“Previdência avança e juros atinge nova mínima histórica. A Bolsa é o melhor ativo no Brasil”
Julho foi um mês de avanços importantes, o cenário é transformacional e único na história brasileira. Nas reformas, a Previdência foi votada no primeiro turno na Câmara, com economia próxima a R$900bi. Enquanto isso, a discussão em relação à reforma Tributária ganhou força, e a agenda após a Previdência começa a dominar a narrativa. Não menos importante, o Banco Central anunciou corte de 0,50% nos juros no último dia do mês, nova mínima histórica, dando inicio a um novo ciclo de cortes. Vemos a SELIC em 5% até o final do ano. Os juros baixos vieram para ficar, e vão durar mais do que se imagina. A combinação desses fatores é muito poderosa.
O índice Ibovespa chegou a atingir níveis recordes de 106 mil pontos, mas recuou fechando em 102 mil, alta de 0,84% no mês. O mercado aguarda a votação da Previdência no segundo turno da Câmara, esperada para as primeiras semanas de agosto. A agenda após a Previdência começa a ganhar corpo, o que pode trazer novos horizontes para o Ibovespa. Todos os sinais são positivos. Seguimos vendo a Bolsa como o melhor veículo para se investir no Brasil.
O cenário para a bolsa é transformacional. O avanço da Previdência, junto com iniciativas microeconômicas, como o FGTS, devem impulsionar o crescimento das empresas, acelerando os lucros. Além disso, juros mais baixos têm múltiplos reflexos. Os lucros também são impulsionados, com despesas financeiras menores. Taticamente, juros menores levam os investidores a explorarem novas oportunidades em busca de maiores retornos, e a Bolsa é o grande vencedor. A título de referência, a alocação dos fundos em Bolsa segue baixa, em 7,3%, contra pico de 14,6%. Por último, o ambiente leva à menor percepção de risco, o que também impulsiona o Ibovespa.
O índice negocia a 11,5x preço/lucro 2020, contra média histórica de 12,3x, e potencial de chegar a 14x. Mantemos nossas projeções de 115 mil pontos para o final do ano, 140 mil no final de 2020.
1 – Juros mais baixos por mais tempo
Tendo em vista a desaceleração da atividade econômica no mundo, taxas de juros baixas por mais tempo retornaram à agenda. O Banco Central norte-Americano liderou o movimento e reduziu no último dia do mês as taxas de juros em 0,25%, embora com uma mensagem menos suave que a esperada. Os mercados ainda atribuem probabilidade significativa de um corte adicional em setembro (61,4%), mas nosso estrategista global, Alberto Bernal, espera um corte apenas no final do ano, com riscos de que não haja nenhum corte.
O Banco Central do Brasil também agiu, reduzindo a SELIC em 0,50% em sua última reunião para 6,0%. Um novo ciclo foi inaugurado. O tema é global, mas a conjuntura domestica ajuda. O BC sinalizou mais cortes adiante, enfatizando que a inflação está ancorada e a retomada de atividade ainda é tímida, enquanto que o processo de reformas e ajustes tem avançado positivamente. Nosso time econômico espera mais dois cortes de 0,5%, com a Selic caindo para 5% já em 2019.
Juros mais baixos por mais tempo é um dos principais motivos da nossa visão positiva para a Bolsa. O primeiro movimento positivo resulta de um fator técnico: melhor custo de oportunidade para se investir em ações, ou menor percepção de risco. Uma redução de 1p.p. nas taxas de desconto de nossa cobertura leva a uma alta de 12.5% em nossos preços-alvo. Além disso, os lucros também devem ser impulsionados, com despesas financeiras menores. Por último, as oportunidades de retorno em renda fixa pública e privada ficam mais desafiadoras e os investidores terão que migrar parte das carteiras para a Bolsa. Se analisarmos apenas fundos, a alocação de ações ainda é de 7.3%, abaixo da média histórica de 8.3% e do pico de 14.6%
Expectativas para a taxa SELIC
Todas as empresas, em maior ou menor grau, se beneficiam da queda do juros. Os primeiros claros beneficiários são empresas do setor de consumo, como varejo, construtoras e aluguéis de carros. Os setores de infraestrutura, como elétricas e concessões, também são destaque, haja vista que os retornos de novos projetos podem ser elevados por uso de endividamento com juros menores. Finalmente, empresas com endividamento elevado em todos os setores terão menos gastos com juros, e podem fazer novas emissões em condições melhores.
