1. Temporada de resultados: Mercado segue ajustando os números do 4º trimestre para baixo – Apesar das surpresas positivas, guidances não animam
2. Eleições americanas: Quem está na frente? – Pesquisas e mercados de apostas se movem em direção ao partido Republicano
3. Boeing: Um ano para esquecer – Depois de dificuldades durante o ano, continuidade da greve prejudica ainda mais a empresa
4. McDonald’s: Impacto indigesto – Surto de E. Coli ameaça as vendas da companhia
5. Tesla: Bonança pós tempestade – Empresa entrega resultados que animam os investidores
1. Temporada de resultados: Mercado segue ajustando os números do 4º trimestre para baixo
– Universo: S&P 500
– Progresso: 37% (183 empresas)
– Receita: 50% de surpresas positivas com média de +1,4% (semana anterior = 56% / +1,1%)
– Lucros: 77% de surpresas positivas com média de +6,0% (semana anterior = 76% / +6,2%)
– Setores de destaque:
1) Consumo Discricionário: Com 42% das empresas do setor já tendo reportado seus resultados, o setor chama atenção pela diferença entre seus subsetores. Enquanto lojas de varejo físico, em especial as ligadas a peças automotivas como Autozone e Genuine Parts, tem reportado resultados ruins, as montadoras (GM e Tesla) mostraram lucros mais de 20% acima das expectativas e contribuíram para que o setor apresentasse a maior magnitude de surpresas positivas (+10,3%).
2) Materiais Básicos: O setor segue apresentando resultados fracos. Apenas 44% das empresas reportaram lucros acima das expectativas, com uma média de 1,1% abaixo do consenso.
– Expectativas do Lucro por Ação:
3º tri 2024: US$ 60,05 – Crescimento de +3,2% A/A ; -0,5% desde a publicação da nossa Prévia mas acima dos US$ 59,74 da semana anterior.
4º tri 2024: US$ 62,57 – Crescimento de +13,3% A/A ; -0,9% desde a publicação da nossa Prévia e abaixo dos US$62,88 da semana anterior.
2. Eleições americanas: Quem está na frente?
Resposta curta:
Casa Branca: Trump
Senado: Republicanos
Câmara: Incerto, mas com pequena vantagem para os Republicanos
Resposta longa:
Casa Branca:
As pesquisas nacionais de intenção de votos para presidente começaram a mostrar, pela primeira vez desde agosto, uma corrida empatada entre Donald Trump e Kamala Harris, na média. Em 25/10/2016 Trump estava 5,1 pontos percentuais atrás de Hillary e venceu. Já em 25/10/2020 Trump estava 8,0pp atrás de Joe Biden e perdeu. Portanto, das suas 3 campanhas, 2024 é a que Trump apresenta a melhor performance faltando apenas 10 dias para o pleito.
Mas, como bem sabemos (caso não, vale olhar o nosso guia das eleições presidenciais dos EUA) não é o voto popular que vale, mas sim o colégio eleitoral. Cada estado tem um número de votos e, quem tiver 270 dos 538 votos desse colégio, leva!
E como estão as pesquisas nos Swing States (aqueles que podem ir para um lado ou para o outro!)? Trump lidera em todos os 7 (eram 6 no início da campanha, mas adicionamos a Carolina do Norte pela proximidade das pesquisas). Essa também é a melhor performance de Trump em a 10 dias do pleito em suas 3 participações pois em 2016 liderava as pesquisas apenas na Georgia e, em 2020, em nenhum desses estados.
Para quem perdeu a fé nas pesquisas eleitorais, feliz ou infelizmente, temos os mercados de apostas! Eles também têm seus problemas, como falta de liquidez e acusações de manipulação, mas têm seu valor informacional. No Polymarket.com, talvez o que tenha maior liquidez de todos, Trump reassumiu a liderança em 5 de outubro e não olhou mais para trás, fechando a semana com 64% de chances de vitória.
Em linha com o resultado final (e com as pesquisas), Trump também lidera nas apostas dos Swing States, com probabilidades variando de 54% a 72%.
Senado:
Atualmente, os Democratas têm maioria no Senado dos EUA, com 51 das 100 cadeiras (incluindo os 3 “independentes”). Em 2024, 34 vagas estão em disputa, sendo 11 atualmente com os Republicanos e 23 com os Democratas.
Das 11 cadeiras republicanas em jogo, não há nenhuma que esteja sob um risco grande de virar para o lado democrata. Já o oposto não é verdade: os democratas já dão como praticamente perdida a cadeira de West Virginia, após a aposentadoria de Joe Manchin, Jim Justice (R) deve ser eleito e deixar a casa, no mínimo, empatada em 50 a 50. Em caso de empate, o voto de Minerva fica a cargo do vice-presidente.
Além disso, as pesquisas e os mercados de apostas mostram que há, pelo menos 7 cadeiras democratas em risco, sendo os mais prováveis Montana (com 83% de chances segundo o Polymarket) e Ohio (63%). Há, também, cadeiras em jogo nos Swing States (Nevada, Arizona, Wisconsin, Michigan e Pensilvânia) que podem seguir a tendência das pesquisas para presidente e se tornarem problemas para os democratas.
O Polymarket.com mostra 84,5% de chances de uma maioria republicana em 2025.
