IBOVESPA -14,8% | 72.582 Pontos
CÂMBIO 0,4% | 4,80/USD
O que pode impactar o mercado hoje
O Ibovespa caiu 14,76% ontem a 72.582 pontos, em um pregão com dois circuit breakers, que marcou sua pior queda desde 10 de setembro de 1998, quando o índice brasileiro caiu 15,83% em meio à crise da moratória da Rússia.
Durante a tarde, os EUA atacaram milícias apoiadas pelo Irã no Iraque após série de ataques a bases que abrigam soldados americanos no país. O incidente renova tensões entre os países, entretanto, dado o contexto da crise pelo coronavírus no Iraque, não se esperam grandes represálias no momento. Mesmo assim, a tensão geopolítica reflete na alta do petróleo Brent de 5,4% aos US$35/barril hoje.
Nesta manhã, futuros do S&P 500 recuperam e sobem 4%, após indicar queda ontem a noite. Bolsas europeias também sobem 4,5%, e na Ásia, Japão caiu 6% enquanto China teve queda de 1,5%.
Dando sequência a semana dramática nos mercados, ontem o S&P 500 caiu 9,5% na maior queda diária desde 1987 (quando caiu 20,5% na Black Monday) e a quinta maior da história, acumulando queda de 16,5% na semana, a pior desde 2008. O índice cai 26% do topo, entrando em territóro de bear market (caracterizado por mais de 20% de queda).
Bancos centrais de todo o mundo seguem agindo para conter a crise global atual. O Fed anunciou a recompra de US$ 1,5 trilhões de títulos do governo, garantindo a liquidez no mercado americano. O Banco Central do Japão e o Europeu seguem na mesma linha, apesar de terem comunicado que não haverá corte de juros, o que frustrou as expectativas do mercado. O Banco central da China, por fim, acaba de anunciar um corte de 0,5 ponto percentual na taxa de compulsório.
No Brasil, em uma tentativa de fazer face aos efeitos do coronavirus sobre a economia, o governo decidiu ontem antecipar a primeira metade do 13º de aposentados do INSS. Além disso, irá propor a redução dos juros e a ampliação de prazo para empréstimos consignados desses beneficiários.
O governo negou que avalia a possibilidade de realizar uma nova liberação imediata do FGTS aos trabalhadores, apesar do secretário especial da fazenda, Waldery Rodrigues, ter confirmado que a equipe estudava a medida.
De acordo com o secretário executivo, Marcelo Guaranys, o governo poderá conversar com bancos públicos para traçar outra frente de ação. Em entrevista, afirmou que uma linha de crédito para companhias aéreas “precisa ser estudada” pelo governo e que o BNDES poderia atuar como principal veículo, uma vez que possui liquidez de R$100 bilhões.
Em entrevista, o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, afirmou que a pauta dos próximos 45 dias na Casa será voltada para o combate aos efeitos econômicos do coronavírus e criticou fortemente a agenda do ministro Paulo Guedes por não ter medidas de curto para enfrentar as consequências da pandemia. O foco anunciado por Maia turva ainda mais o ambiente para avanço da agenda estrutural do Ministério da Economia.
Paulo Guedes anunciou que irá ao Supremo Tribunal Federal e ao Tribunal de Contas da União contra a derrubada do veto do presidente Jair Bolsonaro, que ampliou a faixa de renda de acesso ao BPC, com custo estimado em R$ 217 bilhões em 10 anos. O TCU sinalizou ao Legislativo que há espaço para impedir a implementação da medida.
Na agenda do dia, o Banco Central dará continuidade na intervenção no mercado de câmbio com leilões de linha no total de R$2 bilhões.
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Brasil
- Pacote de medidas é estudado para conter impacto do coronavírus na economia
Internacional
- Petróleo: Brent opera em alta de 5,4% possivelmente reflexo das tensões no Oriente Médio
Empresas
- brMalls (BRML3) 4T19: Um trimestre saudável, levemente abaixo de nossas estimativas mas acima do consenso
- Unidas (LCAM3) 4T19: Alavancagem operacional no segmento de aluguel de carros parcialmente compensada por Seminovos
- TAESA (TAEE11): 4T19 abaixo esperado, mas não do ponto de vista caixa
- AES Tietê (TIET11): Eneva adquire 0,5% do capital social da AES Tietê
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Brasil
Pacote de medidas é estudado para conter impacto do coronavírus na economia
- Em uma tentativa de fazer face aos efeitos do coronavírus sobre a economia, o governo decidiu ontem antecipar a primeira metade do 13º de aposentados do INSS. Além disso, irá propor a redução dos juros e a ampliação de prazo para empréstimos consignados desses beneficiários. A primeira parcela do 13º será paga entre o fim de março e o início de abril e a expectativa é de que um total de R$ 23 bilhões seja disponibilizado aos aposentados e pensionistas do INSS com a medida;
- O governo negou, entretanto, que a possibilidade de realizar uma nova liberação imediata do FGTS aos trabalhadores esteja sendo analisada, apesar do secretário especial da fazenda, Waldery Rodrigues, ter confirmado que a equipe estudava a medida. De acordo com o secretário executivo, Marcelo Guaranys, o governo poderá conversar com bancos públicos para traçar outra frente de ação. Em entrevista, afirmou que uma linha de crédito para companhias aéreas “precisa ser estudada” pelo governo e que o BNDES poderia atuar como principal veículo, uma vez que possui liquidez de R$100 bilhões;
- Por fim, de acordo com uma fonte do governo, a equipe econômica poderá reavaliar a meta de resultado primário de 2020, que prevê déficit de R$124 bilhões, caso ainda seja necessário. O teto de gastos, entretanto, não deve ser flexibilizado. Diante das incertezas quanto ao tamanho do impacto do coronavírus na economia, a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia reduziu a projeção de crescimento do PIB do Brasil em 2020 de 2,4% em janeiro para 2,1%.
