- Análise Técnica e Fundamentalista: une as duas famosas escolas de análise para oferecer suas visões sobre três empresas em bom momento para compra.
- Para quem é esta carteira? Para você que pretende desenvolver estratégias diversificadas e otimizar suas alocações, como um Expert.
- Como o conteúdo ajuda a tomar uma decisão? A carteira oferece o consenso de dois tipos de visão em relação a três recomendações.
- Periodicidade: Mensal.
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Nesta nova edição do relatório exclusivo para os assinantes EXPERT, continuamos a mostrar como fazer a junção das duas principais escolas de análise no mundo: a técnica e a fundamentalista.
Trouxemos três ideias de empresas que estão bem avaliadas pelos nossos analistas fundamentalistas, liderados pelo estrategista-chefe da XP, Fernando Ferreira, e selecionamos, dentre essas companhias, quais estão em um momento interessante de compra, avaliado pelo nosso time de análise técnica, liderado por Gilberto Coelho, um dos melhores analistas do mercado. Neste mês, optamos por 2 mudanças em relação ao relatório anterior: saem da carteira WEG (WEGE3) e Multiplan (MULT3).; entram JBS (JBSS3) e Assaí (ASAI3).
Além disso, “Giba”, como é conhecido pelos traders mais íntimos, fará, via Telegram, atualizações semanais para os assinantes sobre os papéis que compõem este relatório e, também, por meio de Lives exclusivas. Muitos investidores nos perguntam: “Quais são as diferenças entre essas duas escolas de análise? Elas não seriam excludentes?”.
Para responder a essas perguntas, vamos explicar um pouco melhor sobre essas duas escolas de análise. Para quem busca se aprofundar mais sobre essas técnicas, recomendamos as trilhas de curso da XPEED School.
Análise Fundamentalista
A análise fundamentalista busca avaliar o valor justo de um ativo, independentemente do preço pelo qual esteja sendo negociado no mercado. Ou seja, usando as técnicas de avaliação de empresas e ativos (valuation), ela também pode ser utilizada em ativos não listados em Bolsa (privados).
A escola de análise fundamentalista se baseia na premissa de que os preços de ativos não necessariamente refletem todas as informações sabidas sobre aquela empresa.
Por isso, nesse tipo de análise, busca-se entender a dinâmica e os fundamentos da Macroeconomia, do setor no qual aquela empresa está inserida, e os fundamentos da empresa em si. Para isso, os analistas se debruçam sobre os dados e informações setoriais, relatórios de informações financeiras, gestão e governança da empresa e também sobre as projeções econômicas.
Com esse arcabouço de informações, os analistas criam um modelo de Avaliação da Empresa em questão. Para isso, utilizam o histórico de informações financeiras dos últimos anos e fazem projeções para os próximos cinco, dez ou vinte anos. Dessa forma, há uma estimativa de vários fatores: trajetória de vendas, custos, margem de lucro, impostos, investimentos, capital de giro, endividamento, entre outros atributos da companhia. Fazendo isso, os analistas conseguem ter uma estimativa sobre o fluxo de caixa e os lucros futuros da empresa analisada.
Com essas informações em mãos, existem várias técnicas disponíveis para se chegar ao valor justo de uma determinada empresa:
- Fluxo de Caixa Descontado (DCF, em inglês): Os fluxos de caixa futuros de uma companhia são descontados por uma taxa de desconto (WACC, em inglês – custo ponderado médio de capital);
- Múltiplos de avaliação: É uma análise relativa em que se usa como base os múltiplos de empresas similares do mesmo setor para comparar como estão sendo negociados. Esses múltiplos podem ser Valor Empresa/Vendas, Valor Empresa/EBITDA (Lucro Operacional), Preço/Lucro, entre outros;
- Taxas de retorno: Os fluxos de caixa futuros, comparados ao valor corrente da empresa no mercado, gera uma “Taxa Interna de Retorno – TIR”, na qual a porcentagem encontrada indica qual a taxa de retorno que os fluxos de caixa proporcionam.
Análise Técnica
A análise técnica se baseia apenas em ativos listados e cotados em Bolsa, diferentemente da fundamentalista, porque essa escola foca, primordialmente, no histórico de preços e no volume negociado dos ativos.