2 – A reforma da Previdência se aproxima
A reforma da Previdência continua o foco das atenções. A atual economia da reforma é de perto de R$900bi em 10 anos, superando as expectativas iniciais do mercado de R$700bi. Ainda vemos um movimento positivo na Bolsa adiante, como reflexo da confirmação da aprovação no segundo turno da Câmara, assim como na votação do Senado.
A votação é esperada nas primeiras semanas de agosto, de acordo com o calendário previsto por Rodrigo Maia. Em seguida, o texto irá para o Senado, onde será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e passará por uma rodada de votação em plenário no final de setembro, ou início de outubro.
3 – Agenda micro: A próxima etapa
A reforma da Previdência concentrou a maioria dos esforços do governo e do Congresso até o momento, mas já se iniciaram discussões sobre pautas micro de grande importância. Esse tema irá ganhar peso à medida que o mercado passar a monitorar a melhoria de atividade econômica e seus efeitos nos resultados das empresas. Tivemos uma pequena amostra com a permissão de saques de contas do FGTS, com potencial conservador de impacto de 0.6 p.p. no PIB nos próximos 3 anos, o que deve sustentar a performance de setores de consumo na Bolsa.
A reforma Tributária é o grande ponto de destaque, com discussões ainda amadurecendo, mas destaque para: (1) possível unificação de 5 tributos sob o Imposto de Valor Agregado, ou IVA e (2) introdução de um imposto sobre transações financeiras nos moldes da antiga CPMF, tópico que deve sofrer oposição.
Além disso, no âmbito micro, agendas importantes estão sendo debatidas em infraestrutura, como (i) abertura do mercado de gás natural com a redução da participação da Petrobras, (ii) venda de 8 refinarias da Petrobras, (iii) início dos processos de venda das participações do BNDES e (iv) iminente aprovação do projeto de lei que altera o marco regulatório do setor de saneamento e permite a privatização de empresas estatais.
4 – Tensões comerciais seguem elevadas
As tensões entre os EUA e a China continuam elevadas. Após rodada de discussões em Xangai sem progresso, a Casa Branca destacou que a China pretende estender as negociações até as eleições de 2020, a fim de retomar as negociações com outro governo. Por outro lado, os chineses continuam decididos a não ceder à pressão dos EUA.
Os avanços das tensões comerciais precisam ser monitorados de perto, a medida que devem continuar a impactar a economia global. Ainda vemos oportunidades em ter exposição a cíclicos globais nas carteiras, embora com mais seletividade. Nesse contexto, nossas principais ideias são: Petrobras (agenda de melhoria da empresa e redução do endividamento) e JBS (efeitos da peste suína não refletidos nas ações).
