Cenário econômico
Para muitos, o mês de janeiro parecia interminável, com seus diversos acontecimentos que couberam em apenas 31 dias. Finalmente chegamos a fevereiro, e são três os principais pontos a acompanhar: i) inflação, câmbio e juros de curto prazo; ii) risco político/fiscal (que andam juntos); e iii) cenário internacional.
Inflação, câmbio e juros
Continuamos acreditando em juros baixos globalmente, e na tendência de dólar enfraquecendo no mundo. No Brasil, a despeito das pressões políticas, não esperamos alterações no regime fiscal. Neste ambiente, o real tende a se apreciar, contribuindo para reduzir as pressões inflacionárias.
Não obstante, diante do cenário de inflação pressionada no curto prazo, e atividade econômica em recuperação, o Banco Central discutiu em sua última reunião se já seria o momento adequado para iniciar a redução dos estímulos. O colegiado votou por retirar o forward guidance, uma vez que as expectativas de inflação estão suficientemente próximas à meta para o horizonte relevante de política monetária.
O documento menciona que os dados relativamente positivos do fim de 2020 “não contemplam os possíveis efeitos do recente aumento no número de casos de Covid-19” que temos visto desde o início deste ano. Sendo assim, o cenário continua incerto. Sua conclusão foi, portanto, de que seria adequado esperar a evolução do cenário neste início de 2021 antes de decidir por uma mudança na trajetória do juros.
De toda forma, podemos esperar que o movimento esteja próximo. Em nossa visão, a alta deve iniciar em maio, ou seja, antes do que esperávamos anteriormente (agosto). Contudo, se houver uma sinalização política na direção de uma pressão de gastos neste ano, ou se os resultados da atividade econômica surpreenderem positivamente no curto prazo, o Copom pode optar por iniciar o ciclo já em março. A projeção atual do time Macro da XP é de Selic encerrando 2021 em 3,5% e 2022 entre 4% e 4,5%.
Nossa visão sobre a inflação continua sendo de que a alta observada recentemente é apenas temporária, principalmente ao se considerar o fim dos programas de auxílio emergencial. Porém, existe o risco de que a “corcova” se prolongue, o que pressionaria as expectativas futuras. Tal risco é reflexo da depreciação recente do câmbio, da alta dos preços da gasolina e das commodities agrícolas.
A meta de inflação pra esse ano é 3,75% e para o ano que vem, de 3,50%. As estimativas de nosso time de Economia da XP apontam para IPCA de 3,50% em 2021 e 3,40% em 2022.
Risco político/fiscal
Pesquisas recentes apontaram para queda na popularidade do governo Jair Bolsonaro. O risco, neste sentido, é de que o governo busque retomar seus índices por meio do aumento de gastos, o que significaria abrir mão controle fiscal, especialmente se estes forem tornados permanentes.
Neste sentido, passadas as eleições das mesas diretoras da Câmara e do Senado, é importante retomar a pauta de reformas. Particularmente a PEC Emergencial, que reforça o arcabouço fiscal, e as reformas administrativa e tributária.
Cenário Internacional
No cenário externo, vamos risco de inflação global, especialmente diante de um novo, e grande, pacote de estímulos nos EUA (previsão de US$1,9 tri). Com também pressões inflacionárias vindas de altas de preços internacionais e desequilíbrios causados pela pandemia, enxergamos o risco de formar-se uma “corcova” de inflação similar ao esperado no Brasil nos EUA no meio do ano, considerando também o efeito estatístico da atividade deprimida em 2020.
Acreditamos que o FED deve esperar a inflação ficar acima de 2% por um tempo antes de interferir, o que pode levar ainda algum tempo para acontecer. Vale destacar que a flexibilidade do mercado de trabalho nos EUA, que eleva as perspectivas de o desemprego seguir ainda volátil nos próximos meses, até que a pandemia caminhe para uma estabilização.
Leia o relatório Brasil Macro Mensal: Cenário de 22 depende dos avanços de 21
Resumo de indicadores
Durante o mês de janeiro, abertura na curva futura de juros no Brasil em relação a dezembro. Da mesma forma, houve aumento no juros real, o que pode ser observado na curva das NTN-Bs.
Podem ser citados como motivos para a abertura o cenário político relativamente conturbado, em meio a disputas em torno da vacina, a segunda onda da covid-19 no Brasil, com indicações de uma nova variante mais contagiosa em Manaus e expectativas em torno da eleição à presidência da Câmara e do Senado. Estas últimas têm relação direta com o risco fiscal, como apontamos na seção anterior. Por fim, a percepção de que o aumento da Selic pode ocorrer antes do que o previamente esperado também teve efeito sobre as curvas.
