Esperamos um conjunto de resultados positivos para as construtoras de nossa cobertura no 1T24. O segmento de baixa renda deverá continuar a registar um desempenho superior nesta temporada, seguindo a dinâmica de demanda aquecida observada nas prévias operacionais. CURY3 e DIRR3 deverão destacar-se, com uma expansão robusta dos resultados (+55% e +65% A/A, respetivamente), enquanto TEND3 e MRVE3 deverão continuar numa recuperação gradual da margem bruta ajustada (+1,4 p.p. e +0,9 p.p. T/T, respetivamente), mas mantendo os resultados pressionados. Os destaques no segmento de média/alta renda deverão ser LAVV3 e CYRE3, mantendo uma forte margem bruta, o que deverá levar a uma expansão robusta dos lucros (+144% e +57% A/A, respetivamente). EVEN3 e EZTC3 deverão ser os pontos mais baixos do segmento, devido aos fracos níveis de margem bruta ajustada e à pressão sobre os resultados, respetivamente. Reiteramos a nossa preferência por nomes no segmento de baixa renda, sendo CURY3 a nossa principal escolha.
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No segmento de baixa renda
As prévias operacionais mostraram um forte aumento das vendas líquidas (+32% A/A na nossa cobertura), reforçando um cenário de demanda aquecida, apesar de lançamentos razoáveis (+3% A/A na nossa cobertura, excluindo MRV e Tenda). Acreditamos que este poderá ser um forte impulsionador do crescimento de receita nesta temporada, embora continuemos a ver uma rentabilidade mista. CURY3 e DIRR3 deverão estar no centro das atenções, combinando um crescimento robusto de receita (+41% e +23% A/A, respetivamente) e uma forte rentabilidade, o que poderá levar a uma expansão notável dos lucros (+55% e +65% A/A, respetivamente). Devemos estar atentos à PLPL3, uma vez que os distratos mais elevados no 1T24 (+136% A/A) poderão aumentar as provisões, o que poderá afetar a receita líquida, embora continuemos a ver um crescimento sólido A/A. Os pontos mais baixos deverão ser a TEND3 e a MRVE3, dada a pressão sobre os resultados, apesar de uma recuperação gradual da margem bruta (esperamos um crescimento da margem bruta ajustada de +1,4 p.p. e +0,9 p.p. T/T, respectivamente).
No segmento de média/alta renda
As prévias operacionais mostraram um forte crescimento das vendas líquidas para a maioria dos nomes (+60% A/A na nossa cobertura), impulsionado por lançamentos robustos (+120% em média, excluindo a Trisul e a JHSF), apesar das condições das taxas financiamento imobiliário estarem sob pressão. Acreditamos que esta conjuntura poderá conduzir a um crescimento positivo de receitas A/A, embora antecipemos uma rentabilidade mista. LAVV3 e CYRE3 devem estar em destaque, mantendo uma forte margem bruta (33,5% e 31,5%, respetivamente), potencialmente levando a um crescimento robusto dos lucros (+144% e +57% A/A, respetivamente). Os pontos mais baixos deverão ser a EVEN3 e a EZTC3, uma vez que vemos (i) níveis de margem bruta ajustada ainda fracos na Even (27%); e (ii) uma pressão nos lucros da EZTEC.
Nossas expectativas para o 1º Trimestre de 2024
Cury (R$ 26,00/ação)
Antecipamos aumento da receita líquida para R$837mn (+41% A/A e +3% T/T), impulsionado por uma combinação de notável desempenho de vendas líquidas (+25% A/A e +56% T/T; %Co) e aceleração da produção (+19% A/A). Para além disso, esperamos uma margem bruta em níveis robustos de 37,9% (+0,4 p.p. A/A e -0,7 p.p. T/T), seguindo a forte margem de backlog da Cury (42,0% no 4T23). No geral, antecipamos um sólido lucro líquido de R$142 milhões (+55% A/A e -11% T/T), embora afetado por um aumento na participação de minoritários devido a mais parcerias em projetos (a participação da Cury nos lançamentos do 1T24 foi de 80% vs. 100% no 4T23).
Figura 1: Estimativas dos resultados para a Cury
Direcional (R$ 26,00/ação)
Esperamos forte receita líquida de R$683mn (+23% A/A e +8% T/T), impulsionada por robustas vendas líquidas no trimestre, com aumento de 56% A/A (%Direcional). Adicionalmente, antecipamos um crescimento positivo da margem bruta ajustada T/T (+80bps), atingindo 36,5%, motivado por um abrandamento dos efeitos da margem bruta das unidades vendidas através do programa habitacional Pode Entrar. Em suma, esperamos um sólido lucro líquido de R$97 milhões (+65% A/A e -2% T/T), apesar de uma comparação mais difícil T/T devido a receitas financeiras mais fortes no 4T23.
