Análise Fundamentalista - Ações PETR3

Compartilhar:

  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no Twitter
  • Compartilhar no Whatsapp
  • Compartilhar no LinkedIn
  • Compartilhar via E-mail

Quem é a Petrobras?

A Petrobras é uma empresa fundada em 1953 durante o governo do Getúlio Vargas motivado pela campanha do “O Petróleo é nosso”. A empresa possuia controle totalmente nacional, sendo majoritária a participação da União. Em sua fundação, a empresa detinha do monoólio de todas as etapas da indústria petrolífera, exceto da distribuição.

No ano de 1961 foi fundada a primeira refinaria da Petrobras no Estado do Rio de Janeiro, a Reduc. Até hoje é a refinaria mais completa do sistema da empresa. No ano de 1968 foi construída a primeira plataforma marítima da Petrobras, e devido ao choque do petróleo nos anos 70, a companhia continuou a expandir suas buscas por petróleo no mar, e no ano de 1974 foi descoberta a Bacia de Campos.

Já em 1975, é criado o Programa Nacional do Álcool. O objetivo era diminuir a dependência do país ao petróleo importado por meio da substituição da gasolina por alcool etílico. Só foi em 2006 que o Brasil, por meio da Petrobras, se tornou autossuficiente na produção de petróleo e passou a exportar mais do que importar.

A flexibilização do monopólio da Petrobras em 1997 sobre a indústria petrolífera permitiu a formação das junior oils (PetroReconcavo, PRIO e 3R). Esse processo foi importante para que a empresa pudesse vender os campos maduros que possuía no portfólio.

Em 2007 é descoberto o Pré-Sal, e em 2011 a empresa fez uma capitalização no valor de US$70 bilhões para poder investir no projeto. Na época foi a maior capitalização já realizada por uma empresa. Em 2016 o pré-sal alcança 1 milhão de barris por dia. Em 2022, a produção brasileira de petróleo por meio de águas profundas ou ultraprofundas chegou ao total de 92% de toda a produção.

Vale a pena investir nas ações da Petrobras?

Aumento de nossas estimativas de produção. Nos últimos períodos, a Petrobras superou as perspectivas de produção. Em primeiro lugar, as últimas plataformas que iniciaram suas atividades tiveram um ramp-up mais rápido do que o esperado e algumas atingiram níveis de produção superiores aos previstos. Projetamos a produção da Petrobras usando um banco de dados que inclui quase todos os FPSOs da empresa. Ao projetar novos FPSOs, usamos uma curva teórica, com 12 meses para o ramp-up, atingindo 85% da capacidade instalada, e 48 meses para produzir nesse platô, até que o esgotamento comece a uma taxa de 11% ao ano. Para FPSOs já em fase de esgotamento, usamos a mesma taxa de 11% (aplicada à média do nível de produção dos últimos 12 meses). A Figura 2 mostra a diferença entre a curva teórica que usamos para projetar o ramp-up da plataforma e os FPSOs mais recentes que entraram em operação, com destaque para o Almirante Barroso (campo de Búzios).

Além disso, alguns campos estavam se esgotando rapidamente (acima de 11%), mas apresentaram um curso inverso, com aumento da produção nos últimos meses, algo que nosso modelo não previu. Um exemplo notável é o grande conjunto do Parque das Baleias (Figura 1), que estava se esgotando a uma taxa de cerca de 30% e apresentou um aumento de produção de ~50kbbld.

Figura 1: Produção mensal de petróleo do Parque das Baleias (kbbld)

Mais barris, menos custo unitário, mais geração de caixa. A revisão para cima na produção reduziu nossa previsão de lifting costs que, juntamente com uma curva de Brent mais alta, resultou em uma forte revisão em nosso EBITDA e FCF para os próximos dois anos (apesar de uma revisão para cima em nossos números para CAPEX).

O que poderia levar a mais revisões para cima em nossos números? Os preços do Brent são uma resposta óbvia, mas isso também seria positivo para os nomes de E&P Jr. sob nossa cobertura, de modo que isso não deveria ser uma razão para a Petrobras ter um desempenho superior. Os crack spreads mais altos do que o esperado poderiam ser uma razão para o desempenho superior, principalmente no caso do diesel, da gasolina e do GLP (respectivamente ~30%, ~15% e ~10% dos volumes de petróleo + derivados vendidos pela Petrobras).