Câmara:
A Câmara hoje conta com uma maioria republicana (220 a 212 com 3 vacâncias) e todas as cadeiras estão em jogo. Segundo Cook Political Report, há 25 disputas acirradas (14 atualmente com os republicanos e 11 com os democratas) numa situação inversa ao Senado.
As pesquisas de opinião nacionais mostram uma leve vantagem para os republicanos pela primeira vez desde agosto e o polymarket.com viu uma forte movimentação em prol dos republicanos em outubro, saindo de 38% para 52% de chances de alcançar uma maioria.
3. Boeing: Um ano para esquecer
2024 não tem sido o ano da Boeing. Já no início de janeiro, um Boeing 737 Max 9, operado pela Alaska Airlines perdeu uma porta de saída de emergência em meio a um voo. O incidente (sobre o qual comentamos aqui) instigou investigações de órgãos reguladores sobre a fabricante, que teve que realizar manutenções não agendadas em todas as aeronaves do modelo afetado, gerando atrasos e prejuízos em toda a cadeia da aviação.
O evento gerou um forte impacto financeiro para a Boeing, que teve que incorrer em custos não esperados e reduzir a produção de aeronaves. Em fevereiro, um outro golpe afetou a companhia, quando trabalhadores de seu sindicato passaram a reivindicar aumento de 40% nos salários, que acabou culminando na greve de 30 mil funcionários iniciada em 13 setembro.
Nesta semana, a Boeing divulgou resultados piores que o esperado para o terceiro trimestre de 2024, após pré-anunciar as principais métricas no início do mês e anunciar plano de reestruturação da companhia que inclui corte de 10% do pessoal. Após o anúncio O CEO da companhia, Robert Kelly Ortberg, declarou que “levará tempo para que a Boeing retorne ao seu antigo legado”, mas expressou confiança de que será possível retomar a liderança com o tempo.
No dia da divulgação de resultados, os grevistas votaram contra uma segunda tentativa de acordo com a companhia, que previa aumento de 35% nos salários ao longo de 4 anos, e um aumento imediato de 12%, que representaria um aumento de cerca de US$ 1 bi nos custos anuais da companhia. O sindicato ainda reivindica a volta do plano de pensão original, cortado em 2014.
Agências de risco alertam que a continuidade da greve pode aumentar as chances de um rebaixamento da Boeing para a categoria “junk”. Com os riscos da companhia, situação financeira impactada por custos mais elevados e descasamento de fluxo de caixa devido ao adiamento da produção de novas aeronaves, as ações de Boeing acumulam queda de 40,5% no ano.
4. McDonald’s: Impacto indigesto
Na última semana, o McDonald’s teve seus hambúrgueres Quarter Pounder (conhecido como Quarteirão no Brasil) associados a um surto de E. coli, uma infecção bacteriana que pode causar sintomas como náuseas e vômito, nos EUA. O primeiro caso foi registrado no final de setembro e já afetou pelo menos 49 pessoas, resultando em uma morte. Esse incidente é semelhante ao surto da doença associado ao Chipotle em 2015, no qual mais de 50 pessoas foram infectadas, impactando as vendas da rede por vários meses.
A empresa afirmou que o surto pode estar relacionado às cebolas usadas nos Quarter Pounders e, para prevenir contra outros casos, retirou o ingrediente dos sanduíches e suspendeu sua distribuição nas áreas afetadas. Embora esses casos sejam relativamente raros para o McDonald’s, que se orgulha da robustez de sua cadeia de distribuição, a empresa tomou precauções para mitigar o impacto.
A Taylor Foods, fornecedora das cebolas, declarou que realiza testes frequentes em busca de patógenos e não encontrou vestígios de E. coli, mas, como prevenção, retirou do mercado as cebolas produzidas no Colorado, uma das regiões mais impactadas pelo surto.
Por fim, o McDonald’s deve divulgar seus resultados na próxima terça-feira (29/10), e já alertou que as vendas nos EUA começaram a desacelerar esse ano. Na semana, as ações apresentaram uma queda de -7,6%.
5. Tesla: Bonança pós tempestade
Duas semanas atrás, a Tesla já havia sido destaque em nosso Top 5, após o evento de lançamento do robotaxi, que deixou investidores desapontados pela falta de informações sobre os detalhes técnicos e regulatórios dos novos táxis. Agora, a companhia volta ao radar após uma performance histórica na semana, com uma alta de quase 22% na quinta-feira, adicionando aproximadamente US$ 150 bilhões ao seu valor de mercado.
Esse desempenho positivo foi impulsionado pela divulgação de resultados, que trouxe uma surpresa no lucro por ação graças a uma melhora operacional significativa, apesar de a receita ter ficado abaixo das expectativas. Além disso, Elon Musk, CEO da companhia, fez previsões ousadas para o próximo ano, prevendo um aumento nas vendas de veículos elétricos entre 20% e 30%, além do lançamento de um modelo mais acessível já no primeiro semestre de 2025.
Após a recente preocupação dos investidores com margens pressionadas por preços mais baixos, os resultados e projeções da Tesla conseguiram afastar os temores e animar novamente os acionistas. As ações da empresa fecharam a semana em alta de +22,0%, revertendo uma queda que chegou a ser de mais de 40% em 2024 para uma alta de 8,3%!
Agenda de resultados da próxima semana
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