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Água: Onde há escassez, há busca por soluções

No dia mundial da água, aproveitamos para destacar este relatório, feito em conjunto pela equipe de Research ESG e Internacional da XP

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Neste dia mundial da água, comemorado hoje (22 de março), nós aproveitamos a oportunidade para destacar um relatório, feito em conjunto pela equipe de Research ESG e Internacional da XP, em que buscamos: (i) entender qual o panorama geral em termos de oferta e demanda da água; (ii) trazer as principais razões para tal balanço; e (iii) explorar as oportunidades de investimento nesse tema.

A escassez de água é um risco relevante de longo prazo, tanto no Brasil, quanto no mundo. Aproximadamente 70% da superfície da Terra é composta por água, mas 97% dela é salgada. Dos 3% restantes, apenas 1% é disponível para o consumo humano.

Enquanto a demanda aumenta rapidamente, a oferta é limitada… Três fatores principais contribuem para a escassez de água ser um fenômeno preocupante: (i) o crescimento da população, uma vez que o consumo de água tem aumentado em um ritmo mais acelerado que o crescimento populacional; (ii) as mudanças climáticas, ao afetarem a disponibilidade desse recurso natural – no Brasil, a média mensal dos reservatórios recuou de 70% entre 2001 e 2011 para cerca de 35% desde 2014; e (iii) a poluição dos recursos hídricos, principalmente no Brasil, onde apenas metade dos esgotos do país são tratados enquanto o restante é descartado de forma incorreta na natureza.

E, frente à escassez, vem a busca por soluções. Projeta-se que o mercado de água deva crescer 5-6% anualizados nos próximos anos, impulsionado principalmente pela crescente demanda por esse recurso finito. Dado os desafios estruturais, devemos ver um aumento contínuo na busca por soluções inovadoras no uso mais eficiente da água disponível. Como o ouro e o petróleo, a água é uma commodity que está em escassez, e a sua quantidade limitada cria oportunidades. Investimentos em água podem servir para diversificar a exposição nas carteiras dos setores mais tradicionais, além de ser um play focado em ESG. 

Investindo na solução. Desde 2016, enquanto o S&P 500 acumulou ganhos +114%, o índice Nasdaq OMX US Water, focado em empresas listadas nos EUA que criam soluções para o uso da água, teve alta de +143%, ou seja, 29p.p. acima do principal índice de ações americanas. Na nossa visão, empresas que reconhecem a necessidade por soluções sustentáveis para abordar esse tema, respondendo de forma a diminuir ou resolver os problemas de escassez, qualidade e alocação de água, estão bem posicionadas para o longo prazo.

Neste relatório, feito em conjunto pela equipe de Research ESG e Internacional da XP, nós buscamos: (i) entender qual o panorama geral em termos de oferta e demanda da água; (ii) trazer as principais razões para tal balanço; e (iii) explorar as oportunidades de investimento nesse tema, com destaque para o fundo Trend Água Tech.

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Entendendo o contexto atual

A escassez de água continua sendo um risco relevante de longo prazo, tanto no Brasil, quanto no mundo. E, assim como acontece com outros problemas ambientais, criam-se oportunidades de investimento que sejam parte da solução.  




Aproximadamente 70% da superfície da Terra é composta por água, mas 97% dela é salgada – imprópria para o consumo, irrigação de plantações e para a maioria dos usos industriais. Dos 3% restantes, grande parte está congelada em geleiras ou abaixo da superfície, sendo, portanto, de difícil acesso, restando apenas 1% disponível para o consumo humano.  

A água é um recurso natural vital, não apenas para os seres humanos, mas também para uma série de atividades: agrícolas, industriais, domésticas, de geração de energia, ambientais, dentre outras. Mas ela tem sido amplamente considerada como uma matéria-prima gratuita quando, na verdade, faltam recursos para atender à demanda.  


Enquanto a demanda aumenta rapidamente, a oferta é limitada 

Na nossa visão, três fatores principais contribuem para a escassez de água ser um fenômeno preocupante: (i) o crescimento da população; (ii) as mudanças climáticas; e (iii) a falta de saneamento. Abaixo trazemos os detalhes a cerca de cada um deles.

1) Estamos consumindo cada vez mais água, e mais rápido 

Hoje, consumimos aproximadamente 4.500 km³ de água comparado aos 600 km³ em 1990, e esse número deve aumentar à medida que a população cresce juntamente com a demanda por água.

O grande problema é que o consumo tem aumentado em um ritmo mais rápido do que o crescimento da população. Quando comparamos o consumo global de água desde 1900 e o consumo previsto até 2025, fica claro que, embora ambos tenham aumentado ao longo dos últimos anos, o consumo cresceu mais rapidamente vs. o aumento da população, conforme evidenciado pelo gráfico abaixo.


A rápida urbanização, que faz com pessoas se mudem do ambiente rural para as grandes cidades, tem criado um desafio enorme para os setores relacionadas à água, uma vez que, quanto mais pessoas vivem em grandes cidades, maior é a demanda, especialmente por serviços de tratamento da mesma.  