Figura 2: Estimativas dos resultados para a Direcional
MRV (R$ 17,00/ação)
Esperamos um conjunto de resultados mistos para a MRV. Do lado positivo, antecipamos que a receita líquida aumente, atingindo R$ 1,94 bilhão (+15% A/A e estável T/T), impulsionada por uma combinação de robustas vendas líquidas das operações core de R$ 2,13 bilhões (+18% A/A e -8% T/T) com uma aceleração nos níveis de produção (+12% A/A e estável T/T). Por outro lado, esperamos que a margem bruta se mantenha em níveis mais suaves de 25,0% (+4,1% A/A e +0,9% T/T), embora mostrando uma recuperação gradual à medida que os projectos lançados recentemente aumentam a sua representatividade nos resultados. No geral, esperamos um lucro ainda pressionado, atingindo um prejuízo líquido de R$16 milhões.
Figura 3: Estimativas dos resultados para a MRV
Plano&Plano (R$ 18,00/ação)
Antecipamos um crescimento razoável da receita líquida, atingindo R$504mn (+29% A/A e -21% T/T), impulsionado por razoáveis vendas líquidas (+4% A/A e -6% T/T), embora prejudicado por maiores cancelamentos em R$139mn (+136% A/A), o que deve aumentar as provisões, em nossa visão. Adicionalmente, esperamos que a margem bruta ajustada atinja 34,7% (-3,9 p.p. A/A e +0,5 p.p. T/T), beneficiada pelo alívio gradual dos efeitos das unidades vendidas através do programa habitacional Pode Entrar. Finalmente, estimamos um ligeiro crescimento do resultado líquido A/A de +5%, atingindo os R$43 milhões.
Figura 4: Estimativas dos resultados para a Plano&Plano
Tenda (R$ 17,00/ação)
Esperamos um trimestre de resultados mistos para a Tenda. Do lado positivo, antecipamos uma sólida receita líquida de R$716 milhões (+10% A/A e -5% T/T), impulsionada por fortes vendas líquidas (+58% A/A e +15% T/T), e aceleração das vendas de estoques. Adicionalmente, esperamos que a margem bruta continue sob pressão em 23,9% (+3,5 p.p. A/A e +1,7 p.p. T/T), embora numa recuperação gradual dada a menor relevância das safras de projectos mais antigos no resultado. Por outro lado, prevemos que os resultados financeiros líquidos se mantenham em níveis elevados, maioritariamente impactados pelas despesas com vendas de carteiras de recebíveis. Assim, vemos um lucro líquido pressionado de R$16 milhões (vs. prejuízo líquido de R$42 milhões no 1T23).
Figura 5: Estimativas dos resultados para a Tenda
Cyrela (R$ 26,00/ação)
Esperamos uma forte receita líquida de R$ 1,58 bilhão (+23% A/A e -8% T/T), impulsionada pelo sólido desempenho das vendas líquidas no trimestre (vendas líquidas %Co em R$ 1,58 bilhão no 1T24; +43% A/A). Em termos de rentabilidade, antecipamos uma margem bruta menor T/T em 31,5% (-2,3 p.p. T/T), apesar de um ligeiro aumento A/A (+70bps). Além disso, estimamos um robusto resultado de equivalência patrimonial no trimestre de R$94 milhões, impulsionado por um sólido desempenho das JVs, em nossa visão. Finalmente, esperamos um forte lucro líquido de R$257 milhões (+57% A/A e +4% T/T), também ajudado pela venda de ações da Cury (~R$35 milhões, em nossas estimativas).
Figura 6: Estimativas dos resultados para a Cyrela
Even (R$ 9,00/ação)
Estimamos um conjunto de dados neutros da Even no 1T24. Do lado positivo, estimamos um bom crescimento da margem bruta ajustada (+2,8 p.p. A/A e +1,1 p.p. T/T), motivado (i) pelo alívio dos impactos na margem bruta da venda estruturada do estúdio Sabiá no 4T23; e (ii) melhores margens decorrentes dos novos lançamentos na Even São Paulo, embora esperemos rentabilidade pressionada da Melnick. Por outro lado, esperamos uma receita líquida moderada, atingindo R$624 milhões (estável A/A e -34% T/T), afetado pelo menor reconhecimento de receita da Melnick, apesar de vendas positivas de estoques em São Paulo. Ao todo, estimamos um lucro líquido pressionado em R$48 milhões (-12% A/A), levando a uma margem bruta fraca de 7,7%.
Figura 7: Estimativas dos resultados para a Even
EZTec (R$ 22,00/ação)
Do lado positivo, vemos uma margem bruta maior em 34,3% (+5,9 p.p. A/A e +1,0 p.p. T/T), beneficiada pela menor relevância das safras de projetos mais antigos no resultado. Por outro lado, estimamos receita líquida branda em R$253 milhões (estável A/A e -25% T/T), pois não esperamos reconhecimento significativo de receita no trimestre proveniente de vendas de lançamentos (lançamentos representaram 33% das vendas no 1T24), apesar de vendas resilientes de estoque. Além disso, esperamos que a dinâmica negativa do IGP-DI continue a pressionar a receita de juros sobre contas a receber de clientes, gerando menores receitas financeiras T/T. Com isso, esperamos um lucro líquido de R$44 milhões (+3% A/A e -47% T/T).
