Edu Lyra, fundador da Gerando Falcões, e Izabella Mattar, head da Xpeed, discutem sobre as empresas e seu impacto social

No primeiro dia da Expert XP 2020, tivemos uma discussão rica acerca da filantropia no Brasil e o consequente papel das empresas, em um painel com Eduardo Lyra, fundador da ONG Gerando Falcões, Izabella Mattar, Head da Xpeed e ainda com a participação inesperada e especial de Guilherme Benchimol, CEO da XP Inc.

“Os problemas do Brasil são gigantes. E sonhos grandes exigem atitudes grandes. Precisamos, juntos, derrubar muros e criar pontes”
Eduardo Lyra, fundador da ONG Gerando Falcões

Nesse cenário de pandemia, nós tivemos um recorde de doações e filantropia no Brasil. A grande pergunta que fica agora é: Será que nós vamos de fato transformar o cenário de filantropia na realidade brasileira mesmo após a pandemia?

O papel da filantropia no Brasil

Na visão de Eduardo Lyra, fundador da ONG Gerando Falcões – organização social que atua em periferias e favelas promovendo esporte, cultura, qualificação profissional e sendo um motor de geração de renda para famílias – essa transformação precisa acontecer.

O Brasil ainda é um país bastante insuficiente quando o assunto é filantropia – o brasileiro doa 7x menos do que os americanos e 3x menos que os ingleses. Muitas pessoas acabam questionando a eficácia das doações com receio de que o seu destino não seja a promoção de reformas estruturantes. O que nós precisamos entender, no entanto, é que existem diversas iniciativas do terceiro setor que impactam (e muito!) o desenvolvimento econômico do país, complementando em grande estilo o papel que o setor público tem na sociedade.

Como afirmou Guilherme Benchimol, CEO da XP Inc., nós precisamos parar de procurar incessantemente pelos culpados dos grandes gargalos da sociedade e nos colocarmos como protagonistas dessa história. Só assim nós veremos a transformação acontecendo através da filantropia no Brasil.

De acordo com Eduardo, a gerando Falcões teve ajuda de muitas instituições antes de chegar onde chegou. Quando a sociedade civil se junta ao terceiro setor, o impacto acaba sendo muito ampliado, assim como a capacidade de construir inovação social. Durante esse tempo de pandemia, por exemplo, foi graças a esse incentivo da sociedade civil que a ONG conseguiu disponibilizar recursos à população 8 semanas antes do governo ter disponibilizado. E isso com certeza fez a diferença na vida de muitas pessoas.

Enquanto cidadãos, nós precisamos ter sonhos grandes e planos maiores ainda. Afinal, “o prazer em poder ajudar e transformar a vida das pessoas é o que traz a felicidade de verdade”, como diria Guilherme.

A filantropia sob a ótica das empresas

De acordo com Benchimol, hoje em dia, a entrega do melhor produto, ao melhor preço, não é mais um diferencial das empresas – o diferencial está, justamente, na tentativa de gerar impacto na sociedade. E são essas empresas que vão dominar no futuro. E as companhias que não entenderem isso, provavelmente, estarão de fora.

A realidade é que a sociedade já está demandando das empresas uma postura, um propósito e um compromisso social. No caso das fundações, a importância da prática ESG (Environmental, Social, and Governance, na sigla em inglês) tem ganhado cada vez mais relevância e o fluxo do dinheiro, dos investidores, vai em direção à empresas socialmente responsáveis. “Se você está empreendo e buscando capital, é importante já partir desse ponto.”, diz Izabella Mattar.

No caminho para melhorar o país, as empresas possuem um papel fundamental em criar soluções inéditas para os problemas mais dramáticos da sociedade. O governo, com certeza, tem um papel importante e não podemos excluir, mas o papel das empresas é fundamental nessa transformação.