1. Economia americana: No risk free path – Banco central americano corta taxa básica em 25bps e sinaliza outros dois cortes até o final de 2025
2. Nvidia: Batalha contra o dragão vermelho – China proíbe empresas de tecnologia do país de comprarem chips da Nvidia
3. Big Techs: Movimentações no xadrez trilionário – Alphabet atinge US$ 3 trilhões, Musk compra mais ações da Tesla e Nvidia investe na Intel
4. TikTok: 170 milhões de usuários em jogo – Após conversa “produtiva”, prazo para banimento da rede social nos EUA é novamente adiado
5. REITs: A porta de entrada para o mercado imobiliário global – Entendendo conceitos, particularidades e dinâmicas da indústria

1. Economia americana: No risk free path
O Federal Reserve, banco central americano, decidiu cortar a taxa dos Fed Funds em 25 bps, para o intervalo entre 4,0% e 4,25%. O movimento de retomada do ciclo de afrouxamento monetário nos EUA era amplamente aguardado após discurso do presidente da instituição, Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole, que destacou o efeito da deterioração do emprego sobre o balanço de riscos do Fed, superando riscos de aceleração da inflação motivada por tarifas. Em dezembro de 2024, a autoridade monetária havia interrompido o ciclo de cortes diante da persistência da inflação e resiliência da atividade econômica.
Exceto pelo recém-indicado Stephen Miran, que votou por um corte de 50bps, a decisão de cortar 25 bps na reunião de setembro foi unânime. Miran entrou como membro do comitê de política monetária (o FOMC), nessa semana, substituindo Adriana Kugler, com mandato até janeiro de 2026, levando uma visão extremamente dovish ao Fed. Nessa reunião, outro destaque foi a participação de Lisa Cook, que trava batalha judicial contra Trump, que tentou demiti-la.
No resumo das projeções econômicas, divulgado junto ao comunicado que sucedeu a reunião, foi revelado que o comitê espera dois cortes adicionais de 25 bps até o final de 2025, um corte em 2026 e outro em 2027, quando finalmente atingiria a neutralidade. As projeções de atividade foram elevadas para 2025, 2026 e 2027, e as de inflação foram elevadas para 2026, o que traz um elemento hawkish em momento de ampla disparidade entre as visões do comitê.
Na coletiva de imprensa sobre a decisão, Powell anunciou que apesar do corte de juros, o Fed segue com seu programa de redução de balanço (quantitative tightening, QT), ainda que em um ritmo mais lento. Powell deu elementos para justificar a significativa alteração na postura do banco central. De acordo com ele, a política monetária estava “realmente inclinada para a inflação há muito tempo. Agora vemos claramente que há um risco de queda no mercado de trabalho e, portanto, estamos caminhando na direção de uma política mais neutra.” Isso ocorre após uma piora nos dados de emprego, enquanto a inflação não tem avançado como temido. Nesse contexto de incertezas, Powell também afirmou que não há caminhos livres de risco (no risk free paths) para a política monetária.

2. Nvidia: Batalha contra o dragão vermelho
Um novo capítulo na disputa tecnológica entre a China e os EUA foi escrito durante a semana. A Cyberspace Administration of China, órgão responsável pela regulação nacional da internet na República Popular da China, proibiu empresas de tecnologia do país, como Alibaba, Tencent e ByteDance, de adquirirem chips de inteligência artificial da Nvidia. O alvo foi o RTX Pro 6000D, modelo desenvolvido sob medida para o mercado chinês para se aproximar do Blackwell, chip mais moderno da companhia. A medida representa um esforço de Pequim para reduzir a dependência de semicondutores estrangeiros e impulsionar sua indústria local, que já demonstra capacidade de rivalizar com versões adaptadas dos chips da Nvidia.
A reação do mercado foi imediata: as ações da Nvidia chegaram a cair até 3% após a notícia e acumularam queda de -0,7% na semana, e o CEO Jensen Huang afirmou estar “desapontado”, ainda que compreensivo com os desdobramentos da agenda entre os países. O episódio ocorre poucos meses após um acordo inédito em que a empresa se comprometeu a repassar 15% de suas vendas na China ao governo americano em troca de licenças de exportação. Toda a narrativa mostra como a Nvidia segue no centro da disputa comercial e tecnológica entre EUA e China.
Apesar do barulho, a Nvidia já havia tentado antecipado a esse cenário. No último guidance divulgado, a empresa não considerou vendas para a China, alertando o mercado quanto ao impacto do risco regulatório para vendas. Porém, apesar do conservadorismo refletido no anúncio, o chip afetado na proibição foi o RTX 6000D que, como já havíamos comentado, foi produzido sob medida para o mercado chinês. Essa postura reflete uma estratégia de prudência: com a maior parte da demanda global por chips de IA concentrada em clientes ocidentais e contratos multibilionários com empresas como Microsoft, Google e OpenAI, a companhia conseguiu de certa forma mitigar o impacto da proibição sobre suas ações diante de choques geopolíticos.
Com isso, seguimos com visão construtiva para a Nvidia. A empresa mantém vantagens competitivas robustas, seja pelo acesso privilegiado às GPUs mais avançadas, seja pela profundidade de seu ecossistema em inteligência artificial. Além disso, o backlog de contratos globais continua em trajetória ascendente, sustentando a narrativa de crescimento estrutural. Nesse contexto, a proibição chinesa reforça a importância para a companhia de políticas locais, mas não altera o papel central da Nvidia na base da cadeia e como fornecedora essencial da corrida da IA, posição que deve continuar sustentando crescimento no longo prazo.

