Semanalmente, aos sábados, um novo episódio do Outliers é divulgado nos agregadores de podcasts. Até aí, sem novidades. As boas novas são que os episódios passaram a ser transmitidos também em vídeo no Youtube da XP e que o time de analistas da XP passou a cobrir esses episódios para serem publicados em um relatório, como esse, que se aprofunda mais ainda em informações e detalhes sobre a gestora e/ou sobre o(s) fundo(s) discutido(s) em cada episódio. Nosso objetivo é ir mais fundo para ajudá-lo na análise desses produtos, por isso apresentamos o “Indo a Fundo no Outliers”.
Aproveitaremos a grande qualidade dos assuntos abordados e escolheremos um para analisarmos a fundo. No caso desta versão discorremos com mais detalhes sobre as diferentes estratégias de operação da HIX Capital, que tem como sócios fundadores os irmãos Gustavo e o Rodrigo Heilberg, gestores recebidos no 51° episódio do Outliers.
Conheça com mais detalhes a filosofia de investimentos da HIX Capital, e a combinação dessas estratégias no fundo HIX Capital FIC FIA.
Conheça a HIX
A Hix Capital é uma gestora independente focada no mercado acionário, fundada em 2012, que conta com mais de R$ 2 bilhões sob gestão e é conhecida pelo seu DNA de economia real, que reflete a experiência profissional dos seus sócios fundadores, os irmãos Gustavo e Rodrigo Heilberg.
A história da gestora no entanto, começa alguns anos antes do seu início oficial em 2012, pontuando um momento marcante dos irmãos Heilberg, em 2006, que foi a oportunidade gerir um negócio na economia real através de uma empresa bem sucedida da família – o Grupo Scalina, que em 2010 foi vendido para o Carlyle – um fundo de private equity de grande relevância no mercado. Vale pontuar esse momento como um evento histórico, marcante para a gestora, pois foi nele que seus sócios fundadores entraram no mundo dos investimentos em empresas não negociadas em bolsa (B3), servindo de base para a exploração estratégica de investimentos privados que a gestora possui.
Em relação a operação no mercado acionário de public equities, ou seja, de ações listadas na bolsa de valores, os irmãos Heilberg fundaram em 2005 um clube de investimentos, este que evoluiu para a criação da gestora 7 anos depois – de onde a HIX saiu de 20 milhões sob gestão, para os mais de R$ 2 bilhões que tem sob custodia atualmente.
Sendo uma casa mono estratégia, focada somente em ações, oferece aos investidores estruturas similares em termos de alocação, mas que atendem a diferentes objetivos. Dessa forma, a HIX possui a mesma filosofia de investimentos para os fundos de portfólio, long only e co-investimento. Atualmente, a gestora conta com uma equipe de 21 pessoas, sendo 11 sócios.
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O carro chefe da casa
Sendo o primeiro fundo da gestora, o HIX Capital FIC FIA derivou do clube de ações fundado pelos irmãos Heilberg em 2005, sendo essa a que podemos chamar de estratégia flagship da casa, que quer dizer que é o fundo “carro chefe” ou melhor, que reflete a “cabeça do gestor”. Seguindo uma política rígida de concentração, a estratégia possui no máximo 20% de exposição por ativo e 30% de exposição por setor. Dessa forma, dentro das 5 maiores posições do fundo, é possível ver exposições de 30% a 40% do portfólio. Além disso, tradicionalmente suas estratégias contam com 15 a 25 empresas. O fundo pode ter até 40% de exposição internacional.
O fundo foi lançado em 2012 e é exclusivo para investidores qualificados, porém a estratégia disponível na XP foi montada apenas em 2019, por esse motivo, estamos apresentando abaixo a estratégia com todo seu histórico desde o início.
A estratégia mais antiga tem um retorno acumulado de quase 201% desde seu início contra um Ibovespa que rendeu 91% para o mesmo período, ou seja, quem está investido desde o começo viu seu capital triplicar em pouco menos de 10 anos. Esse é o o resultado da eficiência de uma boa carteira de ações, onde os gestores buscam o oportunidades através de uma filosofia de investimentos fundamentalista.
Vale pontuar, que devido as características do produto e portfólio, o fundo possui uma liquidez D+87 dias, que permite ao gestor maior flexibilidade para alocação em nomes de empresas que estão fora do radar – logo possuem menor volume de negociação, que reflete em menor liquidez. Dessa forma, é muito importante que o investidor tenha ciência sobre o tipo de alocação que está realizando, e nesse caso, ao optar por uma gestão sofisticada que também oferece exposição a empresas com baixo nível de capitalização, os retornos são potencializados, em contrapartida, a liquidez tende a ficar comprometida – solicitando planejamento por parte do investidor para realizar a alocação.
