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Petrobras (PETR4) | Quanto mais as coisas mudam, mais elas permanecem as mesmas (de novo!)

Petrobras muda estratégia comercial de preços

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A Petrobras (PETR4) informou hoje ao mercado que sua Diretoria Executiva aprovou ontem, 15 de maio de 2023, a estratégia comercial para definir os preços do diesel e da gasolina da Petrobras, em substituição à política de preços da gasolina e do diesel comercializados por suas refinarias. Segundo a estatal, a estratégia comercial utiliza referências de mercado como: (a) o custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação, e (b) o valor marginal para a Petrobras. Vemos a notícia como marginalmente positiva para a Petrobras, pois afasta (pelo menos temporariamente) uma das principais fontes de riscos para o caso. Vemos a definição da nova política de dividendos como o próximo evento importante a ser observado. Mantemos nossa classificação de compra.

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Finalmente, uma nova política de preços de combustíveis está oficialmente em vigor. A Petrobras informou hoje ao mercado que sua Diretoria Executiva aprovou ontem, 15 de maio de 2023, a estratégia comercial para definir os preços do diesel e da gasolina da Petrobras, em substituição à política de preços da gasolina e do diesel comercializados por suas refinarias. Segundo a estatal, a estratégia comercial utiliza referências de mercado como: (a) o custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação, e (b) o valor marginal para a Petrobras. O custo alternativo do cliente considera as principais alternativas de abastecimento, sejam fornecedores dos mesmos produtos ou substitutos, enquanto o valor marginal para a Petrobras é baseado no custo de oportunidade dadas as diversas alternativas para a empresa, entre elas, produção, importação e exportação do produto e/ou os óleos utilizados no processo de refino.

Os reajustes continuarão a ser feitos sem periodicidade definida, evitando o repasse aos preços domésticos da volatilidade cíclica dos preços internacionais e da taxa de câmbio.

As decisões relacionadas à estratégia comercial continuarão subordinadas ao Grupo Executivo de Mercado e Preço, composto pelo CEO da empresa, pelo Diretor de Logística, Comercialização e Mercados e pelo CFO. A estratégia comercial está alinhada com a Diretriz de Preços do Mercado Interno (Diretriz) aprovada pelo Conselho de Administração em 27 de julho de 2022 (veja nossa nota sobre este tema aqui).

A Petrobras informou ainda que a estratégia comercial é baseada em preços competitivos por polo de vendas, em equilíbrio com os mercados nacional e internacional, levando em consideração a melhor alternativa acessível aos clientes. Esta estratégia permite à empresa competir de forma mais eficiente, tendo em conta a sua quota de mercado, otimizar os seus ativos de refino e rentabilizar de forma sustentável

Quanto mais as coisas mudam, mais elas permanecem as mesmas. Já usamos essa frase em relatório anterior sobre a Petrobras quando a empresa trocou de CEO (aqui). Estamos usando-o novamente agora para descrever a nova política de preços. Embora as informações fornecidas pela Petrobras tenham sido um pouco opacas, vemos que, de fato, pouco mudará, devido aos fatores combinados de: (i) §2º da Lei 13.303/2016 (“Lei das Estatais”) não foi alterado; (ii) nem o art. 3º, §3º a §7º do Estatuto Social da Petrobras, e; (iii) a estratégia de precificação comercial será baseada no “valor marginal para a Petrobras” e está de acordo com a Diretriz (que diz que “a Diretoria Executiva deverá preservar e priorizar o resultado da Companhia, buscando maximizar sua geração de valor ”). No final, achamos que o preço da refinaria da Petrobras pode cair alguns centavos em alguns pontos de entrega, mas não mudará de maneira material.

Tese de investimento reafirmada… pelo menos por enquanto. Nas últimas semanas e meses, as ações da Petrobras superaram seus pares. Achamos que isso se deve a uma combinação de: (i) beta baixo para os preços do petróleo (que vêm caindo há alguns meses); (ii) maior visibilidade de que, apesar de todo o barulho político, a política de combustíveis da Petrobras não voltaria a subsidiar os combustíveis (como fez no passado) e que os dividendos serão acima do mínimo estatutário (embora a estatal não tenha aprovado uma nova política de dividendos ainda). Ainda vemos a Lei 13.303/2016 e o Estatuto da Petrobras como um dos pilares mais importantes que protegem (parcialmente) a Petrobras de ingerências políticas, embora não sejam os únicos. Considerando o ambiente internacional de precificação de combustíveis, a nova equipe de gestão da Petrobras está em uma posição política confortável para reduzir os preços dos combustíveis, mantendo a precificação do PPI, mantendo a Petrobras lucrativa e gerando fluxo de caixa (e dividendos) para acionistas controladores e minoritários. Uma das principais questões (e riscos) para o caso de investimento é o que o governo fará se os preços internacionais dos combustíveis dispararem. O governo vai tentar mudar o Estatuto da Petrobras? Achamos que o governo ainda não tentou essa via de ação porque não é rápida nem fácil: muito provavelmente, os minoritários lutarão contra essa mudança na CVM com base no abuso de poder de controle previsto na Lei das Sociedades por Ações (6.404/1976).

Existem outras fontes de risco. Sempre fomos céticos sobre uma possível grande queima de caixa na Petrobras devido a investimentos orgânicos, pois vemos a Petrobras como um grande transatlântico que não muda de rumo rapidamente (o que se torna ainda mais pronunciado em um mundo pós “lava-jato”). Permanecemos com essa visão. Aliás, a Petrobras vem, inclusive, entregando investimentos abaixo do previsto no Plano Estratégico anterior. Para nós, o maior risco de queima de caixa continua sendo possíveis fusões e aquisições (como Vibra, Braskem e Acelen) e contingências fiscais de R$ 169bi.

Nossa opinião

vemos a notícia como marginalmente positiva para a Petrobras, pois remove (pelo menos temporariamente) uma das principais fontes de risco para a tese. Ainda vemos uma re-rating significativo das ações da Petrobras como altamente improvável até que haja uma mudança significativa no cenário político. No entanto, a Petrobras tem sido (e tem boas probabilidades para continuar a ser) um bom investimento de retorno total devido ao pagamento de dividendos. Vemos a definição da nova política de dividendos como o próximo evento importante a ser observado. Mantemos nossa recomendação de compra.


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