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Petrobras (PETR4) | Resultados do 1T23: A última dança?

A Petrobras divulgou o resultado referente ao primeiro trimestre de 2023.

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Os resultados da Petrobras (PETR4) ficaram em sua maioria em linha com as expectativas da XP e do consenso, com a empresa novamente apresentando forte geração de fluxo de caixa livre (11% de yield ou 44% de yield anualizado) e declarando dividendos robustos (~7% de yield). A partir de agora, os investidores vão acompanhar de perto as mudanças que a nova gestão vai implementar na Petrobras. Apesar do alto risco inerente associado à tese de investimento, mantemos nossa recomendação de compra para a ação principalmente com base no valuation descontado. No entanto, observamos que no último mês o desempenho das ações da Petrobras superou tanto comparáveis locais quanto internacionais. Isto, juntamente com a introdução de uma nova política de dividendos, pode ter um impacto negativo sobre as ações no curto prazo.

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Veja todos os resultados do 1º trimestre de 2023

Destaques Financeiros: A Petrobras apresentou mais um desempenho financeiro sólido, com o EBITDA ajustado atingindo US$ 13,9 bilhões (praticamente estável em relação ao trimestre anterior, -6,7% em relação ao ano anterior). O valor superou ligeiramente as expectativas da XP (+2%) e do consenso (+3%). O fluxo de caixa operacional menos CAPEX totalizou US$ 7,9 bilhões, equivalente a um yield de 11% ou uma taxa anualizada de 44%. Além disso, a Petrobras recebeu US$ 2,2 bilhões provenientes de vendas de ativos e compensação financeira de acordos de co-participação. A dívida bruta ao final do trimestre totalizou US$ 53,3 bilhões (ou 0,8x o EBITDA ajustado), com posição de caixa de US$ 15,7 bilhões (~o valor dos dividendos já declarados que serão pagos ao longo deste ano), resultando em uma dívida líquida de US$ 37,6 bilhões (uma redução em relação aos US$ 41,5 bilhões do 4T22, equivalente a 0,6x o EBITDA ajustado).

No final, os dividendos anunciados estão de acordo com a política atual de dividendos, como esperado. Conforme escrevemos aqui, a Petrobras aprovou o pagamento de remuneração aos acionistas (em uma combinação de dividendos e juros sobre capital próprio) no valor de aproximadamente R$ 1,89/ação (dividend yield de 7,4% para PETR4, em linha com as expectativas da XP), a serem pagos em duas parcelas: (i) cerca de R$ 0,95/ação em 18 de agosto de 2023, e (ii) cerca de R$ 0,95/ação em 20 de setembro de 2023 (detentores de ADR receberão pagamentos a partir de 25 de agosto e 27 de setembro, respectivamente). A data de corte é 12 de junho para os detentores de ações negociadas na B3 e 14 de junho para detentores de ADR negociados na NYSE. As ações da Petrobras serão negociadas ex-dividendo na B3 e NYSE a partir de 13 de junho.

No entanto, este provavelmente será o último trimestre com a atual política de dividendos em vigor. A Petrobras também comunicou aos acionistas que seu Conselho de Administração (CA) determinou que a Diretoria Executiva prepare uma proposta para ajustar o planejamento estratégico em andamento e melhorar a Política de Remuneração aos acionistas da Petrobras, incluindo a possibilidade de recompra de ações, e submeta essas questões para deliberação pelo CA antes do final de julho de 2023.

Exploração & Produção (“E&P”): As Receitas Líquidas caíram 7% em relação ao trimestre anterior, seguindo o movimento nos preços do petróleo Brent (-8% em relação ao trimestre anterior). O EBITDA ajustado foi de US$ 10,9 bilhões (praticamente estável T/T), com uma margem de 69% (em comparação com 65% no 4T22), parcialmente devido a uma redução de 9% no lifiting cost, excluindo impostos e arrendamentos (US$ 5,5/boe). A redução reflete os desinvestimentos nos campos terrestres de Sergipe e Alagoas, Papa-Terra e Albacora Leste, o desligamento definitivo de plataformas no campo de Marlim e o início da operação da P-71 em dezembro de 2022. O lifiting cost, excluindo impostos e arrendamentos, para os campos do pré-sal, ficaram em USD 3,7/boe (-5% T/T), principalmente devido a custos menores com intervenções em poços e operações submarinas.

