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Pré-Copom Dezembro 2023: Sem surpresas para a renda fixa

Nos dias 12 e 13 de dezembro, ocorrerá a próxima reunião do Copom. Esperamos corte de 0,50 p.p. na taxa de juros. O que isso significa para a renda fixa?

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Caso não tenha familiaridade com a curva de juros, sugerimos a leitura deste conteúdo: O que é a curva de juros?

Nos dias 12 e 13 de dezembro, ocorrerá a próxima reunião do Copom. O cenário base da XP é de novo corte da taxa Selic em 0,50 ponto percentual (p.p.), para 11,75%. Para a renda fixa, continuamos com visão construtiva, dadas as taxas de juros ainda elevadas, mas com preferência para títulos atrelados à inflação (IPCA+).

O que esperar para a reunião atual?

Além de precisarmos acompanhar qual será a decisão do Copom sobre a taxa Selic, é necessário nos atentarmos ao comunicado sobre os planos do BC para a política monetária, que guiarão as expectativas para os juros nos próximos meses. Com base nisso, o que o Copom dirá desta vez?

Cenário base: Corte para 11,75%

Existem ferramentas que precificam as expectativas do mercado em relação às reuniões do Banco Central. Como exemplo, as “apostas” nas Digitais de Copom dessa semana indicavam uma probabilidade quase unânime de corte de 0,50 p.p. na Selic, passando de 12,25% para 11,75%, conforme mostrado na tabela abaixo.

ExpectativaProbabilidade
Corte para 11,75% (-0,50p.p.) – Cenário XP96% a 97%
Corte para 11,5% (-0,75p.p.)2% a 4%

A XP, assim como a maioria do mercado atualmente, acredita que o Copom deverá reduzir a taxa Selic em 0,50 p.p. para 11,75%, porém com menos espaço para uma eventual aceleração no ritmo de redução de juros. Isto se deve, principalmente, às preocupações com o cenário doméstico, com sinais do governo acerca de uma política fiscal expansionista, o que pode pressionar as expectativas de inflação. Além disso, as taxas de juros nos Estados Unidos, que precificam os ativos ao redor do mundo, permanecem elevadas. Por este motivo, nesse momento, não consideramos um cenário alternativo.

Fonte: B3 (Opções de Copom). Elaboração: XP.

Como a renda fixa seria impactada?

O principal fator que deve direcionar a curva de juros após a reunião é a manutenção ou não, no comunicado do Copom, do guidance (projeção) de corte de 0,50 p.p. para “as próximas reuniões”. Acreditamos que esta orientação futura seja mantida e, caso nosso cenário base se concretize, esperamos um movimento mais brando na curva de juros, uma vez que o corte de 0,50 p.p. já é a expectativa de quase a unanimidade dos agentes de mercado. Sendo assim, uma movimentação seria resultado de correção da pequena parcela daqueles que esperavam corte maior.

Já se não for concedido guidance, ou então o plural seja retirado (“próximas reuniões”), é possível que a curva apresente um movimento de queda mais acentuado nos vértices mais curtos, com o mercado antevendo um movimento de aceleração da flexibilização do afrouxamento monetário pelo BC.

Uma vez que não esperamos mudanças estruturais no cenário em relação ao que já incorporamos em nossas análises de carteiras recomendadas, mesmo no curtíssimo prazo (pós-Copom), nossa visão em relação ao Copom atual é neutra.

Vale ressaltar que continuamos com visão positiva para a renda fixa de maneira geral, principalmente para títulos atrelados à inflação (IPCA). Mesmo com os cortes recentes e esperados, as taxas de juros nominais permanecem elevadas, acima de dois dígitos, e as taxas reais (acima da inflação) continuam em patamares interessantes, em nossa opinião. Adicionalmente, as projeções indicam que a inflação deve permanecer acima da meta nos próximos anos. Por fim, ainda é necessária cautela, com os riscos locais e globais a serem monitorados, o que favorece a alocação em ativos como a renda fixa (veja mais em nossas carteiras recomendadas).

O que pode acontecer de diferente?

