Semanalmente, aos sábados, um novo episódio do Outliers é divulgado nos agregadores de podcasts. Até aí, sem novidades. As boas novas são que os episódios passaram a ser transmitidos também em vídeo no Youtube da XP e que o time de analistas da XP passou a cobrir esses episódios para serem publicados em um relatório, como esse, que se aprofunda mais ainda em informações e detalhes sobre a gestora e/ou sobre o(s) fundo(s) discutido(s) em cada episódio. Nosso objetivo é ir mais fundo para ajudá-lo na análise desses produtos, por isso apresentamos o “Indo a Fundo no Outliers”.
Aproveitaremos a grande qualidade dos assuntos abordados e escolheremos um para analisarmos a fundo. No caso desta versão discorremos com mais detalhes sobre as diferentes estratégias de operação da Riza Asset, que tem como sócio fundador Daniel Lemos, gestor recebido no 50° episódio do Outliers.
Conheça com mais detalhes a filosofia de investimentos da Riza Asset e a combinação de cinco núcleos de gestão no fundo Riza Meyenii 180 Advisory FIC FIM CP
Conheça a Riza Asset
Sendo uma gestora de produtos alternativos, a Riza Asset conta com mais de R$ 10 bilhões sob gestão e 8 diferentes estratégias em seu portfólio. Além disso, seu foco de atuação é em operações estruturadas no mercado de Renda Fixa e de Crédito. Mas para além das estratégias, conhecer a história da Riza Asset vai ajudar a entender a sua razão de existir, e compreender toda estrutura atual e diversidade de produtos que possui.
O fato de ter sido fundada em janeiro de 2020, em um período que antecedeu uma das crises mais rápidas da história, é um ponto que merece destaque. Já a resiliência foi um fator mais do que necessário para a execução de todo plano de negócio da gestora. A Riza, que tem seu nome derivado do grego “raízes”, ao se deparar com as incertezas geradas pelo COVID-19, precisou de fato se voltar para a base da sua estrutura para superar todos desafios e capturar oportunidades que surgiram no decorrer do ano.
Daniel Lemos, sócio fundador da Riza, compartilhou durante o episódio do Outliers, que o planejamento da Riza foi feito ao longo do ano de 2019, e o objetivo inicial era trazer para o mercado brasileiro um conceito de produtos que não competem com a indústria tradicional, se diferenciando através da inovação de estratégias.
Aqui vale trazer um conceito muito interessante em relação ao símbolo da gestora, que pode ser dividido em duas partes, sendo a parte central relacionada aos pilares da gestora, que são três: talentos, tecnologia e comportamento ético. E a parte externa está relacionada aos seus princípios que são cinco no total: transparência, colaboração, geração de valor, atitude e transformação.
“Primeiro as pessoas, depois o produto”
Daniel Lemos
Um outro ponto de destaque na criação da Riza, é que diferente de boa parte das gestoras, a Riza não nasceu com um pipeline de fundos, e sim com um plano de núcleos de gestão, que foi transformado em uma busca por profissionais alinhados a cada uma das estruturas montadas. Dessa forma, o foco inicial foi na seleção de pessoas, muito alinhado a um dos seus pilares, o de talentos.
A montagem do que seriam os times levou em consideração as (i) áreas de atuação que eles acreditavam que teriam escala, a (ii) competitividade dentro da indústria de fundos e por fim, a (iii) criação de áreas que fossem complementares de alguma forma, e como resultado desse planejamento, a Riza atualmente é dividida por diferentes núcleos de gestão.
Núcleos de gestão
Inicialmente, foram estruturados 5 núcleos de gestão, bem na linha de montar estruturas diferentes das já encontradas no mercado tradicional. A ideia de trazer complementariedade nos núcleos surgiu com o objetivo de montar um ecossistema que conseguisse gerar produtos descorrelacionados e que fizessem uma composição eficaz na carteira dos investidores.