Refino, Transporte & Comercialização (“RTC”): As Receitas Líquidas caíram 10% em relação ao trimestre anterior, enquanto o EBITDA ajustado foi de US$ 2,4 bilhões (-15% T/T), com uma margem de 10% (em linha com o 4º trimestre de 2022). No 1º trimestre de 2023, o lucro bruto foi de US$ 3 bilhões, uma queda de 11% em relação ao trimestre anterior, principalmente devido ao efeito do giro de estoque. Excluindo esse efeito (-US$ 1,28 bilhão no 1º trimestre de 2023 e -US$ 0,7 bilhão no 4º trimestre de 2022), o lucro bruto teria sido de US$ 4,25 bilhões no 1º trimestre de 2023 e US$ 4,1 bilhões no 4º trimestre de 2022 (estimamos uma margem de EBITDA ajustado a custo de reposição de 15% no 1T23, em comparação com 13% no 4T22). No entanto, notamos que neste trimestre a Petrobras não divulgou o preço de transferência interna do petróleo de E&P para RTC (o que vemos como elemento-chave de confiabilidade da margem reportada de RTC).

Gás e Energia (“G&E”): As Receitas Líquidas caíram 25% em relação ao trimestre anterior, enquanto o EBITDA ajustado foi de US$ 0,7 bilhão (+23% em relação ao trimestre anterior), com uma margem de 26% (a mais alta desde o 3T20). No 1T23, o lucro bruto de G&E foi de US$ 1,4 bilhão, um aumento de 15,6% em relação ao trimestre anterior, principalmente devido a menores custos de aquisição de gás natural. Essa redução de custos superou a redução de receitas provenientes da comercialização de gás e energia, que ocorreu devido aos seguintes fatores: (i) menores preços médios de venda de gás natural devido aos preços mais baixos do petróleo Brent; (ii) menor volume de gás vendido para o segmento não termelétrico; (iii) vencimento de contratos de energia em leilões e; (iv) menores oportunidades de exportação de energia.

Nossa opinião: Os resultados ficaram em linha com as expectativas da XP e do consenso, com a empresa novamente apresentando forte geração de fluxo de caixa livre (11% de yield ou 44% de yield anualizado) e declarando dividendos robustos (~7% de yield). A partir de agora, os investidores estarão atentos às mudanças que a nova gestão vai implementar na Petrobras. Atualmente, não temos certeza sobre a natureza das mudanças que serão feitas na política de dividendos da Petrobras. Com base nas declarações anteriores do Sr. Prates, nossa melhor estimativa é que a política de dividendos provavelmente se tornará mais discricionária, resultando em menor previsibilidade para os investidores. Sem dúvida, haverá inúmeras perguntas sobre este assunto durante a teleconferência de resultados de amanhã, além de discussões sobre outros temas como: (i) potencial atividade de M&A envolvendo Vibra, Braskem e Acelen; (ii) antecipação das diretrizes do novo Plano Estratégico, principalmente no que diz respeito ao CAPEX; (iii) possíveis mudanças nas políticas de preços de combustíveis e gás; e (iv) possíveis alterações nas práticas de governança corporativa. Apesar do alto risco inerente associado a este caso de investimento, mantemos nossa recomendação de compra para as ações principalmente com base em valuation descontado. No entanto, observamos que no mês passado o desempenho das ações da Petrobras superou as empresas juniores locais de E&P e seus pares internacionais (usando o ETF XLE como proxy). Tudo isso, aliado à introdução de uma nova política de dividendos, pode ter um impacto negativo sobre a ação no curto prazo.

Resultados do 1º trimestre de 2023 – Petrobras

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