Figura 2: Taxa de utilização de petróleo dos FPSOs mais novos da Petrobras por mês desde o início da operação versus a curva teórica da XP (% da capacidade)

Assim como antes, a produção maior do que a esperada também poderia ser uma fonte de revisão positiva, mas isso parece menos provável agora, pelo menos no curto prazo. Nosso modelo já está acima dos números da Petrobras apresentados no Plano Estratégico (“PE”) 24-28 (em média, 8% acima) e a maioria dos investidores com quem conversamos considera os números da Petrobras muito conservadores (especialmente à luz do desempenho recente, já que a produção de petróleo bruto + NGL ficou em 2,36 milhões de barris no 4T23 contra 2,2 milhões de barris previstos para 2024).

O último FPSO da Petrobras (Sepetiba) entrou em operação no último dia de 2023, e há apenas outro programado para entrar em operação em 2024 (Marechal Duque de Caxias). Embora ambos os FPSOs tenham uma grande capacidade máxima de petróleo (180Mbbld), ambos estão localizados no campo de Mero, e a Petrobras tem apenas 40% de participação nele. Portanto, mesmo que os dois FPSOs excedam as expectativas de produção, o impacto líquido na curva da Petrobras será relativamente pequeno. Outra rodada de revitalizações de campo sem um novo FPSO poderia ocorrer (como o já mencionado cluster do Parque das Baleias), mas é preciso lembrar que, às vezes, a produção fica abaixo das curvas esperadas devido a uma série de possíveis contratempos, e isso também não está sendo considerado em nosso modelo.

A Petrobras não entrega sempre abaixo do esperado no CAPEX? Já abordamos o assunto antes e, sim, nos últimos anos, a Petrobras teve uma entrega abaixo do esperado (~15%, se considerarmos os dados dos três últimos PEs). Mesmo se assumirmos que isso ocorrerá em 2024 e 2025 e que 100% dessa “economia” se traduzirá em remuneração aos acionistas, isso aumentaria nossos rendimentos em cerca de ~2% a ~3%. Mas também há riscos de alta: estamos vendo inflação de custos em E&P no Brasil (em parte devido aos planos agressivos de expansão da Petrobras), sem mencionar os riscos de M&A.

A visão pessimista.

O humor dos investidores em relação à Petrobras parece ter mudado rapidamente, de um extremo (os riscos políticos deteriorarão o caso agora) para outro (a Petrobras está permanentemente protegida dos riscos políticos). Nunca concordamos com nenhuma dessas opiniões, mas sim com algo no meio, embora, de fato, nos últimos meses, os sinais do governo em relação à empresa pública tenham melhorado. No entanto, ainda vemos que a influência do governo deteriorará lentamente o caso da Petrobras e uma área em que isso poderia ser mais facilmente percebido (embora longe de ser a única) é em possíveis M&As. Como discutimos aqui, em seu último relatório de sustentabilidade, a empresa incluiu a divulgação do CAPEX relacionado a projetos em avaliação, denominado “Portfólio em Avaliação”, e possíveis M&As estão incluídos nessa nova categoria, totalizando US$ 11 bilhões (~US$ 2 bilhões por ano, ou ~2% de rendimento), divididos entre gás e energias de baixo carbono (US$ 6 bilhões) e RTM (US$ 5 bilhões), e isso não está sendo contabilizado em nosso modelo. A Petrobras começou recentemente a investir em E&P no exterior e está em negociações com a Mubadala para comprar alguma participação (não está claro se minoritária ou de controle) em sua antiga refinaria RLAM.

E há o caso da Braskem. Embora as indicações pareçam que a vontade da Petrobras é que a ADNOC controle a petroquímica, não podemos descartar a possibilidade de que a estatal acabe consolidando os números da Braskem, o que adicionaria ~USD 11,5 bilhões à sua dívida bruta (~USD 13 bilhões se levarmos em conta outros passivos, como a provisão para Alagoas, entre outros). Esse não é nosso cenário base, mas se isso ocorrer, a Petrobras ultrapassará sua meta de dívida bruta de US$ 65 bilhões, o que se traduziria em ausência de dividendos por alguns trimestres (e, muito provavelmente, em uma reação de preço muito negativa). Por último, mas não menos importante, não podemos nos esquecer de outros riscos, como passivos fiscais não equilibrados e possíveis mudanças na administração se a Petrobras tiver que aumentar os preços dos combustíveis no futuro.

A visão otimista.

