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Feedback do roadshow ESG: O que as gestoras no Brasil estão fazendo em relação ao tema?

Visando responder a essa tão feita pergunta, destacamos nesse conteúdo as quatro principais conclusões que tiramos após reuniões com mais de 30 investidores.

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Dando sequência ao início de cobertura ESG no Research da XP, nas últimas duas semanas nos reunimos virtualmente com mais de 30 investidores no Brasil das principais gestoras locais do país.

Antes de entrarmos nos principais temas abordados nas diversas reuniões, vale compartilharmos com vocês algo que nos surpreendeu antes mesmo de começarmos a rodada de reuniões, nos deixando otimistas quanto ao nível de interesse na temática ESG pelas gestoras no Brasil: a demanda foi tamanha que o que era pra ser um roadshow de quatro dias, se estendeu para oito.

Visão geral. O roadshow deixou claro que um número considerável de grandes gestoras brasileiras está se movimentando para incorporar os critérios ESG no processo de tomada de decisão nos investimentos. Sem dúvidas, ainda estamos no início dessa jornada no Brasil e o caminho adiante é longo, mas as reuniões nos deixam otimistas e reforçam nossa visão de que o tema tem ganhado cada vez mais tração no país.

Mas afinal, o que as gestoras no Brasil estão fazendo quando o tema é ESG? Visando responder a essa tão feita pergunta, destacamos abaixo as #4 principais conclusões que tiramos após essa rodada de reuniões com grandes investidores.


#1. Que ESG é mainstream, isso já é consenso

Conforme destacamos no nosso relatório ESG de A a Z, o interesse cada vez maior pela temática ESG tem rapidamente transformado a indústria de investimentos ao redor do mundo e, na nossa visão, isso é um bom indício do que está por vir no Brasil.

Sem dúvidas, o movimento aqui ainda é incipiente quando comparado à outros locais do mundo, como a Europa, em que o total de ativos sob gestão (AuM, sigla em inglês para “Assets Under Management”) geridos por fundos que definiram estratégias sustentáveis já representa mais que 50% do AuM total no continente europeu.

Ao mesmo tempo, o que essa rodada de reuniões com os investidores locais nos mostrou é que não há dúvidas de que ESG é mainstream e o tema deve se tornar cada vez mais relevante.


#2. As gestoras já estão se movimentando para considerar os critérios ESG nos investimentos

Nos últimos meses vimos um interesse cada vez maior pela temática ESG e acreditamos que a pandemia do Coronavírus agiu como um catalisador, colocando um holofote na importância das questões sociais e ambientais. Desde então, o assunto tem entrado cada vez mais na pauta dos investimentos e todos os olhos estão voltados para essas três letras.

Ficou claro que as gestoras, além de concordarem que o tema deve se tornar cada vez mais relevante, estão engajadas e já se movimentam no sentido de incorporar os critérios ESG no processo de tomada de decisão para alocação de recursos, bem como no desenvolvimento de novos produtos.

Seja porque elas estão de fato alinhadas com os princípios ESG ou simplesmente por reconhecerem que para captar recursos esse é um fator imprescindível, fica claro que esse tema está sendo cada vez mais colocado no centro das discussões também pelas gestoras.


#3. Sem dúvida, o que vemos são diferentes gestoras em diferentes estágios dessa jornada...

ESG passa longe de ser um tema simples e a incorporação desses fatores na decisão de investimento não é uma tarefa fácil. É um processo e o que vemos são diferentes gestoras em diferentes estágios dessa jornada.

Nesse sentido, podemos, de forma simples, dividir as gestoras com que conversamos em quatro grandes grupos: (i) aquelas que já são referência no tema; (ii) as que estão avançadas na jornada; (iii) aquelas que estão no meio do processo; e, por fim, (iv) as que estão nos estágios iniciais.

Acreditamos que não será do dia para a noite que teremos todos os investidores com uma metodologia pronta, robusta e implementada. Reconhecemos que esse processo exige tempo e esforço para ser feito de forma robusta e eficiente.

E não vemos isso como um problema. Não nos preocupa as que estão no início, mas sim um potencial quinto grupo, daquelas que ainda não perceberam a importância do tema – na nossa visão, as gestoras que não se adaptarem a este novo cenário ficarão para trás.


#4. ... E, mais do que isso, optando pela adoção de diferentes estratégias

Quando falamos da incorporação dos fatores ESG nos investimentos, relembramos que (1) não existe somente uma estratégia; (2) as estratégias não são excludentes, pelo contrário, a adoção de uma combinação delas é inclusive comum; (3) a dicotomia certo e errado não se aplica – cada uma das estratégias tem suas vantagens e desvantagens e, mais importante do que isso, refletem os diferentes objetivos que o investidor deseja atingir.

A rodada de reuniões com as diferentes gestoras reforçou essa nossa visão. Vemos diferentes gestoras optando pela adoção de diferentes estratégias e seguindo caminhos diversos. E não vemos isso como um problema, pelo contrário. De fato, não existe uma receita de bolo quando o tema é como integrar os critérios ESG nos investimentos.

De um lado, vemos algumas gestoras que optam pela adoção de filtros negativos, ou seja, da exclusão de investimentos em setores, empresas, países ou projetos que ferem critérios ESG específicos e que, portanto, não são investíveis – o nível para exclusão, ou seja, a faixa de corte, naturalmente varia entre as diferentes gestoras e, consequentemente, o universo de empresas investíveis também.

De outro lado, vemos um grupo mais relevante de gestoras que optam por integrar os fatores ESG nas análises e no valuation – em outras palavras, colocando isso na conta, sem que o objetivo seja limitar o universo de investimento. E não vemos isso como um problema. Segundo as gestoras, alguns pontos justificam esse caminho: por estarem alinhadas aos princípios ESG e reconhecerem que a incorporação dos mesmos permitirão uma combinação de rentabilidade e sustentabilidade, elas vêm a consideração de tais critérios como uma etapa chave no processo de tomada de decisão.

Além disso, outra estratégia também bastante mencionada e que acreditamos ter um papel importante na evolução da agenda ESG nas empresas é a do engajamento corporativo. Também conhecido como ativismo acionário, essa estratégia baseia-se na utilização da participação acionária que os investidores detêm para influenciar a estratégia da empresa na adoção de melhores práticas ESG. Além disso, também é uma alternativa bastante utilizada por investidores que, ao invés de se desfazerem de sua participação em empresas que não adotam políticas ESG, eles as mantêm justamente na tentativa de tentar persuadir a companhia a adotar melhores práticas ambientais, sociais e de governança.

Seja a primeira, a segunda ou a terceira estratégia, ou até as três combinadas, reforçamos que cada uma delas tem suas vantagens e desvantagens e, mais importante do que isso, refletem os diferentes objetivos, valores e riscos que o investidor deseja atingir.


Fizemos uma live no Stock Pickers na quarta-feira dessa semana com o Thiago Salomão e Renato Santiago em que comentamos também quanto às percepções em relação ao posicionamento das gestoras brasileiras no que se refere à ESG. Veja abaixo!

https://www.youtube.com/watch?v=cTy_yY_7bfA
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