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Ambev (ABEV3): Primeiros impactos do coronavírus nos resultados; Volume de cerveja no Brasil cai 11,5% A/A

Confira abaixo os destaques do resultado da Ambev no 1T20.

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A Ambev reportou um EBITDA consolidado do 1T20 melhor do que o esperado, mas os volumes de cerveja no Brasil caíram 11,5% A/A, mais que nossas estimativas de -8,5% e mais do que a queda esperada de 10% do consenso. O EBITDA ajustado de R$ 4.232 milhões foi 6% acima do nosso (-17% A/A) e a margem EBITDA de 33,6% se compara à nossa de 33,8% e 40,5% no 1T19. A América Latina (LAS) foi o destaque positivo, compensando os resultados piores do que esperado da América Central e Caribe (CAC) e das bebidas não alcoólicas no Brasil, enquanto Cerveja Brasil e Canadá apresentaram resultados em linha com nossas estimativas.

Segundo a Ambev, o impacto total da pandemia de COVID-19 nos resultados futuros permanece muito incerto, mas o impacto nos resultados do 2T20 será substancialmente pior do que no 1T20. Isso já se tornou evidente nos volumes de abril de 2020, que caíram aproximadamente 27% no consolidado. Além disso, à medida que os volumes diminuem e se deslocam para o canal de off-trade (supermercados), a Ambev espera um impacto significativo na rentabilidade.

A receita líquida consolidada ficou 6,7% acima de nossas estimativas, pois LAS superou nossas estimativas, conseguindo compensar o Brasil e CAC. O lucro líquido ajustado de R$ 1.228 milhões ficou abaixo da nossa estimativa de R$ 1.880 milhões, diminuindo 56% A/A devido ao menor EBITDA e maiores despesas financeiras. Mantemos nossa recomendação Neutra e esperamos que as ações permaneçam pressionadas no curto prazo em meio a um cenário incerto.

Por fim, a Ambev estabeleceu comitês de crise nas regiões para implementar as medidas necessárias para mitigar o impacto da pandemia nos resultados. Algumas das medidas tomadas foram: (i) a suspensão da maioria das despesas com viagens, projetos de consultoria, e novas contratações; (ii) a redução da jornada de trabalho do time de vendas; e (iii) revisão dos projetos de CAPEX (investimento) e de todos os custos e despesas.

Impactos do coronavírus por país, segundo a Ambev. Vale lembrar que o canal on-trade equivale a bares e restaurantes, ao passo que o canal off-trade equivale aos supermercados.

Cerveja Brasil: volumes caem 11,5% A/A e maiores impactos ainda por vir

No segmento Cerveja Brasil, os volumes caíram -11,5% A/A, acima da nossa estimativa de -8,5% e do consenso de -10%, o que pode manter as ações pressionadas, uma vez que o ambiente competitivo continua sendo uma das principais preocupações. Os volumes foram impactados por uma indústria fraca e por um mix desfavorável, uma vez que o segmento premium, no qual a empresa tem menor participação de mercado, teve um desempenho consideravelmente melhor que a indústria total. O surto de COVID-19 resultou no fechamento da maior parte do canal on-trade (bares e restaurantes) a partir de meados de março, levando a uma redução no volume de 29,1% naquele mês. De acordo com a Nielsen, a indústria cervejeira caiu um dígito médio no trimestre.

A receita líquida de R$ 5.455 milhões ficou 1,9% abaixo da nossa, -11% A/A, enquanto os volumes menores foram parcialmente compensados ​​por melhores preços, impulsionados por um mix de marcas favorável. O EBITDA de R$ 1.866 milhões ficou em linha com o nosso, -28% A/A, com uma contração de margem de 782 bps para 34,2% (XPe em 33,3%). O aumento de 8,7% no custo é explicado principalmente pelo câmbio desfavorável, que não foi totalmente compensado pelos melhores preços das commodities, enquanto o aumento das despesas (SG&A) de 6,5% foi resultado de uma antecipação planejada dos investimentos em vendas e marketing para o início do ano.

