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Morning Call XP (05.ago): Tensões comerciais aumentam

Tudo o que você precisa saber sobre os mercados nacional e internacional, com análises econômicas e políticas sobre fatos que podem impactar seus investimentos.

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O que pode impactar o mercado hoje

A semana se inicia no aguardo da apreciação da reforma da previdência em segundo turno na Câmara, com o fim do recesso parlamentar no Brasil. O governo busca repetir o placar de 379 votos obtido na primeira votação e trabalha para evitar problemas nos destaques, que podem reduzir o impacto fiscal da reforma. A oposição se concentrará nas mudanças de regras para pensões e no cálculo do benefício previdenciário.

No internacional, futuros nos EUA iniciam a semana em queda, em meio a fortes perdas na Europa e Ásia durante a noite, com as tensões comerciais entre EUA e China em foco. Após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar a imposição de tarifa sobre importações chinesas na semana passada, a China suspendeu as compras de produtos agrícolas dos EUA. Com isso, a moeda chinesa rompeu a barreira de 7 yuans por dólar (algo que não ocorria desde 2008).

Nosso Estrategista Global, Alberto Bernal, tem argumentado diversas vezes que Trump precisa de uma economia e mercados financeiros estáveis para ganhar a reeleição em 2020, enquanto a eleição adiante promete ser bastante competitiva, com impressionantes níveis de polarização nos EUA.

Em outras palavras, se assumirmos que Trump NÃO quer ser lembrado como um “presidente de uma só vez”, o seu incentivo é de resolver o empasse o quanto antes, sendo que acreditamos que os chineses querem um acordo. O verdadeiro problema aqui é que toda vez que esse conflito aumenta, torna-se ainda mais complicado recuar e se salvar ao mesmo tempo.

Por isso, a utilização de uma análise de cenário binário torna-se obrigatória. Na nossa visão, se os EUA e a China insistirem nesse caminho de retaliação incremental, a economia mundial entraria em recessão em 2020. A bolsa americana testaria as baixas de 2018 e as moedas de mercados emergentes sofreriam nesse contexto (desvalorização). Se esse ambiente agressivo de guerra comercial persistir, esperaríamos cortes de juros do Banco Central Americano (FED) de 125 pontos-base até o final do ano de 2020.

Se tivermos notícias mais positivas sobre as negociações e os dois países começarem a mostrar posições mais pragmáticas, esperamos que o FED corte a taxa de juros em apenas 75 pontos-base até o final de 2020, com risco de que seja menos. Lembramos que a economia dos EUA, excluindo o risco da guerra comercial, está crescendo, e deve continuar performando muito bem a menos que alguém ou algo estrague a festa. Nesse cenário, vemos desempenho superior dos mercados emergentes com rendimentos muito mais altos e valorização nominal do câmbio.

Do lado das commodities, o petróleo opera em leve queda (-0,9%) em US$61,3/barril, enquanto o minério de ferro fechou a semana com forte queda de 6,9% para US$107,8/t, frente ao acirramento da guerra comercial EUA-China.

Tópicos do dia

Agenda de resultados hoje

Klabin (KBN11): Antes da abertura
IRB (IRBR3): Após o fechamento
TAESA (TAEE11): Após o fechamento
AES Tietê (TIET11): Após o fechamento
Unidas (LCAM3): Após o fechamento
Clique aqui para acessar o calendário completo
Para ver um resumo dos resultados até o momento, clique aqui

Brasil

  1. Política Brasil: Câmara deve apreciar nesta semana a reforma da previdência em segundo turno

Internacional

  1. Guerra comercial: Após imposição de tarifa comercial, China retalia EUA através de desvalorização cambial e cessão de importações
  2. PMI da Zona do Euro e do Japão apresentam performance fraca em julho

Empresas

  1. Frigoríficos: Trump anuncia acordo que favorece exportação de carne para a Europa
  2. Papel & Celulose: Chilena CMPC tem plano de ampliar presença no Brasil
  3. Bancos: Endividamento das famílias volta a patamar de 2016
  4. Ambev (ABEV3): Empresa terá fabricação própria de latas em MG

Renda Fixa

  1. C6 Bank pode ter balcão de seguros
  2. São Martinho e os canaviais 4.0
  3. Ratings da Copel e suas subsidiárias são elevados para ‘AA(bra)’ pela Fitch Ratings


Veja todos os detalhes

Brasil

Política Brasil: Câmara deve apreciar nesta semana a reforma da previdência em segundo turno

  • Com o fim do recesso parlamentar, a Câmara deve apreciar nesta semana a reforma da previdência em segundo turno. O governo busca repetir o placar de 379 votos obtido na primeira votação e trabalha para evitar problemas nos destaques, que podem reduzir o impacto fiscal da reforma. A oposição se concentrará nas mudanças de regras para pensões e no cálculo do benefício previdenciário;
  • Jair Bolsonaro aumentou o tom de discursos e decisões nas últimas semanas. Individualmente, a ações tem pouco impacto, mas a concatenação de eventos tem contribuído para acirrar os ânimos. Foi exonerado o direito do Inpe, órgão que divulga dados sobre desmatamento no Brasil e há relatos de que o Planalto estaria pressionando Guedes a substituir o chefe do Coaf, depois do chefe do Conselho ter criticado a decisão do STF que proibia os órgãos de fiscalização de compartilhar informações com o Ministério Público. O levantamento do Globo mostrando que Bolsonaro e seus filhos empregaram 22 familiares em seus gabinetes e a reação do presidente a isso não ajuda.

