Marfrig (MRFG3): Feedback do evento Marfrig Verde+

Em busca da rastreabilidade na cadeia: 70% dos fornecedores indiretos monitorados, enquanto os maiores desafios residem na parcela restante

Na última quinta-feira (27/abril), a Marfrig realizou um evento em celebração ao marco de 1.000 dias do Programa Verde+, que tem como objetivo tornar a cadeia de fornecedores da empresa 100% livre de desmatamento até 2030. Até agora, a Marfrig alcançou a rastreabilidade de 100% dos fornecedores diretos (em linha com a regulação local) e 70% dos indiretos, sendo neste último caso, onde os verdadeiros desafios se encontram. De forma geral, enquanto destacamos positivamente os esforços de transparência da companhia junto ao mercado em um dos temas mais críticos do setor, gostaríamos de ter visto uma divulgação mais detalhada dos planos de ação para atingir o rastreamento dos 30% restantes, bem como chances efetivas de antecipar o cumprimento da meta, previsto para 2030, em linha com as expectativas do mercado. Mantemos nossa recomendação Neutra para MRFG3 e preço alvo de R$ 8,70 por ação.

Iniciativa chave dentro do pilar (E): Um breve panorama do programa Verde+. Impulsionado por pressões regulatórias internacionais, aumento de protocolos e restrições em produtos ligados ao desmatamento, além da busca por soluções inovadoras para um dos desafios mais críticos do setor, a Marfrig lançou o Programa Verde+ há cerca de 3 anos, uma iniciativa robusta que está gradualmente apresentando resultados. Com regiões operacionais divididas em 5 categorias, de níveis de risco 'muito alto' a 'muito baixo', o programa visa permitir que a Marfrig alcance a meta de uma cadeia de suprimentos livre de desmatamento até 2030.

Obtendo alguns resultados... Após 1.000 dias do lançamento do programa, a Marfrig está evidentemente mais próxima de alcançar seu principal objetivo, avançando na rastreabilidade da cadeia de suprimentos como uma das principais vantagens competitivas da empresa no mercado hoje. Entre os resultados alcançados, vale destacar: (i) a melhor compreensão de sua cadeia de suprimentos, com a identificação de 38 mil pecuaristas, reincluindo 3 mil propriedades em 2022 em comparação com 2021; (ii) a rastreabilidade total da cadeia de suprimentos direta (100%), em conformidade com a regulamentação local; e (iii) 70% dos fornecedores indiretos abordados.

...mas a complexidade do desafio significa que ainda há um bom caminho a se percorrer. Embora vejamos a empresa no caminho certo, em nossa visão, a rastreabilidade dos 30% restantes dos fornecedores indiretos é o principal desafio, com ainda gargalos a serem superados, como o relacionado à formalização de produtores e à capacitação de pecuaristas que precisam restaurar a vegetação para reverter o desmatamento, conforme apontado durante a empresa no evento. Em relação ao prazo de 2030, vale ressaltar que o mercado espera que a Marfrig acelere os esforços e atinja sua meta antes de 2030, dada a velocidade dos avanços dos quadros regulatórios em todo o mundo (como a aprovação da lei que proíbe a venda de produtos oriundos de desmatamento, com previsão para entrar em vigor já em 2024), além dos pares da Marfrig terem estabelecido metas relativamente mais ambiciosas. Portanto, vemos a necessidade adiante de divulgar planos mais quantificáveis para melhorar o nível de discussão com investidores.

Parte de uma agenda maior. O evento da Marfrig também abordou tópicos chave de sua agenda de sustentabilidade, com destaque para: (i) o comitê de sustentabilidade lançado em 2020 com membros independentes com ampla experiência em questões de sustentabilidade (incluindo Roberto Waack e Daniela Mariuzzo); e (ii) planos para reduzir a pegada de carbono dos produtos, além do controle de origem e rastreabilidade mencionados anteriormente, com a liderança da Marfrig reforçando o objetivo de reduzir, até 2035, 58% das emissões de Escopo 1 e 2 e 33% das emissões de Escopo 3, onde a maioria das emissões está concentrada.