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Economia em Destaque: Transição de governo se inicia no Brasil

Seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

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Resumo

A decisão do Fed de manter o ritmo de 0,75pp de alta da taxa de referência americana foi o destaque da semana no cenário internacional. Dados já começaram a indicar esfriamento do mercado de trabalho nos EUA, o que é visto como positivo para o futuro da política monetária nos EUA. O Banco da Inglaterra também se reuniu na semana, e decidiu por aumentar juros. A Zona do Euro bateu novo recorde de inflação.

No Brasil, o destaque foi o início da transição de governo e a reação do mercado pós-eleições. O dólar vem performando bem na expectativa do anúncio de uma nova equipe econômica preocupada com o equilíbrio fiscal. Publicamos o relatório Brasil Macro Mensal de novembro, com maior detalhamento de nossas projeções.

Cenário internacional

Fed decide manter ritmo de alta de juros

Conforme amplamente esperado, o comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) elevou sua taxa de juros de referência em 0,75pp pela quarta vez consecutiva. Com isso, a taxa dos Fed Funds chegou ao intervalo entre 3,75% e 4,00%.

No início do ano a taxa estava entre 0,00% e 0,25%. Esta é a alta de juros mais rápida dos últimos 40 anos, e tende a jogar a economia americano numa recessão nos próximos trimestres.

O comunicado que acompanhou a decisão destacou que as elevações de juros em curso são apropriadas para atingir um nível de política monetária restritiva o suficiente de modo a trazer a inflação de volta para a meta de 2%. Para a reunião de dezembro, acreditamos que o Fed irá desacelerar o ritmo de elevação para 0,50pp. Olhando adiante, a necessidade de aumentos adicionais dependerá dos dados de inflação e do mercado de trabalho.

Clique aqui para mais detalhes sobre nossa avaliação sobre a decisão do Fed.

Mercado de trabalho nos EUA dá sinais de esfriamento

A economia americana criou 261 mil empregos em setembro, acima do consenso de mercado e das nossas expectativas (consenso: 198 mil; XP: 226 mil). Mesmo assim, a taxa de desemprego americana subiu levemente, de 3,5% para 3,7%. Acreditamos que o mercado de trabalho deva seguir em rota de esfriamento pelos próximos meses, em resposta aos juros mais altos e ao alto custo da energia. Esta dinâmica será chave para entendermos quanto mais o Fed subirá as taxas de juros por lá.

Banco da Inglaterra eleva taxa de juros e alerta para baixo crescimento

O Banco da Inglaterra (BoE) elevou as taxas de juros de 2,25% para 3,00% e alertou que a economia britânica pode não crescer por mais dois anos se as taxas subirem tanto quanto os mercados apostaram recentemente. O BoE disse que agora espera que a inflação atinja uma alta de 40 anos de cerca de 11% durante o trimestre atual, mais de cinco vezes sua meta de 2%.

Inflação na Zona do Euro bate novo recorde

A inflação ao consumidor da União Europeia ficou em 1,5% em outubro, a maior variação mensal desde março deste ano. Em 12 meses, a inflação alcançou 10,7%, consideravelmente acima das expectativas do mercado (10,3%). As pressões inflacionárias se espalharam por diversos setores e todos os países da região. As principais altas de preço foram em itens de energia e alimentos.

Clique aqui para mais detalhes sobre nossa avaliação da inflação na Europa.

Enquanto isso, no Brasil...

Brasil Macro Mensal: O desafio da transição fiscal

Publicamos nesta semana o relatório Brasil Macro Mensal de novembro. Destacamos as incertezas sobre a condução da política fiscal brasileira e o enfraquecimento da economia global no próximo ano. Confira aqui o relatório completo.

Início da transição de governo

A transição para um novo governo foi o principal tema econômico da semana no Brasil. Já ocorreram reuniões da equipe de transição com representantes do Congresso e com o relator do orçamento. Foi anunciada da intenção de apresentar uma proposta de emenda constitucional (PEC) para elevar os gastos além do teto de gastos, com a manutenção de maiores transferências do Auxílio-Brasil e aumento dos investimentos públicos. Para cumprir as promessas apresentadas durante a eleição, a equipe de transição fala em pedir um espaço adicional ao teto de gastos de cerca de R$ 100 bilhões.

Por ora o mercado financeiro tem reagido positivamente aos eventos, diante da possiblidade de ser anunciada uma equipe econômica alinhada com o equilíbrio fiscal que permitiria a perenização os ganhos sociais dos programas do governo. A taxa de câmbio, por exemplo, voltou para 5,08 reais por dólar, uma valorização de 4,1% na semana.

Se, no entanto, os gastos iniciais foram maiores do que o sinalizado, sem uma sinalização de equilíbrio fiscal adiante, a volatilidade pode voltar aos mercados.

Ata do Copom reforça mensagem do comunicado

O Copom – Comitê de Política Monetária do Banco Central – publicou nesta semana a ata de sua última reunião. O documento trouxe a mesma mensagem do comunicado pós-reunião: o ajuste monetário já implementado parece suficiente para levar a inflação à trajetória de metas, porém, se a convergência não ocorrer conforme o esperado, o Copom não descarta aperto adicional à frente.

Em nossa visão, o documento sugeriu que o Copom planeja manter a taxa Selic em 13,75% nos próximos trimestres, com início de uma flexibilização monetária apenas (e se) a convergência da inflação ficar visível. Com a hipótese de existência de uma nova âncora fiscal crível, nosso cenário de que a taxa básica de juros ficará em 13,75% até meados do ano que vem, recuando para 10,00% até dezembro.

Produção industrial brasileira recua e reforça cenário de desaceleração da economia

A produção industrial brasileira recuou 0,7% entre agosto e setembro, em linha com as expectativas (consenso: -0,7%; XP: -0,5%). Esse resultado representou a segunda queda mensal consecutiva na margem, e corrobora nosso cenário de desaceleração da economia brasileira no segundo semestre de 2022.

Acreditamos que a indústria total crescerá modestamente nos próximos meses, ainda puxada pelo avanço do consumo das famílias (apesar da perda de força no período recente) e pela normalização das cadeias globais de matérias-primas.

O que esperar para a semana que vem?

No cenário internacional, os destaques serão os dados de inflação ao consumidor (CPI) de outubro nos EUA e discursos de dirigentes do Fed, banco central dos EUA, contendo indicações dos próximos passos para a política monetária.

No Brasil, a transição de governo e a PEC do aumento de gastos seguirão o tema principal. No campo dos dados econômicos, os destaques serão a inflação de outubro medida pelo IPCA e IGP-DI, assim como as vendas no varejo e volume de serviços de setembro.

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