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Otimismo com cautela: Perspectivas por Classe de Ativo | Outubro 2023

Perspectivas de alocação e comentários por classe de ativo para os investimentos do mês de outubro de 2023.

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Em nossas carteiras recomendadas de alocação (“carteiras por perfil“), definimos mensalmente os percentuais sugeridos para investimento por classe de ativo de acordo com cada política de investimentos, sendo que cada política, por sua vez, tem um objetivo de risco (volatilidade) e um horizonte de investimento.

Abaixo as alocações sugeridas por classe de ativo para cada política de investimentos para o mês de outubro de 2023:

Esses percentuais de alocação por classe de ativo tem um componente estrutural, com base em retornos esperados de longo prazo (3 a 5 anos) e são revisados ao menos a cada 12 meses. Entretanto, uma outra parcela dessa alocação pode ter um componente tático, de curto e médio prazos, olhando para 3 a 6 meses a frente e que são revisados e sugeridos mensalmente com base nas discussões do Comitê de Alocação.

Essas perspectivas de alocação por classe de ativo de curto e médio prazos podem apresentar 3 qualificações possíveis:

  • Positiva – sugere uma sobrealocação para aquela classe de ativo em relação ao percentual definido em cada carteira
  • Neutra – sugere uma alocação em linha para aquela classe de ativo, ou seja, igual ao percentual definido em cada carteira
  • Negativa – sugere uma subalocação para aquela classe de ativo em relação ao percentual definido em cada carteira

Perspectivas de alocação por classe de ativo

Alguns dos destaques do mês:

  • > Estamos alterando gradativamente o mix entre Renda Fixa e Renda Variável nas carteiras, começando a tomar mais risco principalmente nos portfólios de perfil Moderado e Agressivo;
  • > Na renda fixa, os cortes de juros a frente sugerem que os percentuais entre pós fixado, prefixado e inflação deverão ir mudando, com maior propensão a reduzir o pós, aumentar inflação e ser tático com prefixado;
  • > Estamos também ajustando o mix de exposição entre ações e fundos imobiliários, que têm sido duas das nossas preferências para exposição a risco no cenário de redução de juros no Brasil. No atual cenário, os FIIs vem ganhando relevância por estarem menos suscetíveis a riscos globais, estando muito mais ligados a riscos locais, o que pode ser positivo especialmente em um momento em que o maior detrator dos preços dos ativos parece ser o cenário global;
  • > As recentes altas recentes nas taxas de juros americanas começam nos deixar mais confortáveis em promover mais um aumento em RF Global, não sem riscos no curto prazo, porém vai ficando cada vez melhor, ao nosso ver, a relação risco x retorno desse tipo de alocação, ainda mais em instrumentos (títulos e fundos) com menor propensão a exposição elevada em ativos high yield;
  • > Vale destacar a exposição em ouro dolarizada que vem ganhando relevância nas carteiras como proteção em caso de um cenário alternativo que leve a economia americana e, provavelmente, as economias globais, a um pouso forçado.

Na tabela abaixo estão as perspectivas de alocação por classe de ativo de curto e médio prazos para o mês de outubro de 2023:

Comentários gerais por classe de ativo

RENDA FIXA LOCAL

Pós-fixado – com a Selic em 2 dígitos ao menos até 2024, ao menos segundo o nosso cenário, essa parcela continuará sendo a maior exposição das carteiras de perfil conservador, porém a medida que a taxa de juros for para baixo do atual patamar de 12,75%, os tais “1% ao mês” que muitos investidores buscam nessa parcela já não serão possíveis somente com alocação em Tesouro Selic e ativos que rendam 100% do CDI, o que exigirá, para quem quiser manter esse nível de retorno na parcela mais conservadora dos investimentos, a adição de algum tipo de risco, seja ele de contraparte (bancário ou crédito), prazo (alongando vencimentos) e/ou crédito privado.   

