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2T19: Temporada de resultados relativamente fraca

Com o fim da temporada de balanços do 2T19, trazemos uma retrospectiva dos resultados com uma análise consolidada do nosso universo de cobertura de ações, bem como uma visão setorial com os principais destaques. Aqui você também poderá acessar os links para os comentários mais detalhados de cada empresa, que organizamos por destaques negativos, positivos e em linha.

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*(Atualizado em 15/08/2019)

No geral, o 2T19 confirmou nossa expectativa de uma temporada de resultados relativamente fraca, mas ressaltamos que essa tendência era amplamente esperada frente ao cenário desafiador para a atividade econômica, de forma que não houve grandes surpresas em relação às estimativas. Nossa análise consolidada sugere que a receita líquida e o EBITDA, ponderados pelo Índice Ibovespa, superaram nossas projeções em 0,7% e 0,3%, respectivamente. Apesar dos resultados em linha, em alguns casos fatores microeconômicos específicos levaram a surpresas positivas, como foi o caso dos frigoríficos que se beneficiaram de maiores exportações, especialmente para a China, devido ao surto da peste suína africana. O mesmo vale para as companhias aéreas, cujo ambiente de preços no 2T foi mais favorável após a redução abrupta de capacidade por parte da Avianca.

Para os setores relacionados ao cenário doméstico, as locadoras de veículos também foram destaque positivo, apresentando crescimento forte de volumes e melhoria sequencial nas margens de aluguel. Os bancos reportaram resultados sólidos em termos de crescimento de lucro líquido, apesar da expansão decepcionante do crédito, porém as ações reagiram negativamente no último mês devido às preocupações com disrupção e a rentabilidade do setor no longo prazo. Para os setores relacionados ao poder de compra do consumidor, os shoppings apresentaram crescimento saudável de receitas e melhoria sequencial em métricas operacionais importantes, em linha com as expectativas. Por outro lado, o crescimento de vendas das varejistas continuou a refletir o cenário macroeconômico desafiador, embora isso não tenha sido uma surpresa, e a maioria das empresas reportaram margens em queda ou praticamente estáveis na comparação anual.

Os exportadores tiveram performance sólida, com destaque principal para os frigoríficos que surpreenderam positivamente com preços de proteínas mais altos. A mineração continuou sendo beneficiada no trimestre com preços de minério mais altos, apesar de custos também mais altos no caso da Vale, enquanto preços de celulose mais baixos continuaram como detratores dos resultados, apesar dos volumes da Suzano terem surpreendido positivamente. Já a siderurgia no Brasil continuou impactada pela atividade econômica ainda fraca.

Por fim, no setor elétrico, empresas de geração divulgaram resultados abaixo do esperado devido à ineficiências das estratégias de sazonalidade e compra de energia em um trimestre que choveu mais que o previsto. Já no setor de óleo e gás, a Petrobras divulgou resultado abaixo do esperado devido à menor produção de petróleo e menores margens de refino, enquanto as distribuidoras de combustíveis sofreram pressões em volumes e margens devido ao cenário ainda competitivo no setor.

Olhando para a frente, esperamos uma gradual aceleração de atividade, puxada por consumo, crédito e melhora na confiança, com uma agenda cada vez mais robusta de reformas liderando o movimento. Neste contexto, os resultados das empresas devem acelerar, trazendo um amplo horizonte adiante para a bolsa andar.

(abaixo basta clicar no nome da empresa para acessar os comentários completos)

Destaques da Semana:

  • Ultrapar (UGPA3): O EBITDA ajustado de R$ 628,7 milhões também ficou significativamente abaixo dos nossos R$ 756,6 milhões (-16,9%) e -18,7% abaixo do consenso de R$773,4 milhões, com todos os negócios do grupo desapontando nossas expectativas. Os principais destaques foram (1) decepções na Ipiranga, com margens em termos de EBITDA/m³ em R$ 79,7/m³ abaixo da nossa estimativa de R$ 88,8/m³ e (2) fracos resultados da Oxiteno devido a menores margens nos petroquímicos e demanda fraca em todos os segmentos.
  • Via Varejo (VVRA3): Reportou resultados fracos no 2T19, com vendas líquidas e EBITDA que ficaram -7% e -47% abaixo de nossas estimativas, respectivamente. Apesar da decepção com relação aos números reportados, acreditamos que os investidores que recentemente se tornaram mais otimistas com o potencial de recuperação da empresa tinham em mente que os resultados no curto prazo permaneceriam pressionados e devem focar nos resultados do 2º semestre e de 2020.
  • Banrisul (BRSR6): Reportou lucro líquido recorrente de R$305,7 milhões, 4% abaixo da nossa estimativa, -4,6% no trimestre e +16,7% A/A. Comparando o 1S19 e 1S18, o lucro líquido recorrente cresceu 24%, refletindo a estabilidade da margem financeira e custo do risco e receitas de serviços e despesas operacionais mais altas.
  • Ômega Geração (OMGE3): Resultados foram impactados pela velocidade de ventos abaixo do esperado no complexo Delta, fenômeno que começou a se normalizar no final do trimestre e deve melhorar no segundo semestre. Assumindo a incorporação do Complexo Assuruá no trimestre, o EBITDA Pro-forma teria sido de R$ 157 milhões, praticamente em linha com a nossa projeção de R$ 161,8 milhões.
  • Marfrig (MRFG3): Resultados do 2T19 em linha com nossas estimativas, com o EBITDA ajustado em R$ 1,1 bilhões (+13,3% A/A). A margem EBITDA de 9,1% se compara a nossa de 10% e 8,8% no 2T18. O fluxo de caixa operacional foi de R$ 876 milhões, enquanto a alavancagem ficou em 2,7x Dívida Líquida / EBITDA, uma redução de 0,1x em relação ao 1T19.
  • Magazine Luiza (MGLU3): Reportou bons resultados no 2T19, com lucro líquido +2% acima de nossas estimativas e + 6% acima do consenso da Bloomberg. O crescimento de vendas foi o principal fator por trás dessa leve surpresa em relação a nossa projeção.
  • JBS (JBSS3): Reportou resultados mais fortes do que o esperado no 2T19, com EBITDA ajustado recorde de R$ 5,1 bilhões (+20% A/A), 7% acima do nosso, com desempenho positivo em todos os negócios, especialmente na Seara. A margem EBITDA de 10% se compara a nossa de 9% e 9,4% no 2T18. A geração de caixa livre foi forte em R$ 3,7 bilhões, enquanto a alavancagem (dívida líquida/EBITDA) caiu de 3,2x no 1T19 para 2,8x no 2T19. O lucro líquido de R$ 2,2 bilhões ficou acima do nosso R$ 1,6 bilhão frente a um imposto de renda mais baixo.
  • Copel (CPLE6): Reportou um EBITDA Ajustado de R$ 961,0 milhões no 2T19, acima dos nossos R$ 899,2 milhões e do Consenso de R$899,8 milhões. A principal razão por trás dessa surpresa positiva foram custos gerenciáveis (como pessoal, materiais e serviços) -9,1% abaixo das nossas expectativas e -0,7% menores em relação ao mesmo período do ano anterior.
  • Cosan (CSAN3): Registrou um lucro de R$ 418,3 milhões no 2T19, ligeiramente acima da nossa estimativa de R$ 401,7 milhões (+ 4,1%). O EBITDA pro-forma ajustado de R$ 1.327,2 milhões veio em linha com a nossa estimativa de R$ 1.311,8 milhões (+ 1,2%).
  • Equatorial (EQTL3): Reportou EBITDA do 2T19 de R$ 982 milhões. Excluindo os efeitos não caixa do IFRS sobre novos ativos de transmissão e outros efeitos não-recorrentes, o EBITDA Ajustado foi de R$ 688 milhões, significativamente acima dos nossos R$ 539 milhões, refletindo principalmente resultados melhores do que o esperado nas novas subsidiárias Cepisa e Ceal.

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