Internacional
Petróleo: Brent opera em alta de 5,4% possivelmente reflexo das tensões no Oriente Médio
- Os preços do petróleo Brent operam em alta de 5,4% nesta manhã, aos US$35/barril, em uma modesta recuperação das perdas significativas desta semana;
- A recuperação está provavelmente relacionado ao aumento das tensões geopolíticas no Oriente Médio, após foguetes atingirem uma base militar em Bagdá, no Iraque, vitimando dois soldados britânicos e um americano. Outros 12 soldados que fazem parte da coalizão militar na região liderada pelos EUA foram feridos;
- Até o momento, não se sabe quem foram os responsáveis pelo ataque, mas o incidente remonta às tensões do início deste ano, quando um ataque no Iraque desencadeou uma escalada de tensões significativas entre EUA e Irâ. Ainda é preliminar para se avaliar o real impacto para preços de petróleo, principalmente tendo em vista que a (i) deterioração de demanda pelo coronavírus e a (ii) perspectiva de aumento da oferta com o fim da colaboração dos países da OPEP+ continuam a se fazer presentes.
Empresas
brMalls (BRML3) 4T19: Um trimestre saudável, levemente abaixo de nossas estimativas mas acima do consenso
- Os resultados do 4T19 da brMalls vieram ligeiramente abaixo de nossas estimativas, mas acima do consenso. A diferença para os nossos números refletiu principalmente receitas de aluguel mais fracas (3% abaixo) e receitas de serviços (11% abaixo), o que impactou as linhas seguintes do resultado. Mesmo assim, os indicadores operacionais continuaram mostrando evolução sequencial. O indicador Aluguel Mesmas Lojas (SSR) foi de ~7%, a taxa de ocupação média dos shoppings aumentou em 0,6 p.p. a/a (atingindo 97,3%) e a inadimplência líquida foi negativa em 0,5% a/a. A receita líquida foi de R$ 350 milhões, o EBITDA ajustado foi de R$ 268 milhões, o NOI (resultado operacional líquido) excluindo os ativos vendidos ao longo de 2019 (sete ativos foram alienados em agosto de 2019 e o Shopping Sete Lagoas em fevereiro) aumentou 7% a/a, para R$ 318 milhões, uma margem 88,5%. Por fim, o lucro líquido ajustado foi de R$ 171 milhões, 7% abaixo da nossa estimativa;
- Em geral, apesar dos resultados um pouco abaixo dos nossos números, o 4T19 foi mais um trimestre de evoluções sequenciais nos principais indicadores operacionais e financeiros. Embora nossa visão construtiva de longo prazo para o setor esteja mantida, as incertezas relativas ao desenvolvimento do COVID-19 e a consequencia disso para o consumo e o tráfego nos shoppings devem ditar o desempenho das ações no curto/médio prazo;
- Destaques positivos: Do lado da receita, (i) as receitas de mall & mídia cresceram 12% a/a excluindo as vendas dos ativos, (ii) o aluguel percentual cresceu 10% a/a, impulsionado pelo crescimento das vendas e pela safra forte de filmes nos cinemas (impactando positivamente o tráfego de pessoas), (iii) e as receitas de estacionamento aumentaram 9% a/a, refletindo o aumento nas tarifas de estacionamento e um aumento de ~5% a/a no tráfego. Em relação aos custos e despesas, (i) custos condominiais (excluindo os ativos vendidos) aumentaram 5,8% a/a, crescimento inferior ao das receitas e (ii) as provisões para devedores duvidosos reduziram em 76% a/a, refletindo a maior qualidade do mix de lojistas. Por fim, a brMalls encerrou o trimestre com um balanço saudável, com alavancagem de 1,9x Dívida Líquida/EBITDA ajustado;
- Destaques negativos: as Vendas Mesmas Lojas no 4T19 atingiram 3,7%, mostrando uma recuperação ainda gradual. Tanto o lucro líquido ajustado quanto o FFO ficaram ligeiramente abaixo de nossos números, refletindo, além da receita menor, um resultado das participações minoritárias maior que o projetado (as participações minoritárias são retiradas do resultado final). Por fim, a receita consolidada de aluguel ficou levemente abaixo do previsto, refletindo principalmente o aluguel mínimo mais baixo. Essa linha foi parcialmente compensada pelas receitas com aluguel percentual e mall & mídia, mencionadas acima. Clique aqui para acessar o relatório completo.
