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Bancos & Mercado de Capitais: O que esperar da temporada de resultados do 2T23?

Prévia dos resultados do 2T23 para o setor financeiro - BBAS3, BBDC4, ITUB4, SANB11, B3SA3, BPAC11, BRBI11.

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Esperamos um segundo trimestre misto para os grandes bancos brasileiros, em meio a um cenário macro ainda abaixo do ideal. BB e Itaú, apesar das duras bases de comparações, devem apresentar uma manutenção da recente trajetória positiva de crescimento da carteira de crédito e incremento marginal da inadimplência. Por outro lado, prevemos mais um trimestre difícil para Santander e Bradesco. Ambos ainda afetados por maiores provisões e menor margem de lucro com o mercado. Para as empresas do mercado de capitais, ainda que tenhamos visto a atividade de junho melhorando de forma inesperada, esperamos poucas transações de renda variável (ECM), volumes de negociação (ADTV) mais fracos e uma recuperação dos negócios de emissões de dívidas (DCM) devido aos eventos adversos de crédito ocorridos no trimestre anterior. Em suma, acreditamos que os resultados do segundo trimestre estarão bastante em linha com nossas preferências do setor, sendo Itaú e Banco do Brasil os destaques positivos da temporada.

Bancos:

  • Prevemos que a margem financeira (NII) com o mercado do 2T do Bradesco e do Santander ainda pressionada. E esperamos a provável reversão dessa tendência apenas no 2S.
  • Embora esperemos incrementos marginais na inadimplência dos bancos, as provisões devem continuar significativas, afetando negativamente os resultados do 2T23. Porém, deve ser assimétrico entre eles, com impacto menor sobre Itaú e Banco do Brasil devido à maior seletividade na concessão de crédito nos últimos meses.
  • Como resultado, vemos o Itaú e o Banco do Brasil bem-posicionados para liderar em rentabilidade, mostrando apenas impactos marginais do ambiente desafiador em seu ROE.

Mercado de Capitais:

  • Embora os números mais positivos de junho já pareçam refletir um início mais próximo do ciclo de afrouxamento monetário doméstico, as atividades do mercado de capitais (ADTV, ECM e DCM) no 2T23 ainda permaneceram pressionadas. Assim, B3, BTG e BR Partners devem apresentar top lines pressionados.
  • As altas taxas de juros continuaram a impactar negativamente as atividades do mercado de capitais. Ainda estamos para ver se a tendência positiva iniciada no final do trimestre conseguirá manter seu ímpeto.

Bancos

Banco do Brasil (BBAS3) | Compra; Preço-alvo R$ 61,00/ação

Esperamos mais um trimestre de crescimento robusto da carteira de crédito do Banco do Brasil, provavelmente em linha com o limite inferior do guidance (8% – 12%), novamente impulsionado principalmente pelo crédito rural. Esperamos que seu NII salte 25% quando comparado ao ano passado e virtualmente estável T/T, principalmente em receitas de tesouraria mais brandas. Com relação ao índice de inadimplência, prevemos um leve aumento (+10bps para 2,6%), que ainda é o menor entre seus pares e reflete o perfil defensivo de sua carteira. Com isso, esperamos que o índice de cobertura da companhia permaneça elevado, em 212% (+9,0 pp T/T). Prevemos um lucro líquido de R$ 8,7 bilhões no segundo trimestre (+11% A/A e +1% T/T), resultando em um retorno sobre o patrimônio líquido de 21,5% para o Banco do Brasil.

Bradesco (BBDC4) | Neutro; Preço-alvo R$ 18,00/ação

Esperamos um crescimento de +5,0% A/A e +2,1% T/T na carteira de empréstimos do banco neste trimestre, apesar do aumento mais lento nas concessões para PJ. Acreditamos que o Bradesco apresente um crescimento modesto de 8% A/A na margem financeira (NII) neste trimestre (+6% T/T), impulsionado principalmente pela margem mais forte com clientes. Esperamos outro aumento significativo em sua taxa de inadimplência no 2T23 (+70bps para 5,8%), desacelerando marginalmente em comparação com os +80bps apresentados no trimestre anterior. Isso deve levar o banco a reportar um índice de cobertura próximo a 179% (-370bps T/T). Como resultado, esperamos que o BBDC reporte mais um trimestre de resultados recorrentes em declínio (-36% A/A, mas +6% T/T) e ROE de 12% (-640 bps A/A e 110 bps T/T).