Do lado positivo, no final de março, as transmissões ao vivo da Ambev alcançaram 24 milhões de visualizações e, no final de abril, mais de 350 milhões, aumentando o reconhecimento de muitas das marcas da empresa. A transformação digital também ganhou força com uma das plataformas e-commerce da empresa, a Zé Delivery, que está aumentando rapidamente o número de POCs (Pontos de Contatos), pedidos e volume total. O Zé conecta cerveja gelada dos supermercados, bares, restaurantes, Pit Stops e distribuidores terceiros com os consumidores em menos de 60 minutos. Já no B2B (contato com os pontos de venda), os clientes estão utilizando cada vez mais soluções digitais, como o Parceiro Ambev e a Donus, que viabiliza a iniciativa patrocinada pela Bohemia para apoiar bares.

Bebidas não alcoólicas Brasil: resultados mais fracos do que o esperado

O volume de bebidas não alcoólicas no Brasil diminuiu -1% A/A, acima da nossa estimativa de -2%, enquanto os preços médios ficaram -1% abaixo do esperado e estáveis e na comparação anual. Dessa forma, a receita líquida ficou em linha com nossas estimativas (-1% A / A). Segundo a Nielsen, devido aos impactos do coronavírus, os volumes da indústria caíram um dígito médio; além disso, o mix de produtos da Ambev foi impactado por uma maior relevância de marcas mais acessíveis. Finalmente, o EBITDA de R$ 312 milhões ficou abaixo dos nossos R$ 348 milhões, e a margem EBITDA de 29,1% caiu 450 pontos base em relação ao 1T19, uma vez que o SG&A aumentou com a antecipação planejada de investimentos em vendas e marketing para o início do ano.

Internacional: LAS o destaque positivo, Canadá em linha e CAC abaixo do esperado

Os resultados da América Latina foram mais uma vez positivos, com EBITDA de R$ 1.169 milhões acima da nossa estimativa de R$ 844 milhões (-8,1% A/A), principalmente por conta de preços mais altos (a receita operacional líquida por hectolitro cresceu 9,8% A/A, atingindo R$ 334) e volumes ligeiramente melhores que o esperado (+3,1% vs XPe). Anualmente, os volumes melhoraram (+9,8% A/A), à frente dos pares do setor, e beneficiados por uma base de comparação mais fraca no ano anterior. Olhando para frente, a Ambev enxerga manutenção do cenário de pressões de custo devido ao câmbio depreciado e ao ambiente inflacionário na Argentina.

O EBITDA do Canadá, de R$ 362 milhões, ficou em linha com nossa estimativa de R$ 365 milhões (+ 10% A/A), com volumes 2,1% acima das nossas estimativas, mas preços -1,1% vs. XPe. A margem EBITDA ficou em 23,6%, ligeiramente abaixo dos nossos 24% e 179 pontos base abaixo da margem do 1T19, uma vez que os custos permanecem pressionados devido à maior participação de produtos premium no portfólio da região. De acordo com a Ambev, os volumes foram impactados positivamente (+ 4,3% A/A) devido a uma combinação da estratégia de marcas premium e inovadoras da empresa com os impactos do coronavírus no país, que levou a um movimento de corridas aos supermercados nas primeiras semanas da quarentena no país.

Por fim, o EBITDA da América Central e do Caribe de R$ 523 milhões ficou abaixo de nossas estimativas de R$ 584 milhões (-9,5% A/A) em função de preços mais baixos do que o esperado (-3,1% vs. XPe, mas + 12,6% A/A) e volumes mais baixos também (-5,5% vs. XPe e -13,5% A/A). Como já era esperado, medidas severas de quarentena implementadas na região impactaram negativamente os volumes, que foram apenas parcialmente compensados ​​pelo aumento dos preços. Segundo a Ambev, outras pressões de custos foram sentidas devido à maior participação de produtos importados no portfólio da região.

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