Resumo
Nos Estados Unidos, o banco central cortou a taxa básica de juros em 0,25 p.p., para o intervalo entre 3,50% e 3,75%, com votação dividida. A autoridade destacou que segue em modo de espera, com as próximas decisões dependentes da evolução dos dados econômicos.
No México, o Senado aprovou um pacote que eleva tarifas de importação para até 35% sobre produtos de 17 setores, afetando países como Brasil, China e Índia a partir de 2026.
No Brasil, o Copom manteve a taxa Selic em 15,00%. O comunicado pós-decisão trouxe poucas mudanças em relação à reunião de novembro, o que interpretamos como um sinal de cautela. Prevemos que o Copom iniciará um ciclo de cortes de juros em março.
O IPCA de novembro trouxe sinais adicionais de alívio. A inflação ao consumidor retornou ao intervalo de tolerância da meta, após 13 meses acima de 4,5%. Os grupos de preços de alimentos e bens industrializados vêm mostrando descompressão, enquanto os preços de serviços permanecem pressionados. Por fim, os dados de atividade corroboraram o cenário de desaceleração gradual da economia brasileira.
Gráfico da Semana
Veja na seção “Juros estáveis por mais algum tempo”

Cenário Internacional
Fed corta juros pela 3ª reunião consecutiva
Nos Estados Unidos, o Fed (banco central) cortou sua taxa básica de juros em 0,25 p.p., para o intervalo entre 3,50% e 3,75%. A decisão, amplamente esperada pelo mercado, contou com nove votos favoráveis. Dois membros optaram pela manutenção dos juros (Austan Goolsbee e Jeffrey Schmid), enquanto um membro votou por um corte de 0,50 p.p. (Stephen Miran). A projeção mediana dos diretores do Fed manteve mais um corte de juros em 2026 e outro em 2027. Ademais, as projeções indicam crescimento do PIB um pouco mais forte (2,3% em 2026; antes: 1,8%) e inflação um pouco mais baixa (2,4% no final de 2026; antes: 2,6%).
Na coletiva de imprensa após a decisão de política monetária, o Presidente da autoridade, Jerome Powell, enfatizou o enfraquecimento do mercado de trabalho e a necessidade de garantir estabilidade no sistema financeiro. Powell destacou ainda que o Fed se encontra em modo de espera (“wait-and-see mode”), com decisões dependentes da evolução dos dados econômicos.
México anuncia aumento de tarifas de importação
O Senado do México aprovou, por ampla maioria (76 votos a favor, 5 contrários e 35 abstenções), um pacote que eleva as tarifas de importação para até 35% sobre produtos de 17 setores, afetando países como Brasil, China e Índia a partir de 2026. A medida foi justificada pelo governo como uma forma de proteger a indústria nacional, fortalecer cadeias produtivas e gerar receitas adicionais, além de alinhar o México às negociações do USMCA (acordo comercial entre Estados Unidos, México e Canadá).
Em 2024, o México foi o 7º maior destino das exportações brasileiras. Dentre os produtos enviados, destacam-se automóveis, aço e químicos. No caso do setor automotivo, as tarifas podem chegar a 50%, o teto previsto pelo pacote.
Inflação na China continua em níveis baixos
Na China, a inflação ao consumidor subiu de 0,2% em outubro para 0,7% em novembro (em termos anualizados), permanecendo em níveis baixos. Além disso, a inflação ao produtor continuou em território negativo: -2,2% na variação acumulada em 12 meses até novembro. Isso representou o 38º mês consecutivo de deflação. Esses resultados refletem o cenário de excesso de capacidade na indústria e demanda interna fraca. Há expectativa de novos estímulos monetários e fiscais em 2026, incluindo medidas para fortalecer setores estratégicos, como o imobiliário.
Enquanto isso, no Brasil…
Juros estáveis por mais algum tempo
O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) manteve a taxa Selic em 15,00%, conforme amplamente esperado. O comunicado pós-reunião trouxe poucas mudanças em relação ao documento divulgado em novembro, o que interpretamos como um sinal mais duro (hawkish) por parte da autoridade. O Comitê reforçou que a estratégia atual de manter a Selic “por um período bastante prolongado é adequada”. A nosso ver, isso não significa que os juros ficarão inalterados por um período muito prolongado à frente, mas tampouco indica que o Copom esteja considerando qualquer mudança no curto prazo.