Inflaçãocontinua sendo o indexador predileto para tomarmos algum risco de prazo (duration) na renda fixa, inclusive é a maior exposição em renda fixa das carteiras mais agressivas (Energética e Destemida). Reforçamos essa convicção ainda mais agora que a parcela prefixada das taxas desses títulos voltou a ficar em patamares mais atrativos e o carrego da parcela pós-fixada (IPCA) parece mais interessante do que nos últimos meses em que a inflação oficial esteve abaixo de 4% a.a., pois ao menos no curto prazo vemos poucas chances do IPCA ficar abaixo dos 4 a 5% ao ano.  

Prefixado – após uma forte redução do prêmio de risco na curva de juros nominal, especialmente entre abril e julho de 2023, de lá para cá, maiores riscos globais e locais seguem embutindo novamente prêmio na curva, principalmente nos vencimentos longos (acima de 2027), mas ainda não parecem suficientes para ficarmos animados de forma estrutural com essa alocação como estávamos há meses atrás. Para esse mês inclusive fizemos uma pequena redução na exposição em prefixados na maioria das carteiras. O atual cenário requer um posicionamento mais tático e oportunístico com prefixados, por entendermos que cortes adicionais aos que estão precificados na curva ficaram menos prováveis. Na dificuldade de identificar taxas atrativas nos títulos públicos nos vencimentos mais curtos (até 2 anos), que seriam nossa preferência, títulos bancários e privados de bons emissores podem ser uma opção, prezando por selecionar emissores de boa qualidade;

Crédito Privado – após alguns meses com os spreads fechando, tanto em CDI quanto em IPCA, é inegável que vai sendo reduzido o espaço para grandes fechamentos desses prêmios de crédito, ao menos no curto prazo, ainda mais se considerarmos a piora do cenário global e local, que gera uma maior aversão a risco. Por outro lado, a melhora dos mercados primário e secundário seguem em curso, o que contribui para seguirmos construtivos com a classe até mesmo para captura de ganhos de curto/médio prazos via títulos e/ou via fundos. A seletividade e diligência na escolha dos emissores do título deve continuar alta, assim como na seleção dos gestores e fundos de crédito.

RENDA FIXA GLOBAL

Se por um lado as recentes aberturas na curva de juros americana e, consequentemente dos demais países desenvolvidos, traz marcações a mercado negativas para os detentores desses títulos no curto prazo, por outro, passam a embutir cada vez mais prêmio a títulos de renda fixa global, tornando-os mais atrativos. Vale destacar que os riscos ainda são diversos tanto para os vencimentos curtos (inflação e política monetária) quanto para os longos (cenário fiscal americano), porém vai ficando cada vez melhor, ao nosso ver, a relação risco x retorno desse tipo de alocação, ainda mais em instrumentos (títulos e fundos) com menor propensão a riscos elevados em ativos high yield.

Reforçamos ser essa a nossa exposição predileta para investimentos internacionais, tendo atualmente maior participação, nas carteiras conservadoras e moderadas, do que a renda variável global.

MULTIMERCADOS

As alocações nessa classe só não estão presentes na carteira mais conservadora (Precavida), pois acreditamos na eficiência dos Multimercados em manter ou até reduzir a volatilidade das carteiras pela sua baixa correlação, no geral, com a renda fixa e com a renda variável. Entretanto, acreditamos que exista um limite até onde as carteiras extraem esse efeito positivo, o que faz com que evitemos estar muito acima dos 25% de exposição em qualquer uma delas.

Com os fundos Macro ainda tendo um ano difícil, vale lembrar que historicamente os gestores brasileiros têm janelas de retorno bastante acima do CDI e IPCA, quando olhamos em horizontes maiores do que 4 a 5 anos, o que acreditamos ser o ideal para análise desse tipo de investimento. Até mesmo por esse motivo, desencorajamos a tentar acertar o momento certo de investir em um fundo multimercado.

RENDA VARIÁVEL LOCAL

Como é de conhecimento quase geral, os mercados, principalmente a bolsa, tende a antecipar movimentos dos mercados. No caso da bolsa brasileira, o primeiro sinal de que o mercado já precificava um início de ciclo de cortes na taxa de juros foi no início de março, e de lá para cá o Ibovespa já valorizou mais de 10%.

