Diário de viagem: O que ouvimos em NY de investidores, empresas e demais lideranças

Colocando o Brasil no mapa: Principais temas das reuniões e eventos que participamos

Passamos a última semana em Nova York, onde participamos dos eventos Brazil Climate Summit e do SDGs in Brazil 2024, ouvindo empresas e demais lideranças, incluindo Georg Kell (Pacto Global da ONU), Andrew Mayock (Casa Branca) e Daniel Zarrilli (Universidade de Columbia). Durante a semana, também tivemos a oportunidade de falar com investidores, avaliando o sentimento de mercado. Das várias e diferentes pessoas que ouvimos, notamos uma perspectiva comum construtiva sobre o papel do Brasil na busca global por emissões líquidas zero, se posicionando como um hub de soluções para a transição climática. Neste relatório, nós discutimos alguns dos temas mais abordados durante a viagem, como minerais críticos, inteligência artificial, SAF e COP30.

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Brasil como um hub de soluções críticas para a transição climática. Um dos temas mais consensuais que ouvimos durante os eventos foi o potencial do país em se tornar um hub de soluções críticas para a transição energética. Para a maioria dos palestrantes, a abundância de recursos naturais do Brasil, combinada com uma matriz energética predominantemente renovável (88% vs. 29% da média global), apresenta diversas oportunidades para o país liderar o caminho para as emissões de carbono líquidas zero.

Minerais críticos, SAF e mercados de carbono foram temas de destaque nas discussões. O mundo vem avançando em diversas soluções climáticas, com o Brasil bem posicionado principalmente em três frentes: (i) minerais críticos, com destaque para as vantagens competitivas do país em alavancar a oferta global; (ii) combustível de aviação sustentável (SAF), destacando o potencial do Brasil em oferecer fontes alternativas de produção com alta eficiência; e (iii) mercado de crédito de carbono, com uma maior pressão dos participantes do mercado por padrões de certificação mais elevados e metodologias robustas baseadas em dados.

Data centers e IA como pontos-chave. O crescente impacto ambiental do uso intensivo da inteligência artificial (IA) provocou um dos debates mais promissores para os dias de hoje, principalmente em relação ao aumento da demanda de energia, à produção de lixo eletrônico e ao crescente consumo de água para a refrigeração de data centers. Nesse contexto, o Brasil pode alavancar a competitividade de sua matriz energética predominantemente limpa para fornecer energia renovável a preços competitivos, apoiada por uma rede elétrica interconectada que permite operações ininterruptas.

Desafios que afetam o apetite dos investidores em investir na agenda climática brasileira. Apesar do otimismo geral em relação ao papel do Brasil como pioneiro na transição energética, os investidores se mostraram cautelosos, principalmente devido à incerteza macroeconômica e seus efeitos sobre a previsibilidade dos investimentos, incluindo o aumento dos riscos fiscais e taxas de juros mais altas por mais tempo.

Atenções voltadas para a COP30. O Brasil está acelerando os esforços para obter um resultado ambicioso na COP30, sediada em Belém em 2025. Trata-se da 1ª vez que uma cúpula climática dessa magnitude será realizada no país. Entre os tópicos a serem discutidos, os palestrantes reforçaram o desmatamento e o financiamento climático como temas de destaque. Por fim, houve um consenso sobre o fato do Brasil ser uma potência diplomática, exercendo liderança significativa no cenário global, estando bem posicionado para capturar resultados na COP30.

Veja abaixo o relatório completo