Prévia da temporada de resultados do 4º trimestre de 2023 nos EUA: Esperamos bons números e muita volatilidade

A partir do dia 12 de janeiro, a temporada de resultados do quarto trimestre de 2023 nos Estados Unidos começa a ganhar força. O período, como de costume, iniciará com os grandes bancos como J.P. Morgan, Citigroup e Wells Fargo divulgando os seus balanços. Em termos de projeções, o consenso espera que o S&P 500 apresente alta de 1,6% A/A. A temporada ganha tração na semana do dia 22/01, e atingirá seu pico entre os dias 29/01 e 02/02, quando cerca de 30% da capitalização de mercado do S&P 500 reportará seus resultados.

S&P 500 - O que esperar da temporada?

Os resultados do quarto trimestre de 2023 devem ser mais fortes que o antecipado, uma vez que a barra para as empresas já está baixa, dada a magnitude das revisões dos números nos últimos meses. O mercado antecipa alta de 1,6%, e segue esperando uma forte alta nos lucros para os próximos trimestres.

As previsões econômicas indicam que a economia dos EUA entrou num período de desaceleração no final do ano passado. Após um crescimento robusto de 4,9% no 3º tri, pesquisa realizada pela Bloomberg indica que o PIB cresceu +1,2% no 4º trimestre de 2023, sendo a maior previsão entre os economistas +2,5%, e a menor, -0,1%.

Embora a desaceleração econômica, em maior ou menor magnitude, seja o cenário mais provável para o 4º tri, acreditamos que as empresas seguirão surpreendendo positivamente e reportando números acima das expectativas, assim como foram as últimas duas temporadas de resultados (aqui e aqui).

Em primeiro lugar, o crescimento econômico nominal (real mais inflação) ainda segue em um patamar elevado e, conforme as pressões de custos das empresas cedem, isso é benéfico para as margens operacionais. Um outro ponto em relação às margens é o fato de que as empresas se prepararam para um cenário macroeconômico muito pior do que o realizado em 2023 e os esforços de cortes de custos e otimização de cadeias de suprimentos também impactarão positivamente os lucros.

Além disso, a magnitude das revisões dos analistas nos últimos 3 meses foi bem acima do usual. O número do lucro por ação do S&P 500 para o trimestre está em US$ 53,54, tendo caído 6,5% no período. Muito disso é efeito das mensagens mais negativas dos diretores das companhias quando divulgaram os resultados do trimestre anterior. Caso esse número se concretize, haverá uma queda de 8% do 3º para o 4º trimestre, magnitude observada apenas em períodos de recessão econômica.

Portanto, nossa visão é de que o número estimado que o mercado tem hoje (US$ 53,54) representa uma base de comparação fácil para que as empresas superem. O crescimento anual, portanto, deverá ser acima da expectativa de +1,6%.

Juntamente aos números realizados do trimestre, as empresas anunciarão suas expectativas para o ano de 2024, os chamados guidances. Antevemos muita volatilidade nas ações em função destas divulgações pois esperamos as empresas mostrando números mais cautelosos, dado cenário macroeconômico mais desafiador. Esses desafios incluem (mas não se limitam) a: i) a desaceleração do crescimento econômico; ii) o arrefecimento da inflação (diminuindo o crescimento nominal); iii) a normalização (enfraquecimento) do mercado de trabalho e; iv) as incertezas políticas e geopolíticas globais.

Olhando mais à frente, vemos risco de revisões para baixo dos números de lucro por ação do S&P 500 em 2024. Considerando os desafios macroeconômicos que citamos acima e a baixa variação nas estimativas, que se mantém estáveis ao redor de US$ 243 há alguns meses, entendemos que este crescimento de 11,6% ante 2023 deverá ser revisado conforme as empresas anunciem seus guidances mais cautelosos.

S&P 500 - Detalhamento Setorial

Em termos setoriais, 5 dos 11 setores do índice têm projeções de crescimento de lucros, com destaque para os setores de Comunicações (+41,3%), Consumo Discricionário, (+22,4%) e Utlilidades Públicas (+32,7%). Além desses, o maior setor do índice, Tecnologia, tem uma previsão de crescimento de lucros de +15,5%. Do lado negativo, destacamos os setores de Energia (-29,2%), Materiais Básicos (-21,2%) e Saúde (-21,0%). Vale destacar que, esse número negativo do setor de Saúde é bastante impactado pela Pfizer, que deverá reportar prejuízo relacionado à aquisição da empresa de biotecnologia Seagen em dezembro.

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Principais empresas por setor

Tecnologia

Comunicação

Consumo Discricionário

Bens de Consumo

Saúde

Financeiro

Materiais Básicos

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Industrial

Energia

Imobiliário

Calendário de resultados

Confira aqui o calendário completo da temporada de resultados do quarto trimestre de 2023. Iremos fazer o acompanhamento semanal no nosso Top 5 Temas Globais da Semana.

Divulgaremos notas individuais sobre as principais empresas, confira a cobertura completa:

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