XP Expert

Frigoríficos e os efeitos da Peste Suína Africana em 2020

A Peste Suína Africana impulsionou os resultados dos frigoríficos em 2019, e seus efeitos devem continuar em 2020.

Compartilhar:

  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no Twitter
  • Compartilhar no Whatsapp
  • Compartilhar no LinkedIn
  • Compartilhar via E-mail

Os frigoríficos foram o grande destaque de 2019, com ações que subiram em média 88%. Mas o que nos aguarda em 2020?

Em 2019, os frigoríficos tiveram grande destaque na Bolsa. Desde o início do ano até hoje, as ações da JBS valorizaram 110%, seguida por Marfrig com 94% e BRF com 59%. Essa performance foi impulsionada, principalmente, pela proliferação da Peste Suína Africana na China. A peste não só intensificou as exportações globais, como também elevou o preço das proteínas no mundo todo, refletindo nos resultados dessas empresas.

Neste momento, investidores começam a se questionar se os impactos da doença já estão precificados, incentivando a realização dos lucros no curto prazo. Além disso, questiona-se por quanto tempo a China ainda continuaria importando volumes tão vultuosos de proteínas dos demais países. Nós, no entanto, ainda vemos potencial para as ações da JBS, que segue como nosso nome preferido dentre os frigoríficos, seguido pela Marfrig e BRF.

A Peste Suína Africana vai continuar impactando o mercado de proteínas até quando?

Em agosto de 2018, os primeiros casos de Peste Suína Africana (PSA) foram reportados pelo governo chinês. Para evitar a contaminação dos demais porcos, houve aumento do abate, o que ocasionou um aumento da oferta de suínos em um primeiro momento. A partir de 2019, no entanto, como não houve recomposição suficiente do rebanho de suínos, houve forte queda no número de abates, causando uma brusca redução na oferta de suínos.

A China é responsável por metade da produção e do consumo mundial de suínos. Em 2019, o país respondeu por 1/3 das importações globais de suínos. Ela é a segunda maior produtora de frango no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos (o Brasil é o terceiro colocado). Além disso, o país Asiático é o quarto maior produtor de carne bovina do mundo, ficando atrás de Estados Unidos, Brasil e União Europeia, mas já é o maior importador global de bife do mundo.

Estimativas conservadoras apontam para uma queda de 25% a 30% da produção de suínos na China em 2019 versus 2018. Como a China produz metade dos porcos do mundo, isso equivale a dizer que 1/8 dos suínos do mundo foram dizimados pela Peste. Isso gerou um aumento de preços de carne suína de mais de 100% na comparação anual no mercado doméstico chinês.

É esperado que tal redução na produção seja sentida pelos próximos três anos: apenas em 2024-2025 haveria normalização da produção chinesa. No entanto, é importante ressaltar que, mesmo em 2025, a produção não voltaria aos patamares históricos. Em 2025, ela ficaria cerca de 10% abaixo do valor registrado em 2018, segundo dados do Rabobank.

Como esperávamos, o impacto da PSA não se limitou apenas à carne suína…

Com a carne suína prejudicada, houve substituição do consumo para carne de frango e carne bovina, além de aumento do consumo de peixe, que já era a proteína mais consumida pelos chineses, seguida de carne suína. Inclusive, tal mudança no perfil de consumo chinês já estava em curso anteriormente: à medida que a renda per capita na China aumenta, o consumo de carnes mais nobres, sobretudo a bovina, se expande. Isso nos ajuda a entender porque as exportações de carne bovina brasileira vem vindo tão fortes. De certa forma, a PSA foi o catalisador que faltava para a aceleração dessa transformação estrutural.

Isso se traduziu diretamente no volume de exportações brasileiras de proteína. No caso do frango, o volume exportado acumulado nos onze primeiros meses de 2019 cresceu 7% versus o ano anterior. No caso da carne bovina, os números são ainda mais positivos: 14% de aumento do volume exportado versus o acumulado de onze meses de 2018.

Houve também diversificação nos países exportadores. No primeiro semestre de 2018, o Brasil era responsável por 86% das importações chinesas de frango; agora, sua participação relativa caiu para 70%. Isso não é necessariamente ruim, dado que os impactos da PSA não se restringem apenas à China. O Brasil poderia, por exemplo, remanejar parte de seu comércio exterior para outros países como Japão e Coreia, que inclusive pagam prêmios maiores pela proteína do que a China.

Seguimos com recomendação de Compra para JBS, BRF e Marfrig

Acreditamos que as ações do setor ainda tem potencial de alta. O que poderia nos fazer mudar de ideia? Existem duas grandes preocupação do mercado: a primeira é quanto à capacidade de produção dos frigoríficos, e a segunda é sobre a sustentabilidade dos preços internacionais.