Santander (SANB11) | Neutro; Preço-alvo R$ 34,00/ação

Esperamos um aumento de 8,9% A/A na carteira de crédito do Santander no 2T23 (+2,0% T/T), uma vez que o banco ainda está focando em mais linhas colateralizadas. Seu NII deve imprimir um crescimento de 6,4% A/A e +3,4% T/T. Esse desempenho se deve em grande parte ao menor NII das atividades de mercado, a margem NII com o mercado deve atingir o ponto de equilíbrio apenas em 2024. Tarifas devem aumentar ligeiramente +1,3% A/A. Prevemos uma taxa de inadimplência marginalmente mais alta de 3,1% (+10 bps T/T), ainda em níveis controlados e índice de cobertura saudável (212% XPe). Isso deve levar a um lucro líquido recorrente de R$ 2,1 bi no trimestre (+19% T/T), implicando em um ROE de 11,5%.

Itaú Unibanco (ITUB4) | Compra; Preço-alvo R$ 34,00/ação

Esperamos por mais um trimestre consecutivo que o Itaú Unibanco apresente crescimento de dois dígitos em sua carteira de crédito, impulsionado pelas linhas de crédito relacionadas ao consumo. A Margem Financeira Bruta deve continuar sendo impulsionada pelo aumento da carteira de crédito, crescendo 12,5% A/A e 3,2% T/T. Além disso, prevemos um aumento marginal na inadimplência, atingindo um nível ainda saudável de 3,5% e um sólido índice de cobertura de 217% (+500 bps T/T). Isso reforça a solidez de seu balanço e reduz o risco de um aumento abrupto do provisionamento pressionar seus resultados no curto prazo. Embora esperemos que o custo do crédito aumente A/A e T/T (R$ 9,5bi XPe), reforçamos nossa visão de que está em linha com o limite inferior de seu guidance. Ao todo, esperamos um lucro líquido recorrente de R$ 8,6 bilhões no segundo trimestre (+11,8% A/A e +1,8% T/T), implicando um ROE de 20% (+20 bps A/A e -20 bps T/T).

Mercado de Capitais

B3 (B3SA3) | Neutro; Preço-alvo 14,00/ação

Prevemos resultados sem brilho para a B3. Os mercados de capitais foram mais uma vez pressionados pelas taxas de juros ainda altas, que afetam os negócios de ADTV e Renda Variável (ECM). No entanto, esses efeitos foram parcialmente compensados pelas receitas de renda fixa (recuperando-se após o estresse causado pelos eventos adversos de crédito no início de 2023), o fechamento do negócio com neurotech (maio) e menores despesas. Com isso, o lucro líquido deve cair 12% no trimestre, mas o EBITDA deve ficar estável no trimestre.

BTG Pactual (BPAC11) | Neutro; Preço-alvo R$ 27,00/ação

Apesar da pressão das altas taxas de juros sobre o segmento de mercado de capitais, esperamos resultados ligeiramente positivos para o BTG Pactual, favorecidos pelo Corporate Lending e pelo volume de Sales & Trading mais quentes do que o esperado no final do trimestre. Além disso, prevemos que o segmento de Wealth Management deve continuar com bom desempenho, devido à sua forte franquia. Como o ponto negativo, as despesas devem crescer modestamente, pois o quadro de funcionários é necessário para apoiar as áreas de negócios. No geral, vemos a receita crescendo +1% T/T e +8% A/A. Com isso, o BTG deve apresentar lucro líquido recorrente de R$ 2,4 bilhões (+10% A/A e +12% T/T) e ROAE de 20% (+60 bps A/A e -30 bps T/T) no 2T23.

BR Partners (BRBI11) | Compra; Preço-alvo R$ 14,00/ação

Prevemos uma leve melhora no trimestre para o BRBI. Recentemente, as atividades do mercado de capitais têm aumentado, portanto, esperamos que as receitas permaneçam resilientes e estáveis no trimestre (-7% A/A). Do lado das despesas, devemos observar mais um trimestre de crescimento das despesas de pessoal (35% A/A), devido aos investimentos no desenvolvimento do segmento de gestão de fortunas. Embora vislumbremos o potencial início de uma trajetória positiva para o BRBI, ainda não devemos ver os benefícios proporcionados pelo ciclo de cortes de juros se refletindo nos resultados. Portanto, projetamos um lucro líquido de R$ 32 milhões no trimestre, totalizando um ROE de 17% (-440bps A/A e -20bps T/T) para a BR Partners no 2T23.

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