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Revisamos o preço-alvo do S&P 500 para 4.300 pontos

Revisamos as nossas expectativas para a economia internacional, e uma recessão é mais provável.

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Desde a nossa última atualização, diversos riscos para a economia internacional se materializaram, piorando as perspectivas econômicas. Com a guerra na Ucrânia se prolongando e a inflação ainda muito pressionada, o Federal Reserve (Fed) vem adotando uma postura mais contracionista, sinalizando a necessidade de levar os juros americanos para o campo contracionista. Essa redução de estímulos monetários deve desacelerar a economia global nos próximos anos e ter um impacto negativo para mercados. Nesse relatório, atualizamos as nossas projeções de atividade econômica dos Estados Unidos, e reconhecemos que o cenário continua refém dos desdobramentos geopolíticos.

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1. Elevamos as nossas expectativas de inflação nos Estados Unidos para 2022

Os últimos dados de inflação continuaram surpreendendo as expectativas do marcado, atingindo 8,6% em maio. O núcleo da inflação (aquela que exclui itens voláteis como energia e alimentos) também surpreendeu, mostrando que as pressões inflacionárias persistem, e que começaram a se espalhar para diversos outros setores da economia. Com a persistência da guerra na Ucrânia e medidas de lockdown na China nos últimos meses, os gargalos nas cadeias de produção persistiram por mais tempo do que esperávamos e, portanto, a inflação deve permanecer elevada por mais tempo. Neste contexto, revisamos as nossas expectativas de inflação nos EUA para 2022 para 6,0% (5,5% anteriormente). Para 2023, projetamos a inflação em 3,0%.

2. Esperamos ajustes monetários mais agressivos e que o Federal Reserve leve os juros para o campo contracionista

Anteriormente, acreditávamos que o Fed não teria que levar os juros para o campo contracionista, ou seja, considerado acima do neutro, ao redor de 2,5%, quando os juros não estimulam mas também não desestimulam a economia. No entanto, a persistente alta na inflação está forçando o banco central a tomar um posicionamento mais duro. Em sua última reunião em junho, a autoridade monetária acelerou o ritmo e elevou a taxa de juros americana em 0,75pp, para 1,75%. E, recentemente, o comitê de política monetária vem comunicando a necessidade levar os juros para patamares mais altos para controlar a alta de preços e conter as expectativas de inflação – que, por sua vez, geram inflação futura uma vez que os produtores repassam estas expectativas para os preços de serviços e bens finais. 

Os últimos eventos apontam que é uma certeza que os juros vão ter que continuar subindo. Por outro lado, o presidente do Fed, Jerome Powell, mencionou que “incrementos de 0,75p.p. não serão comuns.”

Portanto, projetamos que o Fed eleve os juros em 0,50% em julho, 0,50% em setembro, e 0,25% em novembro, chegando à taxa terminal de 3,0%. Contrariando as expectativas do mercado – que já está precificando os juros acima de 3,5% em 2023 – acreditamos que a taxa de referência não vai além de 3,0%. Isto porque, até novembro, o consumo e a atividade econômica devem esfriar consideravelmente, reduzindo as pressões inflacionárias e diminuindo a necessidade de juros ainda mais altos. No último trimestre de 2023, o banco central americano deve encontrar espaço para diminuir os juros conforme a inflação se aproxime da meta de 2%.

3. Com os juros mais altos uma recessão se torna provável

No primeiro trimestre de 2022, a economia dos EUA contraiu 1,5%, devido a um forte aumento de importações e à contração de exportações. A expectativa era de que esta tendência se reverteria no segundo trimestre, e que os EUA retomasse o crescimento. Entretanto, as perspectivas pioraram com as expectativa de juros indo para campo contracionista, e os indicadores antecedentes já antecipam uma recessão neste ano. Por exemplo, o índice de acessibilidade financeira imobiliária já mostra uma queda de em torno 25% em um ano, e o índice de confiança do consumidor vem caindo consideravelmente desde abril.

Dessa forma, projetamos uma recessão moderada nos EUA no segundo trimestre de 2022. Devido às condições financeiras mais apertadas, avaliamos que há uma alta probabilidade de uma nova contração na atividade econômica no segundo trimestre – o que levaria os EUA para uma recessão técnica, definido como dois trimestres consecutivos de crescimento negativo. No entanto, acreditamos que esta será uma recessão curta e leve, e que PIB dos EUA retornará ao campo positivo no terceiro trimestre.

O cenário atual é de um esfriamento da atividade econômica dos Estados Unidos e global, e, com isto, revisamos as nossas expectativas de crescimento do PIB para 1,6% (3,0% anteriormente) em 2022 e 1,5% em 2023 (2,5% anteriormente). Em 2024, com juros mais baixos, os EUA devem retomar a um nível mais forte de crescimento.

4. Atualizamos a projeção de preço-alvo do S&P 500 para 4.300 em 2022. 

Começamos o ano projetando o preço alvo do S&P 500 em 4.900 pontos e, no final de abril, revisamos esta projeção para 4.600, devido à persistência da inflação e ao aumento acentuado na taxa de juros de 10 anos dos EUA. Considerando os fatores mencionados acima, estamos ajustando o nosso preço-alvo do S&P 500 novamente para 4.300 pontos. O aumento da aversão ao risco deve impactar a bolsa americana, assim como nos outros países.

No entanto, continuamos otimistas sobre o lucro das empresas, e continuamos a projetar um crescimento de 10% em 2022. A inflação alta, preços de energia elevados e o consumo privado ainda resiliente devem dar suporte ao lucro das empresas. Vale pontuar que o mercado continua precificando os riscos externos, e se houver uma resolução da guerra na Ucrânia, o preço-alvo do S&P 500 voltaria para um nível mais próximo ao anterior.

5. Por fim, para a China, revisamos as expectativas de crescimento de 2022 para baixo, mas o crescimento de 2023 para cima.

As medidas de lockdown tiverem impactos mais fortes do que o esperado na economia chinesa, com quedas acentuadas na produção industrial e no varejo. Com o relaxamento das medidas de restrição, a atividade local deve se recuperar, mas 2022 deve ser um ano mais fraco para o crescimento. Neste ambiente, a China não deve alcançar a meta de 5,5%, e projetamos uma expansão de 3,7% no PIB em 2022 (4,5% anteriormente).

No entanto, a retomada do crescimento da China deve ser mais forte em 2023. Acreditamos que é provável que o governo continue aumentando os estímulos consideravelmente para compensar o esfriamento na atividade. E, portanto, revisamos a nossa projeção de crescimento econômico de 2023 para 5,5% (anteriormente 4,5%).

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