Além disso, de acordo com Daniel Lemos, o objetivo é expandir, até mesmo para estratégias mais tradicionais de renda variável, multimercados, infraestrutura, inclusive eles já anunciaram a criação de um novo núcleo, o de Venture Builder que terá como foco investimentos em empresas criadas do zero, ou seja, investimentos em planos de negócios. O núcleo ainda está sendo estruturado, mas abaixo você pode conferir o funcionamento de cada uma das estruturas já existentes na Riza.
Renda fixa
O núcleo de Renda Fixa busca contratos não sob a ótica de alocação, mas sim, de geração de alfa. Onde será operado o custo do dinheiro, ou seja, os juros dos títulos operados. A Riza possui um olhar focado em fluxo, monitorando o fluxo do mercado, para absorver percepções e por fim, fazer preço. Essas operações podem ser diretamente de empresas, bancos e até mesmo do governo.
Dentro das estratégias do núcleo de renda fixa é possível ver os investimentos em títulos de renda fixa high grade, ou seja, focados em empresas de grande porte e boa qualidade de crédito, títulos de renda fixa high yield com investimentos em empresas que estejam em um processo de amadurecimento, ou que estejam com maior alavancagem, investimentos em FIDCS, CRAs, CRIs e debentures, além de aplicações em emissões de empresas brasileiras no mercado internacional, estruturas de hedge ou táticas nos mercados de juros e câmbio.
Direct Lending
A tradução direta para o termo significa “empréstimo direto”, porém vale pontuar que dentro desse núcleo a gestora não atua como um banco, mas sim na analise junto com o parceiro estruturador do contrato. Onde é feita uma análise do time de gestão, donos, sócios, de toda estrutura da empresa, a fim de criar uma estrutura de divida adequada para a instituição mas de também traga retornos para os cotistas.
Dentro desse núcleo também é possível encontrar operações com “Kicker”, ou seja, atribuição de um prêmio de rentabilidade se o case for bem-sucedido. Se a empresa for bem, quem emprestou o dinheiro ganhará um adicional por isso.
Securitização e carteiras
Aqui estão contidas operações cujo risco de crédito é pulverizado, como contratos, loteamentos, carteiras de recebíveis. Nesse caso, eles não olham o crédito no micro, ou seja, devedor por devedor. A análise será feita de forma estatística, olhando para o empreendimento, garantia, performance de carteira, pagamento dos mutuários, entre outros. A partir dessa análise, é feita a aquisição das carteiras. Esses investimentos são tanto para serem mantidos até o vencimento no fundo quanto podem servir para emissão de outras estruturas de crédito como CRIs, debentures, entre outros.
Agronegócio
Operando tanto na compra de terras, quanto emprestando para produtores. Em geral, a Riza busca operações ligadas a soja, milho e algodão, de olho na liquidez e estabilidade que esses ativos oferecem.
Nesse núcleo as soluções e estratégias podem ser tanto o empréstimo para gestão do endividamento (custeio de safra, estocagem, antecipação de fornecedores, entre outros), empréstimos para investimentos (expansão de produção, construção de benfeitorias, investimentos em solos, entre outros), financiamento para aquisição de bens e aquisições de terras agrícolas.
Vale pontuar que dentro da estratégia de aquisição de terras da Riza, são três diferentes métodos utilizados, como o (i) sales-leaseback, através do arrendamento, de longo prazo (ii) financiamento e aquisição com arrendamento para terceiros e por último (iii) simples aquisição, sem opção de compra ao parceiro.
Venture Debt
Visa fornecer crédito para empresas que usam tecnologia de forma intensiva, e nesse caso a Riza se trata de uma casa agnóstica quanto ao setor, o que conta é a base tecnológica. O uso de tecnologia pode ser no modelo de negócio, aplicação de um software, construção de um software, entre outros.
Dentro desse núcleo são três diferentes estratégias, sendo a de (i) endividamento, com soluções de curto prazo através de operações para capital de giro, (ii) investimentos, através do fomento ao crescimento, já que essas empresas precisam de investimentos robustos na base tecnológica, e por último (iii) créditos estruturados, através de operações de longo prazo e custo competitivo.