A HIX em sua estrutura conta com estratégias similares para diferentes objetivos, e aqui vale pontuar os diferenciais entre o HIX Capital FIC FIA, Hix Capital Institucional FIC FIA, o veículo de previdência HIX Icatu Prev Qualificado FIC FIM 100, que são os três produtos disponíveis na plataforma XP. O que muda para cada produto é a regulação do mesmo, e o que difere o HIX Capital FIC FIA da versão Institucional, é o fato dessa segunda, ser aberta a todos investidores, e possuir o Ibovespa como benchmark, além de possuir restrições em relação a estratégias de hedge (proteção), short (operar vendido) e poder ter no máximo 20% em exposição no exterior.
Não faz muito tempo que reforçamos sobre a recente evolução dos fundos de previdência, e a estratégia HIX PREV acompanha essa evolução, onde sua exposição é de 100% em ações, pode ter até 40% em posição no exterior e assim como a versão institucional, não pode ter estratégias de hedge nem short.
O melhor dos dois mundos
Durante a seleção de empresas para composição de portfólio da HIX, os gestores buscam selecionar empresas não pelo seu valor de mercado, mas o grande foco é no potencial de crescimento dessas companhias. Dessa forma, olhando para o histórico de posição da gestora, é possível perceber uma grande presença de empresas de pequeno (small caps) e médio porte (mid caps), reforçando a tese explorada no episódio de que o tamanho da empresa não limita o investimento, o grande foco é nas oportunidades de rentabilidade.
Aqui vale mencionar alguns cases de investidas do portfólio da HIX, onde historicamente essa busca por empresas com essas características, resulta em alocações de empresas com potenciais a se tornar large caps, o que como podemos ver na sequência com os cases mencionados, é possível notar a entrada em períodos em que as empresas ainda eram pequenas, não tão populares e pouco acompanhadas pelo mercado, até apresentarem um crescimento relevante, em alguns casos de 20 ou 50x, no período em que a HIX havia realizado o investimento nessas empresas, capturou a esses ganhos.
Dentro desses casos de investimentos é possível encontrar a Equatorial (energia), Sinqia (tecnologia), Rumo (logística), Eneva (energia), Jereissati (shopping centers) e Centauro (varejo). A multiplicação do market cap dessas empresas é resultado de uma seleção que busca (i) modelos atraentes, (ii) boa gestão e governança, (ii) empresas dentro do círculo de competência dos analistas e gestores da HIX e por último (iv) bons fundamentos que justifiquem o valor daquela companhia.
Ainda sobre a estratégia de alocação, é possível notar que se comparar a carteira da HIX ao o índice de Small Caps (SMLL, índice composto pelas empresas de menor capitalização da B3) e ao Ibovespa, sempre existiu uma baixa sobreposição de ativos com esses índices, que resulta também em baixa correlação com o mercado, trazendo uma excelente relação risco e retorno ao portfólio. Ainda no gráfico acima, podemos notar que ao longo dos anos, mais de 85% das ações da carteira do HIX (parte em azul) estavam fora dos índices citados.
Já no gráfico ao lado, onde as barras amarelas representam o retorno anualizado desde o início da estratégia “carro chefe” HIX Capital FIC FIA, percebemos o desempenho superior de 13,4% ao ano, enquanto no mesmo período o retorno anualizado do índice de Small Caps foi de 6,1% e do Ibovespa 7,1%. Vale pontuar que as volatilidades tanto do fundo quanto dos índices, representadas pelas bolinhas azuis, mostram que o HIX Capital FIC FIA obteve melhor resultado com menos risco.
A descorrelação em seu portfólio
Ao falar em diversificação, você já deve ter escutado frase clássica “não coloque todos ovos na mesma cesta”, já que teoricamente, a ideia de ter ativos diferentes vai proporcionar diferentes comportamentos ao seu portfolio, resultando em maior proteção para momentos agudos no mercado.
Acontece que a diversificação por si só não irá adiantar, já que mesmo ativos diferentes podem ter comportamentos similares a depender da estrutura. Dessa forma, pautar a estratégia de diversificação com base na descorrelação, vai garantir ter um portfólio eficiente, que fornece um risco x retorno justificável e que irá compor a carteira de ativos.
Por outro lado, quando falamos em mercado acionário brasileiro, existe uma limitação de quantidade de empresas listadas, onde muitas vezes, apesar de ter técnicas de alocações distintas, o retorno, volatilidade e correlação entre muitos produtos acabam sendo similares – sendo necessário a inclusão de produtos diferenciados em termos de estratégia em seu portfólio.