Figura 8: Estimativas dos resultados para a EZTec
Lavvi (R$ 9,40/ação)
Antecipamos um sólido crescimento da receita líquida, atingindo R$278mn (+75% A/A e +9% T/T), impulsionado (i) pelas fortes vendas líquidas (+376% A/A; %Co), dado o ótimo desempenho de vendas do mais recente lançamento da Lavvi (Alive Home Resort), embora não esperemos o reconhecimento de receita da venda conjunta da torre do estúdio do projeto neste trimestre (deve ocorrer no 2T24); e (ii) pelas resilientes vendas de estoques (47% das vendas brutas). Em termos de rentabilidade, esperamos que a margem bruta se mantenha em níveis robustos de 33,5% (+2,6 p.p. A/A e -0,9 p.p. T/T). Em suma, antecipamos um resultado líquido robusto de R$63 milhões (+144% A/A e -29% T/T), apesar de apontarmos para comparações mais difíceis vs. 4T23, dado o forte resultado de equivalência patrimonial visto nesse trimestre dado projeto Eden.
Figura 9: Estimativas dos resultados para a Lavvi
Melnick (R$ 5,50/ação)
Antecipamos uma receita líquida mais branda de R$240 milhões (-20% A/A e -38% T/T), apesar do sólido desempenho de vendas líquidas de R$372 milhões (+22% A/A). Na nossa opinião, este desempenho foi afetado por um menor POC dos projectos recentemente lançados, que tiveram uma forte representatividade nas vendas líquidas no trimestre. Para além disso, esperamos uma margem bruta em níveis fracos de 21,4% (+4,3 p.p. A/A e -5,5 p.p. T/T), negativamente impactada por descontos nas vendas de estoque. No entanto, antecipamos um crescimento gradual da margem bruta A/A, impulsionado pela crescente relevância dos projectos recém-lançados nos resultados da MELK, dadas as suas margens mais elevadas. Finalmente, esperamos um resultado líquido de R$26 milhões (+29% A/A e -45% T/T).
Figura 10: Estimativas dos resultados para a Melnick
Moura Dubeux (R$ 16,50/ação)
Estimamos forte receita líquida em R$305mn (+20% A/A e +8% T/T), beneficiada por (i) reconhecimento de taxas de comercialização de terrenos relacionadas a projetos lançados no 4T23 que ainda não haviam sido reconhecidos; e (ii) sólidas adesões a condomínios no trimestre. Além disso, estimamos que a margem bruta seja de 32,9% (estável A/A e -2,7 p.p. T/T), caindo T/T devido a uma margem bruta de condomínio ligeiramente menor, em nossa opinião. Em suma, estimamos um crescimento sólido dos resultados financeiros, atingindo R$40 milhões (+31% A/A), e levando a margem líquida para 13,1% (+1,0 p.p. A/A).
Figura 11: Estimativas dos resultados para a Moura Dubeux
Trisul (R$ 6,10/ação)
Esperamos resultados mistos para a Trisul no 1T24. Do lado positivo, antecipamos que a receita líquida aumente para R$ 297 milhões (+22% A/A e +5% T/T), suportada por vendas sólidas de estoques de projetos com alto percentual de conclusão, o que deve impulsionar o reconhecimento de receita. Do lado negativo, esperamos que a margem bruta permaneça em níveis moderados de 23,7% (-0,6 p.p. A/A e +1,5 p.p. T/T), ainda afetada por maiores descontos nas vendas de estoque. Finalmente, antecipamos que o lucro líquido atinja R$30 milhões (+8% A/A e -33% T/T), apesar da comparação mais difícil T/T dado impactos positivos de reavaliação de valor justo no 4T23 (~R$21 milhões).
Figura 12: Estimativas dos resultados para a Trisul
JHSF (R$ 6,50/ação)
Antecipamos receita líquida de R$330 milhões (-7% A/A e -33% T/T), impactada por (i) vendas líquidas mais fracas no segmento imobiliário; e (ii) baixo percentual de conclusão (POC) no projeto Reserva Cidade Jardim, apesar de uma receita mais forte proveniente do segmento de shoppings. Adicionalmente, esperamos que o EBITDA ajustado atinja os R$120 milhões (-14% A/A e -49% T/T), levando a margem EBITDA ajustada para 36,4% (-3,2 p.p. A/A e -11,6 p.p. T/T), impactada por um mix de projectos no segmento imobiliário com menores margens vs. terrenos. Finalmente, esperamos que o lucro líquido ajustado atinja R$44 milhões (+31% A/A e -75% T/T), levando a margem líquida ajustada para 13,3% (+3,8 p.p. A/A).