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André Guillaumon, CEO da BrasilAgro (AGRO3), explica como ter sucesso no setor que representa 30% do PIB do país

No 14º epsódio do Expert Talks - Na Mesa com os CEOS. André Guillaumon, CEO da BrasilAgro, comentou as estratégias da primeira empresa do agro listada em Bolsa.

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No 14º episódio do Expert Talks – Na Mesa com CEOs, Fernando Ferreira, Head do Research e Estrategista-chefe da XP, e Leonardo Alencar, Head de Agro, Alimentos e Bebidas do Research da XP, conversaram com André Guillaumon, CEO da BrasilAgro (AGRO3), sobre as estratégias e inovações da empresa.

A BrasilAgro é uma das maiores empresas do agronegócio brasileiro e a primeira do ramo a ser listada na Bolsa. Em operação desde 2006, possui 16 propriedades rurais, com alto foco em implementação de tecnologia e novas técnicas agrícolas, diversificadas entre produções de: soja, milho, algodão, cana-de-açúcar e feijão, criação de gado, além da estratégia de compra e venda de propriedades rurais.

“Eu não entendia de negócios, eu entendia do negócio”

O CEO descende de uma família de tradição agrícola, sendo a quarta geração a se manter no setor. De acordo com ele, os bisavós vieram da França e instalaram-se na região noroeste do estado de São Paulo em fazendas de café. Assim como o seu pai, André Guillaumon é formado em agronomia pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (ESALQ – USP) e comenta sobre como a formação para atuar no agronegócio precisa contemplar as duas dimensões, “para ser um bom líder do agronegócio é obrigação entender do negócio [agro] e de negócios”, afirma o executivo.

Apesar de ser um setor estratégico que, atualmente, corresponde a 30% da economia brasileira, o agronegócio ainda possui uma baixa representatividade dentro do mercado de capitais. Segundo Guillaumon, a recente entrada de mais empresas do setor na Bolsa é algo positivo, pois amplia o alcance do agro, além de contribuir para a profissionalização da categoria.

O executivo entrou na BrasilAgro em 2007 como responsável pelo setor de operações, logo após o IPO da empresa. Ele conta que, apesar daquele ter sido um momento favorável na economia brasileira, ainda havia incertezas quanto ao funcionamento do negócio na nova modalidade. “Houve um boom de IPOs, mas de 58 empresas que abriram captação, meia dúzia ficaram. A BrasilAgro é uma história de sucesso: compramos 300 mil hectares, transformamos mais de 150 mil e já vendemos mais de 100 mil. Poucos players no mercado conseguiram o mesmo”.

O maior desafio e o grande segredo da companhia

Nos primórdios, a estratégia da BrasilAgro baseava-se na transformação de terra, e, de acordo com o CEO, com o tempo tornou-se uma empresa que combina produção agrícola e estratégia imobiliária. “Um grande mestre na ESALQ falava que a agricultura é uma coisa simples […] você tem que controlar 57 fatores, dos quais 26 você não tem gestão nenhuma. Só tem uma palavra para atenuar esse negócio e chama-se diversificação”, afirma.

A diversificação ainda está presente nas regiões de atuação, nas culturas de cultivo e no portifólio de terras, entre maduras e em desenvolvimento. Esse posicionamento, segundo o CEO, permitiu que a companhia optasse por uma postura mais agressiva de vendas de terras maduras nos anos de aumento das commodities, ao mesmo tempo que agrega valor a terras que no futuro poderão ser vendidas.

Para Guillaumon, o maior desafio da BrasilAgro é operar de forma anticíclica em relação ao mercado. Para isso é necessário ter um fluxo de caixa bem controlado. “Qualquer empresa imobiliária precisa ter a seu favor a oportunidade. Tem que vender quando é favorável, não para pedalar a bicicleta [fazer negócio operar]”.

O executivo ainda acredita que o mercado imobiliário de terras agrícolas é mais vantajoso do que o tradicional, especialmente no longo prazo. “Um apartamento do dia zero para 10 anos é um prédio com 10 anos de uso. A diferença é que uma fazenda com 10 anos de uso é melhor do que a com um ano de uso, porque agrega fertilidade, então o custo de esperar a liquidez é melhor no ativo agrícola do que no ativo imobiliário”, explica o CEO.

“Para cada R$ 1 que você nos confia, a gente retorna R$ 5,2” 

Nos últimos dez anos, o papel AGRO3 subiu cerca de 230% em valor, e, ao somar com retorno dos dividendos reinvestidos, chega a quase 600%, contra 180% de valorização do Ibovespa. Para o CEO, ainda há mais espaço de crescimento dado o grande investimento em produtividade em terras já existentes com a implementação de tecnologia. “O nosso MOIC (múltiplo de capital investido) está na casa de 5.2, ou seja, a para cada R$ 1 que você nos confia, a gente retorna R$ 5,2”, concluí.

Agenda ESG

Sobre o compromisso com a agenda ESG (ambiental, social e governança), Guillaumon defende que o agronegócio brasileiro é sustentável em comparação a outros países e que as pautas ESG já estavam presentes desde o surgimento da BrasilAgro.

Segundo o CEO, a três anos foi fundado o “Instituto BrasilAgro”, onde até 2% do lucro líquido da companhia é empregado em projetos educacionais que atendem 17 mil pessoas. Guillaumon ainda ressalta que a característica do agro brasileiro de ser descentralizado propicia um maior envolvimento com as comunidades carentes afastadas dos grande centros. “O agronegócio não está no grande centro, está na região pobre, na região onde falta emprego. Estamos girando a economia onde precisa, e não na Faria Lima”, afirma o executivo.

Do ponto de vista ambiental, o CEO defende que o código florestal brasileiro é efetivo em proteger a vegetação nativa e ressalta que as áreas de cultivo tem a capacidade de realizar o sequestro de carbono da superfície. “O agronegócio preserva muito, mas comunica pouco”‘, concluí Guilaumon.

“Nunca tenha vergonha de perguntar”

Como conselho final para quem deseja iniciar uma carreira no agronegócio, o CEO ressalta a importância de sempre buscar capacitação profissional e nunca ter vergonhar de perguntar alguma coisa. “Se preparem e tenham sempre na cabeça que a gestão de qualquer empresa está pautada em três pilares: a estratégia, processos que suportem a estratégia e pessoas capacitadas”, conclui o executivo.

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