3. Big Techs: Movimentações no xadrez trilionário
As Big Techs seguem em posição de destaque nesta semana, com marcos simbólicos e movimentos estratégicos que reforçam tanto as oportunidades quanto as tensões no setor. Alphabet alcançou o seleto clube dos US$ 3 trilhões em valor de mercado, sendo a quarta empresa do mundo a atingir o marco. Elon Musk, por sua vez, comprou US$ 1 bilhão em ações da Tesla, num gesto de confiança em meio a pressões crescentes. E a Nvidia adicionou surpreendeu ao investir US$ 5 bilhões na Intel, oferecendo um fôlego inédito à quem já foi a gigante dos chips.
No caso da Alphabet, o feito histórico veio impulsionado por uma combinação de fatores: otimismo em torno da inteligência artificial, resultado favorável em caso antitruste e performance de 32% das ações no ano, a melhor entre as Magnificent 7. O alívio regulatório, ao permitir que a companhia mantivesse ativos estratégicos como o Chrome e o Android, reduziu incertezas e deu suporte ao avanço do preço das ações. Esse marco, pouco mais de 20 anos após o IPO do Google, sinaliza como a empresa tem conseguido inovar e ampliar horizontes além do motor de busca, agora com o Gemini no centro da estratégia em AI.
A Alphabet faz parte da Carteira Top Ações Globais XP
Já Elon Musk seguiu nas manchetes ao adquirir cerca de 2,5 milhões de ações da Tesla, sua maior compra em valor desde 2020. A operação ocorreu logo após a proposta de um pacote de compensação que pode, em cenário de execução total, transformá-lo no primeiro trilionário da história. Embora a compra tenha sido vista como um voto de confiança, ela acontece em um momento de desafios: vendas mais fracas, desgaste de marca e crescente competição no setor de veículos elétricos. Ainda assim, a notícia trouxe impulso imediato às ações, que subiram +7,6% na semana.
Por fim, a Nvidia surpreendeu ao anunciar uma participação de US$ 5 bilhões na Intel, equivalente a cerca de 4% da companhia. O movimento, considerado “histórico” pelo CEO Jensen Huang, vem acompanhado de uma parceria para o desenvolvimento conjunto de CPUs para data centers e PCs, capazes de se integrar diretamente às GPUs da Nvidia. A notícia impulsionou as ações da Intel, que dispararam +22,8% na semana, oferecendo uma rara vitória ao novo CEO Lip-Bu Tan e reposicionando a empresa na corrida da inteligência artificial. O pacto também levanta riscos competitivos para TSMC e AMD, que até o momento vinham ganhando terreno no cenário global.
A Nvidia faz parte da Carteira Top Ações Globais XP
Esses movimentos reforçam como o setor segue sendo o principal motor dos mercados, unindo marcos simbólicos a decisões estratégicas que moldam a disputa pela liderança em tecnologia e inteligência artificial. Entre o patamar histórico da Alphabet, confiança pessoal de Musk na Tesla e aposta da Nvidia em revitalizar a Intel, os eventos da semana mostram que, mesmo em diferentes frentes, a capacidade das Big Techs de ditar o ritmo dos mercados permanece intacta.

