XP Expert

Cenário de mercado de trabalho apertado persiste

Novo Censo deve alterar significativamente os níveis da força de trabalho e da população ocupada, mas não a taxa de desemprego

Compartilhar:

  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no X
  • Compartilhar no Whatsapp
  • Compartilhar no LinkedIn
  • Compartilhar via E-mail
YA_2026_Banner_Intratexto_-_download[1]Onde Investir 2026 mobile

Destaques

  • A partir desta quinta-feira (31 de julho), o IBGE passará a divulgar a PNAD Contínua com a incorporação dos dados do Censo Demográfico de 2022;
  • Este relatório apresenta nossas expectativas sobre a influência desses novos dados na principal pesquisa de mercado de trabalho do país, com ênfase na população ocupada, força de trabalho e taxa de desemprego;
  • Utilizamos os microdados mais recentes disponíveis na PNAD (referentes ao 1T25) para realizar as estimativas;
  • Em linhas gerais, projetamos níveis mais baixos de população em idade ativa, força de trabalho e população ocupada — com contração ao redor de 2% para todos esses grupos populacionais tendo como base o 1T25;
  • Como a queda é de magnitude semelhante nas três variáveis, a taxa de participação e a taxa de desemprego devem ser pouco afetadas pela reponderação resultante do novo Censo;
  • Embora não esperemos impacto significativo na dinâmica do mercado de trabalho, acreditamos que o novo Censo afetará os cálculos de crescimento do PIB potencial, distribuição de renda, déficits previdenciários, taxas de escolaridade, entre outros;
  • A menor projeção de pessoas em idade ativa e o maior peso relativo de idosos na população total exigirão aumento da taxa de investimento e ganhos de produtividade para que a economia brasileira cresça de forma sustentável.

O que muda?

A partir de quinta-feira (31/07), o IBGE passará a divulgar a PNAD Contínua com atualização importante: os resultados do Censo Demográfico de 2022 serão incorporados à base amostral da pesquisa. A nova ponderação deve alterar os dados anteriores da população ocupada, força de trabalho, taxa de desemprego e outros indicadores do mercado de trabalho. A série histórica da pesquisa, iniciada em 2012, será revisada.

Na prática, a reponderação ajusta o perfil da amostra de domicílios à nova composição populacional.  Assim, o perfil por gênero, idade e região dos brasileiros — conforme definido pelo Censo 2022 — será refletido nos resultados da PNAD a partir de agora.

Este relatório apresenta nossas expectativas sobre o impacto dessa mudança na principal pesquisa sobre o mercado de trabalho do país. Como ponto de partida, comparamos as projeções populacionais realizadas pelo IBGE nos últimos anos. Em especial, utilizando o ano de 2022 como referência, destacamos as diferenças entre o Censo mais recente e as revisões populacionais de 2018 e 2024. A última trouxe algum alívio quanto à situação atual, uma vez que a queda populacional não parece tão acentuada quanto sugeria a comparação entre o Censo 2022 e a Revisão 2018. Ainda assim, o cenário prospectivo traçado pela Revisão 2024 é mais preocupante, sobretudo pela menor projeção de pessoas em idade ativa e a maior participação de idosos na população total (veja discussão detalhada na próxima seção).

Projeções de menor crescimento populacional

As estatísticas demográficas da Revisão 2024 mostraram algum alívio frente ao Censo 2022, conforme resumido na tabela abaixo. No entanto, a projeção populacional mais recente trouxe novas preocupações em comparação às revisões anteriores. Destacam-se a queda permanente da taxa de fertilidade (assim, expectativa de redução expressiva no número de nascimentos) e o aumento da migração internacional líquida.

A diferença de cerca de 4 milhões na estimativa populacional do Brasil em 2022, entre as Revisões de 2018 e 2024, pode ser explicada por três fatores: (i) migração internacional líquida ao redor de 2,2 milhões de pessoas; (ii) aumento das mortes em aproximadamente 700 mil, especialmente devido à pandemia do COVID-19; e (iii) redução de cerca de 750 mil nascimentos entre 2017 e 2022 em comparação às projeções anteriores.

A Revisão 2018 projetava uma população maior e um envelhecimento mais tardio. A população brasileira alcançaria 214,8 milhões em 2022 e atingiria um pico de 233,0 milhões em 2048. Já a Revisão 2024 estimou 210,9 milhões de habitantes em 2022 e um pico de 220,4 milhões em 2041 — crescimento médio anual de apenas 0,22%.

A principal diferença decorre da revisão do número de nascimentos. As Revisões de 2018 e 2024 estavam praticamente alinhadas até 2016. A partir de então, as estimativas da Revisão 2024 caíram de forma significativa, especialmente após a pandemia. A título de comparação, a média de nascimentos entre 2016 e 2022 foi de 2,96 milhões por ano na Revisão 2018, acima da média de 2,81 milhões da Revisão 2024. Em 2060, o número projetado de nascimentos por ano é de 2,1 milhões e 1,6 milhão, respectivamente.

