Panorama Mensal
Agosto foi mais um mês turbulento para a indústria de fundos, que atravessou um ambiente marcado por uma série de choques negativos, principalmente vindos do cenário internacional. Entre os principais fatores que afetaram as condições de mercado, figuraram o aumento subtancial da percepção de risco na Argentina, os dados econômicos piores que o esperado na Ásia e Europa e o acirramento do conflito comercial entre EUA e China.
Apesar do ambiente um pouco mais hostil, no entanto, a indústria de fundos local registrou captação líquida positiva no período de R$ 6,2 bilhões, segundo dados da Anbima. O destaque ficou por conta das classes de Ações e de Multimercados, que também lideram a captação líquida da indústria no acumulado em 12 meses, com um fluxo positivo da ordem de R$ 100 bilhões. Isso ilustra a busca dos investidores por produtos com maior potencial de retornos (e também com mais riscos), diante de um quadro que indica que teremos juros baixos no país ainda por um longo período.
No mês, o Índice de Fundos Multimercados da Anbima (IHFA) teve performance levemente acima do CDI, de 0,52% (104% CDI). Entre os fundos que compõem o índice, houve dispersão elevada de retornos, indício de que a tomada de decisão entre os gestores esteve menos consensual do que em meses recentes, quando era mais claro um posicionamento otimista generalizado.
Fundos Macro
Os ativos locais foram fortemente contagiados pelo pessimismo advindo do cenário externo.
Diante desse quadro, o dólar teve valorização expressiva contra moedas de países emergentes em geral, e beneficiaram-se os gestores que estavam posicionados na compra da moeda.
Das estratégias que compõem o índice IHFA, 30% tiveram retorno no campo negativo e cerca de metade conseguiu entregar retornos acima do CDI.
Aumento das taxas no mercado futuro de juros mostra dúvida dos gestores quanto à intensidade de novos cortes da Selic pelo Banco Central.
Gestores reduzem as projeções para a taxa Selic ao final do ano.
Mesmo com a economia combalida e a inflação sob controle, o cenário externo negativo e a consequente alta do dólar podem reduzir o espaço para os cortes de juros. A expectativa majoritária do mercado para a próxima reunião do Copom, no entanto, ainda é de redução adicional de 0,50%, levando a taxa Selic a 5,5% a.a.
Fundos de Crédito
Acompanhando o desempenho mais fraco do mercado de debêntures, fundos de crédito em geral tiveram maior dificuldade para performar.
Os níveis historicamente baixos das taxas de negociação dos títulos atrelados ao CDI, tanto no mercado primário quanto no secundário, levaram muitos investidores a perderem o apetite por tais ativos. Diante da menor demanda, seus preços sofreram ao longo do mês, com destaque para as debêntures de baixo e médio riscos de crédito. Como consequência, fundos com foco nesses tipos de títulos (“high grade”) apresentaram rentabilidade mais baixa do que a observada nos meses anteriores, com queda dos níveis de retorno desse fundos pelo segundo mês consecutivo.
O índice da Anbima que calcula o retorno médio do mercado de debêntures pós-fixadas (IDA-DI) encerrou o mês com rentabilidade de 101,9% do CDI, vindo de um primeiro semestre com retorno de 113,4% do CDI. Movimento ainda mais intenso foi observado nas debêntures incentivadas, que renderam abaixo do CDI e mais uma vez prejudicaram os fundos com foco nessa estratégia.
Fundos de Ações
No mês, fundos de ações registram retornos positivos em geral.
Em amostra de 180 fundos com patrimônio líquido superior a R$ 100 milhões e mais de 99 cotistas, o retorno mensal médio foi de 0,50%, contra -0,67% do Ibovespa.
Mais um mês de volatilidade para a Bolsa local.
O mês se encaminhava para uma forte queda (acima de 5%), com o agravamento das tensões comerciais entre China e EUA, receio de desaceleração global e crise na Argentina. Porém, a divulgação do PIB do 2° trimestre mais forte do que o esperado por economistas surpreendeu e ajudou a dar novo fôlego ao Ibovespa, que reduziu as perdas para apenas 0,67% no período.
Gestores seguem otimistas com o mercado local.
Apesar das preocupações com o exterior, as perspectivas para a bolsa brasileira continuam positivas, com apostas no andamento de reformas estruturais, retomada do crescimento econômico e juros nas mínimas históricas por um longo período.
Fundos Internacionais
Mês de agosto negativo para os ativos de risco globais.
O cenário externo mais adverso atuou contra o posicionamento de muitos gestores de fundos internacionais que, de maneira geral, têm apostado na continuidade da valorização de ativos mais arriscados num ambiente estranhamente dominado por Bancos Centrais com juros negativos ou muito próximos a zero.