A premissa principal por trás da análise técnica é de que todas as informações disponíveis sobre um determinado ativo já estão descontadas no preço e são conhecidas pelo mercado. Assim, as tendências de preço, de alta ou baixa, costumam ter padrões e os preços históricos podem ajudar a prever os futuros.
Portanto, os analistas técnicos olham para estatísticas e finanças comportamentais para chegar às suas conclusões de tendências futuras.
Para tal, são utilizadas diversas ferramentas, como tendências gráficas e informações de preços de abertura e fechamento diários em gráficos, como o de candlestick, apenas um dos inúmeros padrões na análise técnica.
Além disso, padrões matemáticos, como os de Fibonacci, são utilizados para encontrar suportes e resistências. As médias móveis de preços também são muito utilizadas na análise técnica para indicar manutenção ou reversão de tendências.
Histórico da Carteira Dueto
1ª ideia dueto: Americanas (AMER3)
Apesar da volatilidade nos preços de AMER3 ao longo do último mês, mantemos uma visão construtiva para as ações. Enxergamos a Americanas S.A. bem posicionada no segmento de e-commerce, com grande capilaridade de lojas físicas, forte presença no canal online, uma instituição de serviços financeiros em crescimento por meio da Ame e uma robusta rede de logística por meio da LET’s. Além disso, as ações hoje negociam a múltiplos atrativos (0,6-0,4x EV/GMV para 2021-22e). Reiteramos nossa recomendação de Compra e preço-alvo de R$82,0/ação.
Um ecossistema robusto
Enxergamos a Americanas bem posicionada no mercado através de um ecossistema robusto construído nos últimos anos, composto por: (i) Extensa rede de lojas físicas, com mais de 1.700 unidades em 754 cidades do Brasil; (ii) Ame, plataforma de serviços financeiros, que transacionou R$5,1 bi no 1T21 e já possui mais de 70 diferentes funcionalidades integradas; (iii) LET’s, plataforma logística da companhia com 22 centros de distribuição e que já realiza 14% das entregas em até 3h após a compra; (iv) sólida presença no canal online, com a oferta de mais de 99 milhões de itens. Por fim, destacamos as recentes aquisições realizadas pela companhia, como a do Hortifruti Natural da Terra, que adiciona a categoria de alimentos frescos ao portfólio da empresa, e do Grupo Uni.co (dono das marcas Puket, imaginarium e MinD), além da recente parceria da Americanas com a OOOOO, startup que vai acelerar a vertical de live-commerce (vendas ao vivo).
O melhor case de reabertura entre os pares
Não só esperamos que as mudanças recentes nas políticas do marketplace aliadas à expansão da LET’s e Ame Flash impulsionem o crescimento do GMV, mas também acreditamos que as lojas físicas da LAME possam ser beneficiadas pela reabertura/retomada da economia. Diferente da Magalu e Via, o varejo físico da Lojas Americanas é mais focado em compras feitas por impulso e com menor ticket médio, as quais tendem a se beneficiar do maior tráfego de pessoas nas ruas.
Sinergias fiscais como risco positivo
Com a nova estrutura corporativa, enxergamos sinergias fiscais através da utilização dos prejuízos acumulados da B2W (R$3,0 bilhões ao final do 1T21) para a redução do pagamento de impostos da Americanas S.A. – estimamos que os créditos fiscais, quando amortizados, possam gerar um Valor Presente Líquido (VPL) de R$2,3 bilhões, ou R$2,5/ação de AMER3.
Riscos para as ações de AMER3
Destacamos que no curto prazo, o aumento das incertezas políticas e macroeconômicas podem ofuscar os fundamentos da companhia. Com a inflação em alta e tendência de aumento nas taxas de juros futuros, empresas de tecnologia e de alto crescimento, como a Americanas, tendem a ser prejudicadas, dado que grande parte de seu valor encontra-se no longo prazo.
