Motivos para ser global? O preço invisível de investir só o Brasil

De acordo com os dados do ranking das maiores economias do mundo, divulgado anualmente pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), o Brasil ocupa o 10° lugar entre as maiores economias do mundo, sendo responsável por apenas 1,8% do total do PIB mundial.

Como cada país possui a sua própria moeda, para fazer a comparação entre as diferentes economias ao redor do mundo, é necessário que seja feita a conversão para uma mesma moeda. Sendo o Dólar a moeda escolhida para fazer a conversão.

O dólar não é apenas escolhido para fazer comparativos econômicos, se tratando da “divisa internacional’, é a principal moeda do mundo, utilizada como parâmetro para o estabelecimento da taxa de câmbio em outros países.

Nessa linha, quando avaliamos o comportamento do Real perante o Dólar, desde o lançamento do Real em 1994, a moeda brasileira já apresentou uma desvalorização de 84%. 

A desvalorização do Real pode trazer diversos impactos para a vida financeira dos brasileiros. Uma das formas de avaliar os impactos do cambio no poder de compra, é através do comparativo de preço de ativos que são negociados no exterior, mas que fazem parte do dia a dia dos brasileiros, como o preço do Iphone por exemplo, que saiu de 399 dólares em 2007 para 1299 dólares em 2025, uma variação de 226%, enquanto o preço em Reais, saiu de 774 Reais para 10.099 reais, uma variação de 1.205%.

Mas os impactos da desvalorização do Real vão muito além do preço do iPhone. Segundo estudo recente do time de Economia da XP, a vida do brasileiro é muito mais “dolarizada” do que muitos imaginam. Isso significa que a variação do dólar afeta diretamente o custo de vida – mesmo para quem nunca saiu do país.

A cada 10% de desvalorização cambial, o preço dos eletrônicos – como televisões, videogames e computadores – sobe, em média, 8%. Artigos de vestuário, por exemplo, ficam entre 2% e 5% mais caros. E a lista não para por aí: óleo de soja, leite, pão, remédios, combustível, carros, utensílios domésticos, serviços médicos e até aquele serviço de streaming que você assina têm sua precificação sensível à oscilação do dólar. Segundo o estudo, quase 45% da cesta do IPCA – o principal índice de inflação brasileiro – está exposta ao câmbio de forma significativa.

Não à toa, quando o dólar dispara, o impacto no seu poder de compra é imediato. Em 2024, por exemplo, o Real sofreu uma desvalorização de 25%, resultado de uma combinação de fatores internos (como o aumento da percepção de risco fiscal) e externos (como a manutenção de juros altos nos EUA). Nesse mesmo período, vimos a inflação brasileira superar a americana em diversos itens essenciais, corroendo ainda mais a renda do brasileiro .

A consequência direta disso para os investidores é clara: manter todo o patrimônio exposto ao risco Brasil significa não apenas abrir mão de oportunidades de retorno em outros mercados, mas também correr o risco de empobrecer, mesmo quando os investimentos locais parecem estar performando bem.

Por isso, diversificar internacionalmente é mais do que uma estratégia de rentabilidade – é uma medida de proteção ao seu poder de compra, ao seu padrão de vida e à sua liberdade financeira. Afinal, quando o dólar sobe, sua carteira precisa estar preparada para continuar andando.

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