Internacional

Guerra comercial: Após imposição de tarifa comercial, China retalia EUA através de desvalorização cambial e cessão de importações

  • Após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar a imposição de tarifa de 10% sobre US$ 300 bilhões de importações chinesas, a China devolveu a retaliação ao anunciar medidas que vão na linha de acirrar a guerra comercial entre os dois países;
  • A primeira foi uma desvalorização cambial outorgada pelo banco central da China. De acordo com a instituição, a desvalorização que permitiu o rompimento da barreira de 7 yuans por dólar (algo que não ocorria desde 2008) se deve à guerra comercial. A segunda é um pedido de cessão de importações de produtos agrícolas americanos por parte das empresas públicas chinesas;
  • Até o momento, as notícias circuladas na imprensa internacional sugerem que a China não está disposta mais a ceder aos EUA. A casa branca ainda não se pronunciou até o momento, mas é possível que a tensão escale para níveis maiores ao longo do dia. Para acessar o relatório do nosso estrategista global, clique aqui.

PMI da Zona do Euro e do Japão apresentam performance fraca em julho

  • O PMI composto da zona do euro recuou de 52,2 pontos em junho para 51,5 em julho. O resultado veio em linha com as expectativas do mercado, mas se aproximou da marca dos 50 pontos, que separa crescimento de contração da atividade econômica;
  • No Japão, o PMI composto também se manteve próximo à linha dos 50 pontos, ao permanecer em 51,2 na passagem de junho para julho;
  • Ainda hoje, serão divulgados também o PMI do Brasil e dos Estados Unidos (cuja leitura em junho foi de 49 e 51,6 pontos, respectivamente).

Empresas

Frigoríficos: Trump anuncia acordo que favorece exportação de carne para a Europa

  • O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na sexta-feira um acordo com a União Europeia para expandir o acesso da carne americana no mercado europeu. Segundo Trump, as exportações de carne bovina isenta de impostos para a UE aumentarão em 46% (US$150mi) no primeiro ano, e subirão mais 90% (US$420mi) em sete anos;
  • O acordo agora será submetido ao Parlamento Europeu e será anunciado “o mais rápido possível” pelo bloco. O texto precisará ser aprovado pelos parlamentares da UE para ter efeito;
  • No fim da cerimônia, Trump fez uma brincadeira e disse que os EUA estão trabalhando em um acordo com a UE que significaria tarifas de 25% em todos os carros Mercedez-Benz e BMW. Apesar da brincadeira, ele afirmou que a opção de impor tarifas a carros europeus nunca saíram de mesa e podem ser aplicadas caso ele não consiga o que quer;
  • Se confirmado, vemos o acordo que favorece a exportação de carne para a Europa como positivo, principalmente para a JBS e para a Marfrig, dada a exposição relevante aos EUA de ambas. Mantemos recomendação de Compra na JBS, que segue como nosso nome preferido dentre os frigoríficos, seguido pela Marfrig. Mantemos neutro em BRF.

Papel & Celulose: Chilena CMPC tem plano de ampliar presença no Brasil

  • A CMPC, quarta maior produtora mundial de celulose, disse estar decidida em expandir a base florestal no Brasil, com vistas a projetos futuros de celulose, e segue atenta a oportunidades em tissue (papel de baixa gramatura como o higiênico) e embalagens no país;
  • A empresa tem capacidade de produção de 1,8mt/ano de celulose de fibra curta (eucalipto) e, segundo o presidente da CMPC, Francisco Ruiz-Tagle, eliminando alguns gargalos, a fábrica pode ir além;
  • Quanto à restrição para compra de terras por estrangeiros no país, Francisco disse que a empresa tem se dedicado a buscar alternativas, por meio de parcerias, seja com produtores, seja com investidores. Neste momento, não há nenhum projeto de crescimento adicional aprovado, além dos investimentos marginais em curso;
  • Por outro lado, como mencionamos na semana passada (link), no curto prazo, a empresa estuda a possibilidade de estender suas paradas de manutenção se os preços de celulose seguirem em queda, o que seria positivo para ajudar a equilibrar a oferta-demanda da commodity e permitir retomada dos preços.