Unidas (LCAM3) 4T19: Alavancagem operacional no segmento de aluguel de carros parcialmente compensada por Seminovos
- Os resultados da Unidas no 4T19 vieram em linha com nossas estimativas e também com o consenso de forma geral, com um lucro líquido de R$ 96 milhões (um crescimento de quase 40% a/a). O bom desempenho nos segmentos de aluguel (aluguel de carros – RAC – e gestão de frotas) foi parcialmente compensado por indicadores um pouco mais fracos do que o esperado na unidade de vendas de carros usados (Seminovos), tanto em termos de margem quanto de volumes. A depreciação de veículos no segmento de gestão de frotas nos surpreendeu positivamente, o que, combinado com resultados financeiros também melhores que o esperado, levou a um lucro líquido ligeiramente melhor (3% acima da nossa estimativa e em linha com o consenso);
- Apesar da nossa perspectiva positiva de longo prazo permanecer em relação ao potencial de crescimento da Unidas, as incertezas relacionadas ao desenvolvimento do coronavírus no Brasil provavelmente desempenharão um papel importante na performance do setor no curto/médio prazo. Temos recomendação de compra para as ações.
- Do lado positivo, os volumes em RAC cresceram 57% a/a (2% abaixo da nossa projeção, mas levemente acima do consenso), enquanto as tarifas cresceram marginalmente na comparação com o 3T19, atingindo R$ 70,5. A margem EBITDA em RAC foi de 47,1%, ~250 acima da nossa, refletindo principalmente a forte alavancagem operacional. No segmento de gestão de frotas, a tarifa média mensal veio em linha com a nossa expectativa e levemente acima do consenso, em R$ 1.613,1, apesar do ambiente de menor taxa de juros, que vinha resultando em tarifas sequencialmente menores. Isso foi parcialmente compensado por um volume ligeiramente menor (crescimento de 12% a/a, 2% abaixo da nossa estimativa). Por fim, a depreciação de veículos no 4T19 foi menor que nossa expectativa no segmento de GF, refletindo principalmente o mix de carros;
- Por outro lado, o volume de carros vendidos no segmento Seminovos alcançou 16,7 mil (~10% abaixo da nossa estimativa) e a margem EBITDA foi mais baixa que a esperada, ficando em 0,7% (vs. nossa estimativa de 1,6%). A margem mais baixa reflete principalmente a linha de despesas, uma vez que a margem bruta ficou em linha com a nossa. A receita líquida consolidada ficou cerca de 8% abaixo da nossa estimativa, refletindo principalmente o desempenho do segmento de Seminovos. Clique aqui para acessar o relatório completo.
TAESA (TAEE11): 4T19 abaixo esperado, mas não do ponto de vista caixa
- A TAESA reportou Lucro Líquido de R$ 177,5 milhões, abaixo da nossa estimativa de R$ 227 milhões, refletindo principalmente (i) a reversão de R$ 80,6 MM no 4T19 da receita de construção das melhorias, dado que tais obras ainda estão em curso (ii) redução da receita de correção monetária e (iii) aumento da despesa financeira líquida. O EBITDA reportado foi de R$ 180,5 milhões, abaixo à primeira vista dos nossos R$281 milhões e principalmente explicados pelo efeito não caixa da reversão de R$80,6 milhões em receita de construção. O EBITDA regulatório da companhia (que ignora efeitos não caixa e melhor reflete as operações da empresa) foi de R$258,2 milhões, estável em uma base de comparação anual;
- A empresa anunciou dividendos adicionais de R$ 61,8 milhões (R$ 0,18 / Unit ou 0,6% yield). A Taesa convocará a Assembleia para aprovar a distribuição de dividendos para o exercício fiscal de 2019. Se aprovado pela Assembleia, o total de dividendos e juros sobre capital próprio distribuídos para o exercício fiscal de 2019 será de R$ 655,9 milhões, representando um pagamento de dividendos de 92,3 % sobre o lucro líquido ajustado;
- Apesar de acreditarmos que as ações da TAESA estão adequadamente precificadas, consideramos que a companhia e suas pares em transmissão de energia oferecem oportunidades interessantes de proteção em épocas de volatilidade, dada a estabilidade operacional desse segmento. Mantemos recomendação Neutra na TAESA, com preço-alvo de R$33/unit.
AES Tietê (TIET11): Eneva adquire 0,5% do capital social da AES Tietê
- Em fato relevante divulgado ontem, a Eneva (ENEV3) anunciou que adquiriu 2 milhões de units da AES Tietê (ou 0,5% do capital social da companhia) a mercado, ao preço de R$16,94/unit;
- O intuito da Eneva na aquisição é poder exercer direitos de acionista e participar de assembleias gerais da AES Tietê, no contexto atual de proposta de fusão das duas companhias proposto pela geradora termelétrica;
- Notamos que o conselho da AES Tietê deverá se reunir hoje (13) para definir a contratação dos assessores financeiros para conduzir os próximos passos relacionados à oferta de fusão.
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