Tudo o que apresentamos aqui leva como base apenas a reunião do Copom dos dias 12 e 13 de dezembro, sua decisão e posterior comunicado. No entanto, é preciso ressaltar que nesta semana a decisão do Copom ocorre na chamada “super quarta”, quando há também decisão de política monetária nos Estados Unidos, o que normalmente traz efeitos sobre a curva de juros local (assim como visto em novembro).

Além disso, devemos ter em mente que, além de os cenários analisados serem apenas expectativas (ainda que com base em observações históricas), outras forças que muitas vezes fogem do radar agem no mercado diariamente e podem afetar os preços dos ativos.

Tendo isso em mente, é importante sempre acompanhar as principais movimentações e análises de mercado para ajudar na melhor tomada de decisão. Recomenda-se ainda cautela na alocação, uma vez que os riscos relacionados ao cenário fiscal local e inflacionário global ainda não cessaram (dentre outros). Por fim, sempre considere seu perfil de investidor(a) para melhor estratégia de composição de carteira.

Aprofundando na visão de Economia

Nossos economistas da XP têm como cenário base o corte de 0,5 p.p.:

“Desde a última reunião do Copom, avaliamos que as notícias foram, em termos líquidos, benignas para a inflação de curto prazo. As taxas de juros mais longas nos países desenvolvidos e os preços do petróleo recuaram. Além disso, a inflação corrente continua em queda, com abertura favorável. Por outro lado, os resultados do PIB do 3º trimestre vieram acima das expectativas, e sinais recentes reforçaram o viés expansionista da política fiscal; Acreditamos que o BC divulgará estimativas de IPCA um pouco mais baixas para 2023 (de 4,7% para 4,5%) e 2024 (de 3,6% para 3,5%), sem alterar a projeção para 2025 (3,2%); O Copom deverá manter a orientação futura de corte na taxa Selic de mesma magnitude (0,5p.p.) nas próximas reuniões; Acontecimentos recentes reforçaram a visão da política monetária brasileira que defendemos há algum tempo: espaço confortável para flexibilização no curto prazo, mas limitações ao longo de 2024; Assim, projetamos a taxa Selic em 11,75% no final de 2023 e 10,00% no final de 2024 (acima do consenso de mercado).”

A comparação entre as expectativas do mercado nas vésperas do Copom de outubro/novembro e agora ajudam a entender o cenário.

IndicadorExpectativas na semana do último Copom (outubro/novembro) Expectativas atuais
DI Jan/2412,1%11,7%
DI Jan/2511,1%10,3%
DI Jan/2711,2%10,1%
Câmbio (R$/US$) 2023 (Focus – Mediana)5,004,95
Câmbio (R$/US$) 2024 (Focus – Mediana) 5,055,00
Câmbio (R$/US$) 2025 (Focus – Mediana) 5,105,10
IPCA 2023 (Focus – Mediana)4,63%4,51%
IPCA 2024 (Focus – Mediana)3,90%3,93%
IPCA 2025 (Focus – Mediana3,50%3,50%
Selic 2023 (Focus – Mediana)11,75%11,75%
Selic 2024 (Focus – Mediana)9,25%9,25%
Selic 2025 (Focus – Mediana)8,75%8,50%

Fontes: Broadcast e Banco Central (Boletim Focus). Elaboração: XP.

E o que esperar para a reunião de janeiro de 2024?

Atualmente, o mercado precifica maior probabilidade de um novo corte de 0,50p.p. na próxima reunião (tabela abaixo), em janeiro, porém há agentes que esperam cortes de até 0,75p.p – ainda que em minoria.

O cenário base dos economistas da XP para a próxima reunião é de novo corte de 0,50 p.p.

Expectativa do mercado para o Copom de janeiro – Assumindo 11,75% após a reunião atualProbabilidade
Corte para 11,25% (-0,50p.p.) – Cenário XP79% a 81%
Corte para 11,00% (-0,75p.p.)14% a 15%

Fonte: B3 (Opções de Copom). Elaboração: XP.

Agenda de reuniões do Copom – 2024

  • 30 e 31 de janeiro
  • 19 e 20 de março
  • 7 e 8 de maio
  • 18 e 19 junho
  • 30 e 31 de julho
  • 17 e 18 de setembro
  • 5 e 6 de novembro
  • 10 e 11 de dezembro

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