4. TikTok: 170 milhões de usuários em jogo
Depois de meses de idas e vindas, a saga do TikTok nos EUA ganhou novos desdobramentos: Trump e Xi tiveram uma ligação “produtiva”, e o presidente americano disse que o líder chinês aprovou um acordo que manteria o app funcionando no país. A reunião entre os dois está prevista para a cúpula da APEC, na Coreia do Sul, e o banimento da rede social nos EUA foi novamente adiado, agora para 16 de dezembro. Por trás das cortinas, uma lei validada pela Suprema Corte exige a venda da operação americana sob pena de proibição, o que seria um tema sensível para um app com ~170 milhões de usuários no país.
Ainda é incerta a forma como a história terminará, mas uma parte do desfecho foi acordada: a operação dos EUA ficaria sob um consórcio de investidores domésticos, incluindo Oracle, Silver Lake e Andreessen Horowitz, que iriam deter cerca de 80% de participação e um conselho majoritariamente americano (com assento indicado pelo governo). A China sinalizou aceitar licenciar, mas não transferir, a “receita secreta” do algoritmo. Usuários migrariam para um app específico dos EUA, e a Oracle manteria o hosting de servidores. Os EUA, porém, querem separar de fato a operação da ByteDance, e há ceticismo no Congresso sobre qualquer dependência contínua do algoritmo.
O arranjo também tem peso diplomático. Segundo o Tesouro dos EUA, o acordo preliminar foi desenvolvido em negociações em Madri e, sem ele, sequer haveria encontro entre Trump e Xi Jinping. O presidente americano, que já chegou a defender o banimento do app, mudou de postura: agora vê o TikTok como um ativo político importante, especialmente pela sua força entre os jovens eleitores. A China, por sua vez, classifica a solução como “ganha-ganha” e pede ambiente “aberto e não discriminatório” para empresas chinesas. Por outro lado, a batalha está longe de ser trivial: o TikTok chegou a “sair do ar” brevemente quando a lei entrou em vigor, e o prazo para desinvestimento já foi prorrogado quatro vezes enquanto se busca uma saída que atenda às exigências de segurança nacional.
Olhando para frente, reportagens falam em 30 a 45 dias para o fechamento do acordo, mas persistem dúvidas sobre como o TikTok “US” dialogará com a rede no restante do mundo, que segue sob o controle da ByteDance. Pela lei americana, não pode haver cooperação direta com a controladora chinesa, enquanto Pequim trata o licenciamento como tecnologia sensível que precisa de aval. Na prática, isso pode resultar em uma versão simplificada do software, com impacto na experiência dos usuários. Ainda assim, o modelo proposto mantém o app funcionando no mercado americano, sob regras locais, com a Oracle garantindo a infraestrutura nos bastidores.

5. REITs: A porta de entrada para o mercado imobiliário global
Os REITs se consolidaram como um dos principais veículos globais de investimento em imóveis, oferecendo liquidez, diversificação e acesso a um mercado que historicamente esteve restrito a grandes investidores institucionais. Sua evolução ao longo das últimas décadas reflete mudanças estruturais no setor imobiliário, marcadas por transparência, regulação e crescimento robusto.
Com isso, buscamos apresentar os conceitos fundamentais, particularidades e dinâmicas que tornam os REITs uma classe de ativos singular dentro do universo de equities.
- O que são REITs: Veículos de investimento criados nos EUA, os REITs têm o objetivo de democratizar o acesso ao mercado imobiliário para investidores de menor porte, distribuindo os resultados proporcionalmente à participação de cada investidor;
- REITs x FIIs: Para o investidor brasileiro, a comparação natural dos REITs é com os FIIs. Embora ambos tenham o mesmo objetivo suas estruturas e dinâmicas possuem diferenças, impactando a governança, responsabilidades fiduciárias e processos decisórios;
- Dinâmica da Indústria: Desde sua criação, os REITs passaram por transformações significativas. A partir dos anos 1990 o setor experimentou um crescimento robusto e ganhou ampla aceitação, porém sofreu reajustes, principalmente em termos de alavancagem, após a crise de 2008;
- Monitoramento de REITs: Embora fatores qualitativos sejam fundamentais, é igualmente importante observar seus principais indicadores, e para isso montamos um monitor para acompanhar os principais números.
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