Quanto à capacidade de produção, o mercado se preocupa sobretudo com o otimismo dos frigoríficos. Diante de uma demanda chinesa tão forte quanto a atual, as empresas poderiam cogitar aumentar sua capacidade de produção para poder exportar cada vez mais. No entanto, uma vez que a oferta chinesa se normalizasse, nós aqui no Brasil acabaríamos com excesso de carne; consequentemente, haveria queda nos preços.

Isso até pode parecer bom pra quem gosta de churrasco, mas seria terrível para os frigoríficos! Para a tranquilidade de todos, no entanto, as empresas já reiteraram que não tem planos de aumentar a capacidade voltada para o mercado externo no médio prazo. Enxergamos isso como positivo porque assim o equilíbrio do mercado não deve ser prejudicado.

Quanto à segunda preocupação, sobre a sustentabilidade dos preços de proteína, seguiremos de olho nos efeitos da Peste Suína Africana sobre os patamares de preços globais de proteína. Acreditamos que para 2020, os efeitos ainda devem ser significativos, com um mercado externo pagando preços bastante atrativos. Daí vermos expansão de receita para as empresas da nossa cobertura em 2020, com normalização de margens após isso.

Por fim, vale ressaltar que para o Brasil de 2020, enxergamos demanda mais aquecida com a economia gradualmente ganhando mais fôlego. Isso se traduz em maior consumo de processados, o que também favorece a expansão da receita dos frigoríficos no ano que vem. Além disso, entendemos que haverá normalização gradual do preço do gado, uma vez que a escalada recente do boi gordo, que alcançou mais de 230 reais por arroba, provou que o consumidor não topa pagar tão caro pela carne.

Em suma: continuamos otimistas quanto ao setor de frigoríficos para 2020. Entendemos as preocupações do mercado quanto à capacidade de produção dos frigoríficos e quanto à sustentabilidade dos preços internacionais. Acompanharemos de perto essa interação entre preços, tanto internacionais quanto domésticos, e custo do gado. No entanto, acreditamos que, para 2020, essa dinâmica se revelará benigna para a empresas do setor, e por isso reiteramos compra para JBS, Marfrig e BRF.

XPInc CTA

Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!

XP Expert

Avaliação

O quão foi útil este conteúdo pra você?


Newsletter
Newsletter

Gostaria de receber nossos conteúdos por e-mail?

Cadastre-se e receba grátis nossos relatórios e recomendações de investimentos

Disclaimer:

Este relatório de análise foi elaborado pela XP Investimentos CCTVM S.A. (“XP Investimentos ou XP”) de acordo com todas as exigências na Resolução CVM 20/2021, tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar sua própria decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta ou solicitação de compra e/ou venda de qualquer produto. As informações contidas neste relatório são consideradas válidas na data de sua divulgação e foram obtidas de fontes públicas. A XP Investimentos não se responsabiliza por qualquer decisão tomada pelo cliente com base no presente relatório. Este relatório foi elaborado considerando a classificação de risco dos produtos de modo a gerar resultados de alocação para cada perfil de investidor. O(s) signatário(s) deste relatório declara(m) que as recomendações refletem única e exclusivamente suas análises e opiniões pessoais, que foram produzidas de forma independente, inclusive em relação à XP Investimentos e que estão sujeitas a modificações sem aviso prévio em decorrência de alterações nas condições de mercado, e que sua(s) remuneração(es) é(são) indiretamente influenciada por receitas provenientes dos negócios e operações financeiras realizadas pela XP Investimentos.