Além disso, apesar de mantermos uma visão construtiva de longo prazo para o setor de e-commerce brasileiro, os resultados no curto prazo podem ser impactados pela forte competição, com marketplaces locais alterando suas políticas comercias tanto para vendedores (sellers) quanto para os compradores, enquanto players estrangeiros, como o AliExpress e Shopee aceleram a integração de vendedores locais em suas plataformas e investem em iniciativas promocionais.
Por fim, o movimento de rotação para teses de reabertura também pode ser um desafio para o setor à frente.
Análise Técnica de AMER3
Com formação de fundo duplo no gráfico semanal e IFR saindo de sobrevenda, é bem provável uma retomada altista na direção dos 55,75 em um pullback no fundo de maio ou mesmo teste dos 74,00 perto do topo da banda de Bollinger, que já foi testada na base. #8,45 é o suporte mais importante no momento, um fechamento abaixo traria sinal de baixa.
2ª ideia dueto: JBS (JBSS3)
Em função de sua diversificação geográfica, com mais de 70% de sua receita fora do Brasil, o câmbio é uma variável importante para a JBS e, uma vez que estamos em meio há um cenário politicamente conturbado, isso deve trazer volatilidade para o papel. Além disso, outro ponto de atenção é a possibilidade de saída do BNDES da estrutura acionária, o que poderia afetar negativamente a performance.
O cenário de economia mais fraca no Brasil também levanta dúvidas quanto à capacidade da empresa em reajustar preços para as proteínas ao longo do 2º semestre, enquanto a pressão de custos deve continuar, tanto do lado dos grãos quanto devido ao momento de contração no ciclo do gado.
Entretanto, ao analisar o cenário da indústria dos Estados Unidos observamos um cenário diametralmente oposto ao observado no Brasil, com demanda aquecida sustentando os preços da carne de frango e bovino, ainda que a carne suína tenha perdido parte do dinamismo.
As exportações também seguem firmes, novamente a única exceção sendo a carne suína, mas vale o destaque que a operação JBS USA Pork responde apenas por 15% da receita total da JBS USA, portanto o cenário positivo das outras proteínas mais do que compensa os desafios de curto prazo para suínos.
Nossos analistas Leonardo Alencar e Larissa Pérez possuem recomendação de Compra da JBS com preço-alvo de R$ 40,00 por ação. A JBS é também nossa ação preferida do setor de proteínas devido a uma combinação de fatores conjunturais e estruturais:
- Diversificação geográfica: em função de seu amplo footprint industrial, a JBS consegue arbitrar a produção entre países em momentos distintos do ciclo de produção, o que a tem favorecido. Atualmente os EUA representam mais de 70% da receita total da JBS;
- Diversificação entre proteínas: a demanda aquecida por carne de frango e bovina, tanto para abastecer o mercado interno dos EUA, quanto para abastecer a China e outros mercados asiáticos, tem sido o principal fator de sustentação dos preços internacionais, enquanto o Real desvalorizado no Brasil também favorece as exportações da JBS.
- Retomada da indústria dos EUA: diante da maior oferta de animais para abate, o que tem sustentado preços mais baixos para a matéria-prima, simultaneamente à demanda aquecida, com reabertura do canal de food service e auxílios governamentais, as margens da indústria dos EUA seguem historicamente elevadas.
Principais riscos para as ações da JBS
Câmbio: em caso de valorização do Real frente ao Dólar, a receita da empresa poderia ser reduzida, uma vez que: (i) o câmbio poderia impactar negativamente as exportações e a conjuntura favorável nos EUA; (ii) as receitas em dólares seriam convertidas por um real mais forte.
ASF: a Febre Suína Africana segue como principal variável positiva no cenário internacional, uma vez que a situação na produção de proteína animal na China deve seguir deficitária por mais alguns anos. A recomposição do rebanho, anunciada pelo governo chinês recentemente, é vista com cautela e ceticismo.
Sanitário: a produção pecuária no Brasil possui nível elevado de controle de sanitário, fato que pode ser comprovado pela não incidência de doenças como a Febre Aftosa há muitos anos, além de nunca ter ocorrido a Encefalopatia Espongiforme Bovina ou a ASF em território nacional.