Somado a isso, o enriquecimento da população ao longo do tempo e a consequente melhora do padrão de vida significam, também, um maior acesso pela sociedade a alimentos que exigem mais água na produção, como, por exemplo, o consumo de carne e outras proteínas – veja o gráfico ao lado.

2) As mudanças climáticas têm diminuído a disponibilidade de água 

A crescente atenção às mudanças climáticas se deve principalmente ao aumento constante na temperatura global nas últimas décadas, que agora está cerca de 1°C acima dos níveis pré-industriais, conforme figura abaixo. Diversos são os estudos que mostram que, no cenário em que se assume políticas inalteradas, o aumento da temperatura global acarretaria grandes custos de longo prazo para a economia de todo o mundo.  

O IPCC (abreviação do termo em inglês Intergovernmental Panel on Climate Change, ou Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) projeta que a temperatura global deva aumentar significativamente na maioria dos cenários de emissão, chegando em até 4°C em 2100 se considerada a premissa de ausência de ações eficientes na mitigação das mudanças climáticas.  

RCP (Representative Concentration Pathway): O RCP é uma estimativa de concentração de gases de efeito estufa adotada pelo IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change). Os cenários estimados foram usados ​​para modelagem e pesquisa climática para o quinto Relatório de Avaliação do IPCC (AR5) em 2014. Os caminhos descrevem diferentes futuros climáticos, todos considerados possíveis dependendo do volume de gases de efeito estufa (GEE) emitidos nos próximos anos.

RCP 2.6 – cenário de mitigação: exige que as emissões de dióxido de carbono (CO2) comecem a diminuir em 2020 e cheguem a zero em 2100, além de exigir que (i) as emissões de metano (CH4) cheguem a aproximadamente metade dos níveis de 2020; e (ii) as emissões de dióxido de enxofre (SO2) diminuem para aproximadamente 10% das de 1980–1990. O RCP 2.6 requer emissões negativas de CO2 (como a absorção de CO2 pelas árvores). Neste cenário o aumento da temperatura global provavelmente se manterá abaixo de 2°C até 2100.

** RCP 8.5 – cenário de altas emissões: combina estimativas a cerca do aumento expressivo da população e de crescimento de renda relativamente lento, com taxas modestas de mudança tecnológica e de intensidade energética, levando a alta demanda de energia e emissões de GEE a longo prazo, considerando a ausência de políticas de mudança climática – ou seja, é um cenário de altas emissões, resultado provável se a sociedade não fizer esforços concertados para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Clique aqui para ler o relatório em que abordamos o tema das mudanças climáticas no detalhe.


A verdade é que a disponibilidade de água já está sendo afetada por temperaturas mais altas, secas mais severas e incêndios florestais. 

3) A poluição dos recursos hídricos impacta os mananciais  

A Covid-19 nos mostrou a importância ao acesso à higiene básica que é lavar as mãos. Mas, durante a crise, 3 a cada 10 pessoas no mundo não tiveram acesso à água limpa e sabão em casa. 

A realidade é que, em muitos países, o tratamento de água não é adequado (ou inexistente). Estimativas mostram que 2,5 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso à saneamento adequado. E isso é causado, em grande parte, pela falta de tratamento. 

No Brasil, apenas metade dos esgotos do país são tratados enquanto o resto são descartados de forma incorreta na natureza. Segundo o Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgoto, publicado pelo SNIS (Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento) em 2017, apenas 83,5% da população tinha acesso à água tratada, 52,4% à coleta de esgoto e 46% ao tratamento de esgoto. Quando falamos sobre saneamento básico, o ritmo dos avanços é lento: desde 2013, praticamente não houve aumento na cobertura de tratamento de água, coleta e tratamento de esgoto ofertada à população, conforme mostra o gráfico abaixo. 

Além disso, a poluição dos recursos hídricos, por meio do descarte inadequado de resíduos e da falta de tratamento de esgoto, impacta no seu desenvolvimento estável e na recuperação e conservação da qualidade da água disponível nos mananciais. Nesse sentido, buscar alternativas para recuperar essas fontes de água doce e preservá-las é essencial à continuidade da vida no nosso planeta.


ODS 6: Quando disponibilidade e gestão sustentável são fatores-chave 

O 6º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU tem como meta assegurar a disponibilidade e a gestão sustentável da água e saneamento para todos. Os recursos hídricos, bem como os serviços a eles associados, sustentam os esforços de erradicação da pobreza, de crescimento econômico e da sustentabilidade ambiental. Segundo a ONU, a escassez de água afeta mais de 40% da população mundial, número que deverá subir ainda mais como resultado da mudança do clima e da gestão inadequada dos recursos naturais. 

A Agenda 2030 contempla o plano de ação promovido por países membros da ONU que reconhecem a erradicação da pobreza como o maior desafio global. O plano indica 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) acordados em 2015 no âmbito das Nações Unidas, que cumprem uma agenda com ações contra a mudança climática e voltadas para água potável e saneamento, energia limpa e acessível, consumo e produção responsáveis, entre outras.