O analista responsável pelo conteúdo deste relatório e pelo cumprimento da Instrução CVM nº 598/18 está indicado acima, sendo que, caso constem a indicação de mais um analista no relatório, o responsável será o primeiro analista credenciado a ser mencionado no relatório. Os analistas da XP Investimentos estão obrigados ao cumprimento de todas as regras previstas no Código de Conduta da APIMEC para o Analista de Valores Mobiliários e na Política de Conduta dos Analistas de Valores Mobiliários da XP Investimentos. O atendimento de nossos clientes é realizado por empregados da XP Investimentos ou por agentes autônomos de investimento que desempenham suas atividades por meio da XP, em conformidade com a ICVM nº 497/2011, os quais encontram-se registrados na Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários – ANCORD. O agente autônomo de investimento não pode realizar consultoria, administração ou gestão de patrimônio de clientes, devendo atuar como intermediário e solicitar autorização prévia do cliente para a realização de qualquer operação no mercado de capitais. Os produtos apresentados neste relatório podem não ser adequados para todos os tipos de cliente. Antes de qualquer decisão, os clientes deverão realizar o processo de suitability e confirmar se os produtos apresentados são indicados para o seu perfil de investidor. Este material não sugere qualquer alteração de carteira, mas somente orientação sobre produtos adequados a determinado perfil de investidor. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço ou valor pode aumentar ou diminuir num curto espaço de tempo. Os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros. A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos. As informações presentes neste material são baseadas em simulações e os resultados reais poderão ser significativamente diferentes. Este relatório é destinado à circulação exclusiva para a rede de relacionamento da XP Investimentos, incluindo agentes autônomos da XP e clientes da XP, podendo também ser divulgado no site da XP. Fica proibida sua reprodução ou redistribuição para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento expresso da XP Investimentos. SAC. 0800 77 20202. A Ouvidoria da XP Investimentos tem a missão de servir de canal de contato sempre que os clientes que não se sentirem satisfeitos com as soluções dadas pela empresa aos seus problemas. O contato pode ser realizado por meio do telefone: 0800 722 3710. O custo da operação e a política de cobrança estão definidos nas tabelas de custos operacionais disponibilizadas no site da XP Investimentos: www.xpi.com.br. A XP Investimentos se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste relatório ou seu conteúdo. A Avaliação Técnica e a Avaliação de Fundamentos seguem diferentes metodologias de análise. A Análise Técnica é executada seguindo conceitos como tendência, suporte, resistência, candles, volumes, médias móveis entre outros. Já a Análise Fundamentalista utiliza como informação os resultados divulgados pelas companhias emissoras e suas projeções. Desta forma, as opiniões dos Analistas Fundamentalistas, que buscam os melhores retornos dadas as condições de mercado, o cenário macroeconômico e os eventos específicos da empresa e do setor, podem divergir das opiniões dos Analistas Técnicos, que visam identificar os movimentos mais prováveis dos preços dos ativos, com utilização de “stops” para limitar as possíveis perdas. O investimento em ações é indicado para investidores de perfil moderado e agressivo, de acordo com a política de suitability praticada pela XP Investimentos Ação é uma fração do capital de uma empresa que é negociada no mercado. É um título de renda variável, ou seja, um investimento no qual a rentabilidade não é preestabelecida, varia conforme as cotações de mercado. O investimento em ações é um investimento de alto risco e os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros e nenhuma declaração ou garantia, de forma expressa ou implícita, é feita neste material em relação a desempenhos. As condições de mercado, o cenário macroeconômico, os eventos específicos da empresa e do setor podem afetar o desempenho do investimento, podendo resultar até mesmo em significativas perdas patrimoniais. A duração recomendada para o investimento é de médio-longo prazo. Não há quaisquer garantias sobre o patrimônio do cliente neste tipo de produto. O investimento em opções é preferencialmente indicado para investidores de perfil agressivo, de acordo com a política de suitability praticada pela XP Investimentos. No mercado de opções, são negociados direitos de compra ou venda de um bem por preço fixado em data futura, devendo o adquirente do direito negociado pagar um prêmio ao vendedor tal como num acordo seguro. As operações com esses derivativos são consideradas de risco muito alto por apresentarem altas relações de risco e retorno e algumas posições apresentarem a possibilidade de perdas superiores ao capital investido. A duração recomendada para o investimento é de curto prazo e o patrimônio do cliente não está garantido neste tipo de produto. O investimento em termos é indicado para investidores de perfil agressivo, de acordo com a política de suitability praticada pela XP Investimentos. São contratos para compra ou a venda de uma determinada quantidade de ações, a um preço fixado, para liquidação em prazo determinado. O prazo do contrato a Termo é livremente escolhido pelos investidores, obedecendo o prazo mínimo de 16 dias e máximo de 999 dias corridos. O preço será o valor da ação adicionado de uma parcela correspondente aos juros – que são fixados livremente em mercado, em função do prazo do contrato. Toda transação a termo requer um depósito de garantia. Essas garantias são prestadas em duas formas: cobertura ou margem. O investimento em Mercados Futuros embute riscos de perdas patrimoniais significativos, e por isso é indicado para investidores de perfil agressivo, de acordo com a política de suitability praticada pela XP Investimentos. Commodity é um objeto ou determinante de preço de um contrato futuro ou outro instrumento derivativo, podendo consubstanciar um índice, uma taxa, um valor mobiliário ou produto físico. É um investimento de risco muito alto, que contempla a possibilidade de oscilação de preço devido à utilização de alavancagem financeira. A duração recomendada para o investimento é de curto prazo e o patrimônio do cliente não está garantido neste tipo de produto. As condições de mercado, mudanças climáticas e o cenário macroeconômico podem afetar o desempenho do investimento.

A XP Investimentos CCTVM S/A, inscrita sob o CNPJ: 02.332.886/0001-04, é uma instituição financeira autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.Toda comunicação através de rede mundial de computadores está sujeita a interrupções ou atrasos, podendo impedir ou prejudicar o envio de ordens ou a recepção de informações atualizadas. A XP Investimentos exime-se de responsabilidade por danos sofridos por seus clientes, por força de falha de serviços disponibilizados por terceiros. A XP Investimentos CCTVM S/A é instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.


Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com a nossa Política de Cookies (gerencie suas preferências de cookies) e a nossa Política de Privacidade.