Pulso do investidor: Destaques da nossa rodada de reuniões no Rio de Janeiro

Integração ESG nos produtos de crédito ganha força; Principais temas que o mercado está monitorando 

Na semana passada, nos reunimos com mais de 20 investidores institucionais no Rio de Janeiro para discutir nossas visões e coletar as percepções do mercado em relação ao momento da agenda ESG. De forma geral, embora o interesse em estruturar produtos específicos no universo de ações permaneça limitado, notamos um momentum positivo para produtos de crédito com foco em ESG, seguindo o amadurecimento da indústria de crédito nos últimos anos. Além das discussões específicas sobre produtos, três temas principais despertaram o interesse dos investidores: (i) mercado de carbono; (ii) transição energética; e (iii) COP30. 

Produtos com foco em ESG: O impulso cresce nas estratégias de crédito. Embora o interesse em estruturar produtos ESG no universo de ações permaneça limitado, notamos um impulso positivo para o desenvolvimento de produtos de crédito voltamos ao tema (ou pelo menos que integre os critérios ESG como parte de estratégias de investimento mais amplas), principalmente seguindo o amadurecimento da indústria de crédito nos últimos anos. De modo geral, três principais motivadores foram frequentemente citados como razões por trás desse movimento: (i) a crescente demanda de investidores institucionais por fundos que incorporem critérios ESG; (ii) o objetivo de acessar novos bolsos e fontes mais amplas de capital; e (iii) os benefícios de diversificação e mitigação de riscos associados à integração ESG. Embora as estratégias e o nível de maturidade no tema varie entre as gestoras de recursos com os quais conversamos, há um interesse compartilhado entre as equipes focadas em crédito em explorar essa temática – seja por meio da integração em estratégias existentes ou do desenvolvimento de produtos específicos ESG. 

Principais temas ESG que despertaram o interesse dos investidores. Além das discussões centradas em produtos, seguimos observando os investidores monitorando de perto temas específicos, focando em capturar oportunidades por meio de nomes bem posicionados e gerenciar a exposição ao risco do portfólio – como exploramos em nosso recente relatório temático sobre o tema (acesse aqui). Nesse contexto, destacamos abaixo três tópicos que centralizaram as discussões:

#1. Mercado de carbono. A evolução do sistema de comércio de emissões de carbono do Brasil esteve entre os temas mais discutidos nas reuniões, especialmente frente às altas expectativas após mais de 300 dias desde a aprovação da lei e à proximidade da COP30. Diante disso, os investidores estão monitorando 3 principais avanços: (i) a designação do órgão responsável pela coordenação do sistema; (ii) a parcela das emissões que o mercado cobrirá; e (iii) os desenvolvimentos no mercado centralizado de carbono sob coordenação da ONU, principalmente no que diz respeito a como ele se integrará aos mecanismos de precificação de carbono existentes.

#2. Transição energética. Em meio à constante mudança no cenário geopolítico global, a transição energética continuou sendo uma área central de debate, com o interesse dos investidores principalmente em: (i) biometano, impulsionado pelo crescimento esperado da demanda e pelas implicações da Lei do Combustível do Futuro; (ii) armazenamento de energia em baterias, à medida que as energias renováveis se expandem e os desafios aumentam com a maior penetração de fontes intermitentes; e (iii) minerais críticos, com consenso sobre o potencial inexplorado do Brasil para se tornar um fornecedor global estratégico.

#3. COP30. Com a aproximação da COP30, os investidores permanecem em modo “esperar para ver”, antecipando progressos do governo brasileiro em duas frentes principais: o mercado regulado de carbono e a taxonomia sustentável. De modo geral, alguns expressaram preocupação com a potencial baixa participação na conferência (temendo que isso possa diluir a profundidade das discussões), ao mesmo tempo em que compartilharam expectativas mais altas para demais eventos que acontecerão paralelemente à COP, como o PRI in Person.

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