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Fluxo em foco: Riscos políticos impactam fluxo de estrangeiros na Bolsa

Quais foram os principais fluxos e participantes da Bolsa brasileira em fevereiro? Neste relatório, destacamos as principais movimentações do mês.

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Desde o início do ano, mercados globais têm subido com os progressos na vacinação contra a Covid-19 e a crescente confiança na recuperação econômica, enquanto a Bolsa brasileira têm se descolado dos outros países em meio à preocupações com discussões sobre o novo auxílio emergência e, principalmente, o recente aumento de riscos políticos.

No acumulado do ano, o Ibovespa caiu -6,5% em moeda local e, por conta de um real mais fraco, recuou -16,5% em dólares, sendo uma das Bolsas com a pior performance global. Durante o mês de fevereiro, preocupações fiscais continuaram a ser o foco, com a apresentação da nova PEC que abre caminho para mais uma rodada de Auxílio Emergencial. A queda na Bolsa se acelerou com a substituição abrupta do CEO da Petrobras, sinalizando que mais intervenções políticas podem ocorrer e, mais recentemente, com a decisão do STF Edson Fachin de anular todos os processos conta o ex-presidente Lula no âmbito da operação Lava Jato. Com isso, a percepção dos investidores tem piorado, causando uma saída de estrangeiros do mercado brasileiro nas últimas semanas.

Quer saber a nossa visão para o Ibovespa após os acontecimentos recentes? Clique aqui: Riscos políticos aumentam – o que esperar do Ibovespa?

Apesar da queda no mercado, o número de investidores pessoas físicas continuou crescendo. Essa tendência, somada ao potencial de migração de renda fixa e poupança, que juntos somam mais de R$5 trilhões (levando em conta somente fundos investidos em renda fixa), para renda variável, nos deixam otimistas em relação ao potencial de crescimento da Bolsa no longo prazo.

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Investidores estrangeiros, instituições e pessoas físicas possuem as maiores participações na Bolsa

Os principais investidores da Bolsa brasileira são: 1) investidores estrangeiros (52,8%), 2) instituições (23,1%) e 3) pessoas físicas (18,7%). Juntos, eles representam quase 95% dos participantes do mercado acionário.

Estrangeiros diminuem exposição à Brasil, mas saldo permanece positivo

O fluxo de capital estrangeiro na Bolsa brasileira sofreu uma queda em fevereiro e no começo de março de 2021, com um saldo de -R$9,2 bilhões*, em contraste com a entrada expressiva entre novembro do ano passado até janeiro deste ano, quando o saldo médio foi de +R$28,2 bilhões mensalmente.

Essa saída se deve principalmente ao recente aumento de riscos políticos que pioraram o sentimento dos estrangeiros em relação ao Brasil. No entanto, mesmo com a saída de capital, o saldo em 2021 permanece positivo, em +R$14,4 bilhões*.

*Saldo não considera a entrada/saída de capital estrangeiro por IPOs e Follow Ons, pois os dados ainda não foram divulgados pela B3.

Reforçamos a nossa visão de que o retorno duradouro desses investidores à Bolsa brasileira depende principalmente de quatro pontos-chave:

  1. Melhor resolução sobre a trajetória fiscal e política do país;
  2. Continuação da recuperação econômica e revisão de lucros das empresas da Bolsa para cima;
  3. Cenário positivo para as commodities e os mercados emergentes;
  4. Avanços na responsabilidade socioambiental e de governança (ESG) no Brasil, sendo essa uma condição quase sine qua non para o estrangeiro voltar a ter grandes alocações no país.

Potencial de participação ainda maior das instituições na Bolsa

Em janeiro desse ano, dado disponível mais recente, os fundos possuíam R$723,9 bilhões investidos em ações, uma queda de -4,7% em relação à dezembro do ano passado, porém uma alta de +10,2% quando comparado a dezembro de 2019. Esse valor representa apenas 14,4% (-0,7p.p. M/M) do patrimônio líquido das gestoras, em contraste com 85,5%, equivalente à R$4,3 trilhões (+0,7p.p. M/M), investido em renda fixa!

Quando olhamos apenas para os fundos de pensão, segundo dados mais recentes disponíveis de outubro de 2020, a Abrapp reportou que R$67,8 bilhões estão investidos em ações e R$ 102,9 bilhões em fundos de renda variável. Comparados à 2019, representam uma queda de -9,2% (R$74,7 bilhões em 2019) e -8,0% (R$111,9 bilhões em 2019) respectivamente. Juntos, investimentos em ações e fundos de renda variável representam 18,1% da carteira desses fundos vs. 74,3% (R$700,1 bilhões em outubro de 2020) em renda fixa.

Os dados acima revelam que a participação das instituições no mercado acionário ainda é baixa quando comparado à exposição à renda fixa, o que nos faz concluir que existe um grande potencial de migração da renda fixa para a renda variável.

Pessoas físicas diminuem posição na Bolsa em fevereiro, mas número de investidores continua crescendo

Como destacado em nosso relatório XP Monitor, em fevereiro, vimos uma redução na posição total desses investidores, que recuou -0,8% M/M, chegando à R$449,9 bilhões. Na nossa visão, essa desaceleração no crescimento da posição de pessoas físicas (PFs) pode ser relacionada à queda do Ibovespa que vem ocorrendo desde o início do ano, com o índice fechando o mês passado em queda de -12,0% desde o pico no dia 8 de janeiro, decorrente de preocupações fiscais e o aumento dos riscos políticos.

Apesar da queda no mercado, o número de investidores PFs na Bolsa brasileira (B3) atingiu 3.344.847, um aumento de +3,6% em relação à janeiro, e uma alta expressiva de +99,0% quando comparado com o início de 2019.

Nessa publicação, considera-se apenas o fluxo do mercado à vista.

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