Mesmo com esse movimento já tendo sido expressivo e com as lateralizações ou até quedas em várias das ações da bolsa nas últimas semanas, entendemos que ainda há espaço para a valorização do Ibovespa e de muitas das ações brasileiras daqui para frente. Olhando dados históricos, vemos que a trajetória dos retornos é ascendente mesmo alguns meses depois desse 1º sinal de ciclo de corte. Vemos a performance do ciclo atual mais recente, como uma pausa, e não uma mudança na tendência.

No entanto, nesse momento, a divergência nos comportamentos históricos dos setores torna desafiador prever quais ações continuarão a manter sua trajetória de alta nos preços. Portanto, seguir atento ao “stock picking” de boas empresas a preços descontados, se faz ainda mais mandatório. Escolher carteiras de ações, automatizadas ou não, e bons gestores de fundos, é uma alternativa de se expor de forma profissional a esse mercado.

RENDA VARIÁVEL GLOBAL

As bolsas globais tiveram um mês duro em setembro e que pode ser o início de uma realização nos preços desses ativos que até o momento, em 2023, vinham ignorando os juros elevados e as economias em desaceleração, principalmente as bolsas americanas. Uma série de fatores têm o potencial de desacelerar a principal economia do mundo, podendo puxar para baixo o crescimento nos trimestres a frente, e junto, poderia trazer para baixo as revisões de expectativas do mercado: (i) a queda na renda disponível das famílias; (ii) o aumento dos preços de combustíveis exercem pressão sobre preços, expectativas e juros; (iii) perspectivas de um shutdown do governo americano, causando uma ineficiência na economia que pode custar cerca de 0,15pp para o PIB dos EUA a cada semana; e (iv) onda de greves paralisando atividades em diversos setores, causando perdas disseminadas pela economia americana.

Assim, com esses fatores e a continuidade das altas dos títulos do tesouro americano de 10 e 30 anos, que seguem atingindo suas máximas em 15 anos, entendemos que é e será natural um ajuste nos preços as ações americanas e globais, pois como temos dito, existe uma tendência de reprecificação (para baixo) nos preços dos ativos de risco com as Treasuries nos atuais patamares já elevados e podendo subir.

Cautela na exposição internacional, principalmente para posições de curto/médio prazo. As prováveis realizações dos mercados, podem trazer pontos de entrada interessantes para ativos que vinham bastante caros, principalmente para quem tiver horizonte de investimento mais longo. Vale dizer, que estamos aumentando e privilegiando a exposição em renda variável global em dólar, por acreditar que o dólar, depois de ter depreciado bastante recentemente, pode ter desempenho melhor a frente, especialmente no caso de um pouso mais forçado das economias globais.  

ALTERNATIVOS

Vale destacar a exposição em ouro dolarizada que vem ganhando relevância nas carteiras como proteção em caso de um cenário alternativo que leve a economia americana e, provavelmente, as economias globais, a um pouso forçado, ou seja, uma desaceleração mais aguda, o que não é o nosso cenário base atual. Nesse caso, entendemos que essa exposição deve se beneficiar, obtendo retornos positivos enquanto uma parcela da carteira estaria com desempenho negativo. 

Entretanto, temos utilizado a maior parte desse orçamento de risco para realizar operações táticas ou temáticas através de instrumentos mais líquidos. Esse é mais um mês em que aumentamos a exposição a essa classe principalmente para utilizarmos com investimentos em fundos imobiliários de tijolos, diversificando entre os 3 principais setores da nossa preferência: galpões logísticos, shoppings e lajes corporativas.

Esse tipo de estratégia não invalida a alocação estrutural em fundos ilíquidos como os de Private Equity e Venture Capital, que reduzem a volatilidade do portfólio e oferecem retornos esperados elevados no longo prazo. A escolha do gestor e do fundo se faz primordial ainda mais nesse tipo de investimento, pois no universo de fundos de PE e VC é o fiel da balança entre estar nos melhores veículos ou ter desempenhos medíocres ao longo dos anos.

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