Já abordamos os argumentos de avaliação neste relatório. Para nós, parece claro que os compradores estrangeiros são os que têm apoiado o recente desempenho superior da Petrobras, já que a maioria dos moradores locais com quem conversamos considera as ações da estatal caras ou com preço justo. Alguns dos estrangeiros que estão comprando ações da Petrobras argumentam que, com as empresas russas e chinesas agora consideradas não-investíveis, não há muitos mercados emergentes ou grandes empresas de E&P para investir. Eles também destacam que a Petrobras deverá ter um aumento de aproximadamente 30% em sua produção comercial de petróleo e gás nos próximos cinco anos, uma quantidade grande em comparação com as grandes empresas globais. Ambos são pontos válidos e, juntamente com uma TIR implícita ainda saudável para o patrimônio líquido (~23% em BRL), respaldam nossa classificação de compra. Outro ponto importante a ser considerado é que, quando a Petrobras começar a negociar ex-dividendos do 4T23, a capitalização de mercado diminuirá e o rendimento futuro dos dividendos aumentará (veja a Figura 12 novamente). Novos compradores podem entrar em cena se as ações caírem muito.

Para mais detalhes institucionais sobre a companhia, acesse o site de relação com investidores da empresa aqui.

Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua aqui.

XP Expert

Avaliação

O quão foi útil este conteúdo pra você?


Newsletter
Newsletter

Gostaria de receber nossos conteúdos por e-mail?

Cadastre-se e receba grátis nossos relatórios e recomendações de investimentos

Disclaimer:

Este relatório de análise foi elaborado pela XP Investimentos CCTVM S.A. (“XP Investimentos ou XP”) de acordo com todas as exigências na Resolução CVM 20/2021, tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar sua própria decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta ou solicitação de compra e/ou venda de qualquer produto. As informações contidas neste relatório são consideradas válidas na data de sua divulgação e foram obtidas de fontes públicas. A XP Investimentos não se responsabiliza por qualquer decisão tomada pelo cliente com base no presente relatório. Este relatório foi elaborado considerando a classificação de risco dos produtos de modo a gerar resultados de alocação para cada perfil de investidor. O(s) signatário(s) deste relatório declara(m) que as recomendações refletem única e exclusivamente suas análises e opiniões pessoais, que foram produzidas de forma independente, inclusive em relação à XP Investimentos e que estão sujeitas a modificações sem aviso prévio em decorrência de alterações nas condições de mercado, e que sua(s) remuneração(es) é(são) indiretamente influenciada por receitas provenientes dos negócios e operações financeiras realizadas pela XP Investimentos.

