A Warner Bros. Discovery é uma empresa global de mídia e entretenimento, resultante da fusão entre WarnerMedia e Discovery realizada em abril de 2022. Na época, a Discovery, subsidiária de mídia da AT&T e legado da Time Warner, foi adquirida pela WarnerMedia por um valor de US$ 43 bilhões. Hoje, a WBD cria e distribui um portfólio de conteúdo e marcas em televisão, filmes e streaming. Suas marcas e produtos incluem Discovery Channel, Discovery+, CNN, CNN+, DC, Eurosport, HBO, HBO Max, HGTV, Food Network, TNT, Animal Planet, Warner Bros. Pictures, Cartoon Network, entre vários outros.
A sede da Warner Bros. Discovery está atualmente em Nova Iorque, nos Estados Unidos, e suas ações são negociadas na bolsa americana Nasdaq pelo ticker WBD. Já no Brasil, as ações da empresa são negociadas através de BDRs com o código W1BD34.
Aposta em conteúdos originais
Um dos grandes pilares da aposta na fusão entre as duas empresas é o conteúdo original. A produção desse tipo de conteúdo, juntamente com as enormes bibliotecas muito conhecidas pelo público ajudam a fortalecer a reputação do serviço de streaming da companhia. Por exemplo, a programação de conteúdo inclui séries de televisão com e sem roteiro da Warner, metade da biblioteca da MGM e uma grande oferta internacional de esportes ao vivo. Além disso, a empresa combinada planeja produzir mais de 100 séries novas.
Contudo, David Zaslav, CEO da empresa, garantiu aos investidores que não favoreceria uma parte do negócio em detrimento da outra, nem gastaria demais na produção de conteúdo novo mas apostaria em franquias de grande sucesso. Um exemplo disso foi a série House of The Dragon, sequência de Game of Thrones, sucesso absoluto de audiência. A série que estreou recentemente teve cerca de 29 milhões de telespectadores por episódio, e deve ser um dos destaques nas premiações da próxima temporada.
As sinergias da fusão
A criação de um novo gigante da mídia resultou em uma herança para a Warner Bros. Discovery de uma dívida de cerca de US$ 50 bilhões. Contudo, Zaslav estima um ganho de eficiência de US$ 3,5 bilhões ou mais até 2024 com as sinergias geradas, acima da sua meta anterior de US$ 3 bilhões.
Durante a divulgação de resultados do terceiro trimestre, a administração da empresa destacou vários exemplos importantes de áreas em que estão gerando sinergias, incluindo a criação de mais eficiência nos esforços de marketing global e a centralização de funções estratégicas, como personalização de conteúdo.
Segmentação de receita e últimos resultados
A composição do faturamento atual da companhia é dividida entre três segmentos: 49,1% proveniente do segmento de televisão, 29,1% dos estúdios de cinema, e 21,8% consistindo principalmente em serviços premium de TV por assinatura e streaming (DTC ou direto ao consumidor).
Durante a conferência de resultados do terceiro trimestre, a empresa relatou que a receita do segmento de estúdios de cinema caiu devido a uma demanda menor quando comparado com o ano passado, em que a reabertura econômica estava fazendo com que os consumidores passassem mais tempo fora de suas casas. Além disso, houve menos lançamentos durante esse último trimestre.
No segmento de televisão, de acordo com o comunicado, as receitas de publicidade caíram -11% pressionadas por quedas de audiência para entretenimento geral, riscos de recessão crescentes, bem como a realização de menos eventos esportivos mais relevantes para a audiência.
Já no DTC, a receita do segmento caiu 6% para US$ 2,3 bilhões, devido à queda nas receitas de licenciamento e distribuição.
Foco nos esportes e no metaverso
Um dos focos da empresa para os próximos anos sem dúvida será a oferta esportiva. Atualmente, a companhia tem direitos para a transmissão das Olímpiadas em 2024, assim como direitos de exibição nos EUA com a NBA até o mesmo ano. Visando a expansão para outros esportes e países, a WBD comprou, em setembro, 50% da BT Sport, canal britânico de TV paga. Dessa união, sairá uma nova joint venture esportiva no Reino Unido e na Irlanda. Os valores não foram divulgados, mas se especula que seja em torno de £ 540 milhões. A nova empresa de mídia já nascerá com uma longa lista de direitos de transmissão, como Jogos Olímpicos, Champions League, Europa League, Premier League, Grand Tours de ciclismo, Grand Slams de tênis, Premiership Rugby, MotoGP, UFC e WWE.
