Raízen (RAIZ4): Destaques da visita à nova planta de etanol de segunda geração

Investimento de R$ 1,2 bilhão e o potencial de combustíveis mais sustentáveis

https://youtu.be/Yz2OPObJ8nE?t=1105

Na sexta-feira (24), participamos da cerimônia de inauguração da nova planta de etanol de 2ª geração (E2G) da Raízen no Bioparque Bonfim, com a presença de Ricardo Mussa (CEO), lideranças da companhia, além do Presidente Lula e demais representantes do governo. As principais mensagens foram: (i) ganhando uma boa vantagem competitiva; (ii) perspectiva positiva de demanda; e (iii) expansão adicional de capacidade de produção de E2G adiante. Voltamos da visita com uma visão positiva sobre o potencial da Raízen em alavancar sinergias de novas construções, ao mesmo tempo em que a velocidade de escala para colocar toda a produção rodando (nossa principal preocupação) permanece incerta.

Bioparque Bonfim no detalhe

Maior planta de etanol de 2ª geração (E2G) do mundo, o Parque de Bioenergia do Bonfim está localizado na cidade de Guariba, noroeste de São Paulo, e tem capacidade de produção de 82 milhões de litros/ano, sendo a segunda planta de E2G da Raízen, avaliada em R$1,2 bilhão. Com a adição desta nova instalação, a capacidade total de produção da empresa aumentou para 112 milhões de litros/ano.

Ganhando uma boa vantagem competitiva

O Sr. Mussa reforçou as vantagens competitivas da utilização do bagaço de cana como matéria-prima para a produção de E2G, descrevendo-o como um dos maiores avanços tecnológicos dos últimos tempos, com potencial de transformar o setor. Entre as principais características, ele destacou: (i) redução da pegada de carbono: ~30% e 85% menor pegada de carbono em comparação com etanol de 1ª geração e gasolina, respectivamente; (ii) potencial de expansão da produção: possibilidade de aumentar a capacidade de produção em ~50% sem aumentar as áreas de plantio; e (iii) uso eficiente da cana-de-açúcar vs. outras matérias-primas: a cana-de-açúcar ocupa menos de 1% do território nacional, embora represente cerca de 20% da matriz energética do país.

Perspectiva positiva de demanda

A liderança da Raízen ressaltou o papel crítico do E2G em setores de difícil redução de emissões (hard-to-abate sectors na expressão em inglês), particularmente na produção de combustível sustentável de aviação (SAF) e metanol para transporte marítimo, que está ganhando força. Em relação à demanda de E2G, os executivos compartilharam que ela é principalmente impulsionada por um número crescente de países interessados em: (i) comprar produtos com menor pegada de carbono; (ii) biocombustíveis que não competem com a produção de alimentos; e (iii) expansão das fontes de energia renováveis num contexto de preocupações crescentes com segurança energética. Por fim, o Sr. Mussa observou que os potenciais compradores são principalmente da Europa, dos EUA e do Japão, com 80% da produção atual e futura de E2G da Raízen já mandatada, embora contratos específicos não tenham sido divulgados.

Expansão da capacidade de produção de E2G

Com o objetivo de extrair maior valor de seus canaviais, a empresa planeja adicionar sete novas usinas até 2027, atingindo capacidade total de 1,6 bilhão de litros/ano. Apesar de um CAPEX estimado em R$1,2 bilhão por planta, a liderança da companhia enfatizou que melhorias no processo já identificadas podem aumentar a eficiência adiante, com a tecnologia proprietária de E2G passando por constantes melhorias.

Preocupação com a alavancagem

Antecipação da receita E2G reduz potenciais riscos, embora parte da preocupação permaneça. Em março/24, a Raízen anunciou a antecipação de US$ 617 milhões (volume de ~672 milhões de litros) em receitas de E2G. Isso, junto com a projeção de CAPEX abaixo da estimativa da XP (divulgada nos resultados do 4T24), endereça parcialmente nossa preocupação com a alavancagem da Raízen no futuro, embora a velocidade para colocar a produção no mercado ainda não esteja clara.