O analista responsável pelo conteúdo deste relatório e pelo cumprimento da Instrução CVM nº 598/18 está indicado acima, sendo que, caso constem a indicação de mais um analista no relatório, o responsável será o primeiro analista credenciado a ser mencionado no relatório. Os analistas da XP Investimentos estão obrigados ao cumprimento de todas as regras previstas no Código de Conduta da APIMEC para o Analista de Valores Mobiliários e na Política de Conduta dos Analistas de Valores Mobiliários da XP Investimentos. O atendimento de nossos clientes é realizado por empregados da XP Investimentos ou por agentes autônomos de investimento que desempenham suas atividades por meio da XP, em conformidade com a ICVM nº 497/2011, os quais encontram-se registrados na Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários – ANCORD. O agente autônomo de investimento não pode realizar consultoria, administração ou gestão de patrimônio de clientes, devendo atuar como intermediário e solicitar autorização prévia do cliente para a realização de qualquer operação no mercado de capitais. Os produtos apresentados neste relatório podem não ser adequados para todos os tipos de cliente. Antes de qualquer decisão, os clientes deverão realizar o processo de suitability e confirmar se os produtos apresentados são indicados para o seu perfil de investidor. Este material não sugere qualquer alteração de carteira, mas somente orientação sobre produtos adequados a determinado perfil de investidor. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço ou valor pode aumentar ou diminuir num curto espaço de tempo. Os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros. A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos. As informações presentes neste material são baseadas em simulações e os resultados reais poderão ser significativamente diferentes. Este relatório é destinado à circulação exclusiva para a rede de relacionamento da XP Investimentos, incluindo agentes autônomos da XP e clientes da XP, podendo também ser divulgado no site da XP. Fica proibida sua reprodução ou redistribuição para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento expresso da XP Investimentos. SAC. 0800 77 20202. A Ouvidoria da XP Investimentos tem a missão de servir de canal de contato sempre que os clientes que não se sentirem satisfeitos com as soluções dadas pela empresa aos seus problemas. O contato pode ser realizado por meio do telefone: 0800 722 3710. O custo da operação e a política de cobrança estão definidos nas tabelas de custos operacionais disponibilizadas no site da XP Investimentos: www.xpi.com.br. A XP Investimentos se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste relatório ou seu conteúdo. A Avaliação Técnica e a Avaliação de Fundamentos seguem diferentes metodologias de análise. A Análise Técnica é executada seguindo conceitos como tendência, suporte, resistência, candles, volumes, médias móveis entre outros. Já a Análise Fundamentalista utiliza como informação os resultados divulgados pelas companhias emissoras e suas projeções. Desta forma, as opiniões dos Analistas Fundamentalistas, que buscam os melhores retornos dadas as condições de mercado, o cenário macroeconômico e os eventos específicos da empresa e do setor, podem divergir das opiniões dos Analistas Técnicos, que visam identificar os movimentos mais prováveis dos preços dos ativos, com utilização de “stops” para limitar as possíveis perdas. O investimento em ações é indicado para investidores de perfil moderado e agressivo, de acordo com a política de suitability praticada pela XP Investimentos Ação é uma fração do capital de uma empresa que é negociada no mercado. É um título de renda variável, ou seja, um investimento no qual a rentabilidade não é preestabelecida, varia conforme as cotações de mercado. O investimento em ações é um investimento de alto risco e os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros e nenhuma declaração ou garantia, de forma expressa ou implícita, é feita neste material em relação a desempenhos. As condições de mercado, o cenário macroeconômico, os eventos específicos da empresa e do setor podem afetar o desempenho do investimento, podendo resultar até mesmo em significativas perdas patrimoniais. A duração recomendada para o investimento é de médio-longo prazo. Não há quaisquer garantias sobre o patrimônio do cliente neste tipo de produto. O investimento em opções é preferencialmente indicado para investidores de perfil agressivo, de acordo com a política de suitability praticada pela XP Investimentos. No mercado de opções, são negociados direitos de compra ou venda de um bem por preço fixado em data futura, devendo o adquirente do direito negociado pagar um prêmio ao vendedor tal como num acordo seguro. As operações com esses derivativos são consideradas de risco muito alto por apresentarem altas relações de risco e retorno e algumas posições apresentarem a possibilidade de perdas superiores ao capital investido. A duração recomendada para o investimento é de curto prazo e o patrimônio do cliente não está garantido neste tipo de produto. O investimento em termos é indicado para investidores de perfil agressivo, de acordo com a política de suitability praticada pela XP Investimentos. São contratos para compra ou a venda de uma determinada quantidade de ações, a um preço fixado, para liquidação em prazo determinado. O prazo do contrato a Termo é livremente escolhido pelos investidores, obedecendo o prazo mínimo de 16 dias e máximo de 999 dias corridos. O preço será o valor da ação adicionado de uma parcela correspondente aos juros – que são fixados livremente em mercado, em função do prazo do contrato. Toda transação a termo requer um depósito de garantia. Essas garantias são prestadas em duas formas: cobertura ou margem. O investimento em Mercados Futuros embute riscos de perdas patrimoniais significativos, e por isso é indicado para investidores de perfil agressivo, de acordo com a política de suitability praticada pela XP Investimentos. Commodity é um objeto ou determinante de preço de um contrato futuro ou outro instrumento derivativo, podendo consubstanciar um índice, uma taxa, um valor mobiliário ou produto físico. É um investimento de risco muito alto, que contempla a possibilidade de oscilação de preço devido à utilização de alavancagem financeira. A duração recomendada para o investimento é de curto prazo e o patrimônio do cliente não está garantido neste tipo de produto. As condições de mercado, mudanças climáticas e o cenário macroeconômico podem afetar o desempenho do investimento.

A XP Investimentos CCTVM S/A, inscrita sob o CNPJ: 02.332.886/0001-04, é uma instituição financeira autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.Toda comunicação através de rede mundial de computadores está sujeita a interrupções ou atrasos, podendo impedir ou prejudicar o envio de ordens ou a recepção de informações atualizadas. A XP Investimentos exime-se de responsabilidade por danos sofridos por seus clientes, por força de falha de serviços disponibilizados por terceiros. A XP Investimentos CCTVM S/A é instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.


Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com a nossa Política de Cookies (gerencie suas preferências de cookies) e a nossa Política de Privacidade.