Bancos: Endividamento das famílias volta a patamar de 2016

  • Um artigo do Valor Econômico compilou dados do Banco Central sobre o endividamento das famílias, que atingiu 44% em maio considerando a renda acumulada nos últimos doze meses. Esta é o maior valor da série desde abril de 2016, 44,2%, e compara-se com um máximo de 46,8% durante o pico da crise no Brasil em abril de 2015;
  • Por outro lado, o comprometimento de renda com o serviço da dívida está estável, mostrando que as pessoas físicas estão conseguindo pagar juros e principal, apesar do maior endividamento total. A inadimplência também tem se mantido estável após a queda acentuada desde a crise, e sustenta a forte expansão do crédito para as famílias desde 2018;
  • Assumindo que o crescimento econômico ganhe força no Brasil e que os dados de emprego permaneçam estáveis ​​ou melhorem, vemos mais espaço para os bancos continuarem financiando o consumo das famílias em um ritmo crescente. As novas concessões individuais estão se comportando bem em termos de inadimplência, conforme observado nos resultados dos bancos no 2T19, e o segmento deve continuar como o principal vetor de crescimento do crédito ao longo do 2S19.

Ambev (ABEV3): Empresa terá fabricação própria de latas em MG

  • A Ambev anunciou no sábado o início das obras para construção de uma fábrica de latas para envasamento de seus produtos, principalmente cervejas. O empreendimento ficará ao lado da cervejaria que tem em Sete Lagoas (MG) e será a primeira unidade de embalagens (latas) da empresa no país;
  • A obra será concluída até o fim de 2020 e irá abastecer, inicialmente, a demanda das cervejarias de Sete Lagoas e Juatuba, no estado, e parte das operações da região Sudeste. O investimento na fábrica será de R$700mi no período de três anos. A capacidade de produção anual das duas linhas e qual o material que será utilizado para as latas não foram informados;
  • Segundo o presidente da Ambev, Bernardo Paiva, essa iniciativa ajudará a empresa a entregar o volume crescente no Brasil.

Renda Fixa

C6 Bank pode ter balcão de seguros

  • O C6 Bank, banco que nasce 100% digital, será lançado no dia 5 de agosto, quando poderá já ser anunciado o desenvolvimento do braço de seguros, de acordo com o Estadão. A ideia seria identificar um parceiro para atuar com sua seguradora, podendo incrementar seu portfólio por meio de investimento em tecnologia ou pela expertise;
  • Esse tipo de investida, chamada de “bancassurance”, que são produtos securitários vendidos via canais bancários, pode ser uma nova forma de crescimento do setor. O Banco Inter é um exemplo de banco digital que já trilhou o caminho de investimentos em seguros.

São Martinho e os canaviais 4.0

  • O Valor Econômico publicou matéria em que comenta o desenvolvimento da indústria de canaviais pela São Martinho através de tecnologia. A maior usina canavieira do mundo começa a utilizar troca de informações em tempo real por meio de rede própria de internet, gerando Big Data que possibilita a inteligência artificial em campo. As máquinas podem se conectar entre si, potencializando a velocidade e autonomia dos equipamentos;
  • Os dados gerados são fornecidos em tempo real ao centro de operações, onde uma equipe monitora os dados e o andamento das atividades das máquinas. Isso tem dois efeitos positivos: os operadores das máquinas podem se concentrar apenas em suas atividades e a análise dos dados se torna mais assertiva, possibilitando ajustes em tempo real e economia de tempo;
  • O projeto de banda larga própria tem investimentos orçados em R$60 milhões e é esperado que seja concluído em dois anos. A solução utilizará torres de monitoramento já existentes nos canaviais, reduzindo assim a necessidade de capex. A expectativa é de que o custo de produção caia de R$2 a R$3 por tonelada colhida. Considerando a capacidade de moagem da São Martinho, de 24 milhões de toneladas por safra, poderia haver economias de até R$72 milhões por safra (cerca de 15% do custo), sendo positivo para a rentabilidade da empresa.

Ratings da Copel e suas subsidiárias são elevados para ‘AA(bra)’ pela Fitch Ratings

  • A Fitch elevou, no dia 2 de agosto, os ratings da Copel, de suas subsidiárias e suas emissões para ‘AA(bra)’ de ‘AA-(bra)’;
  • A ação teve como base o fortalecimento do perfil financeiro consolidado da Copel, além da expectativa de geração robusta de caixa operacional e do encerramento do ciclo de expansão nos segmentos de geração e transmissão (ou seja, redução de investimentos com geração de caixa maior desses segmentos). A Fitch espera que a empresa apresente estrutura de capital mais conservadora, com dívida líquida/EBITDA ajustada abaixo de 3,5x de 2019 em diante;
  • Os ratings possuem perspectiva estável, refletindo expectativa de que não serão afetados por possíveis alterações regulatórias e de que será beneficiada com o aumento no consumo de energia, bem como de geração de caixa mais robusta nos segmentos de geração e transmissão com a entrada em atividade dos ativos atualmente em construção.
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