Veículos no final de sua vida útil: Discutindo a sustentabilidade na indústria automotiva

O aumento global na adoção de veículos elétricos (VE) tem colocado em destaque a sustentabilidade automotiva, especialmente no que diz respeito à gestão de veículos no final de sua vida útil (VFV). Nesse contexto, hoje participamos de um webinar da S&P que discutiu os principais desafios e oportunidades da indústria nesta agenda. Os principais destaques foram: (i) crescentes preocupações ambientais em meio ao aumento dos veículos elétricos e, consequentemente, aqueles que estão no final de sua vida útil; (ii) o impulso crescente nos esforços de reciclagem dos automóveis; (iii) as mudanças regulatórias iminentes; e (iv) um processo contínuo de adaptação, com desafios importantes a serem superados.

Crescentes preocupações ambientais em meio ao aumento dos VEs e VFVs. Segundo estimativas da S&P, até 2030, mais de 25% das compras de carros de passeio devem ser elétricos, sinalizando um crescimento substancial no mercado global de veículos elétricos. À medida que o número de VEs nas ruas aumenta, também cresce o volume de veículos próximos do final de sua vida útil, gerando um volume de descarte que aumenta proporcionalmente. Diante das crescentes preocupações climáticas e as ambiciosas metas de neutralidade de carbono assumidas pelos diferentes países, a sustentabilidade tem emergido como um foco importante dentro do setor automotivo.

O impulso crescente nos esforços de reciclagem dos automóveis. Diante dos desafios ambientais apresentados pelos VFVs, o destino e reciclagem adequados dos mesmos são vitais para uma gestão sustentável de recursos e promoção da economia circular. Como destacado pelo Sr. Amar Pradhan, Sócio da Mobility Impact Partners, apesar da natureza de longo prazo dessa agenda, ações imediatas são extremamente necessárias. Nesse sentido, as montadoras, como o caso da Volvo, já estão avançando, com o Sr. Owain Griffiths, responsável por Economia Circular e Biodiversidade na Volvo Cars, destacando a estratégia baseada em três pilares da empresa: (i) minimização de recursos (materiais, energia e água); (ii) eliminação de resíduos e poluição; e (iii) promoção da economia circular.

As mudanças regulatórias iminentes. Os países desenvolvidos estão liderando as discussões no tema, à medida em que avançam no estabelecimento de modelos ambientalmente sólidos e economicamente viáveis para a reciclagem e gestão dos veículos que se aproximam do fim de sua vida útil (VFV). Citando o caso da União Europeia como exemplo, a Sra. Susanna Huang, líder de Mobilidade Sustentável na S&P Global Mobility, explorou o ‘End-of-Life Vehicles Directive’, regulamentação introduzida pela UE em 2000 visando mitigar os danos ambientais causados pelos VFV. Desde então, consideráveis melhorias na legislação existente foram feitas, com destaque para novas regulamentações propostas pela UE em 2023, que exigem a reciclagem de materiais ao final da vida útil de um veículo.

Um processo contínuo de adaptação, com desafios importantes a serem superados. Ao mesmo tempo em que reconhecendo o papel das regulamentações em destravar progresso, os palestrantes notaram que certos requisitos apresentam importantes desafios para serem cumpridos, destacando como barreiras enfrentadas pelo setor automotivo as seguintes: (i) necessidade de infraestrutura para implementar uma cadeia de suprimentos circular; (ii) implicações de custo; (iii) falta de colaboração entre as parte da cadeia dados os incentivos desalinhados; (iv) a dificuldade em reciclar baterias; e (v) o ritmo acelerado dos avanços tecnológicos nos veículos elétricos. Na visão dos palestrantes, apesar desses obstáculos, que exigem um período de adaptação natural, os players da indústria automotiva estão agindo de forma positiva para se antecipar às regulamentações.

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