CCR (CCRO3): Feedback do ESG Day; Webinar deixa visão positiva, principalmente no pilar (G)

Em segunda edição da iniciativa, CCR apresenta programas e metas atingidas, além de antecipar expectativas para 2023

Ontem, a CCR realizou a segunda edição de seu ESG Day, conduzido por Waldo Perez, CEO interino e CFO, e Onara Oliveira, Superintendente ESG. Os esforços para aprimorar o pilar (G) foram enfatizados ao longo do evento, principalmente tendo em vista que esta é a frente com maior espaço para melhoria, ao mesmo tempo em que iniciativas no (E) e (S) também levaram destaque. De forma geral, saímos do evento com uma impressão positiva, principalmente frente aos avanços anunciados nos três pilares, além da iniciativa ser um ótimo exemplo de transparência e interação com o mercado, o que vemos com muito bons olhos. Temos uma recomendação Neutra para a CCR, com preço-alvo de R$15/ação, principalmente pelo cenário macroeconômico incerto e falta de gatilhos positivos no radar.

#1. Consistência é o nome do jogo para continuar mensurando métricas ambientais. Os executivos destacaram que a CCR está no caminho certo em relação aos compromissos climáticos, com destaque para: (i) a maior transparência ao seu relatório integrado a partir da utilização dos padrões SASB pela primeira vez em 2022; (ii) a redução das emissões do escopo 2 em 76,3% A/A em 2022, superando a meta inicial de redução de 25% – contudo, vale mencionar que esse escopo é o menos representativo para a empresa dentre os três; e (iii) a parceria com o BNDES, consistindo em um instrumento de financiamento de R$4,6 bilhões para projetos de expansão de infraestrutura da CCR, dos quais R$2,5 bilhões serão emitidos na forma de títulos sustentáveis para serem investidos em transportes com baixa emissão de carbono.

#2. Fortes políticas no (S), mas a larga presença em território nacional aumenta desafios com as comunidades. Como uma operadora de ativos rodoviários e desenvolvedora de projetos de infraestrutura, a CCR tem operações em todo o país, o que pode implicar em conflitos com comunidades locais, para as quais os executivos se comprometeram em manter um processo contínuo de monitoramento e auditoria frequente em loco. Embora iniciativas estejam em vigor, a CCR mostrou transparência ao reconhecer que, dos 11 objetivos estabelecidos em 2022, apenas 2 não foram atingidos em relação ao pilar (S): (i) redução de acidentes de trabalho, ficando aquém da meta por 0,47 pontos-base; e (ii) percentual de novas posições de liderança ocupadas por mulheres, não atingindo a meta de 50%, mas chegando a 46%.

#3. Grandes esforços para deixar no passado as incertezas em relação ao (G) da CCR. Na tentativa de mostrar melhorias em algo que já foi considerado seu calcanhar de Aquiles por bastante tempo, os palestrantes destacaram melhorias relevantes, como: (i) a estruturação de um Comitê de Pessoas e ESG, que assessora o Conselho de Administração no Plano Diretor ESG e busca agregar valor no processo decisório; e (ii) a definição de metas ESG como parte da remuneração variável dos executivos. Além disso, vale destacar as recentes mudanças na diretoria, implicando o fim de uma situação de overhang no papel, com o anúncio de Miguel Setas como novo CEO, conforme mencionado pelos nossos analistas de Transportes no relatório ‘CCR anuncia novo CEO; Positivo‘ (acesse aqui). Ao mesmo tempo, olhando para frente, vemos espaço para melhorias no Conselho da CCR, sendo este um tópico que não foi abordado especificamente no evento, com a companhia não possuindo maioria independente (33%) e com apenas 2 mulheres vs. 9 homens (18%).

#4. O se esperar para 2023? Os palestrantes reafirmaram que a agenda ESG continuará sendo uma prioridade, integrada aos principais negócios da companhia, além de mencionarem os atuais esforços para desenvolver uma avaliação de dupla materialidade, visando o estabelecimento de metas relacionadas a energias renováveis, uso de biocombustíveis, diversidade de gênero em posições de liderança e avanço do programa de Governança e Conformidade.