“Essa é uma corrida tecnológica” diz Gustavo Montezano sobre a transição energética

O Brasil tem um potencial enorme para liderar a transição energética, mas precisa acelerar. Essa foi a conclusão do painel “Transição energética: Crédito de carbono e demais inovações”, no segundo dia de Expert, com a presença do José Berenguer, CEO do Banco XP, Gustavo Montezano, presidente do BNDES, Gilson Finkelsztain, presidente da B3, Ana Cabral-Gardner Co-CEO da Sigma Lithium e Bernardo Bezerra, Diretor da Comercializadora, Produtos, Inovação e Regulação na Omega Energia.

O tempo de mudança é o agora

O mundo está demandando mais energia, enquanto as mudanças climáticas exigem emissões mais baixas, e soluções para a transição energética emergem como um caminho para controlar o aumento da temperatura global.

Nesse contexto, Ana e Bernardo identificam um impulso para mais investimentos em energia limpa e metais verdes, insumos que serão altamente demandados para a transição. Os presentes concordaram: o Brasil possui um ambiente propício para investimentos verdes e, como diz Montezano, é “difícil achar um país bem-posicionado como o Brasil”.

Ana destaca que o contexto energético atual, com a guerra na Ucrânica e as mudanças climáticas, salientam a importância da temática e reforçam o protagonismo brasileiro. Sendo um país com uma matriz energética majoritariamente sustentável, o Brasil está bem-posicionado para capturar recursos financeiros que permitam o desenvolvimento tecnológico no segmento.

Bernardo até prefere não utilizar o termo “transição energética”, mas sim, “transformação energética”, dado que a matriz renovável brasileira já é muito rica e capaz de oferecer energia ao país, principalmente por conta das hidrelétricas instaladas.

Mas, como ressaltou Montezano, o mundo vive hoje uma corrida tecnológica, tendo o desenvolvimento, pioneirismo, e a adoção tecnológica como pontos-chave para a liderança dessa transformação.

“O que a gente tem que fazer? Correr. A gente não pode esperar. Essa é uma corrida tecnológica.”
Gustavo Montezano

Na temática de avanços tecnológico, os palestrantes apresentam soluções relevantes: (i) uma cadeia produtiva de extração baseada no mínimo impacto ambiental e ganhos financeiros oriundos da sustentabilidade; (ii) a regulamentação do mercado de carbono ainda incipiente; e (iii) o investimento em hidrogênio verde, um insumo importante para a descarbonização dos segmentos da economia, para além do energético.

No centro das discussões: Governança

Um outro fator de peso na contribuição para a transição energética diz respeito às Governança. Tanto no país, quanto no setor privado. Pra Gustavo e Gilson, especialmente, no Brasil, precisamos pensar primeiro no pilar de Governança, depois no Social, depois no Ambiental, porque “tudo começa na governança”, como diz Gilson.

Um paradigma direcional

Chegando ao fim do painel, os convidados discutem a importância da agenda ESG, um tema que não está apartado e direcionado a uma área específica, mas sim, “misturado” em uma série de fatores, como diz Gilson. O movimento ESG não é uma regra imposta pelos europeus na sociedade, mas sim, uma forma de conduzir os impactos na sociedade de forma responsável, reforça Gustavo.

“Uma empresa que não for sustentável e inovadora não vai estar aqui daqui 15 anos. […] Não é uma questão de preencher formulário e relatórios, e sim, uma filosofia. E quase que não uma opção. É uma mudança filosófica, um paradigma direcional.”
Montezano, Gustavo