A queda no número de nascimentos reflete-se na taxa de fertilidade total (TFT), que mede a média de filhos por mulher. Segundo o Censo 2022, essa taxa chegou a 1,55 — mínima histórica —, bem abaixo dos 2,1 filhos por mulher necessários para a reposição populacional. As Revisões de 2018 e 2024 ficaram alinhadas até 2018, com ambas indicando TFT de 1,8. Depois disso, a Revisão 2018 projetou 1,78 em 2019, caindo gradualmente para 1,66 em 2060. Já a Revisão 2024 estimou a TFT em 1,73 em 2019, com queda acentuada até 2040 (1,40) e alguma recuperação até 2060 (1,47).

Resultados

Diante da revisão baixista para a população em idade ativa feita pelo IBGE, esperamos redução nos níveis da força de trabalho e da população ocupada. Conforme resumido na tabela abaixo, estimamos uma contração de aproximadamente 2% para esses grupos. Como a queda é de magnitude similar entre as três variáveis, a taxa de participação e a taxa de desemprego devem ser pouco impactadas pela nova ponderação¹. A abertura detalhada por faixa etária e por estado está disponível no Apêndice deste relatório.

Apesar de não esperarmos impacto significativo na dinâmica do mercado de trabalho, o novo Censo deve afetar as estimativas de crescimento do PIB potencial, distribuição de renda, déficits previdenciários, taxas de escolaridade, entre outros. Por exemplo, a menor projeção de população em idade ativa e a maior participação de idosos exigirão aumento da taxa de investimento e ganhos de produtividade para que a economia brasileira cresça de forma sustentável.


Clique aqui para receber por e-mail os conteúdos de economia da XP

XPInc CTA

Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!

XP Expert

Avaliação

O quão foi útil este conteúdo pra você?


Disclaimer:

Este relatório foi preparado pela XP Investimentos CCTVM S.A. (“XP Investimentos”) e não deve ser considerado um relatório de análise para os fins do artigo 1º na Resolução CVM 20/2021. Este relatório tem como objetivo único fornecer informações macroeconômicas e análises políticas, e não constitui e nem deve ser interpretado como sendo uma oferta de compra/venda ou como uma solicitação de uma oferta de compra/venda de qualquer instrumento financeiro, ou de participação em uma determinada estratégia de negócios em qualquer jurisdição. As informações contidas neste relatório foram consideradas razoáveis na data em que ele foi divulgado e foram obtidas de fontes públicas consideradas confiáveis. A XP Investimentos não dá nenhuma segurança ou garantia, seja de forma expressa ou implícita, sobre a integridade, confiabilidade ou exatidão dessas informações. Este relatório também não tem a intenção de ser uma relação completa ou resumida dos mercados ou desdobramentos nele abordados. As opiniões, estimativas e projeções expressas neste relatório refletem a opinião atual do responsável pelo conteúdo deste relatório na data de sua divulgação e estão, portanto, sujeitas a alterações sem aviso prévio. A XP Investimentos não tem obrigação de atualizar, modificar ou alterar este relatório e de informar o leitor. O responsável pela elaboração deste relatório certifica que as opiniões expressas nele refletem, de forma precisa, única e exclusiva, suas visões e opiniões pessoais, e foram produzidas de forma independente e autônoma, inclusive em relação a XP Investimentos. Este relatório é destinado à circulação exclusiva para a rede de relacionamento da XP Investimentos, incluindo agentes autônomos da XP e clientes da XP, podendo também ser divulgado no site da XP. Fica proibida a sua reprodução ou redistribuição para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento expresso da XP Investimentos. A XP Investimentos não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações divulgadas e se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste material ou seu conteúdo. A Ouvidoria da XP Investimentos tem a missão de servir de canal de contato sempre que os clientes que não se sentirem satisfeitos com as soluções dadas pela empresa aos seus problemas. O contato pode ser realizado por meio do telefone: 0800 722 3710. Para maiores informações sobre produtos, tabelas de custos operacionais e política de cobrança, favor acessar o nosso site: www.xpi.com.br.

A XP Investimentos CCTVM S/A, inscrita sob o CNPJ: 02.332.886/0001-04, é uma instituição financeira autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.Toda comunicação através de rede mundial de computadores está sujeita a interrupções ou atrasos, podendo impedir ou prejudicar o envio de ordens ou a recepção de informações atualizadas. A XP Investimentos exime-se de responsabilidade por danos sofridos por seus clientes, por força de falha de serviços disponibilizados por terceiros. A XP Investimentos CCTVM S/A é instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.


Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com a nossa Política de Cookies (gerencie suas preferências de cookies) e a nossa Política de Privacidade.