ESG: a crescente preocupação com as questões ambientais é, ao mesmo tempo, uma oportunidade e uma ameaça para a JBS, uma vez que o maior nível de exigência dos clientes internacionais abre espaço para players cujo investimento no processo de rastreabilidade de toda a cadeia está mais avançado, podendo se tornar um fator de diferenciação positivo.
Grãos: eventuais mudanças no balanço de oferta e demanda podem impactar os preços dos grãos, principalmente milho e soja, o que pode afetar o custo de produção do setor de aves e suínos e reduzir as margens da indústria.
Boi gordo: diante do momento do ciclo pecuário e perspectiva de reversão apenas a partir de 2022/23, a indústria frigorífica seguirá pressionada e há chance de queda no abate em 2021 devido à restrição na oferta de gado.
Clima: por último, eventos climáticos que afetem a produtividade das culturas agrícolas ou até o escoamento de grãos podem afetar as cotações e impactar as margens da indústria.
Análise Técnica de JBSS3
Está com formação de alta no diário perto de romper topo nos 33,86, o que projetaria teste de expansões de Fibonacci nos 36,80 ou 42,70. Tem como suportes 29,60 e 26,72. Parece estar concluindo um movimento de correção no curto prazo.
3ª ideia dueto: Assaí (ASAI3)
Não só no relatório Dueto, mas também em nossa Carteira Top 10 recomendada, nós vemos as ações da companhia como nossa preferência no setor de supermercados, por conta de (i) um valuation bastante atrativo, (ii) dinâmica de curto prazo e cenário positivos para o formato de atacarejo, enquanto (iii) a flexibilização das restrições de circulação devem fomentar a demanda do canal B2B (bares, restaurantes, transformadores), além de (iv) enxergarmos muito potencial de crescimento orgânico a ser entregue. Nós temos as ações do Assaí (ASAI3) como nossa preferência no setor de varejo alimentar, com recomendação de Compra e preço-alvo para o fim de 2022 de R$ 24,0 por ação.
Bem posicionado frente ao cenário macro ainda desafiador
Complementando nossa tese e visão positiva para o papel do ponto de vista fundamentalista, realizamos uma live com o CEO da companhia (veja mais aqui), na qual as principais mensagens sinalizadas foram que (i) os resultados de curto prazo permanecem sólidos, com crescimento de receita esperado superior a 20% A/A no 2º semestre de 2021; (ii) o plano de expansão continua a todo vapor, com as aberturas recentes surpreendendo positivamente e mais de 25 aberturas previstas para o ano de 2021; (iii) o formato do atacarejo é o vencedor do varejo alimentar, dado seu custo/benefício atrativo, que em momentos de incerteza macroeconômicas são importantes e acabam sendo uma escolha óbvia do ponto de vista do orçamento de pequenas e médias empresas e famílias.
Riscos para as ações de ASAI3
Destacamos que no curto prazo, como sinalizado pela própria companhia, devemos continuar enxergando uma aceleração da inflação alimentar, principalmente em algumas categorias mais específicas que tiveram seus preços represados durante o 1S21 e tem correlação com dólar. Nesse sentido, a depender da magnitude do repasse de preços, poderíamos ver um movimento de trade-down ainda maior para produtos com menores margens, ocasionando alguma pressão de curto prazo nos resultados do setor, mas destacamos que frente a esse movimento o formato de atacarejo está melhor posicionado dado seu custo/benefício atrativo e deveria ser o menos impactado.
Competição, uma vez que o setor está bem capitalizado e com estratégias de se consolidar cada vez mais. Porém, mesmo que a empresa enfrente concorrência mais acirrada em cidades/estados específicos, com players regionais fortes e capitalizados, vemos esse risco bem controlado pelo alto nível de gestão da empresa e estrutura acertada de líderes regionais, combinado com um histórico sólido de execução de expansões em nível nacional.
Análise Técnica de ASAI3
No gráfico semanal está testando suporte por médias na região dos 17,00 e formando um Doji, o que favorece retomada altista na direção do topo em 18,53 ou 20,90 por expansão de Fibonacci. Tem como suportes 16,25 e 14,60. No gráfico diário está em retração de Fibonacci como suporte.
Confira o relatório em PDF