Como agir
Acreditamos que a melhor forma de se proteger de riscos é através de uma carteira diversificada, o que inclui ativos de renda fixa. Renda fixa não se limita a ativos conservadores e/ou que acompanhem a taxa Selic. Sendo assim, há diversas opções de prazos, indexadores e emissores diferentes que permitem encontrar maiores rentabilidades.
Para o mês de fevereiro, o time de alocação da XP reduziu o percentual indicado em ativos atrelados à inflação, priorizando outras classes de ativos e rebalanceando as posições pós-fixadas.
Veja aqui as recomendações de carteira por perfil.
Apesar de não haver recomendação ativa em ativos prefixados, indicamos ao final do relatório opções de títulos para investidores que desejarem incluir este tipo de ativo em suas carteiras.
Seleção de ativos de renda fixa
As rentabilidades abaixo são indicativas do dia 01/02/21 e podem sofrer variações ao longo do mês.
Para verificar disponibilidade e taxas, acesse sua conta da XP Investimentos.
A plataforma está disponível para compra das 10h às 15h, em dias úteis.
Invista de acordo com o seu perfil de investidor
Pós-fixados
Classe representada por ativos atrelados à variação de um dia das taxas de juros básicas (Selic ou CDI). A remuneração acompanha, portanto, altas e baixas nas taxas de juros.
Após a última reunião do Copom e a divulgação da ata, nosso cenário base é de que a taxa Selic passará a ser elevada a partir de maio deste ano, encerrando 2021 em 3,5% e 2022 entre 4% e 4,5%.
Indicamos o Tesouro Selic para a reserva de emergência e/ou gestão de caixa.
Inflação
Aqui estão os ativos cujo valor a ser recebido no vencimento, ou nos pagamentos de juros, é predeterminado em forma de uma taxa de juros, mas também corrigido por um índice de inflação, normalmente o IPCA.
Como o valor a ser recebido no futuro é corrigido, o valor atual do produto flutua conforme mudam as expectativas de taxas de juros de hoje até o vencimento, mas menos do que um produto prefixado de mesmo prazo.
Em nosso cenário base, esperamos que a inflação feche o ano de 2021 em 3,5%, o que não representaria pressão inflacionária. Apesar disso, enxergamos ser importante manter parcela de ativos atrelados à inflação para proteção contra seu efeito ao longo do tempo.
Apresentamos aqui ativos que acreditamos ter boa combinação entre qualidade de crédito e rentabilidade, buscando diversificação em relação setores de atuação e prazo de exposição ao investimento.
Duration é o prazo médio ponderado dos recebimentos de fluxos referentes ao ativo. Quando o ativo paga juros e/ou amortização periodicamente (por exemplo, todo semestre), sua duration será mais curta do que o prazo. Caso não haja fluxos de pagamento durante a duração do ativo, a duration será igual ao prazo. Quando maior a duration, mais sensível a taxa do ativo será às movimentações do mercado (em caso de venda antes do vencimento).
Entenda tudo sobre crédito privado em nosso artigo Quem tem medo do crédito privado?
Prefixados
Ativos prefixados são aqueles sobre os quais conhecemos, desde o início, exatamente quanto será pago ao final do prazo de investimento (ou seja, no vencimento). Por ser uma taxa fixa, que não é atrelada a nenhum indexador, é benéfica em cenários de expectativa de baixa de juros. Além disso, estes ativos são recomendados para quem busca previsibilidade.
Apesar destes ativos não constarem nas carteiras recomendadas atualmente, dado o cenário base, acreditamos que valha indicar opções que seriam interessantes, em nossa visão, para aqueles que procuram este tipo de remuneração.
As taxas dos ativos do Tesouro Direto variam diariamente. Portanto, é necessário checar a taxa e valor unitário do título no momento da compra, o que pode ser feito através da conta na corretora.
Na categoria de prefixados, optamos por títulos mais curtos, diante do cenário econômico e político particularmente incertos para além de 2022. Títulos prefixados mais longos pagam juros ainda maiores. Mas continuamos a enxergar que a incerteza do cenário parece não justificar o alongamento deste tipo de ativo neste momento.
Como a Selic hoje está em 2%, para que o título seja menos vantajoso que uma aplicação pós-fixada (caixa), a taxa Selic precisaria superar cerca de 7,25% no final de 2022 e 7,75% ao final de 2023. Nos parece um cenário pouco provável. Assim, ainda que estejamos errados e o Banco Central tenha que subir a Selic antes ou mais rapidamente do que o esperado, aos preços atuais o prefixado curto parece uma alternativa bem defendida.
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