Além disso, visando aumentar o entusiasmo da audiência, a WBD fez uma parceria com a Infinite Reality para oferecer uma maneira nova para o público se envolver com esportes através do metaverso. Através de parcerias, as companhias irão lançar novas comunidades para atletas, marcas e telespectadores interagirem uns com os outros em ambientes virtuais exclusivos.
Como primeiro passo, as empresas apresentarão uma experiência de metaverso durante a próxima UCI Track Champions League, nova série lançada no ano passado para levar a experiência de expectador do ciclismo de pista para o ambiente virtual. A parceria marca a primeira vez que a Warner Bros. Discovery Sports aproveitou o potencial da tecnologia Web3, trazendo uma experiência de evento internacional para o metaverso.
O desafio do streaming
Os serviços combinados HBO, HBO Max e Discovery+ possuem cerca de 95 milhões de assinantes, sendo 56,4% nos EUA e Canadá e 43,6% no restante do mundo, de acordo com os números publicados pela empresa durante a divulgação de resultados do terceiro trimestre. Embora os números pareçam altos, ainda é menos da metade quando comparado com suas principais concorrentes: a Netflix divulgou que chegou aos 223 milhões de assinantes, enquanto a Disney revelou um total de 164,2 milhões de assinantes globais no Disney+.
O site JustWatch usa dados de mais de 20 milhões de espectadores de streaming em 54 países para fornecer informações sobre o setor, e durante todos os trimestres do ano, eles realizam uma pesquisa com o objetivo de monitorar o market share dos serviços de streaming dentro dos Estados Unidos. No 3T desse ano, o mercado americano continuou marcado pela forte concorrência entre Netflix e Prime Video, ambos apresentando uma diferença de apenas 2% de participação. Seguindo essa tendência, o Disney+ e o HBO Max apresentam níveis muito semelhantes, com o Disney+ marginalmente superior.
Diante desse cenário, o CEO da empresa acredita que a unificação dos serviços é uma das soluções para a empresa continuar ganhando participação do mercado. A companhia anunciou que pretende lançar um novo streaming já no primeiro semestre de 2023, que uniria todos os conteúdos do Discovery+ e HBO Max em uma única plataforma. Além disso, o novo serviço deve contar com uma versão ad-lite, em que a plataforma acaba contando com serviços de anunciantes a um preço menor, e a já conhecida versão premium, sem anúncios. Contudo, detalhes sobre o potencial desses valores ainda não foram divulgados.
O impacto do cenário macroeconômico
Nos últimos anos, a adoção de serviços de streaming cresceu substancialmente principalmente por conta da pandemia. Em 2022, de acordo com uma pesquisa realizada pela Nielsen, cerca de 35% dos entrevistados informaram que estão pagando por cerca de 4 ou mais serviços. Contudo, num cenário macroeconômico incerto como o atual, com inflação em alta, juros subindo e temores de recessão crescentes, a indústria pode ser atingida uma vez que os consumidores buscam cortar gastos.
Uma solução para esse cenário poderia ser o lançamento de planos mais baratos, que incluiriam anúncios, tornando os preços mais acessíveis. Uma pesquisa feita pela consultoria BCG nos EUA revelou que quatro em cada cinco pessoas entrevistadas disseram que já veem o conteúdo com anúncios como “alta qualidade” e quase dois terços dos assinantes disseram que optariam por planos desse tipo.
Mas, em um cenário em que o mercado teme uma recessão por vir, as empresas anunciantes costumam diminuir gastos com publicidade para reduzir custos. Logo, isso pode ser um vento contrário para as receitas dessa indústria.
O que pode beneficiar a WBD
- Lançamento do novo serviço de streaming;
- Redução de custos e ganhos de sinergia como resultado da fusão;
- Crescimento maior do que o esperado no número de novos assinantes.
Os riscos que podem impactar a WBD
- Custos crescentes de direitos esportivos;
- Concorrência com outros serviços de streaming;
- Deterioração do cenário macroeconômico.
O que os analistas de mercado pensam da WBD?
Como apresentado, a WBD é um dos grandes nomes da indústria de cinema e streaming, e figura entre as líderes nos segmentos que atua. Entretanto, a empresa está passando por um processo de reestruturação, o que traz algumas incertezas e pode potencializar as oscilações do papel. Além disso, o cenário macroeconômico também não favorece a indústria de forma geral, que passa por uma desaceleração em meio a temores de recessão por vir. Portanto, os investidores precisam se preparar quanto à possível volatilidade e riscos. Abaixo seguem as recomendações dos analistas de mercado para o ativo:
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