Em um relatório divulgado em março/2021, a ONU indicou o status do progresso no alcance das metas estabelecidas pelo ODS 6. Infelizmente, a notícia não é positiva. Segundo a Organização, o mundo não está no caminho certo para alcançar os objetivos definidos por este ODS. Muitas das fontes de água estão secando, a indústria com uso intensivo deste recurso natural tem aumentado seu consumo, ao mesmo tempo em que a agricultura e a geração de energia estão crescendo para atender às necessidades de uma população em expansão. 

Um dos indicadores acompanhados no ODS 6 rastreia a evolução da eficiência hídrica ao longo do tempo, considerando o uso da água por todas as atividades econômicas, com foco na agricultura (setor com maior consumo), indústria e setor de serviços. De forma simples, aumentar a eficiência hídrica ao longo do tempo significa desvincular o crescimento econômico de um país ao uso da água. Segundo dados reportados pela ONU, entre 2006 e 2018, a eficiência no uso da água viu um aumento mais lento do que a alta no valor agregado bruto, indicando que o crescimento econômico em todos os setores continua dependente do uso da matéria prima, embora com tendências positivas no setor industrial, que contou com o maior aumento (15%) na eficiência do uso de água entre 2015 e 2018, dentre os demais setores da economia. 

Em uma perspectiva por país, o Brasil foi 1 dos 28 países (17%) que apresentou queda na eficiência hídrica nos últimos anos, considerando o universo de 166 países considerados nas estimativas da ONU – veja a imagem abaixo. 

Assim como a ONU, acreditamos que, no que diz respeito à eficiência, a inovação é um fator chave para reduzir a pressão de uma economia em crescimento sobre os recursos hídricos disponíveis. A tecnologia promove velocidade na mudança de comportamento em relação ao uso de recursos naturais por parte das empresas, assim como permite avançar no uso de inteligência artificial, para que os sistemas de computador capazes de realizar tarefas que normalmente exigem inteligência humana, sejam capazes de prever a oferta e demanda desses recursos.


Onde há escassez, há busca por soluções

Dado o panorama exemplificado ao longo do relatório, projeta-se que o mercado de água deva crescer 5-6% anualizados nos próximos anos e chegar a US$ 1 trilhão até 2025, de acordo com as últimas estimativas do RobecoSAM. Esse mercado será impulsionado principalmente pela crescente demanda por este recurso finito, em meio ao aumento do consumo per capita, da poluição e das mudanças climáticas. A necessidade de garantir acesso à água limpa para uma população crescente é cada vez mais urgente. Portanto, dado esses desafios estruturais, devemos ver o contínuo aumento da demanda por soluções inovadoras de uso mais eficiente de água disponível. 

Dito isso, empresas que reconhecerem a necessidade por soluções sustentáveis para abordar esse tema, respondendo de forma a diminuir ou resolver os problemas de escassez, qualidade e alocação de água, estão bem posicionadas para o longo prazo.  



Nesse sentido, destacamos que existe uma gama de empresas que oferecem oportunidades de investir nesse tema – como modelos de negócio focados em aumentar a eficiência e gerar melhoras na infraestrutura – assim como desenvolvem tecnologias disruptivas para aumentar a disponibilidade de água limpa.  

Em termos de desempenho dessas empresas, no gráfico ao lado, comparamos a performance do S&P 500 com o índice Nasdaq OMX US Water, focado em empresas listadas nos EUA que criam soluções para conservar e purificar a água para as casas e indústrias. Desde 2016, o índice de investimento em água acumulou ganhos de +143% vs. +114% do S&P 500, ou seja, 29p.p. acima do principal índice de ações americanas.  


Investindo em água  

Pensando no interesse crescente de investidores brasileiros a diferentes temas globais, a XP lançou o fundo Trend Água Tech, que replica o desempenho do ETF Invesco Water Resources. Este, por sua vez, confere exposição a 36 empresas listadas na Nasdaq nos EUA que oferecem produtos e soluções tecnológicas para endereçar a crescente demanda e o uso responsável da água. Trata-se de um fundo que permite o acesso diversificado entre os diferentes setores, desde empresas de saneamento, saúde e tecnologia. 

Clique aqui para mais informações sobre o Trend Água Tech.


Oportunidades para investir nesse recurso escasso fluem livremente

De forma geral, as empresas já estão enfrentando riscos em sua operação devido ao esgotamento da água, que sempre foi amplamente considerada como uma matéria-prima gratuita e, por conta disso, usada de forma ineficiente. 

Pensando no longo prazo, as perspectivas para a indústria da água são positivas à medida que estão relacionadas com inovação e desenvolvimento de novas tecnologias que surgem com o intuito de solucionar os desafios hidrológicos, assim como promover uma maior eficiência na utilização de recursos naturais.

Em suma, o atual modelo econômico mundial está indo além dos limites da capacidade de sobrevivência do planeta e a relação entre empresas e recursos naturais está se tornando cada vez mais importante.  

Como o ouro e o petróleo, a água é uma commodity que está em escassez, e a sua quantidade limitada cria oportunidades. Investimentos em água podem servir para diversificar a exposição nas carteiras dos setores mais tradicionais, além de ser um play focado em ESG

Clique aqui para acessar nosso relatório completo sobre o tema ESG.

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