5 – Carteira Top 10 ações XP
Para o mês de agosto, realizamos três trocas: (i) saída de GGBR e entrada de PCAR; (ii) saída de VALE e entrada de PETR; e (iii) saída de BBAS e entrada de IRBR. Os principais temas da nossa carteira Top 10 ações XP são:
(1) SELIC baixa por mais tempo do que está precificado (RENT, ENBR e CPLE) – vimos uma queda expressiva da curva de juros no último mês, mas ainda tem mais espaço e não foi totalmente refletido nas ações da Bolsa;
(1) Crescimento acelerando (BBDC e PCAR) – acreditamos que esse tema deve começar a ganhar tração ao longo dos próximos meses;
(1) Nomes de qualidade (LREN, RENT, IRBR e AZUL) – eles protegem a carteira no curto prazo, mas também buscamos opções que se beneficiam da retomada econômica adiante;
(4) Cíclicos globais descontados (PETR e JBSS) - mas de forma seletiva, dadas as incertezas globais ainda elevadas
Vemos potencial de valorização para as ações, baseado (i) no potencial ganho sustentado de margens para a frente, (ii) melhora no cenário macroeconômico, resultando em nível mais favorável de câmbio, (iii) ambiente racional de oferta e demanda, resultando em uma conjuntura benigna de precificação e (iv) múltiplos atrativos.
Acreditamos que a EDP negocia a um desconto injustificado em relação a seus pares devido a: (1) maiores retornos na construção de seus projetos de transmissão, (2) revisões tarifárias na EDP Espírito Santo e São Paulo e (3) um portfólio de ativos de geração que apresentam elevado potencial de geração de caixa
Vemos a Renner como um nome de qualidade que oferece proteção para a carteira em ambiente de volatilidade, com entrega sólida e consistente de crescimento. Acreditamos que os resultados no curto prazo, apesar da decepção com a atividade, devem se destacar em relação às demais varejistas e impulsionar as ações.
Vemos a Petrobras como excessivamente descontada em face de uma agenda positiva sem precedentes. As vendas de ativos são o grande destaque, com a venda das 8 refinarias podendo gerar R$52 a R$57 bi em recursos, e a venda de ativos de gás natural outros R$11 a R$13 bi. Finalmente, a conclusão da renegociação da Cessão Onerosa foi outro marco para a companhia.
Mantemos o Bradesco como favorito entre os bancos devido a (1) Maior apetite a risco declarado deverá resultar em crescimento da carteira de varejo; (2) Mais espaço para redução de despesas de provisões e (3) Múltiplos ainda com desconto, mesmo com a forte valorização recente, considerando crescimento de lucro projetados.
Vemos o IRB em um cenário competitivo favorável nos próximos anos e com espaço para valorização devido a: (1) Expansão das operações internacionais como oportunidade de crescimento e diversificação; (2) Manutenção do alto crescimento no Brasil e alto retorno e (3) encerramento do follow-on da empresa, reduzindo a pressão sobre o valor da ação.
Apesar da consistente alta das ações, acreditamos que fatores como (i) maior capacidade de crescimento ante concorrentes, (ii) maior liberdade de precificação, (iii) momento macro/setorial favorável, com taxas de juros estruturalmente mais baixas, e (iv) uma execução de primeira linha justifiquem o prêmio que a empresa negocia em relação a pares.
Acreditamos que há espaço para a redução do desconto que a Copel negocial em relação a pares devido a (1) iniciativas de redução de custos, (2) potenciais ganhos com a venda da Copel Telecom e (3) redução mais acelerada do endividamento com a maturidade dos investimentos realizados em geração.
Continuamos a ver sólidos resultados nos EUA e tendências mais fortes no Brasil, além de potencial reprecificação das ações com menores riscos de governança e possível listagem nos EUA. A empresa também está estrategicamente posicionada para capturar impactos positivos da peste suína africana.
Dentro do varejo alimentar, nossa preferência pelo GPA é relacionada a seus múltiplos mais atrativos. Acreditamos que a empresa está bem posicionada no segmento de Atacarejo (através do Assai) para ganhar participação no mercado e de que as melhorias operacionais no Multivarejo não estão totalmente precificadas.
6 – Carteira Top Dividendos XP
Para o mês de agosto, realizamos uma troca: (i) saída de VALE e entrada de BRDT, companhia que tem elevado potencial de pagamento de dividendos devido ao baixo endividamento e recebíveis do setor elétrico. Clique no link abaixo para ver nossa tese pra as empresas que compõem a Carteira Top Dividendos XP.
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