ao provisionamento de estoques de R$ 350mn no trimestre.

Para o nosso time de Research que cobre as ações de MGLU3, a companhia teve performance sólida no canal online, mas com margens pressionadas. O GMV online cresceu 22% A/A, impulsionado pelo marketplace (3P) em +67% A/A e estoque próprio (1P) em +6,7%, mesmo diante da base de comparação mais forte de 2020 (+150% e +145%). No entanto, as vendas das lojas físicas apresentaram queda de 8% A/A, impactadas pela deterioração macroeconômica. “A companhia sinalizou uma continuidade de uma perspectiva desafiadora no canal por conta do macro, mas acredita que a dinâmica do marketplace deve seguir robusta”, destaca o time de varejo da XP Investimentos.

“Em relação à rentabilidade, a margem EBITDA caiu 2,5p.p A/A, devido a uma margem bruta pressionada pela maior participação do ecommerce (72% das vendas, +6p.p A/A) e inflação de custos enquanto houve um aumento de despesas de marketing no ecommerce e a performance das lojas físicas levou a uma menor diluição de despesas operacionais”, acrescentam os especialistas.

No entanto, destacamos mais uma vez que o setor de varejo como um todo é fortemente impactado pelo cenário macroeconômico, e olhando para o segmento de e-commerce, isso tem sido ainda mais forte, seja pelo ajuste de projeções nos modelos dos analistas de mercado, manutenção do nível de riscos de curto prazo por parte dos fundos de investimentos, entre outros fatores que podem explicar essa queda vertiginosa em uma das queridinhas da bolsa brasileira.

Deterioração macroeconômica deu seus primeiros sinais nos resultados do 3T21

Segundo nosso time do Research, de forma geral, mesmo diante de um trimestre marcado pela forte base de comparação com o 3T20 e um maior nível de competição, os canais online das companhias de e-commerce continuaram a crescer A/A. Olhando para a métrica de GMV online, a Magalu reportou um crescimento de 22% A/A, comparado com Via (+33%), Americanas (+30%), e MELI (+28%), sendo a exceção de desempenho de GMV do canal físico dentre seus concorrentes quando comparamos com os números de 2019, apresentando um aumento de 9% vs. 3T19, enquanto a Via contraiu -9% no mesmo período e Americanas -3%.

Olhando para a rentabilidade e geração de caixa das companhias do segmento, destacamos que a Magalu apresentou a pior margem EBITDA e Americanas apresentou a melhor, enquanto todas as companhias tiveram queima de caixa no trimestre (Via, AMER e Magalu em -R$830mi, -R$635mi e R$-270mi, respectivamente) decorrente do reforço nos níveis de estoque para a temporada de compras de fim de ano.

O que fazer com MGLU3?

Considerando todos os pontos anteriormente elencados por nós nesse relatório, a grande questão fica para como se posicionar nesse cenário incerto e forte queda nas ações da companhia e do setor. Considerando que o papel negociava a preços maiores que R$ 20,0 no começo do ano e hoje está abaixo de R$ 9,0, a MGLU3 é uma boa oportunidade nesse momento? Na visão da XP, é necessário cautela, e investidores precisam considerar outros fatores antes de comprar as ações de qualquer companhia nesse momento, como apetite a risco, prazo de investimento do investidor, comparação do valuation das companhias comparáveis, entre outros.

Para nosso time de Research, embora o setor tenha sido de longe o que mais sofreu dentro da cobertura de varejo em 2021, (i) ainda existe um grande risco para os resultados das companhias, dado que a demanda pode ser mais fraca e a concorrência deve continuar bastante acirrada, (ii) os produtos eletrônicos e de linha branca, que são categorias-chave para o comércio eletrônico, tendem a ser mais cíclicos devido ao tíquete médio mais alto, e a demanda dos consumidores por essas categorias pode ter sido de certa forma antecipada durante a pandemia, (iii) os players listados estão mais expostos às classes mais baixas, que também sofrem mais em um ambiente macroeconômico mais difícil, e (iv) o cenário competitivo deve permaneça desafiador, o que acaba aumentando a pressão na rentabilidade das companhias.

Por fim, destacamos que a XP possuiu recomendação Neutra para o papel, com preço-alvo de R$18/ação.

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