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Vale (VALE3): Resultado ruim com números abaixo do consenso

A Vale reportou seus resultados financeiros referentes ao terceiro trimestre de 2022. Veja nossos comentários sobre a performance no período.

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A Vale reportou resultados financeiros piores do que o esperado no 3T22. O EBITDA Ajustado Proforma ficou em US$ 4,0 bilhões, abaixo de nossas estimativas e abaixo do consenso em 14% e 12%, respectivamente. O FCF das operações ficou em US$ 2,2 bilhões (yield anualizado de 14%, mas excluindo WK seria de 9%). Os resultados foram piores do que o esperado devido aos menores preços de minério de ferro e níquel, aliados a maiores custos (bunker e combustível). A empresa também revisou o conceito de Dívida Líquida Expandida (reduzindo-a), mantendo a meta inalterada na faixa de US$ 10-20 bilhões (assim, efetivamente aumentando a meta). Esperamos uma reação negativa do mercado, mas negociando a 3,6 EV/Ebitda 2023, mantemos nossa recomendação de Compra no nome.

A Receita Líquida da Vale foi de US$ 9,9 bilhões, um pouco abaixo (2%/3%) de nossas estimativas e consenso. O EBITDA Proforma ajustado ficou em US$ 4,0 bilhões, abaixo de nossas estimativas e consenso em 14% e 12%, respectivamente. Do lado positivo, o FCF das operações ficou em US$ 2.164 milhões (3,4% de yield sobre o valor de mercado atual ou 14% anualizado), devido à variação positiva do capital de giro (+0,8 bilhão) apesar de US$ 1,2 bilhão de CAPEX, US$ 0,7 bilhão de Brumadinho e despesas de descaracterização e US$ 0,6 bilhão de imposto de renda (yield anual cairia para 9% excluindo a variação do capital de giro). A dívida líquida foi de US$ 7,0 bilhões, US$ 1,6 bilhão maior no trimestre, principalmente devido à menor dívida bruta e menor posição de caixa dados os US$ 3,1 bilhões pagos aos acionistas em dividendos e US$ 0,7 bilhão usados para recomprar ações da Vale. A empresa destacou que o programa de recompra de ações foi 25% concluído, com cerca de 126 milhões de ações recompradas (US$ 1,9 bilhão).

A Vale também anunciou um novo conceito de Dívida Líquida Expandida, excluindo REFIS e provisões de Descaracterização da definição anteriormente utilizada, “buscando estar mais alinhada com as práticas de mercado e ter um indicador que melhor informe a gestão nas decisões de alocação de capital”. Embora essa mudança na definição tenha reduzido o número em ~US$ 6 bilhões, a meta permaneceu inalterada na faixa de US$ 10-20 bilhões. Então, na prática, a meta de alavancagem foi aumentada.

O EBITDA de minério de ferro foi de US$ 3,8 bilhões (-27% T/T), abaixo de nossas estimativas e consenso. O EBITDA da divisão diminuiu na comparação trimestral devido ao menor preço de venda do ferro e maiores custos de frete. O preço-referência médio do minério de ferro caiu 25% no trimestre (de US$ 138/t para US$ 103/t). Os custos C1 (excluindo compras de terceiros) ficaram em US$ 19,4/t, uma queda de US$ 1,5/t em relação ao trimestre anterior (-7% T/T), explicado principalmente por (i) diluição de custos fixos devido à maior produção, (ii) efeito positivo da variação cambial, e (iii) redução sazonal dos custos de demurrage, parcialmente compensados ​​por (i) consumo de estoques com custos mais elevados, e (ii) maiores custos com diesel. O custo unitário do frete marítimo da Vale, um dos principais motivos da diferença versus nossa estimativa, foi de US$ 22,4/t no 3T22, US$ 1,1/t maior do que no 2T22, impulsionado por: maior afretamento spot, aumento dos custos de estoques consumidos no trimestre, e um efeito defasado de maiores custos de combustível de bunker, que foram parcialmente compensados ​​por menores taxas de frete spot. Deve-se notar que o preço de equilíbrio dos finos da Vale (com capex de manutenção e não contabilizando pelotas) continua alto em ~US$ 65/t (que costumava ser o preço de longo prazo assumido pela maioria dos analistas em seus modelos), demonstrando a inflação de custos que esta indústria sofreu.

O EBITDA da divisão de metais básicos foi de US$ 364 milhões (-40% T/T, -28% A/A, 30% abaixo de XPe). Para o Níquel, os preços mais baixos, o maior consumo de feed de terceiros e os efeitos dos estoques do 2T impactaram significativamente as operações (diminuindo de US$ 572 milhões no 2T22 para US$ 198 milhões no 3T22, ex-marketing). Além disso, o EBITDA do Cobre melhorou neste trimestre devido aos menores custos caixa unitários em Salobo e à conclusão da manutenção da planta SAG em Sossego.

Nossa opinião: A Vale apresentou resultados piores do que o esperado. Menores preços de minério de ferro e menores preços de níquel aliados a maiores custos impactaram significativamente os resultados da Vale, apesar de um ambiente de melhoria na produção e vendas de minério de ferro. Os principais temas a serem observados a partir daqui são: (i) comentários sobre a participação da Cosan na empresa, (ii) spin-off das operações de metais básicos e (iii) expectativa sobre a demanda de aço chinesa (o que acontecerá com os preços do minério de ferro quando os lockdowns terminam?). Esperamos uma reação negativa do mercado, mas negociando a 3,6 EV/Ebitda 2023, mantemos nossa recomendação de Compra no nome.

Figura 1: Projeções para o trimestre da Vale

Figura 2: Projeções para o trimestre da Vale comparadas com o consenso do mercado

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