Desempenho negativo dos mercados americanos de ações e de renda fixa prejudicou grande parte dos gestores.
Num mês com queda expressiva do petróleo, além dos retornos negativos de ações e de ativos de renda fixa, tanto os fundos internacionais multiestratégia quanto os de crédito e de renda variável sofreram, encerrando o mês no terreno negativo, em sua grande maioria.
Captação Líquida da Indústria
A indústria dos fundos 555 e previdenciários teve um recuo de captação líquida em relação ao forte ritmo observado em julho. Em agosto, foi registrada a entrada líquida de R$ 6,2 bilhões em ativos sob gestão, com destaque positivo para os fundos de ações e multimercados, contra o fluxo elevado de resgates dos fundos de renda fixa.
Evolução de Patrimônio Líquido
Contabilizando-se os fundos CVM 555 (Renda Fixa, Ações, Multimercado, Cambial), os fundos de Previdência, os ETFs e os fundos Estruturados (FIDCs, FIIs, FIPs), a indústria local alcançou o patamar dos R$ 5,13 trilhões no fechamento de agosto, representando um crescimento de 7,9% no ano em ativos sob gestão.
Radar do Mercado
A gestora anunciou a chegada de dois novos sócios à sua equipe de investimentos: Carlos Fernando de Aguiar, como estrategista global, e Moisés Shalimay, como economista dedicado a Brasil. A gestora, focada na análise fundamentalista de ações, reforça a pesquisa macroeconômica com as contratações.
No dia 1º de agosto, a família Selection de fundos de fundos da XP Asset atingiu R$ 1 bilhão em ativos sob gestão. A família tem hoje sete fundos, sendo o maior deles o Selection Renda Fixa, com R$ 659 milhões de patrimônio.
A gestora reduziu a taxa de administração de seus veículos previdenciários, de 1,00% para 0,80% ao ano, a fim de manter a entrega de retornos nos níveis anteriores, diante de condições atuais de mercado mais adversas para fundos de renda fixa. Os fundos de previdência da casa, com mandato de crédito high grade, acumulam mais de R$ 2 bilhões em ativos sob gestão.
A Macro Capital iniciou suas atividades em agosto, com o lançamento do fundo Macro Capital One, um multimercado de estratégia macro. Na liderança do time de gestão, figura o CIO Nilson Teixeira, ex-economista-chefe do Credit Suisse (Brasil), com mais de 25 anos de experiência de mercado.
A gestora anunciou a chegada de Maurício Fernandes, novo membro do time de investimentos. Maurício foi head da área de Research do Bank of America Merrill Lynch, onde trabalhou por 21 anos, juntamente com parte do time de análise da Dahlia.
A gestora comunicou o desligamento de Ricardo Marin, que era o sócio responsável pela célula de ativos internacionais e havia entrado para a equipe de gestão no início do ano. A estratégia offshore segue gerida por Daniel Tonholo e Guilherme Heringer. Além disso, a gestora reforçou o time de pesquisa econômica, com a contratação de Bernard Tamler.
Aberturas, Fechamentos e Lançamentos
Ranking de Gestores
Ranking de Administradores
Performance da Indústria
No mês de agosto, apesar da maior dispersão de retornos entre os fundos classificados como Multimercados, os fundos de estratégia Long Biased seguiram mais uma vez em destaque, com performance média que superou o patamar de julho.
Entre os fundos de ações, os retornos têm se mostrado bastante expressivos. No fechamento de agosto, a performance média em 12 meses para os top 10 fundos da classe foi de 65,9%, contra 32,4% do Ibovespa no mesmo período.
Por fim, entre os gestores de renda fixa crédito privado, de maneira mais ampla, a média do retorno em 12 meses para os top 10 fundos caiu em relação ao mês anterior, de 7,55% (119% CDI) para 7,44% (118% CDI), mas ainda figura em um patamar acima dos objetivos de retorno de longo prazo dessas estratégias em geral (que objetivam entregar de 110% a 115% do CDI).
Performance Multimercados – Top 10
Performance Renda Fixa Crédito Privado – Top 10
Performance Ações Top 10
Captação Líquida da Indústria – Fundos
Captação Líquida Total – Top 10 – Volume (R$ mil)
Captação Líquida Multimercados – Top 10 – Volume (R$ mil)
Captação Líquida Renda Fixa – Top 10 – Volume (R$ mil)
Captação Líquida Ações – Top 10 – Volume (R$ mil)
Captação Líquida da Indústria – Previdência
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