Com o objetivo de trazer a contribuição de cada um desses núcleos dentro da gestora, vamos detalhar a estratégia Riza Meyenni, que reúne as 5 principais estratégias da casa, confira a seguir.
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Riza Meyenii 180
Lançado em março de 2020 o fundo é exclusivo para investidores qualificados e possui uma aplicação mínima de R$ 5.000,00. O 180 que leva o nome do fundo se refere ao seu prazo de liquidez que é de D+180 para cotização e D+1 para liquidação. Sendo o principal produto da Riza, o Riza Meyenii 180 reúne os 5 principais núcleos de atuação da gestora: Renda Fixa, Direct Lending, Securitização e Carteiras, Agronegócio e Venture Debt.
Desde o início (31/03/2020), o Riza Meyenii 180 acumula um retorno de resultado de +20,01%, contra retorno do CDI de +7,74% para o mesmo período. No longo prazo o objeto de retorno do fundo é de CDI + 4.5% a 5,5%. Abaixo é possível conferir a evolução de alocação do fundo por núcleo de gestão.
Um fato interessante é que desde o início do fundo sua maior alocação é em Direct Lending (linha cinza), ou seja, empréstimos diretos, perceba a evolução no decorrer do tempo de outras estratégias como a de Venture Debt (linha azul claro) e de Securitização e Carteiras (linha laranja). Além de uma posição consistente em Agronegócio (linha amarela) Abaixo é possível conferir a atribuição de performance para cada estratégia.
Excluindo custos e despesas, a célula de agronegócio contribuiu com 10,7% da rentabilidade do fundo, Allocation foi responsável por 26,1%, Direct Lending, como vimos anteriormente é a maior posição e tem uma atribuição de 34,6% de rentabilidade sendo a maior entre os pares, enquanto Renda Fixa e Securitização, tiveram uma atribuição de 9,2% cada, por fim Venture Debt contribuiu com 10,2% da performance da carteira.
Aqui vale um ponto de atenção que é a importância gestão ativa desse fundo, onde podemos ver a variação de estratégias no portfólio ao longo do tempo, que será traduzida em retornos para os cotistas. Além disso, é importante frisar o horizonte de investimento do fundo, que é recomendado para longo prazo, tendo seu horizonte de investimentos alongado como uma das características principais do fundo.
Uma visão de longo prazo
Não é novidade que o investidor brasileiro tem avançado consideravelmente na compreensão da dinâmica do mercado financeiro. Isso pode ser visto através do crescente interesse no mercado acionário, além do surgimento de produtos com o horizonte alongado. Mas de certo que existe um longo trabalho a ser feito, para que a alocação da carteira do investidor esteja cada vez mais alinhada a seus objetivos.
O sucesso de uma carteira de investimento estará vinculado, a estratégia, alinhamento e expectativa de retorno. Este último, não pode vir sem o segundo pilar: alinhamento. Além disso, a relação retorno x risco x prazo precisa estar nessa equação de sucesso, já que ao fazer uma alocação o planejamento precisa existir na carteira do investidor.
“Nada acontece no timing que você deseja”
Daniel Lemos
Sendo uma das maiores lições que o Daniel Lemos já recebeu, essa compreensão auxilia na estruturação das operações da Riza, que buscando transparência em suas estratégias de investimentos, compartilha em seu site o retorno-alvo no horizonte de longo prazo. Aqui temos um ponto importante que foi tocado no episódio por Daniel Lemos, sobre como o investidor brasileiro e o próprio mercado financeiro tem migrado para ativos de longo prazo. Esse movimento acontece das duas pontas, do investidor que entendeu que ao deixar seus recursos em ativos de curto prazo receberá taxas menores, e das instituições que passaram a oferecer estruturas de créditos mais alongadas dado a necessidade das empresas.
Por fim, já tratamos anteriormente sobre os ativos alternativos em sua carteira, e reforçamos que é de vital importância conhecer o seu perfil, entender as estratégias existentes e manter diversificação de ativos. Vale ressaltar que produtos descorrelacionados auxiliam nessa composição, trazendo maior estabilidade para a carteira do investidor.