De fato, o Comitê segue descrevendo o ambiente global como “incerto”, exigindo “cautela por parte de países emergentes”. No cenário doméstico, o Copom continua avaliando que a atividade econômica está moderando “conforme esperado”, enquanto a inflação apresenta alguma melhora (mas permanece acima da meta). Não houve novidades relevantes em comparação ao comunicado de novembro. Prevemos seis reduções consecutivas de 0,50 p.p., com a taxa Selic chegando a 12,00% até o final do ano. Para mais informações, leia nosso relatório Copom: Juros estáveis por mais algum tempo.
Inflação retorna ao intervalo de tolerância da meta
O IPCA subiu 0,18% em novembro comparado a outubro, em linha com as expectativas. Com isso, a inflação anual recuou de 4,68% para 4,46%, retornando ao intervalo de tolerância da meta após 13 meses acima de 4,5%. A leitura de novembro foi marcada pelos descontos da Black Friday, que levaram a uma queda significativa nos preços de bens industrializados. Além disso, os preços de alimentos registraram deflação pelo sexto mês consecutivo.
O resultado reforça que a desinflação no Brasil tem sido concentrada mais em itens de alimentação e de bens industrializados, enquanto os serviços permanecem pressionados. Continuamos a projetar inflação de 4,3% em 2025 e 4,2% em 2026 (com viés de baixa). Para mais informações, leia nosso relatório IPCA de novembro: Dentro do intervalo da meta.
Desaceleração gradual da economia brasileira
A atividade doméstica está desacelerando gradualmente. As vendas no varejo restrito cresceram 0,5% em outubro, acima das estimativas. Foi o quarto avanço consecutivo, após um resultado muito mais fraco do que o esperado em junho (-3,3%). Chamamos atenção para a melhora disseminada: nove dos dez grupos avançaram na comparação com o setembro. Em relação aos serviços, houve crescimento de 0,3% em outubro frente a setembro, em linha com as expectativas. Trata-se do nono aumento consecutivo, com todas as principais categorias crescendo, ainda que em ritmo moderado.
A economia brasileira perdeu tração neste semestre, em linha com a política monetária contracionista. Ainda assim, temos enfatizado a presença de “amortecedores”. Por exemplo, o mercado de trabalho permanece robusto, apesar dos sinais de estabilização do emprego total nos últimos meses. A massa de renda real disponível às famílias continua em alta (expansão ao redor de 5% neste ano). Esses fatores devem manter o setor terciário em trajetória ascendente. Projetamos que o PIB do Brasil crescerá 2,3% em 2025. No ano que vem, medidas de estímulo devem adicionar 0,8 p.p. ao crescimento do PIB. Nossa projeção de 1,7% para o PIB de 2026 tem viés altista.
Estados Unidos retira sanção sobre ministro Alexandre de Moraes
Os Estados Unidos retiraram as sanções impostas ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, que haviam sido aplicadas em 30 de julho de 2025 sob a Lei Magnitsky, alegando violações a direitos humanos e liberdades. A decisão não veio acompanhada de justificativa oficial, mas representa um gesto relevante no contexto das relações diplomáticas entre Brasil e EUA. Ademais, vale lembrar a melhor nas relações comerciais, com a retirada parcial das tarifas ao final de novembro. Para detalhes, ver nosso relatório EUA reduzem tarifas sobre exportações brasileiras.
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Destaques da próxima semana
No cenário internacional, a agenda americana trará os dados de inflação ao consumidor (CPI) e o relatório de emprego Nonfarm Payroll, ambos referentes a novembro. As publicações serão relevantes para o Fed – banco central – calibrar seus próximos passos. Ainda sobre política monetária, os bancos centrais do Japão, do Reino Unido e da Zona do Euro decidirão sobre suas taxas de juros. Na China, serão publicados os indicadores de atividade econômica e de emprego referentes a novembro. Por fim, índices PMI de dezembro serão conhecidos para as principais economias ocidentais – os PMIs são sondagens com empresas que visam medir o clima da atividade
No Brasil, o destaque fica para os documentos de política monetária do Banco Central, notadamente a ata da última reunião do Copom e o Relatório de Política Monetária (RPM). Do lado da atividade econômica, atenções voltadas para o IBC-Br (proxy mensal do PIB) de outubro. Por fim, conheceremos as estatísticas do setor externo relativas ao mesmo mês. Veja as nossas projeções abaixo.

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