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Milei vence eleições na Argentina e enfrentará panorama desafiador no Congresso

A eleição representa uma nova fase na política argentina, que foi dominada pelo bloco peronista ou Juntos por el Cambio na última década

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Ontem, os argentinos votaram no segundo turno presidencial para escolher o sucessor de Alberto Fernández. O libertário Javier Milei venceu o Ministro das Finanças Sergio Massa, marcando uma nova etapa na política argentina. Vale ressaltar que os resultados não foram tão apertados quanto o esperado, com Milei garantindo uma vantagem de quase 12 pontos, o que deve impulsioná-lo durante a transição.

A eleição representa uma nova fase na política argentina, que foi dominada pelo bloco peronista ou Juntos por el Cambio na última década.

O presidente eleito será empossado em 10 de dezembro e, nas próximas semanas, deve fazer nomeações importantes.

Incerteza

Por se tratar de uma figura relativamente nova na política, a eleição de Milei gera certa incerteza, por isso, seu discurso nas próximas semanas e escolhas para o gabinete serão monitorados de perto pelo mercado e pela esfera política.

Milei enfrenta um cenário político complexo com uma nação dividida, sem maioria no Congresso e a necessidade de depender do bloco de centro-direita fragmentado Juntos por el Cambio, além do desafio de lidar com a inflação em 143% e 40% de pobreza.

Propostas dividem opiniões

Vale ressaltar que Milei apareceu na cena política em 2020 após anos como comentarista político e liderando um novo movimento político que eventualmente se tornou seu partido, Libertad Avanza. Ele ganhou destaque com propostas sociais e econômicas que dividiram opiniões, como a dolarização da economia argentina e a eliminação do Banco Central, juntamente com duras críticas aos partidos políticos estabelecidos.

Durante a reta final da corrida, Milei moderou suas propostas e discurso, alinhando-se com a coalizão de centro-direita Juntos por el Cambio e sua candidata, Patricia Bullrich. Manter esse relacionamento será relevante para a governabilidade neste cenário político dividido.

Apesar de desfrutar de um impulso com os resultados de hoje, o diálogo será fundamental. Notamos que Milei fez aceno à centro-direita em seu discurso de vitória, o que foi bem recebido na esfera política. Além disso, já estaria negociando posições em seu gabinete, o que pode consolidar a aliança.

Congresso

Vale destacar ainda que nenhum partido ou coalizão terá maioria no Congresso, tornando a aprovação de iniciativas difícil. Juntos por el Cambio e Libertad Avanza juntos têm 132 deputados na Câmara Baixa, apenas três votos acima da maioria simples. No Senado, os grupos não têm maioria (37) com apenas 32 parlamentares. Os 8 deputados não filiados desempenharão um papel crucial, e a unidade de Juntos por el Cambio será fundamental – embora alcançá-la seja complexo devido a disputas internas.

Na nossa visão, Milei enfrentará um panorama desafiador no Congresso, o que pode levá-lo a focar em medidas que podem ser aprovadas por decisão executiva, como alguns cortes de gastos. As negociações com os sindicatos, que historicamente apoiaram o kirchnerismo, serão outro desafio relevante para o próximo governo.

Economia argentina

O momento econômico da Argentina é, no mínimo, desafiador. O país entrou em um ciclo vicioso de desvalorização acentuada da moeda (peso argentino), alta expressiva da inflação, dívida externa elevada, déficit fiscal crescente e recessão econômica. Atualmente, a inflação está em 143% no acumulado de doze meses, o nível de pobreza ultrapassa 40% da população, o câmbio perdeu mais de 50% de seu valor no último ano, e a dívida do governo acumula 85% do PIB, estando em tendência de deterioração. Além disso, o PIB deve registrar uma contração neste ano e no próximo.

As medidas propostas pelo novo governo têm como objetivo estabilizar a dívida, reconquistar a credibilidade do governo e resolver os problemas da desvalorização cambial e da inflação elevada. No entanto, a implementação dessas medidas não será simples. Além de Milei não ter maioria no Congresso para aprovar novos projetos com facilidade, suas propostas trazem desafios econômicos. Primeiramente, a Argentina não possui reservas de dólares suficientes para adotar o dólar como única moeda em circulação ou fixar algum câmbio contra o dólar. Ademais, ao fechar o Banco Central e dolarizar a economia, a Argentina perderia independência monetária e deixaria de ter controle sobre instrumentos como a definição da taxa básica de juros, utilizada para estimular ou desestimular a demanda agregada, dependendo da situação econômica do país. Portanto, a Argentina passaria a depender da economia dos Estados Unidos e das decisões de seu Banco Central, o Federal Reserve.

Acreditamos que o caminho para estabilizar a economia da Argentina envolve várias medidas de longo prazo, incluindo equilibrar as contas fiscais, reduzir a dependência do país em relação aos empréstimos externos, promover incentivos a investimentos privados e melhorar a competitividade do setor produtivo. Além disso, uma liderança política estável e responsável do lado fiscal seria crucial para a implementação dessas políticas. De toda forma, mesmo se a Argentina seguir este caminho, os objetivos de estabilidade econômica levariam tempo para serem alcançados, em nossa visão. O próprio presidente eleito estimou em 35 anos o tempo necessário para a Argentina voltar a prosperar.

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