Explorando os temas que os investidores estão acompanhando de perto

Insights da nossa rodada de reuniões com investidores em São Paulo e no Rio de Janeiro

Nas últimas semanas, nos reunimos com investidores em São Paulo e no Rio de Janeiro para avaliar o sentimento do mercado em relação à agenda ESG. Em linha com as demais reuniões recentes que fizemos, os investidores seguem construtivos quanto ao papel estratégico do Brasil no contexto global de descarbonização, apesar das incertezas macroeconômicas e políticas de curto prazo. De forma geral, as discussões foram altamente temáticas, com foco em curtailment e armazenamento de energia, aceleração da demanda por data centers, o papel estratégico dos minerais críticos, o escrutínio crescente sobre governança e principais destaques do PRI In Person e da COP30.

Curtailment, data centers e minerais críticos no centro dos debates. Embora as reuniões tenham abordado diversos tópicos, três temas principais se destacaram de forma consistente para os investidores: (i) curtailment: os riscos crescentes de intermitência aumentaram a ocorrência de curtailment (corte forçado da geração de energia), ressaltando a necessidade de soluções de armazenamento de energia, com sistemas de baterias frequentemente citados como uma via promissora de investimento para enfrentar tal desafio; (ii) data centers: as discussões enfatizaram o potencial do Brasil para se tornar um hub regional de data centers, apoiado pela crescente demanda por infraestrutura digital e pela vantagem do país em energia renovável, ao mesmo tempo em que os investidores também apontaram obstáculos como carga tributária e infraestrutura limitada como fatores que limitam o avanço dessa agenda; e (iii) minerais críticos e terras raras: o movimento global pela descarbonização está impulsionando a demanda por minerais críticos e elementos de terras raras, despertando interesse dos investidores em avaliar o potencial do Brasil e como os participantes do mercado estão se posicionando para capturar valor ao longo dessa cadeia estratégica de suprimentos.

Maior escrutínio dos investidores sobre riscos de governança. Após recentes escândalos de governança que afetaram diferentes empresas, observamos um nível elevado de foco e escrutínio dos investidores em questões relacionadas à governança. De modo geral, esses desenvolvimentos solidificaram ainda mais o pilar “G” como um componente inegociável de qualquer tese de investimento, reforçando o impacto material que uma governança fraca pode ter sobre o valor da empresa. Nesse contexto, o mercado está cada vez mais buscando mecanismos para identificar indícios prévios de riscos de governança e antecipar possíveis problemas, além de incorporar lições aprendidas com incidentes anteriores em suas análises.

Destaques do PRI in Person. Com muitos investidores participando do evento PRI in Person em São Paulo, que reuniu grandes gestoras de recursos globais, aproveitamos a oportunidade para coletar percepções sobre as principais discussões do fórum. De forma geral, embora os investidores tenham reconhecido a alta qualidade dos debates, houve uma visão comum de que o evento manteve uma perspectiva predominantemente europeia, com atenção limitada a temas mais alinhados ao contexto brasileiro – como bioeconomia, energia verde e dinâmica do uso da terra. Ao mesmo tempo, a diversidade da participação internacional destacou os diferentes estágios de maturidade da agenda ESG entre as regiões, ao mesmo tempo em que reafirmou o crescente interesse das gestoras em integrar fatores ESG às estratégias de investimentos. 

COP30: Sinais positivos, mas riscos de execução persistem. Os investidores consideraram que a COP30 trouxe resultados positivos, mas ainda muito centrados em discussões, mais do que em ações concretas, levando a uma postura de “esperar para ver” em termos da implementação. Do lado positivo, os mesmos reconhecem que o evento teve sucesso em destacar as agendas estratégicas do Brasil, fortalecendo a visibilidade do país no cenário global e posicionando-o como um hub de soluções climáticas e um ator relevante na agenda global de descarbonização.

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